CSI-ngapura

À sombra das regras
19/09/2014
Ciao, Luca
24/09/2014

O GP de Singapura (ou Cingapura?) já está se tornando um clássico dos finais imprevisíveis.

Gosto da pista de Singapura. Ou Cingapura? Ano passado, choveram críticas em algum comentário quando grafamos Cingapura. A justificativa para o escárnio foi a de que o nome original é Singapore, logo, deveríamos manter. No entanto, se no inglês se escreve Brazil e em português grafamos Equador, qual seria o problema?!

De todo modo, a “regra é clara”: as duas formas de escrita estão corretas.

Mas o título da coluna tem outra razão de ser: o famoso seriado policial poderia fazer episódios na pequena ilha asiática, tendo a corrida de F1 como pano de fundo. Além do já clássico caso de 2008, a corrida desse ano vinha com contornos especiais, um pela nova regra da comunicação via rádio, outro pelas N conspirações que surgiram após Monza.

Se Rosberg “abriu mão” da vitória na Itália, seu arrependimento foi gigante.

Agora Hamilton retoma a liderança (241 a 238) com 125 pontos ainda em jogo. Observando as corridas que estão por vir – a única exceção é a estreante Russia – creio que Hamilton possa fazer a diferença, principalmente por conta de sua velocidade (treinos).

E pra vocês, quem é o favorito?

Reforçando o tom CSI,  a prova começou a ser decidida nos treinos, com Hamilton superando o companheiro de equipe por 30 e poucos centímetros. E tudo praticamente acabou ainda na volta de apresentação, com Rosberg parado no grid.

A partir desse momento, Hamilton só perderia a corrida se acontecesse algo absurdo. O inglês dominou a prova com segurança, marcando a melhor volta quando lhe conviesse e abrindo distância considerável para o(s) segundo(s) colocado(s). Após a entrada do safety car, a corrida de Hamilton parecia estar ameaçada, mas ele fez um trabalho realmente formidável, conseguindo se posicionar muito próximo a Vettel e recuperar a liderança em pouco tempo.

Sobre os problemas que afetaram Nico, não nos custa lembrar de Hamilton na Hungria e na Alemanha, quando o britânico teve problemas já nos treinos e precisou largar das última posições. Em Hungaroring terminou em terceiro (à frente de Rosberg), e na Alemanha abandonou.

Alonso sempre andou bem na pista: desde 2008, a quarta colocação de hoje é seu pior resultado: foi também quarto em 2011, venceu duas vezes (2008-10), foi uma vez segundo (2013) e duas terceiro (2009-12).

Inegável que seja o espanhol o que faz a Ferrari parecer melhor do que realmente está: hoje merecia a segunda colocação, mas foi diretamente prejudicado pelo Safety Car.

Com um carro inferior às Red Bull e Williams, consegue se manter acima dos dois pilotos da equipe inglesa e do tetracampeão Vettel — Alonso não termina um campeonato inteiro à frente do alemão desde 2008, primeira temporada completa de Sebastian.

Semelhança entre 2008 e 2014: Alonso e Vettel não pilotavam carros de ponta.

Justamente pensando no desempenho de Alonso, não compreendi fazerem tantos elogios à sexta posição de Massa, no grid, e à sua performance na corrida. Se por um lado é verdade que Felipe conseguiu retomar a posição dos McLaren e depois não deu chances a Räikkönen, por outro entendo que — de novo — é Alonso a “disfarçar” que a Ferrari estivesse tão melhor assim. Não à toa Bottas aguentou Kimi, também.

Frase de Massa ao final da prova: “guiei como uma vovó“.

Quantas mil voltas de Safety Car nessa corrida? E por quê?! Manuel Blanco pode nos ajudar a entender.

Que ultrapassagem de Jean-Eric Vergne sobre Räikkönen na antepenúltima volta! Vergne, aliás, não tem vaga garantida para o ano que vem: será substituído pelo filho de Jos Verstappen, menor de idade.

httpv://youtu.be/jYkyw1n4MzE

[Comentários off-topic]:

1) Gosto do trabalho do repórter Marcelo Courrege.  Além de poder se comunicar em diferentes línguas – falou em francês com Eric Boulier – parece conhecer (e, principalmente, se interessar por aprender mais) sobre o mundo da F1. Coisa que não se via há algum tempo…

2) No próximo dia 06 de outubro completam-se 40 anos do histórico título mundial de Emerson Fittipaldi, uma das temporadas mais maravilhosas da história. Em nossa página no Facebook, estamos relembrando cada uma das corridas da segunda conquista do piloto brasileiro. Não deixe de acompanhar!

Boa semana a todos!

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

13 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Infelizmente não pude ver a corrida … faltando uns 10 minutos para a largada, caiu um temporal onde moro e fiquei a manha de domingo toda sem luz … pensei em ver o VT mais tarde a noite mas o sono não me permitiu.
    Mesmo sem ver a corrida entendo que:
    1) O Hamilton nunca foi tão feliz na Mercedes
    2) O Nico nunca foi tão infeliz na Mercedes
    3) Pelo que fez no Q-3, a 5ª colocação do Massa ao fim da corrida evidência que ele teve um bom fim de semana em Singapura.
    4) Pensando no Mundial de Pilotos, o certo seria o Vettel ter dado passagem para o D. Ricciardo chegar em 2º lugar. Como isso não aconteceu, fica claro que o australiano se quiser um dia ser campeão mundia,l vai precisar fazer isso em outra equipe, pois na RBR com Vettel será impossível.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

    • Lucas dos Santos disse:

      Fernando,

      Se você ainda quiser assistir a corrida, tem o VT na íntegra aqui: http://globotv.globo.com/rede-globo/formula-1/t/provas/v/grande-premio-da-cingapura-de-formula-1/3644704/

      A propósito, sempre quando não puder ver uma corrida ao vivo, dê uma procurada depois no site da Globo. Eles sempre deixam os treinos e as corridas na íntegra disponíveis lá por alguns dias.

      Nos domingos em que eu fico com preguiça de levantar cedo – ainda mais com as frias manhãs que têm feito nos últimos dias aqui no Sul – eu deixo para assistir depois, online.

      • Fernando Marques disse:

        Lucas,
        Valeu pela dica

        Fernando Marques

        • Mauro Santana disse:

          Pois é Fernando, tipo o Schumacher em 1999 com o Irvine na Ferrari, o Vettel não vai ajudar o Ricardo a buscar o título, pois a postura do Vettel é de que, no galinheiro da RBR, quem manda é ele(Vettel).

          Agora, e “SE!!!!” na ultima etapa do mundial, acontecer o mesmo que aconteceu no GP Brasil de 2007, será que o Vettel cede a liderança para o Ricardo como fez o Massa com o Raikkonen!?

          Abraço!!!

          Mauro Santana
          Curitiba-PR

        • Fernando Marques disse:

          Eu acho dificil. Eu não pago para ver.

          Fernando Marques

  2. Manuel disse:

    Lucas dos Santos
    – Ainda falta o Rosberg abandonar mais uma vez e o Hamilton terminar em segundo para que a disputa entre os dois fique de acordo com o que cada um já conquistou – afinal, o Rosberg só está na frente porque terminou no pódio as corridas em que o companheiro de equipe abandonou.
    —————————————————————————————————————————

    Oi Lucas, este seu comentário define justamente o que se pretendia buscar com o sistema dos “melhores resultados” que tanto foi criticado: que nenhum piloto ficasse excluido da luta pelo título por algum acidente ou imponderável.

    • Mauro Santana disse:

      Pois é Manuel, mas vai que este ano o título fica com o piloto que teve menos abandonos?!

      Aí quem sabe a FIA não volta com os sistemas dos melhores resultados, pois por causa do campeonato de 88 que a choradeira foi tanta e o sistema foi “descartado” a partir de 1991.

      A FIA ultimamento é capaz de tudo!!

      Abraço!

      Mauro Santana
      Curitiba-PR

  3. Lucas dos Santos disse:

    – Gostei muito da tocada do Hamilton após o Safety Car. Já estava vendo que ele iria acabar “achando” algum guard-rail guiando feito louco e tentando aumentar a vantagem a todo custo. Mas, no final, ele conseguiu abrir a vantagem necessária para fazer a estratégia funcionar.

    – Ainda falta o Rosberg abandonar mais uma vez e o Hamilton terminar em segundo para que a disputa entre os dois fique de acordo com o que cada um já conquistou – afinal, o Rosberg só está na frente porque terminou no pódio as corridas em que o companheiro de equipe abandonou.

    – Realmente não há nada de extraordinário na quinta colocação do Felipe Massa. Basta ver o “abismo” que havia entre ele e o Alonso, que ocupava a posição imediatamente à frente. Ele só conseguiu “guiar como uma vovó” porque o Bottas estava com problemas e segurou todos os que vinham atrás, permitindo que o brasileiro abrisse uma vantagem de dez segundos. Sem querer, o finlandês acabou fazendo o papel de “escudeiro” do companheiro de equipe.

    – A parte final da corrida, com os pilotos que tinha pneus novos colocando todo mundo “no bolso”, foi muito boa de se ver.

    – Interessante ver o quão desgastante é essa corrida. Ao final dela era visível o quão exaustos estavam os pilotos. Pareciam que tinham acabado de sair de uma corrida de Endurance.

    – E sim, o Marcelo Courrege faz mesmo um bom trabalho na TV. Ele participa mais dos “grid walks”, corre atrás de informações relevantes e procura sempre acrescentar algo útil à transmissão. “Pegou o jeito” rápido, para quem está cobrindo a Fórmula 1 há relativamente pouco tempo. Pena que são poucas as corridas que ele cobre.

    • Mário Salustiano disse:

      Lucas

      perfeita observação sobre o papel que o Bottas acabou fazendo de forma involuntária, se não fosse por ele o Massa não teria chegado em quinto

      Sobre a transmissão de hoje um ponto me chama a atenção, vez ou outra o Rubens dá uma calada de boca no Galvão, seria muito bom deixarem ele com mais liberdade para falar, do ponto de vista técnico ele conhece muito, fruto de tanto tempo que correu, e estou gostando quando ele dá umas cortadas e explica bem melhor questões que o nosso amigo galvanico quer explicar de maneira enviesada, querendo “vender” gato por lebre a nós torcedores.

      abraços

      Mário

      • Lucas dos Santos disse:

        Mário,

        É uma pena que ninguém corrigiu o Galvão quando ele, precipitadamente e equivocadamente, afirmou que um piloto fora punido por conta de uma suposta conversa irregular via rádio. Na verdade tal piloto fora punido por desrespeitar os limites da pista e isto estava claro na mensagem (em inglês) que apareceu no GC. Bastaria ter contido a afobação e lido a mensagem até o final para evitar tal erro.

        Ele retificou a informação mais tarde, porém tarde demais. Aposto que até agora tem telespectador achando que tal punição realmente aconteceu por esse motivo.

        • Mário Salustiano disse:

          sabe o que acontece Lucas, na ansia de estar em evidência e mostrar que sabe mais que qualquer um que esteja ao lado dele (eu não consigo ver de outra forma) Galvão tentar narrar e comentar ao mesmo tempo, quer comentar e ver o que está na pista, dar uma opinião de bate-pronto, e evidente que nem um super cerebro consegue agir, assim vez ou outra ele embanana por completo e mistura alhos com bugalhos. Se houvesse uma contenção minima e ele aproveitasse melhor as pessoas que o cercam no sentido de trabalhar em time, certamente seriamos brindados com um trabalho bem acima da média

          abraços
          Mário

        • Rafael Carvalho disse:

          Infelizmente eu fui um dos telespectadores que abraçaram a ideia da punição por conta da mensagem via radio, mas porque eu não vi a imagem dele passando o limite da pista.

        • Lucas dos Santos disse:

          Pois é, Rafael.

          Na verdade não chegou a aparecer a imagem do Vergne passando o limite da pista, mas sim a informação no GC: “5 second Stop/Go penalty for car 25 [Vergne] – Track limits and gaining a advantage” (http://i.imgur.com/zbS4Pnd.jpg).

          Aí o Galvão diz: “Olha lá! Está aqui! Cravamos em cima! Cinco segundos! Ele tem que entrar e tem 5 segundos **porque teve orientação de condução**!! Então eles estrearam o sistema novo de rádio! Foi aquele caso que deram a ordem para o Vergne, dizendo ‘Olha, você vai para cima, você vai passar, você se defenda’, ou seja, aquela orientação que eles não querem mais que aconteça!”.

          Isso é até “normal” que o Galvão faça. Pena que nem o Barrichello e nem o Reginaldo notaram e não puderam corrigir na hora. Isso aconteceu na volta 16 e somente na volta 36 é que o Galvão se corrigiu! Nesse ponto, ninguém mais lembrava do ocorrido e acabou ficando o dito pelo não dito.

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