Clube dos 50

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No último (e enfadonho) GP do Canadá, Sebastian Vettel entrou para um seleto grupo de pilotos: ele chegou à sua 50ª vitória na Fórmula 1. Antes dele, somente outros três cidadãos atingiram tal feito: por ordem cronológica, Alain Prost, Michael Schumacher e Lewis Hamilton.

Em comum entre eles, alguns fatores: todos com pelo menos quatro títulos, todos passaram por pelo menos três equipes distintas, todos trocaram o “certo pelo duvidoso” em algum momento, todos impressionaram desde o início, todos se notabilizaram por sua constância nas disputas mesmo quando não eram candidatos a título.

O que vai os diferenciar, porém, é o estilo de pilotagem: embora se note traços comuns em determinadas habilidades entre eles, no fundo são quatro competidores bastante distintos, Hamilton e Schumacher um pouco mais parecidos do que Vettel e Prost: enquanto Alain e Sebastian são mais cautelosos (mas quando necessário, deram conta do recado), Lewis e Michael são mais arrojados, por vezes em exagero — principalmente do inglês.

Mas aqui o objetivo não será compará-los, e sim falar do triunfo número 50 de cada um deles. A marca de Vettel está muito bem contada na ótima coluna de JC Viana (confira clicando aqui). Vamos então relembrar como aconteceu com os outros integrantes do clube.

Lewis Hamilton, GP dos EUA de 2016

Hamilton vencer em Austin não é nenhuma novidade: desde a prova inaugural no circuito texano, em 2012, o britânico venceu ao todo 5 corridas. Um domínio maior do que Senna em Mônaco ou Schumacher em Spa. Em 2016, sua quarta vitória por lá, ele dominou, apesar de alguns momentos com ritmo incerto — Vettel, que largara em sexto, chegou a assumir a ponta em dado momento.

Lewis largou na pole e Rosberg, seu companheiro de equipe, completou a primeira fila. A essa altura, Nico já tinha ampla vantagem no campeonato, emendando uma ótima sequência (três vitórias e outro pódio) em corridas onde Hamilton teve problemas. A partir dali, o alemão só precisaria “administrar”, correndo como Piquet em 1987.

Hamilton, se agarrou às chances que tinha com unhas e dentes, e deu conta do recado.

https://youtu.be/HfDJ4KmFC7c

Michael Schumacher, GP da França de 2001

Na primeira metade dos anos 2000 era assim: se você tivesse 100 dólares para apostar no vencedor de um GP, jogaria 50 em Schumacher. Para a outra metade você escolheria uns 5 ou 6 nomes.

E não importava tipo de pista ou condição climática, posição de largada, nada: Schumacher era sempre a aposta mais conservadora. Na França, então, nem se fala: Schumy venceu lá oito vezes, um recorde absoluto para um único GP.

Em 2001, o quinto triunfo. Naquela fase da temporada, Ralf vinha andando muito bem, a Williams com um super motor, e o irmão mais novo colocando em prática os melhores ensinamentos que (indiretamente) recebeu. Foi Ralf quem fez a pole, Schumy completou a primeira fila e se manteve em segundo até a primeira rodada de pits.

https://youtu.be/LlS5OsFa6QE

Schumacher, tradicional em suas voltas voadoras antes dos boxes, dessa vez não conseguia andar mais rápido que o irmão. No entanto, outro fator que sempre acompanhou Schumy também foi a sorte.

E essa sorte se dá mesmo disfarçada de azar: o pitstop de Michael não foi bom. Mas o de Ralf foi inda pior: quase 3 segundos mais lento, com o problema na asa traseira.

https://youtu.be/MU70luHXR8Q

A Williams, mais uma vez,  jogava corridas fora nos pitstops. Desde os anos 80 essa sina os perseguia.

Alain Prost,  GP da Inglaterra de 1993

Um clássico. A última grande batalha entre Senna e Prost. E ainda havia um terceiro elemento, um alemão bastante arrojado na Benetton.

Prost faz a pole mas parte mal. Seu companheiro de equipe o supera facilmente. Até aí, tudo bem: bastava Prost se aproximar e, se não o retrovisor, um rádio resolveria o caso. Porém, na cola de Hill veio o Mclaren número 8.

E aí, bicho, não importa o motor, não importa nada: é preciso suar sangue pra superar o cara. Senna faz uma de suas maiores mágicas a bordo de um cockpit.

Damon Hill, que ainda perseguia sua primeira vitória e queria fazê-lo em frente a sua galera, vê o Renault V10 abrir o bico. Le Profeseur apenas segue o fluxo e vai sacrementando sua liderança no mundial. Era sua quinta vitoria no GP britânico. Senna abandonaria com pane seca.

Como se vê, nos quatro casos a entrada para o clube seleto se deu em resultados previsíveis, ainda que Prost, pela circunstância da corrida, não parecesse favorito.

As vitórias aconteceram em pistas onde eles eram dominantes (com exceção de Vettel, que venceu “apenas” duas no Canadá). E tais triunfos se deram a bordo do carro mais adaptado à pista naqueles fins de semana, a experiência aliada ao talento colocou-os como vencedores.

Agora Vettel se prepara para entrar em outro grupo que já conta com três membros: o das 60 poles.

Marcel Pilatti

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

2 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Marcel,

    na minha lista de preferências coloco o Schumacher em primeiro, seguido Hamilton, Vettel e Prost …
    Mas devemos tirar o chapéu pra todos pois são números antes imagináveis de se alcançar e que foram alcançados … o que não me impede de não colocá-los. na minha lista, sequer entre os 5 melhores da história da Formula 1.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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