Mistérios do Überwagen e seus seguidores

Bastardos
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Brilliant disguise
01/09/2014

O detetive do gepeto vai a campo tentar encontrar algumas pistas para os mistérios de Überwagen...

Diálogo ouvido em um certo apartamento em Londres, na Baker Street:

– A Brembo confirmou que foi um erro de montagem e não um defeito no freio dianteiro direito do carro do Lewis que causou o acidente em Hockenheim.

– Huummmm…. Se era para parecer um acidente, ficou parecendo um acidente, não?

– Agora não há motivo para que a Mercedes não possa continuar usando os discos Brembo quando os pilotos requerem. Eles podem escolher os freios conforme as características da pista e das exigências do momento. Os discos da Carbone Industrie, que atingem a temperatura ideal mais tarde e são mais sensíveis às mudanças climáticas podem ser a raiz dos problemas de equilíbrio sofridos por Lewis em Spa, durante a classificação, depois de ter esperado antes da chicane que tivesse um tantinho de pista livre à frente. Interessante notar que quando Nico opta por esses discos usa tomadas de ar menores.

– Hummmm….. Lembro que a escolha dos sistemas de freio foi uma das razões que fez Barrichello ser superado por Jenson, na época da Brawn, que hoje é a Mercedes.

– Não foi apenas o pai que disse a Nico que é preciso ser bastardo para se tornar campeão do mundo. Niki Lauda disse a mesma coisa recentemente e contou como trapaceou quando Prost era seu companheiro de equipe.

Cher Alain ainda não era le professeur. Mas soube aprender rapidamente e se aperfeiçoar nessa matéria, usando inclusive a mais deslavada patriotada. Mas isso é passado.

– Mudando para a Ferrari. Será que a rossa teria conseguido um pódio? Os carros parecem ter melhorado consistentemente, em especial no molhado. Com a penalização Alonso saiu do box logo atrás de K-Mag. Não conseguiu passar por ele. Por que o chamaram para o segundo pit somente duas voltas depois da parada do Kevin? Se queriam dar a ele uma chance de passar nas voltas finais, não teria sido melhor ficar na pista por mais duas ou três voltas, enquanto Kevin brigava com o Hulk, e assim cumprir meras 13 voltas com pneus macios novos?

– O problema da Ferrari parece estar em outro lugar, não necessariamente no reparto corse. Marmorini saiu dizendo que o grego pediu a ele o menor motor possível, mesmo que isso sacrificasse a potencia. Ele compensaria com a aerodinâmica. E o que estamos vendo é que essa compensação não acontece. Lembra do Aldo Costa, igualmente demitido? Hoje é um dos principais criadores do überwagen!

– Teria conseguido pódio com o Kimi? A Ferrari adotou estratégia bem agressiva com o Raikkonen, fazendo a primeira parada na volta 8. Ele ganhou várias posições quando os carros à frente pararam e de repente estava em segundo. E aí chegamos novamente ao momento escolhido para o segundo pitstop. Ele parou na volta 23 e calçou médios. Em tese, tudo bem. Conforme dados obtidos na sexta os médios deveriam aguentar um stint longo. Surpresa! No domingo os médios não duravam o que se esperava. A Williams percebeu e colocou Bottas em condição de ultrapassar facilmente o Kimi faltando cinco voltas. Ele foi chamado para a segunda parada na volta 14, provavelmente para cobrir a parada do Rosberg. Se tivesse ficado fora por mais uma ou duas voltas, teria conseguido chegar ao pódio?

– Dificilmente. As Ferraris estavam com bastante carga aerodinâmica e nas retas não eram páreo nem para o Bottas, quanto mais para o Nico R. Parece que Marmorini tem razão.

– E falando sobre Rosberg. As W05 mostraram uma superioridade tão grande em Spa que mesmo perdendo parte da asa dianteira, mesmo perdendo tempo para trocar essa peça e se ver forçado a mudar de estratégia, Nico R perdeu a corrida por uma margem muito pequena. Óbvio que era uma corrida para fazer primeiro e segundo, portanto os chefes da Mercedes não estão dando bronca à toa. Rosberg cometeu outros erros além de arruinar a corrida de Lewis e o 1-2 para a equipe. O primeiro foi bloquear o pneu dianteiro esquerdo na freada da chicane da Bus Stop na volta 17. Isso causou uma vibração e ele teve que parar na volta 19, aparentemente pegando a equipe despreparada. Na pressa, colocaram médios novos. E assim ele se viu obrigado a fazer mais duas paradas, tendo que fazer esse jogo durar 25 voltas. Como largou com médios, teria que fazer o último stint com macios. E assim perdeu a chance de tirar o máximo do carro com os pneus mais rápidos no momento mais favorável. Também perdeu tempo com Jenson e posteriormente com Bottas, tendo ainda uma leve saída de pista.

– Mais duas voltas e poderia ter passado Ricciardo, que estava com os pneus gastos.

– Ricciardo consegue andar forte sem cometer erros e assim aproveita todas as oportunidades que os überwagen deixam passar. Este ano ele está sendo um überdriver. Pode me passar o tabaco, por favor? Preciso encher meu cachimbo.

*No mundo da moda, as top mais top entre as top model são denominadas übermodel. Me parece justo que as F1 W05 sejam denominadas überwagen.

Carlos Chiesa
Carlos Chiesa
Publicitário, criou campanhas para VW, Ford e Fiat. Ganhou inúmeros prêmios nessa atividade, inclusive 2 Grand Prix. Acompanha F1 desde os primeiros sucessos do Emerson Fittipaldi.

8 Comments

  1. I do love the way you have presented this specific situation and it does indeed provide me personally some fodder for thought. Nonetheless, through everything that I have experienced, I simply wish when other feed-back pile on that men and women continue to be on point and not embark upon a soap box involving some other news du jour. Yet, thank you for this outstanding piece and while I can not agree with the idea in totality, I regard your standpoint.
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  2. Mauro Santana disse:

    Por isso que após a era Senna o Brasil nunca mais foi campeão na F1, pois os nossos pilotos sempre foram muito bonzinhos.

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

    • Carlos Chiesa disse:

      Talvez seja mais que isso, Mauro. Sem tirar o mérito, bem grande, de Rubens e Felipe, eles estiveram em condições diferentes das de Ayrton. Michael era o “dono” da equipe naqueles anos, portanto o erro foi tentar se passar por 1B ao invés de assumir ser o 2, mas com o espírito de “underdog”, o cara que quer passar o nº1, portanto ganha as simpatias da torcida, especialmente quando consegue. Em especial porque Michael não vence em simpatia nem para os alemães. Felipe assumiu, sim, nessa condição mas não conseguiu aproveitar seu maior entrosamento com a equipe para bater Alonso no primeiro ano. A partir daí, esquece. Alonso, como Michael, não é bonzinho, portanto é preciso mais que um talento, digamos, similar. Também é preciso observar que nem sempre foi assim como Lauda coloca. Até onde sei, Emerson e Peterson, Stewart e Cevert, só para citar dois exemplos, se davam bem. No caso do Emerson, sua bronca foi com Chapman e não com o sueco, se bem me lembro.

      • Mauro Santana disse:

        Bem colocado Chiesa, e acho que nesta lista que você muito bem descreveu, podemos acrescentar Senna e Berger na Mclaren.

        Abraço!

  3. Ronaldo de Melo disse:

    Elaborem essa história de LaudaXProst!

    • Carlos Chiesa disse:

      “Lauda, who won three world championships, admitted he had issues when he drove with Alain Prost. “I hated the guy. When I saw him I got upset, because he was my biggest enemy, in the same team. If you have an enemy in another team it’s much easier to fix because you don’t see him every day.”

      Lauda added: “You have to be a bastard if you want to win in Formula One. No question. You cannot win being a nice guy. Tell me one nice guy out there. Do we start with Fernando Alonso? This is a breed of people who are 110% focused and use every trick to blow the other one off.”
      Saiu no The Guardian, entre outros, pós-Monaco 2014. Até onde me lembro, Lauda fez o que todo piloto trata de fazer: sonegar informações, passar dados equivocados, fazer guerra psicológica etc.. Mas não deve ter feito nada de tão acintoso quanto Prost fez depois com Senna, ou Piquet com Mansell, só para ficar em 2 casos. Mas observe a ironia com Alonso.

      • Mário Salustiano disse:

        esse estilo que Lauda menciona ter adotado contra Prost, em parte foi fruto das sequelas na relação dele na Ferrari pós acidente em 76, ele admite que ficou muito contrariado com a contratação de Reutemann ,que foi de uma certa forma uma acintosa demonstração de menosprezo da Ferrari, a partir dali a sua tática contra o argentino serviu de aprendizado para esse estilo

        abrs

        Mário

        • Carlos Chiesa disse:

          Como Lauda mesmo disse, ninguém é bonzinho. O Comendatore partia do princípio de quem ganhava eram seus carros, não os pilotos. Antes de vender participação acionária para a FIAT, era uma companhia que tinha muito mais prestígio que dinheiro. Quando Chapman inventou de introduzir o patrocínio na categoria, os custos subiram e hoje é impensável manter uma equipe competitiva sem vender espaços nos carros e outros lugares. Por isso o Comendatore não podia se dar ao luxo de esperar uma incerta recuperação física e técnica de Lauda. Se uma situação análoga ocorresse hoje com a Mercedes, seria interessante saber como Niki reagiria.

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