O bom dia

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Aos que podem pensar que Jerez de La Frontera e o alvorecer da F1 2012 não quer dizer muita coisa, digo que provérbios não surgem do nada, e há um que diz que o bom dia se vê logo pela manhã.

 

Quando soube que Kimi Raikkonen acabou o primeiro dia de treinos em Jerez de La Frontera no topo da tabela de tempos fiquei feliz. Sim, fico feliz à toa, bestamente, e talvez isso me salve de alguns males, mas provoque outros.

Faz tempo que deixei de idolatrar pilotos. É claro que tive meus ídolos no passado e alguns deles ainda estão nos seus devidos pedestais, mas à partir do momento e que comecei a ter a mesma idade ou (pior) ser mais velho que eles, achei sem sentido essa de babar o ovo, idolatrar fedelhos tais como… Kimi!

Mas gosto mais de uns pilotos do que de outros e nem tanto (ou melhor, “não só apenas”) pelo que fazem na pista, mas também pelo que falam ou fazem fora dela. E eu gosto de Kimi Raikkonen.

Kimi gosta de vodka? Gostei, porque eu também gosto.

Kimi larga a F1 e seus milhões de salário para se divertir nos ralis, tomando pau do Loeb e outros? Gostei, porque acho que é preciso culhão para fazer isso (andar de rali e largar milhões).

Kimi não sorri, faz aquela cara de sono quando ganha corridas, lá do alto do pódio? Gostei, pois isso é melhor que sambadinhas e lágrimas ao vivo via satélite.

Queria saber quanto pagou ter cravado o nome de Kimi nas casas de apostas londrinas como o mais rápido desse primeiro dia em Jerez. Deve ter gente que embolsou uma granona. Obrigado Kimi!

Ele sempre foi um ‘outsider’ do mundo da F1, um cara diferente do restante, e que se destaca por conta de não ser uma ovelha branca. Me lembra um pouco James Hunt, com uma pitada de Renè Arnoux e um tiquinho de Jacques Villeneuve. Talvez seja bem escroto pessoalmente, mas acho que não. Finlandeses são poucos e raros, não podem ser (muito) escrotos. O frio não deixa.

Mas volto a Jerez, e falo mais sério: primeiro dia não vale picas, sabem isso até as pedras da Andaluzia. Mas sabem também todos, inclusive as pedras, que colocar o nome ao lado do nº 1 é tudo que qualquer piloto quer, sempre, ad aeternum, desde que o mundo é mundo. Se a Renault botou pouco combustível no seu E20, Pirellis macios e mandou Kimi largar o sapato com fé, tem mérito: conseguiu ocupar as manchetes do ávido mundo que está à míngua de F1 deste 2011. Palmas para a turma de Enstone, parabéns, Eric Boullier, boa estratégia.

Hoje, quando o segundo dia de Jerez terminar, a realidade poderá ser outra mas a primeira buzinada foi dada pela Lotus, agora única, sem versão B, e isso pode ser um presságio sobre a temporada de 2012. Presságio bom.

Ao poderio da energética equipe do energético, e seu saltitante e fenomenal pilotinho, favoritaço pelo braço e escora dada pela santissima trindade Horner, Newey e Marko (ele não parece o Dr. Strangelove?) bem que poderia se opor ele, meu Kimi, nosso Kimi, na inesperada – ou nem tanto – Lotus.

Não, não acredito em Mercedes, nem em Ferrari. Sem motivos. Só não acredito punto e basta. Meu preponderante lado incendiário-anarquista adoraria ver naufragar a pompa das Flechas de Prata juntinho com a turma de Whitmarsh, e também ver os Toro Rosso made in Faenza dar couro na empáfia de Maranello.

Que temporada seria se isso acontecesse!

E mais: por que não colocar como terceira força a Force India? Combina, não combina? Force, força, sacou? Vijay Mallya merece, no mínimo por parecer ser um cara bem mais divertido de se tomar um porre junto (ele pagará, com certeza!) do que com Frank Williams, or not? O indiano me lembra um desses presidentes de escola de samba, correntão no pescoço, mega anel no dedo, barrigudoinho. Já Frank mais parece um pastor da igreja anglicana.

Encerro dizendo aos que podem pensar que Jerez de La Frontera e o alvorecer da F1 2012 não quer dizer muita coisa que provérbios não surgem do nada, e há um que diz que o bom dia se vê logo pela manhã. Quem sabe esta temporada seja mesmo uma grande surpresa.

Abraços

Roberto Agresti

Roberto Agresti
Roberto Agresti
"Rato" de Interlagos que, com sorte (e expediente), visitou profissionalmente Hockenheim, Mônaco, Monza, Suzuka e outras. Sempre com uma câmera na mão e uma caneta na outra.

3 Comments

  1. Ricardo disse:

    Ola Roberto,
    realmente, ele abandonou alguns milhoes para correr de rally, mas ele ja ganhou muitos milhoes, entao na conta final, nao deve fazer tanta diferença.
    Veja o caso de Barrichelo, ele esta atras de patrocinio para nao por a mao no bolso, mas ano passado ele disse ao amigo Tony, que bancaria a temporada para ele.
    Dinheiro nao falta para os pilotos de ponta na F1, que passaram po la nos ultimos 20 anos.
    Pergunta seria, o que é aquela barbatana estupida na ferrari ?
    abraço

  2. wladimir duarte sales disse:

    A melhor coisa que aconteceu nos ultimos dois anos. Kimi Raikkonen é um campeão de verdade, melhor que ele volte do que se houvesse opção de uma cria da quadrilha, digo, família prost. Que o desempenho do iceman melhore daqui por diante ou permaneça constante para que haja um retorno comparável ao de Nikki Lauda em 1982!

  3. Fernando Marques disse:

    Roberto,

    me diz aí se seu Puma ainda anda levantando poeira em Interlagos?
    Voce podia publicar alkgumas fotos recentes dele

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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