Caos

Carreira e transição
05/11/2014
Penúltimo capítulo
09/11/2014

No caos climático paulistano, repousam os sonhos mais secretos de Rosberg. GP Brasil pode ser a pá de cal ou a salvação do alemão.

Ao caos de São Paulo! Não chovia há meses na capital paulistana. Água só engarrafada. Na semana do GP Brasil de F1 o tempo vira. Chuva a semana inteira, previsão de sol na sexta, tempo maluco típico da capital no final-de-semana.

Uma reviravolta colossal, como essa climática – que enche de esperança os banhos dos paulistanos – é o sonho secreto de Rosberg no seu desembarque no Brasil.

A épica batalha pelo título de 2014, reduzida a um pastelão de botões trocados na semana passada, não depende mais da luta direta entre os dois pilotos. Agora Rosberg não depende somente de seus resultados.

No caos brasileiro reside a última esperança do alemão.

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Os altos e baixos de um Interlagos remodelado pode ser a pá de cal nas esperanças de título de Rosberg frente a um, aparentemente, inabalável Hamilton. Com 50 pontos em jogo na última corrida, matematicamente é impossível o Inglês liquidar a fatura. Mas duas dobradinhas com ele em segundo, garantem o título. Hamilton está em guerra, pilotando melhor que nunca. Mas talvez, sua melhor qualidade esse ano é a humildade de aceitar que seu companheiro ainda é uma ameaça.

Após o erro fatal de Rosberg na prova de Austin, Hamilton esperava um adversário quebrado, em frangalhos, pela pressão que o erro produz. Desembarcados no Brasil, Hamilton reconhece em seu companheiro um cara renovado, uma folha em branco que apagou o erro e que quando menos se espera, pode tirar a sua pole position (como foi em Austin) e também roubar-lhe a vitória.

O palco dessa batalha entre titãs de 2014, a pista paulistana ganhou uma nova entrada de box, para reduzir as chances de alguém ser dividido ao meio se errar a entrada. Também recebeu uma nova saída dos boxes, já que a segunda perna do S do Senna ganhou uma nova área de escape, agora muito mais segura. O toque de classe veio com um asfalto novinho em folha. Mesma qualidade do anterior, mesmo capricho, para ninguém mais lembrar de Interlagos pelas famosas ondulações. É uma pista renovada em seu essencial, na sua alma. Para 2015 esperamos um novo paddock, um novo pitlane e mais comodidade para as equipes de todas as categorias e eventos. A única ressalva é o sepultamento definitivo do traçado antigo. Não sobrarão nem os velhos guardrails no antigo Laranja que ainda estão na pista esperando algum fã tocá-los com paciência para ouvir suas histórias.

Devido ao trabalho no novo asfalto a Pirelli mudou os pneus para prova. Logicamente só depois dos pilotos terem esperneado, liderados por Felipe Massa. Vem um macio e um médio, com expectativas de usarem constantemente os intermediários e os de chuva intensa.

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Vettel pode se tornar o primeiro campeão mundial desde Jacques Villeneuve a não ganhar nenhuma corridinha no ano seguinte ao título. Está feliz o alemão, só restam duas chances de sucesso e nenhuma perspectiva.

Só que se Vettel vencer, vai ser adiada a primeira vitória de um motor turbo da Ferrari. Algo que não acontece desde 1988.

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Quarta-feira à noite aconteceu a divulgação da assinatura do contrato de Felipe Nasr com os suíços da Sauber. Por que só nessa quarta? Oras bolas, véspera de GP Brasil!

Luiz Felipe de Oliveira Nasr, esse jovem brasiliense abandona o seu posto de piloto de sextas-feiras na Williams e parte para uma nova aventura. Não é um herói, um novo Fittipaldi, um novo Vettel, mas é um piloto sólido, competente e com uma carreira planejada por uma família que vive automobilismo por gerações. Esqueça qualquer associação com pilotos filhinhos de papai-rico-megaempresário. A temporada da GP2 garantiu 4 vitórias mas o título ficou distante nessa terceira temporada do piloto. Consistente, não fez corridas de encher os olhos. Mas o profissionalismo e um bom pacote de patrocinadores garantiram a vaga na Sauber.

Os parênteses sobre o patrocínio são obrigatórios. Uma empresa de capital misto com forte mão estatal patrocinando um personagem e não uma política esportiva. É estranho. E não é invenção partidária nem má vontade de quem vos escreve. De tão delicado que é o assunto, só foi divulgado após eleições. As palavras do press-release também confirmam o fator “estranho”. “O principal objetivo da parceria é viabilizar a entrada de um piloto brasileiro na Fórmula 1″ e segue “Fora isso, é uma oportunidade para criar uma conexão entre nossas marcas e simboliza a nossa brasilidade, modernidade e tecnologia.”, Hayton Rocha, diretor de marketing do BB. Esse material não é encontrado no site oficial da empresa, saiu pela Sauber. Tudo bem patrocinar um piloto para conquistar mercados em uma vitrine mundial. Mas as palavras do diretor são outras. Não foram inventadas aqui, foram creditadas à ele oficialmente. E aí fica a pergunta: viabilizar a entrada de um piloto brasileiro não pode ser uma política de apoio a categorias de formação de pilotos ao invés de patrocínios pontuais a um piloto e uma equipe (BMW Team Brasil no GT)?

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O GPTotal já sabia dessa informação, mas como manda o bom jornalismo esperou a confirmação pelas fontes envolvidas. Nossa editoria também não privilegia nas metas de sucesso do portal a quantidade de furos por m2 de site.

Não nos incomodamos também com o fato do veículo X ou Y ter confirmado primeiro. Se foi pela Globo, ótimo para Globo, para o Nasr e para o BB. Se algum veículo diferente tivesse dado a informação antes, aposto aqui um dedo mindinho que a frase de abertura do parágrafo anterior seria “mas como manda o bom jornalismo, temos dever de informar o público com toda a informação que tivermos”. Sempre com responsabilidade, claro.

O que realmente incomoda é a preocupação extrema com o trabalho alheio em detrimento da informação. As notícias desses “furos” acabam sendo mais uma carta de apresentação de currículo para entrevista de emprego do que notícia. “Esse site criado por uma jornalista que já fez X, y e z, premiado por isso e aquilo, responsável por a, b e c, informa que Felipe Nasr assinou com a Sauber”. Desnecessário. Só queria saber que ele tinha assinado com a Sauber.

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httpv://youtu.be/T1xunDFixlU

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Sutil dá adeus a F1. Esteban Gutierez também. Estão no Linkedin procurando vaga.

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Penúltima prova para a Mercedes que já é campeã de tudo esse ano. Hamilton precisa não bater e não quebrar para ser campeão. Rosberg precisa rezar.

Na Ferrari, vamos aos testes de 2015. Novas assas, novas partes vão sendo testadas para tentar fazer um carro melhor em 2015 para Vettel e Raikkonen.

O pessoal da Mclaren já testa soluções para adequar o bico do carro ao regulamento de 2015. Sem dó, já sabe que – mesmo sendo matematicamente possível – será difícil perder o 5º posto para a Force India e vem pro Brasil festejar. Button anda puto nas calças e gritou chegando em São Paulo que a se a equipe lhe oferecer um contrato não significa que ele vá aceitar. Sinal claro que a informação dada por Américo Teixeira Jr está próxima de um desfecho.

Felipe Massa e Bo77as vieram rezando no avião para a equipe não errar mais do jeito que errou esse ano. Se por um lado tem a tranquilidade de estarem confirmados – sem sustos – para 2015, não têm sono pesado por culpa dos seguidos erros de estratégia e pits. Massa precisa de um pódio no Brasil, pode ser sua redenção nesse campeonato fraco do brasileiro.

O pelotão do meio que virou pelotão do fim, a festa está garantida. Agora todos andando muito juntos. Toro Rosso, Force India, Sauber e Lotus proporcionaram boas brigas nos EUA e deve trazer toda essa confusão para o Brasil. Isso já é diversão garantida.

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httpv://youtu.be/PBOm4xEnRtk

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A GP2 cumpre seu papel? Cumpre por um ponto de vista de formação de pilotos. Até o começo dessa temporada de 2014, 25 pilotos da GP2 passaram em algum momento por uma corrida de F1. Aproximadamente 18% dos 136 pilotos que andaram por lá.

Jolyon Palmer atual campeão antecipado – ainda – não conseguiu uma equipe de F1 para 2015, talvez nem consiga, mas o campeão subir para F1 é uma meta de sucesso da categoria?

Considerando esse fator, Jolyon Palmer é o 10º campeão da GP2, seis desses campeões correram (ou correm) na F1. Romain Grosjean, Pastor Maldonado, Nico Hülkenberg, Giorgio Pantano, Timo Glock, Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Também 6 vice-campeões passaram para F1, caso de Sergio Pérez, Vitaly Petrov, Bruno Senna, Lucas di Grassi, Nelson Piquet, Jr. e Heikki Kovalainen. Junta-se o grupo Felipe Nasr (se ele confirmar o vice na rodada final em Abu Dhabi)

Alguma coisa está errada na categoria? Os 2 campeões e vices de 2013 e 2012 não conseguiram pilotar um F1 como titulares. Davide Valsecchi, Fabio Leimer, Luiz Razia e Sam Bird ficaram pelo caminho. Mas aí talvez o problema seja a falta de vagas e equipes na categoria de cima e não na categoria escola.

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Falar que o Marcus Ericsson – novo companheiro de Felipe Nasr na Sauber – é um piloto pagante medíocre é marca registrada de um patriotismo barato.

Primeiro vamos a história. A última vez que um piloto foi rotulado assim veementemente na imprensa brasileira foi quando Bo77as fechou um acordo com a Williams para usar o carro de Bruno Senna em todas as sextas-feiras da temporada. Parece mesmo que o cara é bom, como vimos nessa temporada.

Ericsson tem 3 vitórias na GP2. Mais que Kobayashi, mesmo número que Bruno Senna, duas a mais que Jules Bianchi.

A primeira temporada dele é uma tragédia? Kobayashi é uma lenda viva. Vamos a crueldade dos números. Tiradas as provas que o japonês não participou, tirando as provas que eles não terminaram, enfim, considerando somente as provas terminadas. A posição média de chegada de Marcus é 16,88. A de Kamui, 15,78. Não é uma diferença gritante. Melhor posição de chegada da Caterham esse ano? 11º posto em Mônaco com Marcus, prova que o japonês terminou em 13º.

Vamos lá, não é nenhuma tragédia.

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httpv://youtu.be/74sxnjxsUZU
Os japoneses estão chegando…

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As coisas não vão mal para Ecclestone somente na F1 não.

Tamara Ecclestone, modelo, apresentadora de tevê e filhota do octogenário dirigente, estampou a edição de junho de 2013 da “Playboy” brasileira. Mas mesmo sendo famosa, estrela internacional com sobrenome pomposo, o ensaio da criatura vendeu apenas 100 mil exemplares.

Não é nada? Não é a nada mesmo… é a 3º edição menos vendida da revista em 20 anos.

Que fase.

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Circuito: Autodromo Jose Carlos Pace
Voltas: 71
Comprimento: 4.309 km
Distância: 305.909 km
Recorde da Pista: 1:11.473 – JP Montoya (2004)

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Programação
Sexta-Feira: 10h – 1º treino livre e 14h – 2º treino livre
Sábado: 11h – 3º treino livre e 14h – Classificação
Domingo: 14h – Corrida

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O sonho de grande decisões continua vivo no lendário circuito brasileiro. Não é pra menos, mas os cinco campeões em atividade ganharam título no Brasil. No caos gerado por um clima instável reside as chances de Rosberg virar o campeonato, se isso não acontecer devemos coroar a supremacia de um Hamilton virtualmente imbatível nesse carro de outro planeta.

Tous Avec Jules! Keep Fighting Michael!

Boa corrida a todos, qual seu palpite?

Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

6 Comments

  1. Mário Salustiano disse:

    Flaviz

    show de rodas!!!

    coluna que está bem rica de reflexões e análises, como voce bem menciona o que muitas vezes o leitor busca além de um título “bombástico” que só tem como meta encher linguiça de audiência é a informação em perspectiva múltipla, esse é o verdadeiro papel do jornalismo sério, e ao menos para os poucos fãs aficcionados existem alguns bons sites no Brasil, poucos é verdade, mas existem.

    Sobre a corrida, se houver o fator climático, típico dessa época em São Paulo eu aposto mais em Hamilton do que Rosberg, ao menos no currículo o inglês fez mais provas bem sucedidas em condições adversas que o alemão, e para mim não sou dos que torcem para a decisão ir para Abu Dabhi só por conta de emoção, sou claramente um fã da meritocracia e nesse quesito para mim Hamilton esse ano é o mais merecedor.

    abraços

    Mário

  2. Mauro Santana disse:

    E aí rede globo, vai transmitir o treino classificatório inteiro, ou vai optar em apresentar o programinha da Angélica??

    KKKKKKKK

    FIASCO de emissora!!!!!!!!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  3. Gabriel Fuoco disse:

    Show de bola o artigo Flaviz!

  4. Mauro Santana disse:

    Belo texto Flaviz!

    E um ótimo GP a todos!

    Abraço

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  5. Fernando Marques disse:

    A temporada de 2014 vai chegando ao seu fim, a meu ver de forma até emocionante em razão da disputa Hamilton x Rosberg. Alias esta disputa salvou o campeonato pois houveram algumas decepções que devem ser registradas como o fracasso do Vettel/RBR e de Alonso/Raikkonen/Ferrari. No inicio do ano eram grandes as expectativas em torno deles e a supremacia da Mercedes certamente anunciada nos testes de pré temporada não era tão comentada. .
    Também foi uma decepção o feio ruido dos motores turbos, pois foi impossível dizer que aquele barulho era um ronco de motor. Decepção também com as panes secas. Elas não aconteceram. Ninguém passou sufoco por causa disso.
    Uma expectativa que se confirmou foi o a volta da Willians andando no topo de cima. Desde a contratação de F. Massa, pelo menos aqui no Brasil, não se falava outra coisa a não ser o possível bom desempenho de seus carros. A Willians parece querer ser grande de novo.
    Agora o mais interessante neste fim de temporada são as expectativas para 2015 como:
    – Vettel na Ferrari
    – A reação de Raikkonen na Ferrari … será que acontece?
    – Alonso na Mclaren/Honda… talvez pela volta da Honda a F.1, certamente a meu a maior de todas expectativas
    – O destino de Jason Button
    – a confirmação do renascimento da Willians
    – o ultimo suspiro de Felipe Massa na categoria ou não, se ele for melhor do que 2014.
    – A estreia de F. Nars na Formula 1 …
    Resumo: acho que as expectativas para 2015 são maiores do que a briga pelo titulo de Mundial de pilotos de 2014 …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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