Dia de Testes

Personagens
07/11/2012
Loeb
12/11/2012

Testes com pilotos promissores foram feitos na pista de Abu Dhabi após o GP de F1.

Escrevo esta coluna diretamente da escaldante Abu-Dhabi, com seus 32 graus na sombra, e pra lá de 65 dentro dos cockpits. Por aqui acompanhei os testes para os jovens pilotos que a Fórmula 1 e algumas de suas equipes promovem anualmente. Desta vez, diferente dos 12 times presentes no ano passado, seis estiveram na pista de Yas Marina.

Red Bull (Antonio Felix da Costa e Robin Frijns)

McLaren (Gary Paffett, Oliver Turvey e Kevin Magnussen)

Lotus (Nicolas Prost, Edoardo Mortara e Davide Valsecchi)

Sauber (Esteban Gutierrez e Robin Frijns de novo)

Caterham (Giedo van de Garden e Alexander Rossi)

Toro Rosso (Jonny Cecotto Jr e Luiz Razia)

Não vi o resultado final dos tempos. Para mim, isso não é importante, afinal, por aqui cada piloto esteve seguindo um determinado pacote de testes. Por exemplo, muitos pilotos pagam para testar um Fórmula 1 nestes dias (e são cifras altíssimas) enquanto outros são convidados pelas equipes que precisam de pilotos que deem um bom feedback para testar alguns equipamentos novos – caso por exemplo do brasileiro Razia, a convite da Toro Rosso. E isso indica quanto de disponibilidade a equipe dará ao piloto. Se o teste for para equipamentos, a equipe é que mandará na configuração do carro, quantos voltas serão dadas, e como os giros serão completados. Já, se o teste é concentrado no piloto, ele terá mais tempo de pista, e uma liberdade (até certo ponto) maior de configurações disponíveis.

Enfim, por tudo isso, é complicado levar a série neste tipo de testes quem foi o mais rápido, as vezes, o último foi quem melhor cumpriu a demanda do dia. Para que serve o teste então ? Para aproximar o piloto da atmosfera da Fórmula 1, onde um sem número de pessoas trabalham no boxe, em contraste ao número limitado de profissionais nas demais categorias inferiores. Por exemplo, nos testes daqui, sete engenheiros estavam ligados em tudo o que acontecia no carro de apenas uma equipe, e esses sete respondiam a um engenheiro principal.

O que é muito importante nestes testes também, é a resposta que o piloto consegue dar a esses profissionais quando perguntado sobre a reação do carro diante de cada alteração feita. Antes de entrar na pista pela manhã, existe uma reunião entre engenheiros e piloto e a ele é passada a ordem do dia. No final do teste, uma nova reunião é feita, e nesta o piloto é indagado pelos sete engenheiros sobre as várias reações e comportamentos do carro diante das diferentes configurações e novidades, e é neste momento que o piloto é bastante avaliado – se dá um bom feedback ou se não é capaz de sentir o carro a ponto de saber como ele se portou e como as mudanças o alteraram.

Diante disso, um “report” pode ser montado sobre o piloto pela equipe e enviado aos outros times, informando como o piloto é, que tipo de informações pode dar e se já está a altura da categoria. Por isso esses testes são interessantes, não importa muito se você foi o mais rápido ou mais lento, e isso não dá a você uma vaga na Fórmula 1 – o buraco é mais embaixo. Falei, por exemplo, com o italiano Valsecchi (campeão da Gp2 neste temporada), o que a primeira impressão, já lhe dá um bom espaço na F1. No entanto, não é bem assim. Ele mesmo me disse que fez o que tinha de fazer – ser campeão, mas a partir de agora o que vale é a negociação, achar vaga, patrocínio e despertar o interesse nos chefes de equipe. Não é por ser campeão, que a vaga está garantida.

Valsecchi teve uma bela disputa ao longo do ano com o brasileiro Razia, que ficou com o vice-campeonato. Luiz testou por dois dias aqui em Abu-Dhabi, com várias configurações e novos equipamentos . No final do dias, enquanto a maioria dos pilotos já havia ido embora, Razia ainda respondia aos sete engenheiros sobre o comportamento do carro no briefing da equipe – o que é bom, a Fórmula 1 adora este tipo de retorno de investimento – apostar em um piloto e poder contar com sua informações.

Isso também não garante vaga numa equipe em 2013, mas pode ajudar, além disso, estar em contato com um carro de Fórmula 1, poder usar sua tecnologia, utilizar o Kers, a eletrônica, e tudo mais que não está embarcado em outras categorias serve como um laboratório para o piloto que quer entrar na Fórmula 1 – mesmo que seja em um carro da Toro Rosso, por exemplo, que está longe de ser uma equipe de ponta, e de ser competitiva. No entanto, a Fórmula 1 não é só um degrau, mesmo que o mais alto, no automobilismo, como muitos dizem. A Fórmula 1 é outra escada inteira. Razia disse que se sente preparado para começar essa escalada, eu também acho que ele está pronto, e embora nada ainda tenha sido anunciado e talvez nem mesmo fechado, se me perguntassem hoje o que penso, responderia que o Brasil terá sim um novo piloto na Fórmula 1 em 2013.

Até a próxima!

Tiago Toricelli
Tiago Toricelli
Jornalista, autor de "Rally dos Sertões" e "Manual do Alpinista de Primeira Montanha". Já cobriu 12 temporadas de F1 (CBN) e acompanhou de perto as principais categorias da velocidade.

4 Comments

  1. Mauro Santana disse:

    Minha torcida e esperança de um futuro campeão de F1 brasileiro novamente, esta no Razzia.

    Sorte a ele, pois esta fazendo por merecer!

  2. Lucas dos Santos disse:

    Talento o Razia tem de sobra. O que ele precisa é de patrocinador.

    Quando ele ia ao pódio na GP2, era perturbador não ver praticamente nenhum logotipo estampado no macacão dele. Ele disse que já arrumou um patrocinador em quem confia para entrar na Fórmula 1 já em 2013. Vamos torcer para que tudo dê certo e que o $$$ seja suficiente para ele entrar na categoria máxima, em tempos que habilidade já não é o suficiente para conseguir um cockpit.

  3. Tassio Bruno Silva disse:

    sorte para o razia!

  4. Fernando Marques disse:

    Fica aqui a minha torcida pelo Luiz Razzia.
    Assim como continua a minha esperança do Brasil novamente ter um piloto campeão e vencedor na Formula 1.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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