Brabham, um passão e o cheiro do arranjo

Interlagos, Brasil
25/11/2011
Fechando a conta
02/12/2011

É um tanto desagradável dizer que o ponto alto do GP do Brasil foi Nelson Piquet andando de Brabham-Cosworth BT49C. O couvert, vejam só, acabou virando prato principal.

 

É um tanto desagradável dizer que o ponto alto do GP do Brasil foi Nelson Piquet andando de Brabham-Cosworth BT49C. O couvert, vejam só, acabou virando prato principal.

O carro projetado pelo meu herói Gordon Murray estava lindo. Há a devida licença poética para o reforço da roll-bar, que destoa bastante da original, e os pneus Avon, hoje únicos na especificação usada pela F1 daquela época (curioso: durante 1981, a Brabham migrou de Goodyear para Michelin…). Foi interessante ver Nelson rodeado pela hoje gang da cabeça branca: Herbie Blash, Charlie Whiting e Bernie Ecclestone. Sobre a bandeira do Vasco, só pondero que não era a hora e lugar para aquilo. Por mais que as sacaneadas do Piquet causem saudades a todos.

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O maior atrativo da corrida em si foi o duelo entre Button e Alonso. No primeiro round, um passão espetacular do asturiano no Laranjinha, por fora. Sensacional. A manobra foi de extrema perícia e audácia, ainda mais bonita do que aquela executada por Schumacher em cima de Fisichella (quem?) em 2006. Depois veio o troco, quando o inglês, se ajustando melhor com pneus médios (a McLaren estava simplesmente destruindo os macios), apertou o ritmo e retomou o posto no Lago.

Fernando e, sobretudo, Jenson fizeram campanhas excelentes se considerarmos que, em plena hegemonia Vettel-Red Bull, conseguiram fazer mais pontos do que o alemão em 2010, quando foi campeão. Webber, que ficou entre os dois na pontuação, foi eficiente também, mas em nada excelente, dado o desempenho do companheiro. Mas deixaremos assuntos da Red Bull para mais adiante.

Outra corrida digna de nota foi a de Sutil – a melhor dele no ano. Mesmo supostamente com um carro inferior, superou o compadre Rosberg na pista e cruzou a bandeirada em 6º lugar. A Force India comprovou ser o atual quinto melhor carro – ficando por pouco de roubar esse posto da Renault, equipe em franca derrocada. No fim, placar de 73 a 69 para o time preto e dourado. A explicação para o sucesso indiano é duplo: evolução do pacote aerodinâmico e uma melhor adaptabilidade a circuitos clássicos como Monza, Spa e Interlagos. (Gente, é só uma constatação, não vamos retomar o julgamento do Tilke…)

A Mercedes, que durante todo o ano se mostrou a quarta força, não conseguiu um pódio sequer em toda a temporada – acho que pouca gente notou isso. E fora as visitas da Renault nas duas primeiras corridas, só deu Red Bull, McLaren e (metade da) Ferrari entre os três primeiros no resto da temporada.

Pois é, Massa terminou o ano colecionando, no máximo, alguns quintos lugares. O último titular da Ferrari a ficar no zero na lista de pódios foi Ivan Capelli, que foi demitido duas corridas antes do fim de 1992. Massa completou 100 GPs pela Rossa com contrato renovado. Se não melhorar urgentemente o desempenho, certamente não vai passar de 120.

Sobre Bruno Senna e Rubinho, o futuro é incerto e não dá para ficar chutando. Se Bruno não prosseguir na Renault, lamenta-se. Se Rubinho não arrumar vaga para 2012, fica desde já minha reverência ao grande recordista de corridas da F1.

E já que mencionamos Bruno Senna, vamos apontá-lo culpado pelo choque com Schumacher. Era o único que poderia evitar o primeiro toque lateral entre ambos, pois subiu demais na trajetória, bem como era o único a impedir o contato do bico com o pneu traseiro de Michael, que rasgou.

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Finalmente Red Bull. Se algum amigo leitor teve acesso às onboards de Vettel, preferencialmente com dados de telemetria, por favor, que se manifeste aqui no site ou na página do Facebook (curtam a página!). Favor mostrar aos curiosos como eu qual o bendito defeito no câmbio do alemão. Caso contrário, abre-se margem para chamar de hipócrita a equipe do energético. No momento em que Sebastian deixou Mark passar, abertura da volta 30, foi nada menos que 1,9s mais lento: vinha de 1m17s590 e fez 1m19s136. Depois retomou ritmo em 1m17 que estava costumado a fazer.

Fora o passeio na área de escape na volta 61, sem maiores consequências, Vettel sempre acompanhou o ritmo do companheiro, sendo raras as vezes que foi meio segundo mais lento, e ainda fez algumas voltas em ritmo mais rápido. Juro que não queria tacar pedra, mas está difícil de engolir o enguiço.

E nessas, fico sem saber se Mark foi enganado pela equipe (ele parecia bastante espontâneo ao comemorar no estilo ‘espantei a urucubaca’), ou se fez um cursinho rápido no Actors Studio.

Não sou contra as ordens de equipes – desde que sejam feitas de forma direta, sem margem para especulações.

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Eu até poderia ter ouvido com bastante atenção as marchas de Vettel, para perceber se realmente estavam enroscando. Isso se eu estivesse pessoalmente em Interlagos. Nos meses anteriores, em uma força-tarefa, reuni todos os documentos necessários para que o GPTotal, como veículo de comunicação, fizesse sua primeira cobertura credenciada do GP do Brasil, no primeiro ano aberto para sites – antes, só TV, rádios, revistas, jornais e agências.

Seria uma bela surpresa para os leitores, complementando o lançamento do novo e belo layout do site. Sou bastante respeitoso com regras: só topei correr atrás porque o GPTotal, que já está no ar há uma década, com discussões profundas e maduras do esporte a motor feitas por leitores entusiastas e colunistas mais do que carimbados, preenchia todos os exigentes requisitos.

Ficamos de fora. Não seria nada demais, pois tenho plena consciência da demanda por credenciais. Mas fiquei profundamente chateado porque nem ao menos fomos avisados – nem que sim, nem que não. A organização não se dignificou nem mesmo a dizer “não deu, querido, fica pra próxima, tá?” a um colega de trabalho.

Eu, Lucas, desabafo aqui que fiquei muito aborrecido. Ainda mais sabendo que o Castilho de Andrade, jornalista responsável pelo GP do Brasil, já foi colunista do GPTotal.

Bola pra frente. Ou melhor, marcha pra frente.

Aquele abraço!

Lucas Giavoni

Lucas Giavoni
Lucas Giavoni
Mestre em Comunicação e Cultura, é jornalista e pesquisador acadêmico do esporte a motor. É entusiasta da Era Turbo da F1, da Indy 500 e de Le Mans.

9 Comments

  1. Annibal disse:

    A que ponto chegaram alguns leitores, isso de mandar o Piquet enfiar a bandeira no r… deve ser falado diretamente com ele, e não no site – tá virando baixaria

  2. neni disse:

    Isso aí, Brasil. Chiliquinhos porque alguém tem uma opinião diferente e a demosntra. Tsk tsk tsk. E ainda nos dizemos um pais democrático.

  3. Marcaz disse:

    Quais sites foram autorizados?

    Responda, ao menos avise – nem que sim, nem que não.
    (A organização não se dignificou nem mesmo a dizer “não deu, querido, fica pra próxima, tá?” a um colega de trabalho.) lembrou?

  4. Fernando Marques disse:

    Lucas,

    o unico lugar para Piquet brincar e pilhar como sempre fez é nas pistas … como ali não era hora e nem lugar? … com certeza você deve ser corinthiano também … eu sou fã do Piquet e o unico defeito que acho que ele tem é ser vascaino … se fosse flamenguista seria mais feliz …


    Uma noticia boa para o Rubinho … o Iceman assinou com a Renault e sendo assim ele deve conseguir segurar a sua vaga na Willians …


    Se não fosse Piquet este GP do Brasil não teria graça nenhuma … as RBR’s deram um passeioem cima de todo mundo …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  5. Mauro Santana disse:

    Ué!

    Que mal tem o cara expressar o amor que sente pelo VASCO?

    Eu gostei!!!

    E estava com saudades das molecagens que o Piquet fazia no circo da F1.

    Abraço!!

  6. Tabajara Aparecido Jorge disse:

    Ancioso para rever Piquet e seu Brabham, decepcionou mesmo, pois a torcida estava lá para homenageá-lo, e saiu de lá um pouco ofendida. Piquet, na próxima é só não pisar na bola, e sim no acelerador.

  7. Alexandre disse:

    Piquet: CHEGA!

    Além de nem saber falar direito, vc deveria ter um mínimo de respeito por quem estava te homenageando.

    Pega a bandeira do Vasco e enfia nesse r…!

    Vaza, seu babaca!

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