Falta um golpe

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Chegamos ao Canadá para uma daquelas brechas do calendário que envolvem nossas emoções e tem grande carinho do fã da F1. Não é uma parada lógica, uma viagem transatlântica para um retorno transatlântico logo na sequencia. Mesmo não sendo lógico, o belo circuito canadense povoa a história da F1 de boas histórias, tem o mais clássico dos muros e nesse ano tem um papel determinante no campeonato.

Sim, o Canadá tem a chance de nos mostrar uma decisão de rumos do mundial. A Ferrari e a Mercedes já mostraram suas cartas em todos os tipos de circuitos, com ligeira vantagem pro time vermelho. Falta um golpe de mestre, uma cartada final.

A prova canadense chega para sua realização de número 48 na história da F1. São 37 edições passadas na ilha artificial do circuito que presta homenagem a Gilles Villeneuve e, nessa 38a edição, uma chance única de apresentar as forças do campeonato.

A Ferrari entendeu o jogo da era hibrida e venceu em pista de rua e autódromo. Tem dominado os circuitos com curvas fechadas e muros próximos, vencendo em Melbourne e Mônaco.

No lado prateado da Mercedes, nem tudo tem sido flores. O carro não se comporta de forma coerente com as mudanças de acerto e seus pilotos tem alternado bons e maus momentos, não havendo um final de semana limpo de domínio da dupla de pilotos na temporada.

Os tempos são outros?

A Mercedes paga pela arrogância nos testes de pré temporada. Poucos testes com todo o “range” de pneus disponíveis, foco em trechos longos e resistência do motor. Pouco se viu a Mercedes “deixando tudo” na pista.

O preço é alto. Em Mônaco, um carro prateado demorava 4 voltas para deixar o pneu pronto para uma volta rápida no treino classificatório. Raikkonen, fazia isso em uma única volta. Vettel em menos de duas. O resultado foi desastroso, com Hamilton e seu chefe declarando que o carro é sensível e imprevisível demais.

Pelo lado da Ferrari, além de ter acertado no desenvolvimento do seu carro baseado nos testes de pneus do ano passado (nenhum time rodou mais que a Ferrari com os 96 protótipos testados em 2016), deu um duro golpe na concorrência.

Pouca semanas antes do começo dos testes, pediu esclarecimento das regras para a suspensão dos carros de 2018. A meta era clara: atingir a Mercedes e a Red Bull. As duas contavam com soluções caprichadas para o FRIC (aquela ‘suspensão ativa’ com atuadores hidráulicos, sem controles eletrônicos). A Mercedes, criadora do sistema, tinha no sistema o trunfo para o equilíbrio do carro. A Red Bull caminhava para um equilíbrio mecânico que permitiria um carro sem tanta carga aerodinâmica, apesar de ter um peso maior que comprometia o peso total do carro.

Obviamente a Ferrari já havia seguido um caminho diferente, com a certeza da exclusão do sistema que já existia no conceito dos concorrentes. A vantagem é clara e os resultados estão aparecendo nas vitórias de Vettel.

Com essas variáveis na mesa parece ser clara a aposta em uma vitória do time vermelho com certa folga. Há somente um atenuante nessa certeza que é a natureza peculiar do Canada.

Uma pista lisa (tirando a curva 1), pouco abrasiva, ajuda no gerenciamento de pneus em ritmo de corrida. Ponto para Mercedes.

As grandes retas e 72% da volta de pé em baixo, abrem espaço para valorização da performance da unidade de potência da Mercedes. Outro ponto para Mercedes.

Mas a previsão continua de tempo frio, com chuvas para domingo. Quem aquece melhor os pneus e os mantem na melhor janela de funcionamento? Ponto da Ferrari e um ponto com peso extra.

A grande noticia da semana é o caos declarado no time Mclaren-Honda.

O componente MGU-H da Honda só dura, declaradamente, duas corridas. Isso mesmo, a própria Honda avisa: duas corridas e depois é melhor trocar. Recomendação do fabricante.

Òtimo que haverá uma atualização completa do motor para o Canadá. Problemas de falta de potencia e confiabilidade resolvidos. Na verdade não, o motor não ficou pronto.

Com isso, a paciência da McLaren está no limite. Esperem a primeira prova após as férias de verão, Bélgica, 27 de Agosto de 2017. Se a Mclaren-Honda estiver com 0 pontos, lutando para superar somente a Sauber, distante da briga por um top 5, será o fim público da parceria.

Além disso, Alonso se muda. O espanhol já prometeu, senão tiver uma mão próxima de uma taça até setembro, adeus. Vai pra outra equipe (a Renault adoraria) ou pra outra categoria.

Se o Sr. Toto Wolff for tão bom, confiante e senhor de si, como faz questão de demonstrar, contrataria Alonso para 2018.

Um campeão desses livre no mercado? Quem quer vencer não pode abrir mão.

Lideres e lanternas fora da equação, o resto do campeonato é uma festa deliciosa.

Red Bull vem crescendo como prometido. Tá ali esperando seus pódios e se intrometer na briga das duas líderes. Comprovadamente impulsionada pela dupla de pilotos mais capaz do grid. A equação é excelente. Com boa dupla e carro em ascenção, se isolaram do pelotão. Correm sozinhos, atrás dos líderes, e isso não deve mudar no Canadá

Da Red Bull para trás. A bagunça de sempre. Force India continua enchendo os olhos. Patrão com um pé na cadeia, orçamento limitado e sempre ali martelando nos pontos (apesar da corrida desastrosa de Mônaco, culpa de seus pilotos). Deve retomar na pista canadense o caminho dos pontos. Seus resultados são expressivos. Se a Williams marcasse a mesma quantidade de pontos marcados por Massa, com seus dois pilotos, ainda assim estaria 13 pontos atrás da Force India (grosseiramente falando). É – mais um – grande campeonato do time.

Williams, Haas, Renault e Toro Rosso, vão continuar no seu revezamento pelos pontos finais da tabela de classificação. Mais curioso da temporada até aqui é que mesmo contando com o ‘rebaixado’ Kyviat, a STR é a que tem a melhor dupla de pilotos. As outras 3 correm com um piloto só em 2017, deixando o Magnussen em observação por conta dos pontinhos que conseguiu. Não há um domínio claro nesse pelotão, nem uma característica da pista que seja possível apontar um favorito do grupo para a pista canadense. É uma disputa muito intensa.

Números?
Na classificação de Mônaco, do 6º ao 16º, todos dentro de 1s de diferença.
Na classificação da Espanha, do 6º ao 16º, todos dentro de 1s de diferença.

Esse grupo está cada vez mais compacto.

No fundão, sempre ela a Sauber. A Mclaren está aqui? Ela não teve um uma bom treino na Espanha e dois carros no Q3 em Mônaco? Teve tudo isso, e terminou sem pontos e com ritmos sofríveis durante a prova. O carro é bom onde não depende do motor. Chegamos ao Canadá e a equação fica negativa para o time inglês. Já a Sauber não decepciona. Vai estar lá no fundo. O time suíço conseguiu levar seu pacote de atualizações completo para Mônaco, a pista que não é referência para mais nada na F1. Resultado: ninguém sabe o desempenho real do carro. Com todo respeito, é caso de demissão coletiva por má gestão. Espera-se sim uma melhora do time, o problema, para a Sauber, é que os outros times teimam em também melhorar não deixando ela encurtar essa distância.

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Ficha do Grande Premio do Canadá de Fórmula 1

FORMULA 1 GRAND PRIX DU CANADA 2017

Edições: 48 (1967-2017)
Perímetro: 4361 metros
Voltas: 70 (305.270 km)
Volta mais rápida: 1’12.275 (2004 – Ralf Schumacher – Williams)

Lembrando 2016

Vitória: Lewis Hamilton – Mercedes – 1:31’05.296
Pole position: 1’12.812 (Lewis Hamilton – Mercedes)
Volta mais rápida (em corrida): 1’13.622 (Rubens Barrichello – Ferrari)

Circuito de Montreal

E pensar que o ano que vem tem um motor Honda novinho na Sauber. Imagina se eles acertam a mão e a Sauber vence na Austrália?

Atenção máxima na prova canadense. Pela primeira vez não é hora de levantar torcida pela previsão de chuva se confirmar, temos uma chance de ver as cartas novamente à mesa para o combate de forças da temporada.

Uma vitória consistente da Ferrari em uma pista que a potência é decisiva, pode ser o golpe de mestre da Ferrari. Um golpe duríssimo na maior fortaleza do time alemão. Preciso, cirúrgico, para abalar a confiança que resta na Mercedes pela busca do título de 2017.

Em quem você aposta!?

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

3 Comments

  1. Mauro Santana disse:

    Grande Flaviz!

    Eu volto a apostar numa vitória do Kimi, sim, eu torço por ele, e gostaria de poder vê-lo novamente vencendo.

    Mas, quero que o bicho pegue pra valer lá na ilha de Notre Dame!

    Abraço e um excelente GP a todos!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  2. Fernando Marques disse:

    Flavis,

    eu acho que não falta ainda um golpe para a Ferrari nocautear de vez a Mercedes … isso por que me parece que os turbos da do motor Ferrari não andam assim tão duradouros e mais cedo do que se possa imaginar a equipe pode ser punida no grid por causa do limite de troca dele … levanto esta tese pois ela já foi comentada aqui no GEPETO.
    Com relação aos números:
    “Números?
    Na classificação de Mônaco, do 6º ao 16º, todos dentro de 1s de diferença.
    Na classificação da Espanha, do 6º ao 16º, todos dentro de 1s de diferença”
    faltou dizer que todos eles estão 2 ou mais segundos de diferença dos líderes … eles estão muito distantes …
    Quanto ao Alonso nas entre linhas ele já confirmou que não fica na Mclaren … se ele vai para a Mercedes, vai depender muito do que o V. Bottas consiga fazer este ano … se o finlandes for bem, Alonso não entra na Mercedes.
    A solução pode ser a Ferrari … vai por mim … não acho que Kimi fique na Ferrari e nem na Formula 1 em 2018 …
    Minha aposta para o GP do Canadá? … o histórico de Hamilton na pista é muito bom … aposto nele para vencer e embolar o campeonato

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  3. Lucas disse:

    Pra ser sincero, eu nem acho que falte não. A Ferrari já é a melhor equipe do grid provavelmente desde o começo do ano, só não ganhou todas por alguns erros e porque a Mercedes começou o ano aparentando uma vantagem em classificação que provavelmente nem exista mais. A não ser que a Mercedes é que consiga um “golpe de mestre”, eu apostaria em um título bem antecipado tanto de pilotos quanto de construtores.

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