Corridas esquecidas (de Senna)

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O título desta coluna é uma lembrança a um texto antigo do Márcio, publicado neste espaço.

Na verdade, não será uma coluna muito longa — nem acho que deva ser chamada de “coluna”: será uma lembrança de 5 grandes performances de Ayrton Senna que normalmente não são evocadas quando se fala do fabuloso piloto.

É claro, o nível por ele estabelecido não dá muito espaço para fugir do óbvio: Mônaco 1984, Portugal 1985, Espanha 1986, Mônaco e Japão 1988, Japão 1989, Brasil 1991, Mônaco 1992, Europa e Austrália 1993. Com alguma variação aqui e ali, estas são as 10 performances mais lembradas e louvadas de Senna. Dificilmente um top 10 do piloto não irá ter, pelo menos, 8 dessas corridas.

Mas, justamente por um nível tão excelente, Senna tem em suas outras 151 participações em corridas performances do mais alto nível, algumas delas convertidas em vitórias, outras em pódio, algumas em abandonos.

Todo mundo lembra de San Marino 1985, Canadá, Inglaterra e Brasil 1993. E mais: Hungria 1988 e 1991, Monza 1990, Espanha 1987, Japão 1991. O repertório é mesmo vasto e, 26 anos após sua morte, chegamos à conclusão de que o apresentador do Top Gear, ao comparar Senna e Gilles, estava mesmo certo: “Villeneuve foi espetacular uma série de vezes; Senna foi espetacular todas as vezes em que pilotou um carro“.

Relembro aqui, portanto, 5 corridas excepcionais de Senna.

Inglaterra, 1985

Esta corrida marca duas coisas muito importantes: a largada absurda de Senna (pula de 4º para primeiro ainda na reta) e a forma como se manteve na liderança até o limite do possível de seu motor turbo beberrão. Uma das ferozes disputas com Prost, um trailer do que aconteceria 8 anos depois, na mesma pista.

Itália 1987

Um episódio quase milagroso, e que curiosamente é tratado como um erro “ridículo” de Senna, como já dito por alguns “Jornalistas especializados” e seus seguidores.

Ayrton larga em quarto e cai pra sexto no início, mas galga posições e adota uma estratégia arriscadíssima: não trocar pneus (sim, eram oooooooutros tempos, infelizmente). Sua velocidade chega a assustar, e mostra que Hamilton — fã-nático por Senna — se inspirou no brasileiro em muitos aspectos, pois o inglês é hoje a referência máxima de piloto que consegue andar rápido com pneus desgastados.

Senna lidera a prova a partir da 24ª volta. A umas 6 ou 7 voltas do fim, Senna encara um retardatário na parabólica e os pneus o traem, ele escapando da pista e perdendo a ponta para Piquet. Mas Ayrton regressa à pista e, absurdamente, torna a imprimir bom ritmo. No entanto, ele ficou mesmo com o segundo lugar

Mônaco 1989

A única vitória dessa lista. Um das 41 (oficiais). Porém, é uma das mais “subestimadas”. Senna ganhou a prova sem a primeira e segunda marchas, destruindo Alain Prost — com o mesmo equipamento — e pondo uma pedra sobre o que acontecera um ano antes.

Canadá 1992

Incluo aqui mais pelos treinos num ano em que a diferença de equipamento era tão, mas tão grande, que Mansell marcou 14 poles em 16 treinos. Assim, pode-se dizer que Senna conseguiu uma pole-position histórica. Além disso, na corrida ele liderou por 37 voltas até ser traído, mais uma vez, pelo equipamento.

Alemanha 1993

Prost, talvez farto e querendo mostrar que no seu último ano de carreira (ele já sabia, nós não) não iria mais aceitar certas coisas, fecha a porta para Senna logo na largada (eles disputavam a terceira posição). Ayrton cai para último.

E então começa uma recuperação impressionante. 4º lugar na prova. Prost venceu.

Tais performances seriam consideradas o ápice da carreira da maioria dos pilotos que passaram pela F1. Mas como se tratava de Ayrton Senna foram, digamos assim, “boas corridas”.

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

3 Comments

  1. Fernando Marques disse:

    Marcel,

    a melhor de Ayrton Senna em termos de pilotagem foi 1993. Ali ele estava no seu auge. Nem nos anos em que ele ganhou o tricampeonato ele guiou tão bem quanto em 1993.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  2. Mauro Santana disse:

    Valeu as lembranças, Marcel!

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

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