Bandeirantes

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Miguel Paludo segue os passos Bandeirantes do eterno Emerson e nos dá a chance de conhecer um novo automobilismo.

Na última coluna do Lucas Giavoni, há um discurso sobre a dificuldade de achar o tema da coluna inédita de 2012. Principalmente porque os temas quentes já haviam sido utilizados pelos os outros colunistas aqui do GPTotal. Pois bem, brilhantemente o Lucas traçou um paralelo entre NASCAR e F1. Leiam, vale a pena. Mas me criou um problema, meu tema de hoje também envolvia a NASCAR! Tudo bem, vamos mudar um pouco a direção e tudo dará certo.

Também acho que ninguém mais quer ler um texto sobre o estado de beleza dos carros da Fórmula 1 atual. Lembro que antes disso já reclamavam dos penduricalhos aerodinâmicos, das novas asas traseiras estreitas, das enormes asas dianteiras e por aí vai. Fato, a gente se acostuma e continua olhando pra TV torcendo pelos nossos carros e pilotos favoritos.

Da NASCAR acredito que não podemos fugir essa semana. Foram tantos acontecimentos seguidos durante a semana da prova de Daytona, com tanta repercussão na mídia tupiniquim, que o interesse do brasileiro realmente foi despertado. Somente para ilustrar o tema, o volume de buscas no Google pelo termo NASCAR dobrou no Brasil no final de semana da prova. Significativo, não?

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Como o Lucas citou em sua coluna, a NASCAR é especialista em marketing e a prova de Daytona é o reflexo disso. A temporada inicia sempre no último final de semana de Fevereiro e logo de cara tem sua corrida mais tradicional. A pista carrega toda a história da NASCAR (foi nas praias de Daytona que a Nascar ‘nasceu’) e tem uma semana com classificações, provas curtas para definições de grid, uma mini corrida dos campeões da categoria e as suas 3 principais divisões correm. Você já começa uma nova temporada com a pista recheada de ação! Marketing puro!

Pra melhorar, esse ano teve uma primeira fila brasileira (?!) na Camping World Truck Series, o que seria a terceira divisão nacional da NASCAR, a Copa Montana dos gringos. E nesse ponto que começa a ficar interessante para nós.

A primeira fila veio com Nelson Piquet Jr e Miguel Paludo. Paludo fez a pole. Histórica, desbravadora de um mundo americano privativo.

É Miguel Paludo que mais chama atenção nisso tudo. Ele me lembrou de Emerson Fittipaldi. Não joguem pedras antes da hora, por favor. Não estou falando de pilotagem, títulos, técnica e classe.

Emerson chegou à Fórmula 1 passando por todas as categorias de acesso como o pioneiro brasileiro. O Desbravador. Foi para Europa sem certezas, mas com a missão de convencer os donos de equipe que um piloto brasileiro poderia ter uma chance. Todo mundo sabe como essa história se desenvolveu, o ‘Rato’ conseguiu algumas corridas em 1970 pela Lotus e carimbou seu passaporte para uma temporada completa em 1971. Sem perder o seu espírito pioneiro, conseguiu trazer a Formula 1 para o Brasil e depois de se aposentar da Formula 1, fez o mesmo (igualzinho) processo para correr na Fórmula Indy/Cart/Mundial/IRL: algumas corridas pra “sentir” o ambiente e no ano seguinte (1985) uma temporada completa.

Miguel Paludo trilha um processo semelhante de pioneirismo. Campeão da Porsche GT3 Cup por duas vezes, não trilhou o caminho de monopostos e foi procurar abrigo nas terras americanas. Um novo mundo, restrito aos americanos.

Começou como Emerson, fazendo provas esporádicas no meio da temporada. Foi correr nove provas na K&N Pro Series East, uma divisão regional da NASCAR, em 2010. Além disso, conseguiu ainda quatro provas na Camping World Truck Series. Desempenho sólido e um bom plano de ação lhe garantiram um contrato para a temporada inteira da Truck Series por uma equipe média, a Red Horse Racing. Por essa equipe estreou em Daytona em 2011 com um impressionante 4º lugar. A temporada seguiu com muitos altos e baixos, mas Paludo manteve uma boa média que lhe garantiu um bom contrato para 2012. Uma equipe de maior porte, com mais estrutura e até um companheiro de garagem Brasileiro, o Piquet Jr. E para celebrar um contrato novo, equipe nova e um rival brazuca na garagem ao lado, nada melhor que uma pole-position na corrida mais famosa. Cartão de visitas da temporada de 2012 distribuído para todas as equipes da melhor forma possível, na pista.

O resultado desse trabalho de Paludo já é sentido pelos brasileiros. O Speed Channel passou a transmitir todas as corridas da TRuck Series ao vivo. Outros pilotos passaram a olhar para os Estados Unidos como uma opção que alia rentabilidade e bom nível, incluindo nessa conta até o neto do Emerson, Pietro. Não só pilotos seguem a trilha aberta por Paludo: Geraldo Rodrigues é um dos sócios da X Team Racing, time das categorias de acesso da NASCAR que pretende desenvolver pilotos brasileiros e a equipe para subir para as categorias principais.

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Mas pera lá, por que falo de Miguel Paludo e não de Nelson Piquet Jr? Dois pontos: Piquet Jr só viu a Nascar como opção pra investir em sua carreira pela presença bem sucedida de Paludo no certame e não consigo “acreditar” em nada que Piquet Jr faça pelo esporte depois da “pilantragem” (pra ser bonzinho) feita na F1. Vamos combinar que bater no muro não é vergonha pra ninguém na NASCAR, certo?

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Ainda falta muito para esse caminho estar pavimentado e reconhecido pelo público brasileiro. Miguel Paludo segue os passos Bandeirantes do eterno Emerson e nos dá a chance de conhecer um novo automobilismo.

Obrigado Paludo.

Abraços e bom final de semana a todos!
Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

3 Comments

  1. Waldemar-SP disse:

    Ótimo texto, grande sacada e bem desenvolvida essa comparação. Isso me lembra que quando menino estava na arquibancada de Interlagos, na linha de chegada, vendo o Emerson ganhar a primeira prova internacional de Fórmula Ford, que ele pioneiramente trouxe ao Brasil.
    Gostei também da menção do espírito desbravador dos bandeirantes desta terra.

  2. Parabéns pelo texto, Flaviz. Concordo plenamente que o caminho que o Paludo está percorrendo é bem parecido com o que o Emerson passou, claro que em épocas totalmente distintas, mas vale a comparação. Espero que esse ano o Paludo consiga uma vitória para conseguir um bom carro na Nationwide nos próximos anos.
    Abs

  3. Lucas Giavoni disse:

    Ei, Flaviz,

    Valeu pelo elogio e… foi mal, brother! Ainda bem que você conseguiu manter um tema quente, e sua coluna ficou ótima. O GPTotal é um site quente: com automobilismo, sem automobilismo e, ultimamente, apesar do automobilismo!

    Aquele abraço!

    Lucas Giavoni

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