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A primeira vitória de Sebastian Vettel pela Ferrari.

Nos últimos 30 anos, 3 grandes pilotos mudaram-se para a Ferrari após desfrutarem de um período em carros dominantes e trazendo na bagagem pelo menos dois mundiais: Alain Prost, Michael Schumacher e Fernando Alonso.

Todos eles vinham com um mesmo objetivo: recolocar a equipe no topo após períodos conturbados. Todos ele conquistaram vitórias logo no começo de suas empreitadas: Alonso venceu já na sua estreia, Prost levou sua segunda etapa e Michael Schumacher foi o vencedor na sétima corrida que participou. Coincidentemente, todos os três levaram o caneco em provas em que o favorito e pole-position teve problemas: Senna e Nakajima, em 1990, Hill e o guardrail, em 1996, Vettel e o escapamento, em 2010.

Como outra coincidência, nenhum dos três aparentava ter condições reais de lutar com os respectivos adversários – eventuais campeões naquelas temporadas – no começo do ano.

Agora, Sebastian Vettel atinge feito idêntico ao vencer logo em sua segunda prova, e uma semelhança maior se dá entre o alemão e Alain Prost: ambos venceram pela primeira vez na Scuderia chegando ao 40º triunfo de sua gloriosa carreira  (Vettel disputou 14 GPs a menos que o francês para obter a marca).

A vitória de Seb foi construída em três momentos importantes.

O primeiro no sábado, em sua última tentativa do Q3: o alemão fez uma volta fabulosa, terminando apenas 0s074 atrás de Lewis Hamilton, e impondo quase três décimos de diferença para Rosberg. Na chuva, o piloto tem condições de fazer a diferença quando a distância entre os equipamentos não for lá tão grande.

A segunda situação que contribuiu para seu triunfo se deu logo no começo da prova, com a entrada do Safety Car: as duas Mercedes foram juntas aos boxes, prejudicando o retorno principalmente de Rosberg. Campeão (6º) e vice (9º) de 2014 retornam no meio do pelotão, enquanto que o piloto da Ferrari decide se manter na pista e já tem 10 segundos de vantagem para o inglês quando Hamilton finalmente chega ao segundo posto, .

Por fim, já na etapa final da prova, coube a Vettel conseguir responder todas as vezes em que Hamilton diminuía sua vantagem: em várias situações Hamilton vinha de livrar mais de 1 segundo em dois ou três giros, e então o alemão estabelecia uma volta melhor para equilibrar a distância.

Não sabemos o quanto Hamilton poderia ter rendido melhor se a equipe colocasse pneus médios. Como o próprio piloto comentou sobre a escolha de colocarem pneus duros, “this is the wrong tyre, man!“.

Por outro lado, não podemos saber se o eventual melhor rendimento que os compostos médios trouxessem seria suficiente não apenas para fazê-lo chegar e passar Vettel, mas principalmente para se manter à frente dele: o desgaste estava tremendo.

A vitória de Vettel foi merecida e traz, sim, um alento ao campeonato. Por outro lado, não vejo o título ficando com outro carro que não os prateados. Vettel precisaria torcer para que os Mercedes brigassem como vinham fazendo à altura do GP da Bélgica do ano passado…

Vi muita gente boa apostando em Rosberg para esse ano. Falou-se que ele estaria mais sedento do que Hamilton, que ele, mais maduro, saberia dosar melhor suas potencialidades e conseguiria brigar de igual para igual com o o inglês.

Foram apenas duas etapas, é verdade, mas o que estamos vendo é o oposto: Hamilton está com muito mais fome, e uma das poucas coisas em que Nico superou Lewis em 2014, as voltas em qualificação, também estão sendo dominadas pelo britânico.

Hoje, confirmada a supremacia da Mercedes, vejo Lewis/Nico mais para Schumy/Rubens ou Vettel/Webber do que para Piquet/Mansell, Senna/Prost.

Por falar em carros prateados, absolutamente entristecedor para os amantes do automobilismo ver a situação da McLaren. Ainda que tenhamos visto uma pequena evolução do carro nesse fim de semana – Alonso conseguiu se manter à frente de alguns equipamentos mais rápidos -, essa história de giro mais baixo e de conservação excessiva dos motores é um contrassenso àquilo que se entende por automobilismo de competição.

E um tremendo desserviço a uma dupla dona de três títulos mundiais e 47 vitórias.

Das tês pancadas da corrida, todas plasticamente semelhantes, creio que em todas a “culpa” fosse do piloto que vinha em melhor posição. E vocês?

Daniel Ricciardo está experimentando com seu xará russo aquilo que Vettel enfrentou tendo ele como companheiro de equipe ano passado.

E Max Verstappen? O holandês, que já se tornara o mais novo a largar, agora é também o mais jovem da história a pontuar.

Breves comentários sobre a transmissão:

1- Tanto se criticou e reclamou que a emissora oficial acabou por desistir do “Corujão da F1” – também, pudera…

2- Luís Roberto me pareceu excessivamente “animado”: piadinhas o tempo todo com Alonso, Christian Horner, e até com Niki Lauda. Significa?

3- Afinal, quem completava o time da transmissão: Luciano Burti ou Caio Ribeiro?

Sobre Felipe Massa, dois comentários: o brasileiro foi bem na prova – no final não conseguiu resistir à aproximação de Bottas, mas defendeu-se até os limites. Porém, em sua entrevista pós-GP, Massa voltou a culpar problemas que teve nos boxes: “se não fosse aquele probleminha no pit stop, ele só teria se aproximado na última volta, e aí eu conseguiria evitar a ultrapassagem“.

Espero que alguém conte que Bottas também teve problemas quando foi aos boxes – e inclusive perdeu mais tempo que o brasileiro….

Como em 1990, 1996 e 2010, creio nas chances de título para o piloto que perdeu de Prost, Schumy e Alonso: com Rosberg amplamente dominado, não tem como não dar Hamilton.

Sobre as chances de Vettel ser campeão, continuo crendo na máxima proferida por meu tio: “Enquanto os italianos comandarem a Ferrari…“.

Ótima semana a todos,

Marcel Pilatti

PS¹: Ringgit é a moeda oficial da Malásia

PS²: Grande prova da MotoGP no último domingo (29). Lucas Carioli nos trará uma análise sobre a prova.,,, não tem pra Hamilton.

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

8 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    O Vettel foi sensacional na Malásia mas show de verdade quem deu neste fim de semana foi o Titio Valentino Rossi na Motovelocidade . Que corridaço!!!! … Que final emocionante!!!

    Fernando Marques

  2. Robinson Araujo disse:

    Amigos do Gepeto.
    Realmente a superioridade da Mercedes não se demonstrou ser tão excessiva em pista já que a diferença para Vettel não era tão grande assim e foi bem administrada pelo alemão.
    Talvez a confiança da superioridade seja tão grande que resolveram não brigar por estes pontos, colocando em risco o resultado seguro, haja visto a opção de pneus.
    Ficou bem claro o posicionamento da Williams como terceira força da temporada, isolada, restando boas largadas e apresentações ou ainda falhas dos concorrentes para almejar um pódium. Vitória se torna algo bem improvável no momento, exigindo pane em quatro adversários em tempos de poucas quebras.
    Nasr sempre agressivo e espaçoso na larga, ou seja, pouco evoluiu da GP2. Acompanhei suas temporadas na categoria menor e não fico surpreso. Na largada do GP da Bélgica jogou foro uma excelente possibilidade de vitória em um campeonato que sonhou com título, só para citar um exemplo.
    Rosberg está entregando os pontos, como seu pai em 1986. Hamilton agradece, mas a F1 não. Para qualquer país do mundo que não seja a Inglaterra a temporada tende a ser bem monótona em relação ao liderança. Que Vettel mude este meu pensamento e coloque alguma pimenta neste esperado resultado.

    Boa semana a todos!

  3. Mauro Santana disse:

    Olá Amigos do Gepeto!

    Corrida interessante, mas, o que me deixa triste é ver este grid magro que é reflexo de uma F1 que esta vivendo uma grande crise.

    Viram a ultima ideia mirabolante da raposa veia!?

    Realmente, o Rosberg pelo menos nestes dois primeiros GPs, parece um segundo piloto nato.

    E lá vamos nós a caminho da China.

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  4. Fernando Marques disse:

    1) Tivemos uma bela corrida de Formula 1 nesta madrugada e por causa disso um resultado inesperado … Sebastian Vettel em sua 2ª corrida pela Ferrari venceu o GP da Malásia batendo os insuperáveis carros da Mercedes.

    2) Eu penso que a Formula 1 passa por um momento complicado … uma de crise de identidade é o melhor adjetivo … com este regulamento e motores as corridas de Formula 1 estão ficando pragmáticas … ao menos assim parece …

    3) Mas ainda bem, ainda, que corridas são corridas e as vezes o inesperado acontece … foi o que vemos no GP da Malásia nesta madrugada … a Mercedes com carros de outro planeta sucumbiram a boa estrategia da Ferrari e a boa pilotagem do Vettel …

    4) A temporada ainda está em seu inicio e ninguem ainda acredita que a superioridade dos carros da Mercedes possam estar em risco, o que poderia ser excelente para o campeonato. Mas fica claro que a Ferrari é outra equipe e não tem nada a ver com aquilo que vimos no ano passado. Acho que ela mostrou que vai incomodar

    5) Quanto ao Massa , ele até fez uma boa corrida, só que ele e a Equipe Willians precisam parar de cometer sempre os mesmos erros e parar de chororô. Tem logo que agir como equipe grande. Isso se não quiserem comer poeira também da Ferrari. Este negocio de toda corrida ficar reclamando de erros e na corrida seguinte continuar a cometer sempre os mesmos erros vão fazer a equipe a andar para atrás. Logo agora que é o momento de dar um salto maior, alcançar uma vitoria ou ser companhia constante das Mercedes no podium em 2015 …

    6) Quanto ao Felipe Nars, quanto mais rodagem conseguir, melhor será para seu futuro na Formula 1. Esta é a principal lição e dever dele na Formula 1. Obter bons resultados, como conseguiu na Australia, vai depender mais dos outros terem problemas do que sua boa pilotagem em si … o negocio então é procurar fazer bonito lá trás e estar sempre atento pois a Sauber é uma equipe nanica … esta é a sua realidade … na Malasia não deu …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  5. Helton Oliveira de Moura disse:

    Primeiro que foi um alento ver as Mercedes não chegarem em 1, e 2.
    A corrida foi muito boa ( assisti 2 x )
    Tenho certo pé atras com fenômenos, ontem passei a respeita o Vettel, fez uma corrida incrivel, espero que a Ferrari possa ameaçar a Mercedes em mais corridas.
    O Verstapen é agressivo, fez boas ultrapassagens, mas exagera na dose ( viram como entrou no box ?)
    A Williams ( Minha preferida ) não sei o que acontece com os pit’s são inexplicáveis, erraram com os dois pilotos. mas a corrida dos dois ( Massa e Bottas ) foi muito boa.
    Rosberg…não sei não me parece um PILOTO ! pra mim ele é meio Hill…
    Quem mas me chamou a atenção foi o Raikkonen, depois da quizumba toda chegar em 4 ?
    Espero que as próximas corridas sejam parecidas !
    Abraço a todos, e otimo texto !

  6. Mike disse:

    Finalmente! Achei uma pessoa que viu a mesma corrida que eu.

  7. Rodolfo César disse:

    Belo resumo sobre o Gp da Malásia.

    Essa vitória do Vettel me surpreendeu muito, não esperava Vettel/Ferrari tão competitiva no inicio da temporada (esperava isso mais pro lado da McLaren… que decepção). Essa dupla tem tudo para construir uma sólida parceria num futuro próximo, não ao ponto de ser dominante como foi a era Schumacher, mas de alguns canecos.

    Esse cenário a muito me agrada.

    Abraços!

  8. Lucas dos Santos disse:

    O resultado do GP da Malásia, ao menos para mim, foi surpreendente. O que me leva a perguntar: isso foi uma “zebra” ou a Ferrari realmente tem chances de, ao menos, dar trabalho à equipe dos carros prateados? Veremos nas próximas etapas…

    A Mercedes errou bastante nesse GP, no que diz respeito às estratégias. Definitivamente, não soube “ler” a corrida.

    A respeito do Lewis Hamilton, foi só a TV inglesa apontar que, na últimas dez corridas o inglês tinha conseguido reverter 100% das suas poles em vitórias para, neste fim de semana, ele terminar atrás de onde largou. Aliás, se não estou enganado, na temporada passada o Hamilton terminara todas as corridas na mesma posição em que largou ou à frente, mas nunca atrás.

    Quanto à McLaren, ela está pior do que eu pensava. Eu achava que seria impossível ela conseguir um resultado pior que o da Manor, mas conseguiu: a equipe nanica, que não conseguia nem ligar o carro na etapa passada, conseguiu ir até o final da prova, com seu único carro, enquanto os dois carros da McLaren abandonaram com problemas no motor e no turbo! Pois é…

    Por falar nisso, vocês repararam, nas entrevistas, como o Alonso está com um semblante muito mais “tranquilo”, “relaxado” e “à vontade”, mesmo com esses problemas todos que ele e a equipe tem passado? Quando na Ferrari, o piloto sempre aparentava estar tenso. Esperava que, na McLaren, a aparente “tensão” ficaria ainda maior. Mais alguém notou isso?

    O Max Verstappen conseguiu o que precisava: desviou de si toda a desconfiança depositada em um piloto tão jovem. Agora o foco se encontra nos possíveis “recordes de precocidade” que estão ao alcance do jovem piloto…

    Quanto transmissão: certeza que desistiram mesmo da idéia do “Corujão da F1”? Ou foi só porque o Galvão não pode narrar/apresentar o evento? Prefiro não cantar vitória ainda.

    O desempenho do Felipe Massa foi muito bom mesmo. Fez várias ultrapassagens e não ficou “preso” atrás de ninguém, ao contrário do que sempre ocorre com o brasileiro da Williams. Quanto ao Bottas, por mais que o Villeneuve diga que não, ele é um piloto muito mais completo que o Massa. A boa corrida que ele fez mostra isso.

    Para finalizar, o Raikkonen deve estar com trauma dos carros azuis e amarelos da Sauber. Só trouxeram problemas para ele nesse fim de semana! E o Nasr precisa rever a sua maneira de pilotar. Se esse toques na largada continuarem frequentes, poderão vir punições por aí…

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