Soma de todos os medos

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A F1 começou duas semanas atrás em Melbourne e chega para sua segunda etapa na China.

A temporada de 2017 tem tudo para ser o enredo de um filme. Novos protagonistas, novo regulamento, uma nova trama novinha para nós. Por enquanto eu definiria como a “Soma de todos os medos”, aquele filme que o cara salva o presidente mas o mundo explode do mesmo jeito. Ou traduzindo para Fórmula 1, fizemos um carro mais rápido mas a corrida mesmo gente… Olha…

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Todos sabemos que domínios são cíclicos. Tivemos recentemente a Ferrari, a Red Bull. Vivemos a era da Mercedes. O problema atual é que o pessoal do time alemão “não sabe brincar”. Vamos aos números?

A Mercedes está na sua segunda aparição na F1, 1954-1955 e de 2012 até o momento. Nessas duas passagens somam-se 149 corridas. E aí começa ficar interessante. A China representa a prova 150 da equipe e nessa prova podem atingir a 75º pole-position e a 65º vitória. Isso mesmo: 50% das vezes que estiveram no grid, foi na pole-position e compeltaram na frente mais de 43% das provas que iniciaram.

Tudo isso com o requinte de crueldade de ser – após a saída da Manor – a equipe de F1 com menos largadas no grid. A “concorrente” mais proxima é a Force India que iniciará na China seu GP número 173.

Não parece que uma “sacudida” no regulamento mudará esse jogo tão cedo.

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No começo dos testes de inverno, até pareceu que a Williams mostraria alguma carta interessante para ser um a equipe cliente da Mercedes que lutasse pelo pódios constantemente. Havia esperança das corridas do time só serem novamente estragadas por péssimas escolhas estratégicas.

O medo venceu a esperança.

Williams é o carro médio. Um chassi médio. Tão médio que não luta na frente e não se mistura no meio do pelotão. Corre sozinha.

Paddy Lowe chegou, tem tudo para direcionar o desenvolvimento do carro na direção da luta com a Red Bull. Por enquanto a Williams só serve para mostrar ao mundo que o Time da Mercedes sabe fazer um bom motor e um excelente chassi.

Pra China podemos esperar uma boa vantagem dos seus carros na grande reta, mas é pouco para um time com 164 vitórias na categoria, não?

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Nessa prova Chinesa teremos uma visão um pouco mais clara de como se comportam as novas regras num autódromo. Tudo bem que a reta é atípica, mas se o clima caótico da região permitir, saberemos se a evolução de velocidade e downforce realmente prejudicou muito a disputa por ultrapassagens na pista.

A grande expectativa fica para a possível disputa entre Hamilton e Vettel. Será que os dois serão realmente os polarizadores da temporada? Dentro da Mercedes, Hamilton reina sozinho. O atual campeão do mundo deixou seu lugar vago que foi ocupado por um rápido piloto mas que, por a chance de uma vitória ou outra, aceitou a condição clara de segundo piloto. Na Ferrari, Raikkonen ainda precisa mostrar a motivação de outras épocas (como na Lotus) e vencer a força mental de Vettel. Dessa forma, uma disputa entre Vettel e Hamilton pelo título se desenha cada vez mais interessante. Dois jovens pilotos (ironicamente Hamilton é o mais velho da dupla) com ainda alguns bons anos de F1 pela frente podem acender uma chama de rivlaidade um pouco esquecida na F1, com mais disputas nas pistas e menos disputas nos bastidores e entrevistas coletivas.

Hamilton já declarou que está ansioso para dividir umas freadas com o alemão da Ferrari.

Para nós resta esperar que as equipes tenham carros competitivos durante todo o ano. O cenário é animador.

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A grande expectativa (negativa) é para a McLaren-Honda nessa chegada ao retão Chinês. Não há alma viva que não aposte em um vexame faraônico O desaparecimento da Mclaren como time grande é o grande medo de 2017.

Sem patrocínios expressivos. Sem motor. Sua equipe técnica em check. A Mclaren é uma grande empresa de tecnologia (assim como a Williams), super bem sucedida e lucrativa, mas que sumiu da F1. É um sopro.

Em Melbourne, Vandoorne conseguiu a proeza de chegar 2 voltas atrás. Será que Alonso receberá essa mesma humilhação em território chinês.

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Sente aí a saúde do motor Honda!

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Para os amigos da Red Bull, nem tudo está perdido. Continuam em observação. O carro não brigou por nada de útil em Melbourne? Não há motivo para pânico. Deu medo, sim, deu medo. Mas vamos adicionar nessa matemática os anos de 2009 e 2011. Em 2009 a Brawn humilhou o pessoal com seu difusor duplo, mas depois das férias de verão a Red Bull já estava em posição de vencer. Pule para 2011 e o time azul sofreu as restrições do difusor soprado, mas seu projeto continuou supremo.

Apesar do medo, as bases dos projetos de Newey sempre evolui durante o campeonato. A China não é o cenário ideal para o motor TAG-HEUR/Renault esticar as canelas, mas não é prudente descartar o time azul do restante da temporada.

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Obviamente a turma do pelotão do meio segue deliciosamente misturada. Force India, Haas e Toro Rosso veem um poquinho na frente, deixando Renault, Sauber e Mclaren com as posições inferiores. Mas é tudo bastante compacto.

O “centrão” da F1 continua o mais divertido e a cada corrida devemos ter os lideres dessa turma se alternando. Tudo indica que a Haas e Force India estarão mais a frente na China. Seus motores superam os da concorrência. Para piorar o cenário, a Renault (e seus clientes, consequentemente) ainda usa o sistema de recuperação de energia do ano passado, mais pesado e menos eficiente. Não é a melhor pista para lidar com essa desvantagem.

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Melhore momentos da prova da Austrália, só que onboard.

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Ficha do Grande Premio da China de Fórmula 1

Heineken Chinese Grand Prix

Edições: 14 (2004-2017)
Perimetro: 5451 metros
Voltas: 56 (305.066 km)
Volta mais rápida: 1’32.238 (2004 – M.Schumacher – Ferrari)

Lembrando 2016

Vitória: Nico Rosberg – Mercedes – 1:38’53.891
Pole position: 1’35.402 (Nico Rosberg – Mercedes)
Volta mais rápida (em corrida): 1’39.824 (Nico Hülkenberg – Force India/Mercedes)

Pirelli - Medios - Macios - Super Macios

Circuito da China

Na China, temos a chance de ver a F1 fora de um circuito atípico, como um circuito de rua. Será um primeiro indicio do que vem por aí em 2017. Nossos medos são justificados? Pedimos carros mais velozes e perdemos toda a chance de ver disputas por posições?

Temos que aguardar a largar e o clima chines!

Boa prova a todos!

Abraços
Flaviz Guerra

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

3 Comments

  1. Mauro Santana disse:

    Flaviz

    Espero que este GP nos faça literalmente perder o sono, pois não vai ser fácil acordar as 3 da matina.

    Abraço e um excelente GP a todos!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

    • Fernando Marques disse:

      Mauro,
      esqueci de pensar nisso … ainda mais que amanha vou para casa de minha filha e vai rolar uma cervejada … será que eu lembro de por o relogio para me acordar???? …. hehehehe

      Fernando Marques

  2. Fernando Marques disse:

    Flavis,

    o GP da China pelo visto vai ser daqueles imprevisíveis por causa do mau tempo.
    Estes números da Mercedes na Formula 1 são impressionantes.
    Existe expectativa neste início de temporada … aliás é sempre assim … mas existe um regulamento novo … e com isso a expectativa está maior …
    A unica expectativa que não está expectativa é a Mclaren … a falta dela é sentida muito lá no bolo da frente … onde é o seu devido lugar …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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