Programação para as férias

As listas
13/12/2017
Programação para as férias – final
21/12/2017

Dezembro… o ano está acabando e nossos rituais para esse período são bastante característicos. Tentamos deixar tudo o mais arrumado possível, revisamos o que fizemos, realizamos um balanço do que foi feito e o que ainda se deve fazer, e tomamos decisões para o ano que chega.

Agenda lotada de festas de confraternizações, na firma, com amigos, com familiares, é época de comemorar, reviver e fazer listas com o que pretendemos fazer no ano seguinte.

Para os que gostam dessa época como eu, vale a máxima de fazer listas de presentes aos amigos. E hoje é o que trago para vocês, uma lista das melhores corridas para se rever nessa época de férias da Fórmula 1. O assunto surgiu inspirado na ótima e recomendada coluna do nosso amigo João Carlos Viana, o JC, que falou sobre listas.

Quando o campeonato encerrou no GP de Abu Dhabi me dei conta que estou acompanhando a Fórmula 1 há… 45 anos! Comecei em 1972 e já são cerca de 760 GPs. Muita coisa se passou nessas inúmeras corridas, e então resolvi fazer uma revisão do que assisti nas últimas semanas.

Afinal, quais dessas corridas foram memoráveis e que valem assistir quantas vezes forem necessárias? Tal qual um bom filme, confesso ter como hábito rever aquilo que me foi marcante. Assim, meus amigos, nasceu a ideia de trazer esse presente a vocês.

Como faltam umas 15 semanas para o início da temporada de 2018, listei as 15 melhores corridas que acompanhei entre 1972 até 2017. O critério usado para escolhas é bem pessoal, mas baseado naquilo que acredito que uma corrida deve possuir: Boas disputas, drama, emoção, estratégia, arrojo e, claro, pilotos fazendo o seu melhor.

Vamos concordar que são critérios bem subjetivos e cada um pode pensar o mesmo de forma diferente, estamos abertos as críticas e, por que não, a sugestões. Fiquem à vontade nos comentários.

A lista que segue possuiu o link para que você possa, como sugestão, rever uma prova por semana, até o início da temporada 2018, é uma boa maneira de ir driblando a crise de abstinência que nos abate nesse período. Ela está em ordem decrescente, ou seja, da corrida que considero a 15ª até a melhor de todas.

Divirtam-se com essa programação especial de fim de ano!

15) GP do Brasil 2012 (Interlagos). Decidiu o título daquela temporada e ficou na memória pela recuperação do Vettel depois de ser jogado para a última posição. Com o clima instável e a chuva acontecendo durante a prova, parecia que Fernando Alonso teria sua chance de chegar numa posição que tirasse a diferença de 13 pontos que Sebastian Vettel possuía, mas a Red Bull tratou de animar o alemão durante a prova e ele chegou em 6º, posição suficiente para garantir seu tricampeonato em cima do espanhol da Ferrari.

14) GP de Portugal 1984 (Estoril). Outra decisão de título, a corrida ficou marcada pela frieza de Niki Lauda em escalar o pelotão e derrotar seu companheiro de McLaren Alain Prost, naquela que é a menor diferença entre campeão e vice em toda a história: meio pontinho. Prost é, claro, decepcionado, mas não amargo como em 1983. E Lauda, no pódio, deixando a frieza do “Computador” de lado ao receber o carinho da esposa Marlene.

Esta foi a corrida mais difícil da minha vida. Desde o início, tive medo de não conseguir terminar. Busquei me recuperar ao longo da prova e chegar na posição que precisava para ganhar o título, quando atingi meu lugar e me disse que hoje não tinha desculpa. Eu tive que ir até o final, fazendo o impossível, não pensei em nada, nem nos seis pontos que me deu o título. Eu estava focando na sinalização que mostrava quantas voltas faltavam para terminar a corrida.

Eles dividem o pódio com um tal Ayrton Senna, que acabava de completar sua primeira temporada na F1 pela Toleman.

13) GP dos EUA-Leste 1983 (Long Beach). A corrida ainda hoje mantém intacto um importante recorde: o do vencedor que partiu de mais longe no grid. John Watson largou em 22º para vencer com sua McLaren-Ford, e foi seguido de seu companheiro Niki Lauda, 23º do grid, na dobradinha mais improvável da história.

12) GP dos EUA 1981 (Las Vegas). O dramático primeiro título de Nelson Piquet, que bate o argentino Carlos Reutemann da Williams por apenas 1 ponto. Numa corrida altamente desgastante no estacionamento do Caesars Palace de Las Vegas, finda a corrida Piquet retorna aos boxes em estado de grande desgaste físico. Ele é retirado com dificuldade de seu carro e lentamente recupera suas forças.

Ele é levado ao pódio ao lado de seu rival, Alan Jones, vencedor da prova e visivelmente feliz com a derrota de seu colega de Williams. O abraço australiano e brasileiro e parece reconciliar-se graças ao fracasso de Reutemann. Imagem cruel para o argentino.

11) GP do Japão 1988 (Suzuka). O pole Ayrton Senna afoga o carro na largada, caindo para 16º na 1ª curva. Espectadores de todo o mundo acompanham a escalada sua escalada e a surpreendente luta de Alain Prost, na outra McLaren, para segurar a March de Ivan Capelli, que abandona justamente quando o brasileiro chega nos dois. Com pista ligeiramente úmida, Senna supera o companheiro, rumo ao seu primeiro título. A imagem de sua volta de desaceleração, com punhos erguidos e às lágrimas, está viva na memória de muitos até hoje.

10)  GP da Espanha 1981 (Jarama). Essa vitória de Gilles Villeneuve ilustra perfeitamente os defeitos e qualidades da Ferrari 126CK: um chassi pesado e ineficiente, mas um motor turbo que deixava a concorrência na poeira. O canadense segurou todos os seus perseguidores por incontáveis voltas e mostrou controle incrível nas curvas, conduzindo um carro sempre muito arisco.

Eu fui o mais rápido em linha reta. Eu não estava preocupado por ser lento nas frenagens. Meus pneus estavam mortos. O menor deslizamento teria sido fatal. De longe a vitória mais gratificante da minha carreira. Nunca trabalhei tão forte ao volante de um carro de corrida. 

Foi a última e maior vitória de Gilles na F1.

9)  GP de Mônaco 1984 (Monde Carlo). Sob chuva torrencial, Alain Prost vence sua primeira no Principado, à frente de duas revelações: Ayrton Senna e Stefan Bellof, em corrida encurtada, e que valeria apenas metade dos pontos. No pódio, Senna tem a face do descontentamento.

Mas o que eles fizeram? Por que terminar a prova antes do previsto, mas por quê? Dessa vez eu tive os mesmos pneus que os outros… Eles me roubaram essa vitória! 

E o que diz Alain Prost, o vencedor do dia?

Tive grandes problemas de condução, como todos os outros, e dificuldades com meus freios de carbono. No seco eles são perfeitos, mas em contato com a água são mais difíceis de controlar, com tendência a bloquear. Quando vi Senna se aproximando, não me perturbei nem queria aumentar o ritmo. Como ele não é perigoso no campeonato mundial, eu preferia vê-lo vencer e eu ficaria em segundo lugar, em vez de arriscar-me a bater e sair daqui sem um ponto. A decisão de parar a corrida não foi, portanto, vantajosa para mim.

Mesmo aborrecido, Senna mostrava seu cartão de visita, e que seria supremo na chuva dali em diante.

8) GP da Itália 1972 (Monza). Essa corrida não existe na íntegra na internet, mas é possível nos poucos minutos desse vídeo ter noção da emoção do momento. Aos 25 anos, 8 meses e 29 dias, Emerson Fittipaldi se torna em 1972 o campeão mundial mais novo da história da F1, recorde derrubado apenas em 2005. Ele também é o primeiro brasileiro campeão e imediatamente se torna um ídolo em nosso país.

Nessa época, combinando um grande talento natural e um profundo profissionalismo, Emerson tornou-se em tão pouco tempo uma das referências do mundo do automobilismo. Somente o grande Jackie Stewart seria capaz de desafiar sua futura supremacia.

Essa lista será completada na próxima quinta-feira, encerramento das atividades do GPTotal em 2017.

Mário Salustiano
Mário Salustiano
Entusiasta de automobilismo desde 1972, possui especial interesse pelas histórias pessoais e como os pilotos desenvolvem suas carreiras. Gosta de paralelos entre a F1 e o cotidiano.

2 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Meu amigo Mário,

    vou esperar pela 2ª parte.
    Até agora tudo perfeito. Nada a mudar.
    Vamos ver se a sua preferida bate com a minha

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  2. Carlos Chiesa disse:

    Excelente critério, Mario. Pena que não podemos ver na íntegra o primeiro instante de glória de Emerson, não?

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