A trindade do sucesso

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Bernie Ecclestone em estado puro!

Peter McArthur foi um escritor canadense a quem é atribuída a seguinte frase: “Todo empreendimento de sucesso precisa de três pessoas: um sonhador, um negociador e um filho da puta“.

A frase, tão eloquente quanto irrefutável, condensa muito bem os atributos necessários para o cumprimento de uns objetivos e a consecução de uns benefícios num determinado negócio, qualquer que seja este. Em primeiro lugar, o sonhador aporta seu talento, imaginação, ideias e conhecimentos específicos no campo concreto da atividade em questão, estabelecendo os alicerces do empreendimento. Depois são necessários os dotes de comando e organização de um homem de negócios com visão de futuro e que seja capaz de administrar os recursos e potencialidades à sua disposição, da forma mais proveitosa possível, tirando o máximo rendimento das pessoas e meios involucrados. Por último, mas não menos importante, é necessário um filho da puta que saiba aproveitar ao máximo as debilidades dos competidores, e que tome as decisões necessárias custe o que custe e a quem custe. Alguém que não se deixe influenciar pelos sentimentos ou emoções, atuando em todo momento com a cabeça e não com o coração.

Porém, ainda mais conveniente é que uma mesma pessoa pudesse aglomerar todas essas capacidades e virtudes e, por difícil que possa parecer, há casos de pessoas assim. Talvez o exemplo mais emblemático seja o de John D. Rockefeller. De origem humilde e infância difícil, se iniciou nos negócios desde muito jovem e construiu seu império num campo onde ninguém soube antecipar ou sequer imaginar o enorme potencial que encerrava, alcançando a cume com determinação e arrasando seus competidores sem piedade.

Rockefeller, com certa ironia, chegou a dizer: “Competition is a sin!” (a concorrência é um pecado!). Num subúrbio de Londres, durante os difíceis anos da segunda guerra mundial e no seio de uma humilde família, passou sua infância um garoto que já então mostrava muito boas qualidades para os negócios. Bungay, como carinhosamente lhe chamava sua mãe, se levantava bem cedo para ir distribuir jornais na vizinhança e, com os centavos que ganhava e antes de ir para a escola, passava pela padaria do bairro para comprar doces e biscoitos que depois vendia no recreio com algum benefício. Seu sonho era comprar uma bicicleta. Logo depois passou a comprar e vender bicicletas e motocicletas que ele mesmo reparava e restaurava. Bungay, abandonaria a escola aos 16 anos sob a condição de ir trabalhar num emprego que lhe havia conseguido seu pai, mas continuaria com as motos em seu tempo livre.

Em 1947 e com apenas dezessete anos de idade, Bungay havia anunciado ter à venda uma moto Manxman que ele mesmo havia restaurado e, para sua surpresa, quem se apresenta para comprar a moto é o famoso as do motociclismo Jack Surtees, quem trazia consigo seu filho de onze anos John. O acordo é fechado. Logo depois, Bungay, abandona seu emprego para ir trabalhar numa loja de motos do bairro, Mas, depois de um ano trabalhando lá, nosso jovem se dirige a um concessionário muito mais grande, que havia perto dali, para fazer-lhe uma proposta ao dono: queria que lhe alugasse parte do estacionamento para vender ali suas próprias motos. O dono se resiste, mas a insistência do jovem, mais uma percentagem das vendas, termina por lhe convencer. Não demorou muito para que os benefícios que lha dava Bungay, superassem os de suas próprias vendas de carros. Então, Fred Compton, o dono do local, oferece a Bungay que se mude ao showroom e se ocupe também dos carros, o que deu a Bungay a oportunidade de se introduzir no negocio dos carros usados. Agora nosso Bungay… já era conhecido como Bernie.

Foi durante aqueles anos que Bernie aplicou perfeitamente o que havia dito Rockefeller algum tempo antes: “O mais importante para um jovem é estabelecer credibilidade, uma boa reputação e forte caráter“. Desenvolvendo-se num ambiente dominado por gente rude e nada recomendável, manter a palavra dada e uma boa reputação era algo vital. Os leiloes públicos de carros estavam arranjados e eram necessários nervos de aço para não sucumbir e descobrir o engano, o que podia custar muito caro.

Bernie, logo ficou esperto nisso. Em 1951, Bernie se associa com Compton e o nome do negócio passa a ser Compton & Ecclestone. Bernie também se aventurou no mercado imobiliário, e a recuperação econômica da pós-guerra ajudou a que os negócios, e benefícios, crescessem sem parar. O GP da Inglaterra de 1950, da recém-criada formula um, havia promovido bastante interesse pelo automobilismo, e Bernie foi um dos que se sentiu atraído pelas corridas. Ele mesmo participou em algumas corridas de formulas menores e, em 1957, compra a decadente equipe Connaught.

Stuart Lewis-Evans e Roy Salvadori eram seus pilotos e amigos. Porém, a ausência de resultados dignos, e quando não conseguem se classificar para o GP de Mônaco de 1958, onde o próprio Bernie tentaria a classificação, leva a equipe a desaparecer. No entanto, Bernie continuaria sendo manager de Lewis-Evans. Infelizmente, Stuart, perderia a vida a consequência das graves queimaduras sofridas num acidente durante o GP do Marrocos desse ano e Bernie, muito afetado pela tragédia, abandona o automobilismo.

Em 1965, seu amigo Salvadori, lhe convida a que o acompanhe ao GP da África do Sul e lá lhe apresenta um jovem e promissor piloto: Jochen Rindt. Salvadori convence a Bernie de que o ajude e seja seu manager. Assim, Bernie retornava ao fascinante mundo da formula um. Em 1970 quando tudo ia bem e Rindt estava a caminho do titulo mundial com a Lotus, sua morte na Itália leva Bernie a ausentar-se dos circuitos uma vez mais. No entanto, desta vez, retornaria apenas um ano depois para comprar a equipe Brabham no fim de 1971.

Assim, Bernie passava a ser membro da F1CA (Formula 1 Constructors Association), a associação que reunia as equipes inglesas. Bernie, logo percebe que  era claramente possível melhor a F1CAe começa a oferecer às  demais equipes se ocupar da molesta e custosa burocracia e tarefa de organizar o transporte de seu equipamento aos diferentes GPs e negociar em nome deles com os organizadores. A primeira vitória de Bernie viria no GP de Mônaco de 1972 quando, apesar do acordo entre a F1CA e o ACM (Automóvel Clube de Mônaco) para que 25 carros participassem, a CSI (Comissão Esportiva Internacional) tenta reduzir a 20 os participantes, quando estes já estavam em Mônaco. Então, Ecclestone ameaça com boicotar o GP e os 25 são admitidos. A segunda vitória viria no fim de 1972, quando Ecclestone consegue acordos com os todos os organizadores para 1973, em detrimento da GPI, a organização criada pela CSI para negociar com os organizadores. Com Bernie, as equipes obtinham cada vez melhores condições e este ainda conseguiu negociar um bom contrato por 3 anos com organizadores e televisões.

Confira a conclusão dessa história clicando aqui.

Manuel Blanco
Manuel Blanco
Desenhista/Projetista, acompanha a formula 1 desde os tempos de Fittipaldi É um saudoso da categoria em seus anos 70 e 80. Atualmente mora em Valência (ESP)

3 Comments

  1. GPTotal disse:

    Amanhã às 7h no ar!

  2. GPedroso disse:

    que amanhã chegue logo!!! rss

    esta muito interessante, uma leitura muito gostosa

  3. Mauro Santana disse:

    Que chego logo 5ª feira!!!

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

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