Big three

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Olá, amigos!

O ano de 2018 está passando tão rápido quanto os carros da NASCAR rasgando a reta de Talladega, e como já passamos da metade do ano, achei oportuno analisar algo que estamos vivenciando na atual temporada da Monster Cup, o grande domínio de três grandes pilotos, chamados pela imprensa norte-americana de “Big Three”. O nome é legal, chama a atenção para o desempenho dos maiores vencedores do ano, mas talvez não faça jus ao momento histórico que estamos vivenciando.

A temporada 2018 da NASCAR é longa, com trinta e seis corridas oficiais até a derradeira, em Homestead, mas o que chama a atenção é que até o momento, com vinte e três corridas disputadas, temos três pilotos dominando o campeonato de forma incontestável. Kevin Harvick, Kyle Busch e Martin Truex Jr. venceram incríveis dezessete corridas, o que equivale a quase 75% das provas. A história comprova que toda grande temporada tem sempre uma disputa intensa entre dois ou mais pilotos, como vimos diversas vezes entre Richard Petty e Ned Jarret, Dale Earnhardt e Darrell Waltrip, Cale Yarborough e Bobby Allison, Jeff Gordon e Jimmie Johnson, entre tantas outras temporadas marcantes.

2018 tem tudo para figurar entre as melhores temporadas pois temos três grandes pilotos como os principais protagonistas do ano, mostrando um domínio e consistência absurdos em relação aos demais carros. Talvez se não tivéssemos os Playoffs e Stages, a disputa poderia ser ainda mais emblemática, já que um infortuno mecânico ou acidente pode tirar um dos três da disputa na corrida final, a que define o título. Em alguns momentos o regulamento atual pode trazer mais emoção, como foi em 2016, quando o campeão foi definido nos últimos instantes da corrida, o que deixa todos sempre com grande expectativa, mas nem sempre pode ser o mais justo. Imagine se Kevin Harvick, que com a vitória em Michigan no último dia 12 contabilizou sua sétima no ano, tivesse um furo no pneu e batesse no muro, sem salvação, faltando duas corridas para o fim do campeonato, e não conseguisse se classificar para a grande final. Seria justo com um piloto que venceu sete corridas, mostrou velocidade e constância impressionantes, ser deixado de fora da disputa por um acidente? Pois é, nem tudo são flores no mundo da NASCAR.

Justo ou não, o campeonato ainda tem muita coisa pra rolar, mas o que estamos vivenciando até o momento é algo para se registrar. Harvick e seu Ford número 4 conseguiram sete vitórias até o momento, Kyle Busch e seu Toyota número 18 já faturaram seis, Martin Truex, também de Toyota, com seu número 78 levou quatro troféus para casa. Harvick nunca venceu seis corridas em uma mesma temporada, nem em 2014, quando levou o título para casa.

Na pista, é raro ver um carro que não seja um dos três nas primeiras colocações, tamanho o domínio em 2018. O que está faltando para deixar a disputa ainda melhor? Talvez um representante da Chevrolet, para mostrar que a categoria é mesmo uma das mais equilibradas do automobilismo mundial. O fato é que nenhum Chevrolet conseguiu a velocidade e consistência do Ford de Harvick e dos Toyotas de Busch e Truex. Chase Elliot, que finalmente obteve sua primeira vitória, e Austin Dillon foram os únicos pilotos da Chevrolet a conseguirem vitórias. E apenas uma para cada um.

Entre o “Big Three” ainda não é possível dizer quem é o melhor em cada tipo de pista, já que as vitórias estão equilibradas e sempre com os três andando próximos. O que todos praticamente dão como certo é a presença dos três na grande final, restando a pergunta de quem será o quarto representante na disputa pelo título, mas infelizmente nem um dos três estão garantidos ainda. O regulamento abre brecha para que nenhum dos três estejam lá, ainda que seja pouco provável. Mais improvável? Talvez. Mais emocionante? Alguns dirão que sim. Justo? Nem de longe. Pilotos que mostram o domínio que temos visto em 2018 não deveriam ser excluídos da disputa por questão de sorte.

Os três grandes de 2018 estão mostrando o trabalho em equipe, a eficiência dentro e fora da pista, que trabalham melhor que outros grandes nomes. Um exemplo de grande time que ainda não encontrou a mão é a equipe Hendrick, que nos últimos 12 anos venceu 6 vezes o campeonato, e que em 2018 levou apenas a corrida de Watkins Glen, com Chase Elliott. Nem o grande Jimmie Johnson venceu uma corrida esse ano, ou sequer chegou perto disso. Roger Penske e seu time de grandes pilotos também não venceu nenhuma em 2018, e eles andam de Ford. Estamos vendo performances de altíssimo nível por parte do “Big Three”, algo que os números comprovam com facilidade. Ao todo foram dezessete vitórias (até o momento), onze pole positions, quarenta e nove Top 5 e cinquenta e três Top 10. Tudo isso em vinte e três corridas. Surpreende, não?

Se tudo correr normalmente e os três grandes chegarem até a final, em Homestead, a pergunta que não quer calar é, quem será o quarto piloto na disputa pelo título? Atualmente, o piloto com mais pontos atrás dos três é Kurt Busch, companheiro de equipe de Harvick, que até agora não venceu nenhuma corrida. Clint Bowyer é um dos candidatos, pois já venceu duas vezes na temporada, mas ainda não está muito constante nas provas. Talvez um novato pudesse surpreender e enfrentar o Big Three sem medo. Chase Elliott com seu Chevrolet da Hendrick? Ryan Blaney e seu Ford da Penske? Só saberemos na última etapa.

Meu conselho para quem ainda não viu nenhuma corrida da NASCAR esse ano é apenas um: assista ao menos um par delas, você estará vendo uma grande página da história sendo escrita diante de seus olhos.

Grande abraço.

Rafael Mansano
Rafael Mansano
Viciado em F1 desde pequeno, piloto de kart amador e torcedor de pilotos excepcionais.

3 Comments

  1. Bruno disse:

    Os três realmente estão impressionando, não apenas pelas vitórias, mas pela consistência em pistas totalmente diferentes. Também acho que chegou a hora de a Nascar rever o conceito do Chase, talvez até da pontuação. Me lembro como era emocionante ver vários pilotos com chance de título nas últimas corridas. Belo texto, parabéns!

  2. Fernando Marques disse:

    Rafael,

    um regulamento que não premia o melhor do ano como campeão. Qual é a graça que os americanos veem nisso?
    Imagina depois ler a sua excelente coluna, vibrando com os embates entre os chamados “Big Three”, você volta aqui no GEPETO e diz que o campeão de 2018 foi um piloto que só venceu uma corrida, exatamente a ultima que decide o campeonato e seu campeão. Qual é o mérito deste regulamento?

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  3. Mauro Santana disse:

    Beleza de coluna Rafael!!

    Este ano eu estou conseguindo assistir a temporada com mais frequência.

    Mas confesso, não gosto deste regulamento com os “segmentos”, isso tira totalmente o brilho de um GP.

    Qual é a opinião da grande massa de fãs a respeito deste assunto?

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba PR

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