Bueno amigos…

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Procissão
01/11/2015

A F1 retorna ao México para celebrar o título do seu novo Tricampeão.

Duas semanas inacreditáveis para a Formula 1. Fechamos a semana passada com a coroação de mais um tricampeão mundial e entramos nessa semana para apreciar o retorno do México ao calendário da F1. São momentos como esse que fazem valer a pena um campeonato de F1.

Após um intervalo de 23 anos, o apaixonado publico mexicano volta a receber a F1. Certamente vai receber o circo com arquibancadas lotadas e relembrar as grandes disputas em sua pista.

O Autódromo Hermanos Rodríguez volta ao calendário da F1 para nos presentear com a 16º edição do GP do México. Não é mais o mesmo Hermanos Rodrigues que homenageava os jovens Ricardo e Pedro Rodríguez. A F1 fez a gentileza de “corrigir” algumas curvas que tinha ângulos errados (!?) e decidiu também não utilizar mais a icônica Peraltada.

Para situar melhor, a Peraltada tem o desenho similar a Parabólica de Monza, mas com uma diferença fundamental: é inclinada. Era um desafio para os pilotos sair da sequencia de “esses”, com velocidade passar pela pequena reta e entrar carregando velocidade nessa curva. Lembre-se, na saída de curva você encontrava uma reta de 1.3km para se divertir!

Foram dois períodos de corridas no México, de 1963 até 1970 e depois de 1986 até 1992. Já venceram em solo mexicano figuras como Jim Clark, Jacky Ickx, Senna, Prost… Teve também a primeira vitória de Berger, icônica por ser a primeira vitória dele e também da Benneton! OS dois últimos grande prêmios foram vencidos por Patrese (1991) e Mansell (1992). Por que duas vitórias seguidas dos maravilhosos Williams FW14 e FW14B? É fácil lembrar das grandes retas e da Peraltada, mas outra característica marcante dessa pista era o asfalto ondulado. Era uma festa, carros literalmente pulando na reta. Nessas condições as Williams eram imbatíveis com seu refinadíssimo sistema de suspensão.

Com as modificações feitas na pista, o circuito ganhou um asfalto novinho e 3 curvas a mais do quem em comparação com o circuito de 1992, agora são 17 curvas. As estimativas aponta para uma velocidade final na casa de 360 km/h, ligeiramente superior a Monza.

Por conta desse novo asfalto e da baixa pressão aerodinâmica, é esperada alguma dificuldade para o aquecimentos dos pneus. Para bagunçar ainda mais, há previsão de chuvas! Não será surpresa também, em tempo seco, uma corrida com estratégias de uma parada só.

httpv://www.youtube.com/watch?v=FTT5VL8NuEM
Voltinha com Mansell

Podemos afirmar com 100% de certeza que esse é o ponto mais alto do Mundial de F1. Trocadilhos péssimos à parte, o GP do México será disputado a mais de 2200 metros de altitude. Se você não respira bem, seu motorzinho também não! Faz algumas corridas que as equipes testam algumas mudanças nos sistemas de refrigeração visando essa prova. O ar mais fino e raro faz o motor ter menos matéria-prima para misturar na câmara de combustão e os turbos terão que girar mais vezes por minuto para empurrar a mesma quantidade de ar prevista.

Qual a saída? Usar os sistemas elétricos. No caso, o MGU-H que passa a funcionar como um gerador para alimentar as baterias e o MGU-K, além de manter a turbina girando na rotação ideal. Qual a mágica nesse ponto? Existe um limite por regulamento nas transferências de energia entre MGU-K e Bateria, mas não essa restrição MGU-H e as outras partes do sistema. Como a produção do MGU-K será reduzida, as baterias vão ficar cheias com o apoio do MGU-H.

A sopa de letrinhas é chata de entender e fica sempre a pergunta final: quem tem o melhor sistema? Ora ora ora, claro que a Mercedes. Os germânicos focaram o desenvolvimento do seu motor nessa possibilidade de transferência ilimitada de energia. É o passo que a Ferrari está perseguindo, é o calcanhar de aquiles da Renault e a ruína completa da Honda.

httpv://www.youtube.com/watch?v=8Pg7x-N3n0s
A saideira do Mexico em 1992

Vamos aproveitar e dar uma olhada no GP de Monza desse ano, circuito com características semelhantes. Pelo folha de tempos oficial da FIA, achamos a velocidade máxima na linha de medição do final da reta e já podemos imaginar quem vai sofrer um pouco no México. Tirando Verstappen que enfrentou problemas, no fundo da tabela temos duas Manor com motor Ferrari ano/modelo 14/14 e na sequencia 3 motores Renault e dois Honda.

Velocidade final não é tudo, verdade seja dita. Hamilton por exemplo passou na medição somente com a 7º velocidade mais alta. Mas é um bom indicativo do sofrimento que vem para quem sofre com os motores desse ano.

httpv://www.youtube.com/watch?v=4s4yBd0f9oQ
Uma senhora panca de Alliot em 1988

Comemorando os dois campeonatos conquistados por antecipação a Mercedes vem para se divertir como nunca no México. Menos Rosberg que quer carimbar a faixa de campeão do colega de box. O carro já conta com evoluções para 2016 e tem tudo para estabelecer um massacre na concorrência nesse GP.

A Ferrari vem confiante para testar a força do seu motor atualizado. Não há de se esperar nada além do pódio que resta. Kimi mandou avisar que precisa melhorar e só depende dele, deve ser uma corrida interessante do finlandês. Precisa combinar com o Vettel, surpreendentemente o piloto que mais liderou voltas esse ano depois de Hamilton.

A RedeBull e a Toro Rosso não vão fazer milagre nessa pista e não vão usar os novos motores Renault. Se chover, entrar safety car, nevar, tufão, podemos ver uma corrida animada de seus 4 pilotos. Aliás, parabéns para o departamento de recrutamento e seleção da Red Bull. Não há dúvidas que seus 4 pilotos no grid hoje são especiais e com potencial de futuros campeões. Além de não serem burocráticos bonecos de assessorias de imprensa.

A grande surpresa pode ser a Force India. Motivada por ter um piloto da casa e com as atualizações do carro, tem tudo para se estabelecer entre as 4 melhores equipes nessa corrida. Para não perder o embalo vem com um pacote aerodinâmico especial para essa pista.

Depois de uma corrida desastrada de seus pilotos e desastrosa do ponto de vista de equipamento a Williams precisa se redimir. Massa não pode ter outra péssima colocação em classificação como em Austin se quiser superar seu companheiro de equipe no campeonato.

E a Williams precisa ficar atenta com a Lotus. Contando muito com a potência dos Mercedes, o carro preto de Enstone pode ser uma pedra no sapato. Principalmente na classificação com o motivado Grosjean. Maldonado a gente nunca coloca nas apostas, não é mesmo?

A McLaren tem muito para comemorar no México, foi nessa pista em 1965 que sua parceira Honda conseguiu sua primeira vitória na F1 com Richie Ginther. Pronto, não há mais nada para celebrar. Segundo Alonso o carro precisa de uma melhora de 2.5 s para ser competitivo no próximo ano e esse é o parâmetro da defasagem desse ano.

Apesar da liderança da McLaren, a turma do fundão vai firmando as cadeiras cativas da Manor e Sauber. A chefona da Sauber deu bronca pública na sua molecada pela batida da primeira volta em Austin. Um pouco indelicado da parte dela, poderia ter feito no motorhome e comemorado os pontinhos no dia de festa pelo 400º GP. Vale lembrar que o carro da Sauber não é nenhum primor e é uma grande conquista pontuar. A Manor segue em ritmo de festa, aguardando 2016. Esperam outra corrida conturbada como Austin para se divertirem um pouco mais.

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Circuito: Autódromo Hermanos Rodríguez
Voltas: 71
Comprimento: 4.304 km
Distância: 305.584 km
Recorde da Pista:

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Programação
Sexta-Feira: 14h – 1º treino livre e 18h – 2º treino livre
Sábado: 14h – 3º treino livre e 17h – Classificação
Domingo: 17h – Corrida

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O clube dos tricampeões recebeu seu novo membro em uma prova de gala no Texas. A F1 agora se delicia com um dos seus personagens mais carismático em uma pista histórica que retorna ao calendário. Temos todos os ingredientes para um final de semana realmente divertido!

Bem amigos – como diria o poeta televisivo – Boa corrida!

Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

6 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Amigo,

    Eu acho uma pena que as ondulações já não existam mais …
    Quanto a corrida, por ser uma novidade pata todos os pilotos em ação, quem sabe pode pintar uma surpresa …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  2. Lucas dos Santos disse:

    Quando anunciaram a volta do GP do México, cheguei a duvidar. Afinal, vários circuitos tinham sido anunciados na época e nenhum se concretizou. Mas dessa vez foi para valer e aí estamos nos acompanhando a volta do clássico GP ao calendário da Fórmula 1. O circuito ficou muito mais moderno, porém não é mais o mesmo. Absolutamente todas as curvas passaram por modificação. Vamos comentá-las então.

    Peraltada: Não foi nenhuma surpresa a sua retirada. Já era assim desde a época das finadas Champ Car e A1 GP. Não há muito o que comentar aqui: é uma curva totalmente inviável para o automobilismo atual, que prima pela segurança. Simplesmente não dá para arriscar.

    Esses: simplesmente acabaram com esse setor! É compreensível a necessidade de alterar o perfil das curvas a fim de abrigar uma área de escape maior ali. Porém isso descaracterizou o circuito! Uma pena!

    Curvas 1 e 2: para que mexer nessas curvas, as deixando “quadradas”? Não havia a menos necessidade disso!

    Stadium: ficou muito bom. Muito bem pensado! Não substitui a “Peraltada”, mas é uma ótima adição ao circuito. Só espero que não acabe como as curvas “multi apex” e os hairpins “alargados”, que, após fazerem sucesso, aparecem em tudo quanto é pista nova, se tornando um verdadeiro “cliché”. Só a nova localização do podium é que ficará meio estranha em um local tão “reservado”.

    Mas, mesmo com todas essas mudanças, o circuito continua interessante e tem tudo para render uma ótima corrida.

    Bom GP a todos!

    • Flaviz Guerra disse:

      Lucas,

      O que mais gostei do estádio foi colocarem o pódio ali. Espero que fique uma lição para a F!: público próximo faz bem!!

      Abraços

  3. Mauro Santana disse:

    Hermanos Rodríguez.

    Rsrsrs

    Escrever pelo celular é muito ruim!

  4. Mauro Santana disse:

    Grande Flaviz!

    Legal o México estar de volta, claro que seria melhor com a Peraltada, mas no mundo dechoje cada vez mais sem graça, isso é normal, e não vou reclamar mais deste assunto, porque não vai adiantar de nada, ela vai continuar não sendo utilizada.

    Tive o privilégio de assistir todos os GPs do México, e os que me marcaram bastante foram o de 89 por causa da vitória do Senna, e o de 91 com a caçada diabólica do Leão nas voltas finais pra cima do Patrese, pois o jeito que ele contornou a Peraltada nas voltas finais foi algo tão mágico quanto a sua ultrapassagem por fora na mesma curva no ano anterior em cima do Berger.

    Clima de F1 de verdade este GP mexicano, e tomada que a corrida seja a altura da tradicional pista que leva o nome dos Germanos Rodriguez.

    Abraço e um excelente GP a todos.

    Mauro Santana
    Curitiba-Pr

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