Biografia de uma Ultrapassagem

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Depois de Hungria 86, talvez a ultrapassagem mais comentada da Fórmula 1 moderna seja aquela de Mika Hakkinen sobre Michael Schumacher, na Bélgica em 2000. Porém, aquilo foi apenas o clímax de uma rivalidade de quase duas décadas.

1º ato: Kartódromo de Kerpen, Alemanha, 1983

A pequena cidade de Kerpen, noroeste da Alemanha, conta há muitos anos com um kartódromo de estrutura bastante razoável. É uma pista pequena e muito sinuosa, situada à beira de uma estrada e cercada por grandes áreas verdes. Ao lado da pista, em tempos idos, havia uma espécie de cantina, que logo passou a ser administrada por uma família humilde e apaixonada por aqueles pequenos carros de corrida. O primogênito da família, um jovem e queixudo alemão, era quem mais se destacava naquelas retas e curvas.

Então, em 1983, quando o jovem queixudo tinha 14 anos, o kartódromo de Kerpen foi sede para um evento de alguma relevância, que tinha a pretensão de ser uma espécie de Campeonato Mundial Júnior de kart. Talvez não tenha chegado a isso, mas a verdade é que alguns dos melhores kartistas europeus na faixa dos 14 e 15 anos estiveram lá. O queixudo, claro, estava entre eles, com a missão de defender as honras da casa.

Entre os estrangeiros, porém, havia um loirinho finlandês muito rápido e abusado. Apenas três meses mais velho que o alemão queixudo, o garoto da Finlândia também tinha origens humildes (era filho de um taxista e uma secretária), e um talento muito especial. Sem qualquer respeito pela estrela local, o menino tratou de justificar os custos da viagem – parcialmente bancados com a ajuda do então campeão Keke Rosberg – e bateu o queixudo em sua própria terra. Venceu todas as series em que participou, e a Finlândia foi campeã européia por equipes.

(o video é de 1986) 

Naquela altura ninguém poderia imaginar, mas aqueles dois meninos venceriam 9 títulos mundiais na Fórmula 1. Seus nomes? Mika Häkkinen e Michael Schumacher…

2º ato: Macau, 1990

Sete anos mais tarde, os jovens kartistas já haviam construído uma sólida reputação, e surgiam como as maiores estrelas européias da Fórmula 3. Mika dominando o campeonato inglês, e Michael o alemão. A rivalidade entre os dois era crescente, e aumentou ainda mais quando Häkkinen, já campeão inglês, foi convidado pela West Surrey Racing a participar da última etapa do campeonato alemão, em Hockenheim. A prova não significava nada em termos de campeonato, pois Schumacher já era o campeão antecipado. Mas valia muito em termos de afirmação. E eis que Häkkinen fez a pole e novamente venceu com autoridade na casa de seu adversário. O próximo encontro entre os dois seria no prestigiado e desafiador Circuito da Guia, em Macau.

Ambos já conheciam a pista, pois haviam tentado a sorte por lá no ano anterior. Schumacher, inclusive, vencera uma das baterias e vinha bem na segunda, até sofrer com problemas de câmbio. Häkkinen não tinha lembranças tão boas, pois, guiando para uma equipe limitada, havia sido apenas o 15º no geral. Além dos dois, a edição de 1990 do GP de Macau contava ainda com diversos outros nomes que se tornariam conhecidos mais tarde. Heinz-Harald Frentzen, Mika Salo, Eddie Irvine, e Laurent Aiello estavam entre eles. A primeira fila, porém, coube aos dois rivais. Com Häkkinen mais uma vez na pole.

Na largada da 1ª bateria Mika manteve a liderança, enquanto Schumacher patinou e foi superado por dois adversários – Irvine era um deles. Ao fim da primeira volta o alemão já era o terceiro, mas via Häkkinen escapar cada vez mais ao seu alcance. Quando finalmente conseguiu superar seu futuro companheiro de Ferrari, ao fim da terceira volta, Schumacher já tinha 5,49 segundos para descontar. Embora tenha se esforçado muito e inclusive assinalado a volta mais rápida da corrida, mais uma vez o queixudo de Kerpen teve que se contentar com a segunda posição, atrás do menino da Finlândia.

Na segunda bateria, a vitória era o único resultado que interessava a Schumacher. Dada a luz verde Häkkinen mais uma vez confirmou a liderança, enquanto Michael mais uma vez largou mal. Desta vez, porém, o alemão partiu como um raio para cima do finlandês, guiando “como se da vitória dependesse sua própria vida”, na descrição do escritor Timothy Collings, e assim conseguiu a ultrapassagem.

Häkkinen, porém, tinha a situação sob controle, pois não apenas demonstrava ter um carro mais veloz nas retas, como também havia vencido a primeira bateria com uma vantagem superior a 2,6 segundos. Ou seja, se continuasse próximo a Schumacher, seria o vencedor no geral pela soma dos tempos. E assim foi durante toda a prova. “Quando vi que ele não descolava, percebi que ele ia ganhar a corrida”, contou Schumacher. “Nas ruas da cidade eu era mais rápido que o Mika, mas ele aproximava-se nas retas. Pensei que ele estava brincando comigo, e que me passaria na hora que quisesse.”

A pressão de Mika era terrível. Por voltas seguidas, ambos viraram tempos abaixo da pole position e não estiveram separados por mais de meio segundo durante quase toda a prova. Schumacher, porém, não cometia nenhum erro. Ambos iam abrir a última volta, e para ser o vencedor Häkkinen precisava apenas continuar onde estava. Não havia nada que Michael pudesse fazer. E assim nós chegamos a um daqueles momentos no qual o piloto precisa responder que tipo de biografia quer escrever para si mesmo.

Um tipo cerebral, como Alain Prost, Niki Lauda ou Emerson Fittipaldi, certamente teria continuado próximo a Schumacher, correndo com o regulamento no bolso. Mas… e quanto a Häkkinen?

Na abertura da última volta Schumacher errou. Um erro pequeno, mínimo, certamente menor do que outros que marcariam algumas provas decisivas ao longo de sua carreira. Mas errou, e isso foi o bastante para que Häkkinen jogasse tudo contra nada numa tentativa de ultrapassagem, na qual o que estava em jogo era apenas a rivalidade insana de ambos. Percebendo o que se passava, Schumacher fechou a trajetória e os dois bateram. Mika abandonou, enquanto o garoto de Kerpen conseguiu levar o carro avariado até fim, conquistando a vitória no geral.

Por que Häkkinen arriscou tudo, quando ele era o único que tinha algo a perder? “Eu estava habituado a ir às provas para vencer”, disse ele. “Não tinha o costume de me retrair. Achei que ele era mais lento do que eu, talvez uns 10 km/h, e o que não seria natural era eu não tentar ultrapassá-lo. Por isso, a razão por que tentei passa-lo é simples. Sou um piloto de competição e queria ganhar. Pareceu-me uma oportunidade fácil. Por que não haveria de tentar?”

Sob muitos aspectos, o GP de Macau de 1990 resumiu e antecipou a história de toda uma geração na Fórmula 1. Passado algum tempo, ao relembrar aquela disputa entre os dois, o jornalista Christoph Schulte proferiu algumas palavras proféticas. “Foi fantástico. Vi tudo o que se passou e achei espantoso. Estou certo de que, um dia, ainda hão de ter outra disputa deste tipo, no decorrer das suas carreiras na Fórmula 1. Desde aquele dia, tenho a certeza de que Mika está à espera da oportunidade de acertar as contas com Michael. Só de uma boa oportunidade.”

3º ato: Spa-Francorchamps, 2000

Dez anos após aquele inesquecível GP em Macau, os dois rivais já eram bicampeões consagrados na história da Fórmula 1. Cada um, a seu modo, podia se orgulhar de vitórias muito significativas ao longo da carreira.

O alemão de Kerpen teve um caminho relativamente mais fácil. Guiou para equipes boas por toda a carreira, e quase sempre teve carros igualmente bons. Quando os dois largaram naquele GP da Bélgica, Schumacher corria para igualar as 41 vitórias de Ayrton Senna – uma marca certamente importante para ele. Já Häkkinen, embora igualmente bicampeão, havia enfrentado obstáculos bem maiores ao longo dos anos anteriores. Estreou numa Lotus já agonizante e depois migrou para a McLaren num período difícil para a equipe, apenas para quase morrer nos treinos para o GP da Austrália de 1995.

Recuperou-se, superou o trauma e venceu em grande estilo dois campeonatos seguidos. O que ninguém poderia imaginar é que a corrida em Macau, após tanto tempo e tantos altos e baixos, continuasse atravessada em sua garganta.

Cinco voltas para o fim, Schumacher na liderança com um carro que perdia em retas, perseguido implacavelmente por Häkkinen. Quem se lembrava de Macau, sentia a sensação de já ter visto aquele filme. As palavras de Schulte de repente começaram a fazer sentido, quando Mika mostrou toda sua classe numa Eau Rouge inspiradíssima. O McLaren rasgou pela Kemmel como uma verdadeira flecha, e a ultrapassagem seria uma mera formalidade.

Seria, não fossem os pilotos em questão aqueles garotos de Macau. Exatamente como 10 anos antes, Schumacher fechou a trajetória, deixando o finlandês sem espaço. A manobra foi um replay do que havia sido visto no passado, mas dessa vez Mika recolheu. O incidente deve ter acordado alguns fantasmas adormecidos no espírito de Häkkinen, pois o que aconteceu nos 7 quilômetros seguintes não foi apenas uma volta a mais em um GP. Bicampeões do mundo, Mika e Michael de repente voltavam a ser os meninos da prova em Kerpen, os jovens leões da Fórmula 3. Não era mais o campeonato que estava em jogo, e sim um velho negócio inacabado. Mika definitivamente tinha contas a acertar com Schumacher.

O cenário estava pronto. Algo de especial estava para acontecer.

Ao longo de mais uma volta os dois voaram pela pista belga andando nos limites, com Häkkinen fazendo malabarismos para conduzir o McLaren na turbulência do Ferrari. Estava claro que ele ia tentar mais uma vez, e o local também já era conhecido – novamente seria na Kemmel. Um choque entre os dois, como o que havia ocorrido 10 anos atrás era certamente o fim mais provável dessa história. Só que, dessa vez, o destino interveio na forma do vagaroso BAR de Ricardo Zonta.

Saindo da Eau Rouge, Häkkinen mais uma vez vinha com muita ação para cima da Ferrari. À frente dos dois estava Zonta, e a necessidade de ultrapassar o retardatário brasileiro impediu Schumacher de novamente fechar a porta. Num átimo de segundo o alemão escolheu a trajetória da esquerda, dando a Mika uma arriscada chance de superar aos dois. E foi isso que o bravo finlandês fez, materializando uma das mais belas e significativas manobras de ultrapassagem da história da Fórmula 1.

Mika deu o troco, com uma década de juros,” resumiu o jornalista Lucas Giavoni. Certamente um dos momentos mais carregados de significado na rica história do esporte a motor.

Abraços

Texto publicado originalmente em 28/11/2008

Márcio Madeira
Márcio Madeira
Jornalista, nasceu no exato momento em que Nelson Piquet entrava pela primeira vez em um F-1. Sempre foi um apaixonado por carros e corridas.

28 Comments

  1. Eu tenho que comentar nessa texto maravilhoso, aliás como sempre são as colunas do GPTo, até pq esta fala daquele que foi o culpado por hoje, eu ainda acompanhar os GPs de F-1 com tanto carinho e amor mesmo: Mika Häkkinen. Eu tenho hoje meus 23 anos, mas àquela época [entre 97-01] eu tinha meus 8-11 anos mais ou menos, e até ali, mesmo com minha família sempre torcendo para Senna — que hoje considero um dos maiores do mundo — eu nunca gostei de Formula-1. Achava chato, sem graça, e nunca entendi bem pq todo mundo sentava para ver aqueles carros estranhos correndo. Até que eu vi a flecha de prata e aquele finlandês voador disputando com o “trapaceiro e dick vigarista” do alemão. Desde a primeira corrida q assisti sozinho, já fiquei louco por aqueles carros prateados, e extremamente fã do Hakkinen, o único piloto que para mim conseguia disputar em pé de igualdade com Shumy. Depois eu pude ver Alonso, Raikkonen, Montoya, mas destes somente o finlandês realmente carregava sua Mclaren nas “costas”. Pq? Oras…ela Sempre quebrava — como bem me lembro, e tbm citado acima.
    Enfim, sempre Quis Saber Pq Hakkinen deixou a F-1 tão CEDO, e ao meu ver, no auge da sua carreira. Tenho certeza q caso ele ficasse, hoje Shumy n teria tantos titulos, ou ao menos, teríamos mais emoção nos Gps — sem dúvida. Se alguém puder responder, agradeço. Abraços.

  2. Roberto Andrade disse:

    O Arlindo está desesperado para acreditar – porque provar ele não consegue – que a Ferrari era inferior à McLaren e que, “MESMO ASSIM”,o maior de todos, Michael Schumacher (Arlindo não faz a menor questão de disfarçar sua idolatria pelo alemão, alimentada por uma “imparcialidade” mascarada) conseguiu vencer (com)provando de novo ser o melhor de todos.

    Era Hakkinen quem estava fazendo a diferença naquele 1999, coomo bem provou o retorno de Schumacher. Lembro-me que, quando da batida de schumy na Inglaterra, schumy e irvine estavam em segundo e terceiro, perto de Mika, e Coulthard lá atrás.

    Ora, a Mclaren não era o melhor carro?

    A verdade é que Schumacher – em condições bem próximas a Mika – nunca conseguiu ser muito melhor, na verdade, sempre foi bem parecido.

    E Mika NÃO É Prost, não é Piquet, não é Alonso. Aliás, não sei nem se é Mansell.

    • Ballista disse:

      Perfeito Roberto, basta analisar o desempenho individual do Mika em 99 para perceber que era ele que puxava a McLaren um nível além dos outros. Para mim, tenho que a Ferrari e a McLaren eram bastante equivalentes em 99.

      Ballista

    • Leonardo - RS disse:

      Não tenho dúvidas, que se o Michael não tivesse quebrado a perna naquele ano, seguramente hoje estaria com 9 títulos, mesmo com a ferrari ligeiramente inferior.

    • Leonardo - RS disse:

      Perdão, estaria com 8 títulos. Perdi a conta.

    • Marcel Pilatti disse:

      Oi, Leonardo, permita-me entrar na conversa.

      Você diz não ter dúvidas de que “se não tivesse quebrado a perna Schumacher seria octocampeão”, etc, etc.

      Muito bem, Mas e “se Senna não tivesse morrido”, dizem que Schumacher teria dois títulos a menos.

      Abraços

    • Arlindo Silva disse:

      Roberto,

      Salvo engano, na primeira metade de 1999, Coulthard abandonou os GPs da Austrália (estava em 2º), Brasil (estava em 2º quando começou a ter problemas), Monaco (estava em 4º) e França (era o 1º).

      Com exceção do GP de Monaco, nos outros GPs, David estava a frente de Irvine quando teve problemas. Nos GPs em que pontuou naquela primeira metade de ano (San Marino, Espanha e Inglaterra), Coulthard chegou a frente de Irvine (Eddie abandonou em San Marino, mas estava atrás de Coulthard quando quebrou).

    • Arlindo Silva disse:

      Lembrando ainda que David teve 7 abandonos em 1999 (Austrália, Brasil, Monaco, França e Malásia por problemas mecânicos e Nurburgring e Japão por acidentes), além de uma não pontuação no Canadá.

      Hakkinen teve 5 abandonos (Austrália, Inglaterra e Alemanha por problemas mecânicos, San Marino e Itália por acidentes).

      Nessas 12 oportunidades, Irvine estava atrás de Coulthard ou Hakkinen e acabou herdando posições (e consequentemente pontos) em 9.

    • Roberto Andrade disse:

      Arlindo, IRVINE é um piloto terrível³, esse é o ponto, camarada.

      O que é Eddie Irvine? Quando que um trolha desses pode ser parâmetro?

      Felipe Massa pós-mola é melhor que ele, de longe!

    • Roberto Andrade disse:

      ah, não seja irônico ao dizer “salvo engano”, afinal você é um forix ambulante e jamais se enganaria!!!!!

    • Ballista disse:

      Arlindo, se for para ficar nos “informando” do óbvio ululante, por favor pare. Se eu não soubesse os resultados das corridas em 99, não seria nos comentários desta coluna que eu iria procurar.

      Tenha um pouco mais de coragem, e conclua seus raciocínios: diga o que pretende dizer.

      Te lanço uma pergunta: como poderia o melhor carro da temporada sofrer 10 abandonos em 32 oportunidades?

  3. Rafael Carvalho de Oliveira disse:

    Boa noite amigos! Eu comparo aquela ultrapassagem com a do Piquet em cima do Senna na Hungria! Só um detalhe que ninguém citou nos comentarios, era que a F2000 consumia mais pneus que o flecha de prata do Mika. Inclusive no dia da corrida choveu e o Schumy quando viu que o Mika era mais rapido começou a procurar agua para diminuir o consumo dos pneus!
    Gente alguem aqui tem twitter? Esse é o meu:@rafaxango, por favor me sigam para discutirmos sobre a corrida! Um abraço!

  4. Manuel disse:

    A meu ver, o fator que desequilibrou, definitivamente, a balança a favor da Ferrari, foi a chegada dos pneus Bridgestone, a partir de 2001.
    Os japoneses abandonaram a MacLaren para prestar todo o seu apoio aos italianos e este foi decisivo

    • Lucas Giavoni disse:

      Bem lembrado Manuel!

      Somam-se os fatores: proibição do berílio, Mika desmotivado e a falta de apoio da Bridgestone em 2001 foram os grandes fatores de queda da McLaren, tanto que eles mudaram para Michelin – com quem dividiriam atenção com Williams e Renault dali em diante. A “exclusividade” Bridgestone para a Ferrari entre 2001 e 2004 rendeu seus frutos para Schumacher, Todt, Brawn e cia.

  5. Sempre vi um grande potencial no Mika, que não chegou a se refletir plenamente em sua carreira, apesar do bicampeonato. O considero um bicampeão bastante digno, ao menos em relação ao potencial. Daí, no entanto, a compará-lo a Clark, já é caso de blasfemia.
    Mas, no fim das contas, quantos pilotos você pode comparar a Clark?
    Abs!

  6. Mauro Santana disse:

    Lembro que neste dia, eu e meu pai comemoramos esta manobra do Mika como se fosse um Golaço numa final de campeonato, e mandamos o alemão a merda!

    rsrs

    Manobra fantástica!!!!!!

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  7. Marcel Pilatti disse:

    *Nas poles de Mika no período 1998-2000, o número certo é 21, esqueci de descontar o período com schumy afastado.

  8. Fernando Marques disse:

    Reparem que a manobra que o Schumacher fez em cima do Hakkinen em Macau para fechar a sua passagem ele repetiu diversas vezes em sua carreira. Esta manobra nunca achei legal pela brutalidade como ele conduzia nestes momentos … que o diga Barrichello , Damon Hill e Jacques Villenueve que tambem viveram momentos nada agradaveis por causa disso … o incrivel é que o Alemão nunca foi punido por isto.
    O troco do Hakkinen foi não só merecido mas fantatico …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  9. Leonardo - RS disse:

    E ainda tem gente que escreve que Schumacher nunca teve adversário na fórmula 1.

    • Salve Leonardo.
      Mika era um piloto espetacular e extremamente rápido. Só não foi um adversário mais duro ainda por conta dos carros inferiores que pilotou até 1997, do acidente em Adelaide, e a perda de motivação ao longo de 2001.
      Numa única volta lançada, em condições de pista seca, apostaria nele num duelo contra Schumacher.
      Abs!

    • Marcel Pilatti disse:

      Leonardo, tenho duas visões sobre essa frase que você comentou.

      Primeira: é de fato um erro, afinal, ele enfrentou muitos caras bons, e um de seus adversários – Fernando Alonso – está no panteão dos maiores de todos os tempos. Cheguei a escrever uma coluna sobre o duelo dos dois, e realmente acho que foram disputas antológicas, principalmente naquele campeonato de 2006. Além disso, ele disputou campeonatos contra Hill e Villeneuve quando eles tinham carros melhores.

      Agora, já ouvi da voz de um grande jornalista como Celso Itiberê uma asneira 10x maior que esta: em 2001, ele falou o seguinte: “todo mundo fala que Senna tinha Prost como adversário, e isso é verdade, mas SÓ TINHA o Prost; o Schumacher enfrenta vários adversários de muita qualidade, tem o Hakkinen que é um excelentíssimo piloto, tem o RALF SCHUMACHER que é um ótimo piloto…” Pronto, não é preciso discorrer mais.

      O outro ponto sobre o qual devemos discorrer é analisar 1) a posição de Mika Häkkinen no que entendemos por história da F1 e de suas qualidades como piloto e 2) como efetivamente foi a disputa entre os dois num sentido de proximidade e condições de disputa iguais ou próximas.

      Vamos ver o ponto 1, então.

      No texto que escrevi sobre a biografia de Schumacher (http://gptotal.com.br/?p=3114), cito uma frase da autora quando ela diz que “SOMENTE o carisma justifica Hakkinen ser classificado abaixo de Fittipaldi, Ascari, Clark e Graham Hill” [bicampeões à época] – e numa futura edição ela deverá incluir Fernando Alonso e Sebastian Vettel.

      Será, mesmo? Na boa, Mika está visivelmente abaixo dos supracitados. O que não o torna um piloto mediano, fraco, de modo algum. Mas, se pensarmos no que cada um fez, veremos que – descontando números e etc – eles têm uma importância maior que a de Hakkinen. Talvez o único deles que ainda não está muito claro é justamente o de Vettel, mas o moleque em breve confirmará esse posto.

      Outro ponto interessante é que Hakkinen teve na McLaren um papel semelhante ao de schumacher na ferrari, só que sem a grife: ele foi piloto titular do time as mesmas temporadas até conquistar seu primeiro campeonato, e teve de testar 3 motores diferentes em 3 anos seguidos. schumacher foi para uma ferrari em ascensão – ou não? -, enquanto que a McLaren no pós-Senna ficou sem rumo.

      Concordo com a frase do Márcio, no que diz respeito à velocidade de Mika: uma das cenas mais “top” da F1 nos últimos 15 anos, pra mim, é a pole de Hakkinen em San Marino. Coisa de Senna em Mônaco fazendo volta com pneu de classificação!

      Mas, também devido à motivação (latente em 2001), ele era um piloto muito instável e que não tinha uma regularidade que o permitisse dominar de modo mais pungente, basta lembrar momentos da temporada de 1999 com schumacher afastado e o terível eddie irvine fazendo frente.

      E agora pensando nisso tudo chegamos ao ponto dois, que é uma análise séria do período em que eles foram adversários: como o marcio bem falou, até 1997 schumacher SEMPRE teve carros e equipes bem melhores que Hakkinen. E em 2001, foi o ano da retirada de Mika, completamente desmotivado – ainda assim, o cara venceu duas corridas, e praticamente venceu uma terceira, herdade por… Schumacher.

      Isso tudo nos dá a clara visão de que Hakkinen e Schumacher só foram adversários PRA VALER entre 1998 e 2000. Em 98, Hakkinen tinha um carro melhor que o do alemão, mas não era uma diferença muito grande: 8 vitórias de Mika e 6 de Schumacher, título para o finlandês.

      Em 1999, a disputa dos dois só aconteceu nos primeiros 7 GPs – vamos descontar Inglaterra – e nos dois últimos: foram 4 vitórias de Hakkinen e 2 de Schumacher. O título foi do finlandês, mas deixo essa questão em aberto, e não vou contar essa vitória na conta de Mika. Mas as vitórias sim.

      Aí vem 2000, em que Hakkinen teve uma temporada no início muito semelhante à de Senna em 1994: pole nas primeiras três corridas, mas dois abandonos com vitórias de Schumacher, e em San Marino havendo a chance de reação.

      Schumacher obteve 9 vitórias contra 4 de Mika, e levou o título. Houve melhoras sensíveis nos dois carros em determinados períodos do ano, mas é fato que na reta final era o Ferrari o “carro do ano”, e Schumacher fez jus a tal, levando as 4 provas consecutivamente.

      2001 fica sendo um ano no padrão de 1999, em que um dos adversários estava combalido.

      E aí, resulta o seguinte: 1998-2000, 2 campeonatos inteiros, e 42 GPs entre si: 1 título pra cada lado, e 17 vitórias para Schumacher, 16 para Mika. Em poles, Schumacher 14 e Mika 25.

      Se pensarmos que nos campeonatos disputados em condições de verdade próximas com Alonso (somente 2006) e Raikkonen (2003), os números de Schumacher são bem parecidos com esses, vemos que quando ele teve ADVERSÁRIOS de verdade, ele mais perdeu do que ganhou.

      O resto foi contra Coulthard, Barrichello sob contrato, Damon Hill e Juan pablo montoya.

      Abraços!

    • Arlindo Silva disse:

      Creio que as disputas entre 1998 e 2000 foram parelhas, mas de um modo geral a McLaren em 1998 e 1999 tinha um equipamento superior ao da Ferrari, e esta só conseguiu equilibrar o jogo na temporada de 2000.

      Analisando corrida a corrida nesses anos, ambas ganharam praticamente o mesmo numero de GPs (23 a 22 pró McLaren), mas de um modo geral a impressão que se tem é que a Ferrari “herdou” algumas vitórias que por direito seriam da McLaren.

      Casos claros disso seriam o GP do Canadá, Inglaterra e Itália de 1998, GP da Austrália, San Marino, Austria e Alemanha de 1999, GP da Austrália de 2000.

      Em 1999, a Ferrari conquistou o mundial de construtores, mas isso se deveu muito mais a regularidade dos italianos (Irvine só deixou de pontuar em dois GPs enquanto Coulthard por exemplo falhou em pontuar em oito) do que propriamente ao equipamento.

      Em 2000 a coisa foi mais parelha em termos de equipamento e regularidade para ambos

    • Roberto Andrade disse:

      Canadá 1998, herança? O alemão cometeu uma tentativa de homicídio, foi punido e ainda assim venceu. Alemanha 2000 foi um épico de Barrichello, então devemos colocá-la na conta do piloto.
      Alemanha, 1999, tem o efeito contrário: não será que Hakkinen, por ser o melhor piloto em atividade então, não estava fazendo a McLaren parecer melhor? Pois uma corrida vencida por Eddie Irvine e em dobradinha com Mika Salo, só pode ser mérito do carro!
      Engraçado o Arlindo citar o campeonato de construtores de 1999, pois sempre se justifica que “A Benetton de Schumacher em 1992 era inferior à McLaren de Senna, bastando ver a classificação de construtores”.
      Salo e Irvine são dois pilotos realmente FRACOS, ruins MESMO, Felipe Massa é melhor que os dois juntos, e até Coulthard era mais que ambos.
      Enfim, eu acho que o Arlindo só tá tentando justificar que e por quê o Schumacher era o bom: ele só teve carro bom em 2000, e aí venceu, certo?

    • Lucas Giavoni disse:

      Como foi lembrado, Häkkinen abandonou nas duas primeiras corridas de 2000. Alguns dirão que o finlandês só terminou 3 corridas fora dos pontos, ante a 4 de Schumacher. Mas a situação de Mika era complicada por conta de Coulthard também apresentar desempenhos bons no começo daquele ano, embaralhando a hierarquia. Ambos roubaram pontos um do outro de maneira bem nítida, enquanto Rubinho só roubou 2 míseros pontos de Michael naquele passão no fim do GP da Espanha, que envolveu também o Ralf. (Lembram dessa? Foi sensacional…)

      Na metade daquela temporada, na França, Schumacher (1º piloto todo o tempo) tinha 56, Coulthard tinha 44 (3 vitórias!) e Häkkinen (1 vitória) só tinha 38. Mika teve então um brilhante arranque na 2ª metade, e quase conseguiu o milagre de roubar o título de Schumacher, sendo que a vitória em Spa significou também a perda da liderança provisória da tabela. Mas então veio Monza e a Ferrari estreou um ótimo pacote de atualização que tornou-se decisivo. A partir da corrida italiana, Schumacher jamais perderia naquela temporada, emplacando 4 vitórias seguidas. Não é surpresa que, dali em diante até o caos regulatório de 2003, a Ferrari dominou a F1 de forma inegável, enquanto a McLaren, proibida de usar motor com liga de berílio (material raro e de difícil manipulação), despencou em competitividade, com a mesma rapidez com que Mika se desmotivou.

    • Cassio disse:

      Leonardo, adversários o Schumacher teve sim, o problema é que eles não são do mesmo nível dos pilotos da geração imediatamente anterior ou posterior. E como foi bem demosntrado na análise do Marcel, nos momentos em que Mika e Schummy puderam duelar abertamente, o equilíbrio entre ambos foi muito grande. Some-se a isso o insípido retorno do piloto alemão às pistas em 2010, e assim muitos conceitos que se tinha sobre Schumacher tem de ser revistos.

      Abraço

      Cassio

    • Ballista disse:

      Ao Arlindo Silva:

      Não sei aonde você quis chegar com seu comentário (afinal, você fica jogando dados no ar e não conclui o raciocínio), mas desconfio. Seus argumentos caem por terra quando observados à luz dos comentários do nobre Roberto Andrade. Além do mais, chamar de inferior um carro que quase fez Eddie Irvine campeão do mundo, é forçar um pouco a barra não? Ainda mais se lembrarmos que Irvine só não foi campeão por que a Ferrari não quis.

      Cordialmente

      Ballista

    • Arlindo Silva disse:

      Em 2000, Coulthard acabou “roubando” pontos de Hakkinen nos GPs da Inglaterra e da França, quando acabaram fazendo 1-2. Foram 8 pontos portanto. Comparados aos 2 que Rubens “roubou” de Schumacher, a diferença não é tão gritante, apesar de ser significativa.

      Agora, com relação ao fato de Irvine ter disputado o título de 1999 e isso significar que a Ferrari tinha mais carro que a McLaren, discordo. Um ponto que deve ser observado é que no período em que Schumacher ficou ausente, Hakkinen seja por relaxamento, seja por problemas, seja por seu companheiro de equipe, perdeu 4 corridas em que naturalmente ele teria vencido. E Irvine foi exatamente que mais se beneficiou disso.

      Em Silverstone, Mika liderava com folga até ter um problema no encaixe de sua roda traseira e ser obrigado a abandonar. Em Zeltweg, ele foi abalroado por Coulthard na segunda curva, caiu para o último lugar e acabou a prova em terceiro a 19 segundos do líder. Em Hockenheim ele liderava com folga até seu pit stop, caiu para quarto e já vinha no encalço dos pilotos da Ferrari quando seu pneu estourou. E em Monza liderava com folga até errar no contorno da primeira chicane e abandonar.

      Nessas quatro etapas em que naturalmente Mika poderia ter somado 40 pontos, ele acabou somando 4. Em contrapartida Irvine marcou 27. Some-se a isso uma vitória tática na Malásia (quando Schumacher lhe cedeu a posição) e daí vemos o motivo do Irlandês ter disputado o título até o final.

      Nem coloco nessa conta o GP da Austrália, onde Hakkinen liderou até quebrar e Irvine acabou ganhando. Ou seja, em 3 das quatro provas que Irvine ganhou, Hakkinen era o candidato natural a vitória. O inverso porém, não aconteceu.

    • Ballista disse:

      Realmente, a diferença de pontos “roubados” por Coulthard e Barrichello não é tão gritante. O escocês roubou “apenas” 4x mais que o brasileiro.

      Quanto à medição de forças entre Ferrari e McLaren em 99, repito: um carro que permite a Eddie Irvine disputar um título mundial não pode ser chamado de inferior. Lembre-se que Irvine venceu pela primeira vez na F1 naquele mesmo ano, no GP da Austrália em que ambas as McLaren abandonaram.

      Nos Gps que você cita como vitórias certas da McLaren, façamos uma análise dos dados:

      Em Silverstone, Irvine não permitiu que a Hakkinen abrisse mais do que 6s (até o abandono), enquanto mantinha Coulthard atrás de si.

      Na Austria, o irlandês tirou uma diferença de 12s em 8 voltas para tomar a liderança de Coulthard.

      Na Alemanha, Mika Salo (na Ferrari nº1) fez algo semelhante ao que Irvine havia feito na Inglaterra, andando entre as McLaren em ritmo bastante semelhante ao de Coulthard.

      No GP da Europa, tivemos o famigerado episódio da roda fantasma, quando Irvine andava em 5º lugar. Seriam os dois pontos que faltaram para o título no final da temporada (Hakkinen acabou por terminar esta corrida em 5º)

      Depois, na Malásia, Schumacher mostrou no início da corrida que a Ferrari podia sim ser superior às McLaren, mas teve de segurar seu ritmo para ajudar o companheiro de equipe, que tomava pressão dos carros prateados.

      Em resumo:

      Silverstone – empate
      Austria – Ferrari
      Alemanha – empate
      Europa – empate
      Itália – McLaren
      Malasia – Ferrari
      Japão – McLaren

      E aí, as McLaren eram mesmo tão superiores? Ou Mika estava fazendo a diferença (como disse o Roberto Andrade)?

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