A solução para encostar nas Mercedes em… 2016

O campeão de duas rodas
26/11/2014
Imagem e aparência
01/12/2014

Tomara que os prognósticos mudem. Porque tudo indica que 2015 já era, também.

Mestre Alex Periscinoto, um dos maiores nomes da propaganda brasileira de todos os tempos, sempre foi um exímio contador de piadas e casos, talvez verdadeiros talvez criados por ele mesmo. Um que jamais se apagou da minha memória era destinado a mostrar que a solução criativa pode vir de quem você menos espera.

Uma equipe de especialistas em construção civil, que ia de engenheiros a operadores, estava quebrando a cabeça para instalar uma máquina pesadíssima em um fosso. Não havia guindaste que aguentasse levantar a danada muito menos transportá-la com segurança para o buracão. Um office-boy (era famoso o personagem do office-boy criativo do Alex) que passava por ali ficou curioso e perguntou o que estava acontecendo. Um engenheiro se dispôs a contar.

Imediatamente o esperto rapaz teve uma ideia: por que vocês não enchem o buraco de gelo? Arrastam a máquina para cima do gelo, e conforme ele for derretendo vão bombeando a água para fora até esgotar e assim a máquina pousará no chão. Como sabem, nos primeiros títulos de Michael Schumacher, a Benetton comandada por Briatore tirava máximo proveito do reabastecimento obrigatório.

Motor V8, menos potente que outros concorrentes, é o que temos para o momento? A equipe tratou de transformar as características dele em vantagem. Consumindo menos combustível, podia ficar menos tempo abastecendo. E se a gente ganhar ainda mais tempo nessa operação? Como? Tornando mais rápido o fluxo de combustível mediante a remoção de um certo dispositivo. O resultado foram aquelas ultrapassagens invisíveis, feitas nos boxes, que contribuíram para a conquista de dois campeonatos.

Se o office-boy do Alex estava presente eu não sei. Mas foi uma solução criativa, inesperada, e é disso que estamos tratando. O exercício aqui proposto é tentar encontrar um modo de tornar as paradas atuais para troca de pneus ainda mais rápidas, para diminuir a distancia para as Mercedes no ano que vem. Ou, se você torce para esta marca, para tornar seu domínio ainda mais acachapante.

Como a Comissão da F1 não aprovou grandes mudanças no regulamento, esse pode ser um ponto nevrálgico. Vamos rever o esquema atual de pitstops e ver se alguém encontra um ângulo novo?

Marcas no chão na frente das garagens.

Você pode mandar pintar, marcar com adesivos, com sensores de presença e alarme, raios laser ou qualquer outra coisa que inventar, mas o essencial é que monte um gabarito o mais preciso possível, pois 10cm a mais ou a menos podem fazer diferença. Pior que os dois pontos de empate técnico de pesquisa eleitoral.

É preciso uma faixa central, para que o piloto possa alinhar corretamente o carro. Nas laterais, as marcas onde cada roda deve ficar, um espaço de aproximadamente 30cm para cada uma, perfeitamente alinhadas.

Em cima desse espaço à frente das garagens precisam ser colocadas, de alguma forma, as luzes sinalizadoras e as câmeras. Precisam cruzar essa área dois conjuntos de mangueiras de ar das pistolas de remoção de rodas. Não pense em usar gás hélio nos cilindros de ar comprimido porque ele foi banido. Mas dava mais velocidade para essas pistolas.

Cada equipe pode usar a pistola que quiser. A maioria usa da marca Paoli, mas algumas parecem ter desenvolvido suas próprias. Convém que cada roda tenha o plano A e plano B, ou seja seu próprio par de pistolas. Elas devem ser facilmente reversíveis, com um botão que se possa acionar mesmo em situações críticas. Em geral um tapa ou uma pressionada contra o peito funcionam.

O design do macaco traseiro varia de acordo com as equipes, mas basicamente todos tem uma alça comprida, com duas alavancas. Assim que o carro é levantado pelo macaco a primeira alavanca é acionada para permitir que ele gire e saia de lado assim que a operação toda se completar. Ao sinal de que as rodas estão fixadas, a segunda alavanca é acionada, abaixando o macaco e permitindo ao carro encostar no solo.

Esse sistema pode ser acionado pneumática ou hidraulicamente.

Cada passo dessa operação é vigiado por diversas câmeras, usualmente unidades GoPro montadas na estrutura lançada sobre essa área à frente das garagens. Isso permite que a operação toda seja revista posteriormente para buscar aprimoramento. A RBR usa lasers para detectar as posições das rodas o que também dá ao mecânico a referencia visual para apontar sua mão indicando ao piloto onde parar.

Todo o processo está sob o controle de um elemento da equipe, que opera as luzes de sinalização para reter ou liberar o carro. As pistolas e os macacos tem um botão para sinalizar que terminaram suas tarefas. Quando os sinais desses equipamentos aparecem para o controlador, ele se certifica de que a saída está livre e muda a luz para verde.

Não esqueça do espaço destinado a colocar bicos de reserva, porcas de roda de reserva e as ferramentas que podem ser necessárias em caso de emergência, seja para regulagens seja para substituições. Esse conjunto precisa ficar perto mas não pode atrapalhar ninguém.

Você também precisará pensar em um modo de evitar que o piloto se equivoque e pare no boxe errado, como aconteceu com Massa em Interlagos. Não gozem do brasileiro, por favor. Um campeão e um bi também já fizeram isso. E a propósito, você terá cerca de 20 mecânicos à disposição para essa operação toda. Parece muito? Veja como a Sauber organiza essa turma:

Veja este exemplo de eficiência:

httpv://youtu.be/kJT3mDFc0_U

E não pense que este exercício é totalmente inútil. Tem empresa usando esse tema para inspirar seu pessoal.

Boa sorte. Tomara que um frequentador do GP Total seja o responsável por mudar os prognósticos da F1 para 2015.  

Nota: com base em infos de scarbsF1.com

Carlos Chiesa
Carlos Chiesa
Publicitário, criou campanhas para VW, Ford e Fiat. Ganhou inúmeros prêmios nessa atividade, inclusive 2 Grand Prix. Acompanha F1 desde os primeiros sucessos do Emerson Fittipaldi.

8 Comments

  1. Carlos Chiesa disse:

    Tem toda razão, Rodolfo, muito difícil tirar toda a vantagem em pitstops que já são espantosamente curtos. Mas é preciso buscar tirar o tempo onde dá e essa é uma área
    que não ficou tão estreita pelo regulamento. Tirando milésimos aqui e ali, chegamos a um décimo e assim a diferença vai diminuindo.

  2. Rodolfo César disse:

    Muito legal toda a explicação, mas… no fim, ainda que alguém encontre uma solução criativa, estaríamos falando de um ganho de alguns milésimos apenas.

    Com um pit stop rápido como o que temos hoje não dá pra fazer milagres na parada dos boxes (1.5 segundos, por exemplo).

    Na época do Schumacher era bem diferente: pit stop envolvia troca de pneus e reabastecimento, havia mais de uma especificação de motores entre as equipes (V12, V10 e V8) e a tecnologia em certos processos ainda era bem rudimentar… enfim, se alguém conseguísse dar o “pulo do gato” e explorasse certas diferenças entre os concorrentes, como a Benetton fez, era possível ganhar segundos na parada, tendo em vista que levava-se em média 6,0 à 8,0 segundos no boxe para fazer a troca.

    Não serão milésimos que colocará em xeque o domínio da Mercedes e sim a formação de um conjunto forte para competir contra. Só à título de curiosidade, a equipe que mais fez pit stops rápidos por corrida foi a McLaren (06 GPs), Seguido por Red Bull (05) e Williams (03). A Mercedes fez apenas 01.

    Abraços!

  3. Carlos Chiesa disse:

    Fernando Marques já está na pole das propostas criativas.

  4. Carlos Chiesa disse:

    Rsssss, gostei Lucas, um exemplo de criatividade…

  5. Fernando Marques disse:

    A unica forma que vejo para ter um pit stop mais rápido que o 2,6 segundos que a Mercedes vem fazendo em média, seria o carro ter um mecanismo que no momento em que ele parasse e os macacos fossem acionados, automaticamente as 4 rodas seriam cuspidas … a pistola só seria usada para apertar os parafusos dos novos jogos de pneus …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

    • Manuel disse:

      Oi Fernando,

      Creio recordar que Gordon Murray, originalmente, havia desenhado o BT46 com uns macacos incorporados que levantavam o carro.

  6. Lucas dos Santos disse:

    Muito boa a análise, Carlos Chiesa.

    Quanto aos “casos de emergência”, como troca de asas quebradas, a equipe Andretti, da Fórmula E encontrou uma solução para isso (ou não!) 🙂 :

    https://www.youtube.com/watch?v=sFPt25goBXk

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