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Uma janela mágica, que vai de 67 a 93, abriga os F1 mais belos de todos os tempos. O que distancia tanto aquela Fórmula 1 da que temos agora?

A página no FaceBook do GPTotal aproxima-se rapidamente dos vinte mil seguidores. O crescimento é vertiginoso, tanto em audiência quanto em interação com os leitores. Uma singela foto de John Watson e seu Penske na Áustria 76, postada por mim em 11 de outubro, conquistou mais 170 likes no intervalo de poucas horas. Não era pra ser nada especial, apenas a foto de um belo carro. Nossos leitores, porém, a curtiram bastante, na velha acepção do termo.

Material sobre Ayrton Senna, então, é covardia. Uma foto dele, comemorando o aniversário de seis anos do sobrinho Bruno, tornou-se a nossa recordista até o momento: postada no dia 15, já teve mais de 1.600 “likes”, 63 comentários e 274 compartilhamentos. É uma grande alegria pra mim, em especial, depois de 12 anos de GPTotal, ver o trabalho desenvolvido pelo Marcel e Lucas – são eles quem gerem praticamente todo o conteúdo da nossa página no FB  – atrair tanta atenção dos leitores.

Quando o GPTotal iniciou a sua trajetória, no longínquo 19 de agosto de 2001, logo foi escancarado para a participação dos leitores, isso numa época em que não existiam as mídias sociais e nossos “concorrentes” no segmento de sites de automobilismo simplesmente não dispunham de espaço para colaboração, perguntas, opiniões e broncas dos leitores. Privilegia-los no GPTo – o apelido carinhoso é de lavra de algum deles – foi ideia minha e muito me orgulho dela, profissional e pessoalmente. É muito bom ver ressurgir esta interação a cada novo post. Só não esqueçam de interagir também com o site!

Além de Ayrton Senna, nossos leitores curtem de forma especial as fotos e vídeos dos carros mais antigos, em particular aqueles contidos nessa janela mágica que se abre em 67, com o Lotus 49, e dura até 93, com o Williams de Prost e Hill. Entre eles, temos uma mancheia de belos Lotus – o 72, o 78, o 79, o 80, o 97T preto e dourado de Senna –, o McLaren M23 de Emerson e Hunt, os Ferrari 312 de Ickx e Scheckter, os Ferrari turbo de Villeneuve e Pironi, o Brabham BT 52 de Piquet, os McLaren turbo de Lauda e Prost, os magníficos McLaren Honda de Senna e Prost e os Williams de outro planeta, de Mansell e Prost. Fiquem à vontade para propor adições à lista. Prometemos mais fotos no FB!

Houve belos carros de Fórmula 1 fora da janela mágica mas, dentro dela, tudo ou quase tudo é exponencialmente belo, inspirador, estimulante à imaginação e reconfortante ao espírito e aos olhos. Aqueles que apontam, com razão, minha permanente azia em relação à Fórmula 1 atual, tenham em mente, por favor, que o meu “primeiro” carro na categoria foi o Lotus 49 de Clark, Hill e Rindt. Difícil, depois disso, me entusiasmar com os RBR…

O que distancia tanto aquela desta Fórmula 1?

Há a vaidade e ambição desmedidas, próprias do nosso tempo, mas vamos, uma vez na vida, deixa-las de lado pois, hoje, temos de nos entender com um regulamento técnico refém de um fato imutável da natureza humana: o acúmulo de conhecimento.

Como, ao contrário da Indy, a Fórmula 1 não abriu mão de seguir sendo o ápice do desenvolvimento de um carro de competição, e dado o conhecimento acumulado pelos engenheiros e chefes de equipe, a categoria acabou por resvalar no teto de desempenho suportado por pilotos e autódromos. Trata-se de um fato incontestável e incontornável, a não ser que se mude a natureza da categoria.

Aceleração, desaceleração e velocidade final e em curvas estão próximas do que é humanamente suportável e minimamente seguro em área restritas, como o são os autódromos. Deixados livres de restrições de pneus, consumo de combustível, utilização de materiais, eletrônica embarcada, durabilidade etc., os engenheiros poderiam facilmente projetar carros e motores capazes de rasgar retas a mais de 450 km/h, sem precisar diminuir muito em curvas.

Mas os pilotos não suportariam tais velocidades e exporiam a si próprios e ao público a riscos que não se pode mais correr, ao contrário do entendimento geral que imperava até o final dos anos 60, quando a cruzada em prol da segurança nas pistas liderada por Jackie Stewart ganhou a queda de braço com os puristas do automobilismo dos anos 50, para quem morrer nas pistas era apenas a expressão de uma decisão pessoal.

Pelo conhecimento acumulado, os engenheiros não podem “esquecer” como gerar pressão aerodinâmica para melhorar a velocidade em curva ou deixar de utilizar, por exemplo, válvulas pneumáticas, que tornam possível aos motores girarem em rotação tão alta.

Abrir mão desses conhecimentos acumulados, só por força de uma restrição radical imposta por regulamento, como o fez a Fórmula Indy. Na Fórmula 1, as autoridades esportivas têm tido pruridos em propor intervenções mais radicais, talvez por saberem que elas podem quebrar a ligação da categoria com a massa do público. As limitações de desempenho, uma realidade na Fórmula 1 desde 2004, têm se dado por intervenções tipo engana-mamãe – assim como foi a ordem dada pela Ferrari a Felipe Massa no Japão, expressa no título dessa coluna –, principalmente pela imposição de maior durabilidade dos motores, restrições aos aparatos aerodinâmicos e especificação dos pneus.

As motivações que levaram a Fórmula 1 à guinada radical de motores em 2014 permanece, para mim, nebulosas, tanto mais num cenário de restrições de receitas e contínuas pressões por maiores lucros mas ela, enfim, está lançada. O desempenho dos carros vai cair num primeiro momento, principalmente nas corridas, onde o consumo de combustível será severamente limitado.

Mas, depois, o conhecimento se acumulará e os engenheiros vão descobrir os novos patamares de desempenho. A beleza e a liberdade vigentes na janela mágica, porém, não serão jamais revividas. Resta a nós curtir velhas fotos.

Abraços

Eduardo Correa

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

14 Comments

  1. Rafael Carvalho disse:

    É difícil dizer qual o carro mais belo desta janela 67-93. Não da pra deixar os Brabham de José Carlos Pace fora, Matra/Tyrrel de Stewart e outros carros! É igual dizer quem foi melhor: Senna x Piquet, Emerson x Pace, Prost x Lauda, Alan Jones x Keke Rosberg. Se falar um é mais bonito estaremos sendo injusto com outros carros, será uma eterna discussão porque quase todos os carros desta fase são belos!

  2. Willian disse:

    E vai continuar crescendo cada vez mais e mais…
    A equipe que vocês formaram é fantástica. Textos de qualidade ímpar, favorecem a leitura com prazer.

    Sempre acompanhando, aqui e no fb…

    Abraços ao GPTos…

    • Edu disse:

      Só espero q Massa não venha dizer que ir pra Williams é “o sonho de uma vida inteira…”

      Abraços

      Edu

  3. Mauro Santana disse:

    Esta rolando um papo que o Massa estaria indo para o lugar do Maldonado na Williams.

    O que vocês acham!?

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

    • Flaviz disse:

      Ahh Fernando…só conto na coluna de amanhã 😛

    • Mário Salustiano disse:

      Mauro

      pode até vingar, mas para mim nessa altura qualquer assento que o Massa abraçar será para papel de coadjuvante

      abraços

      Mário

    • Fernando Marques disse:

      Acho melhor ele se aposentar

      Fernando MArques

    • Mauro Santana disse:

      Pois é né, se fosse até no início dos anos 2000, eu diria que era uma boa, mas nos dias de hoje, é complicado.

      Mas, o que ele anda fazendo de bom com uma Ferrari!?

      Outra coisa

      Vai que o carro do ano que vem se torna uma Brawn GP!?

      O negócio é aguardar.

      Abraço!

  4. Mário Salustiano disse:

    amigos Gpteanos

    É fantástico nos tempos atuais que tenhamos um trabalho feito com amor e dedicação a uma causa (automobilismo) que perdure por tanto tempo, tendo nascido de um sonho e perseverança do nosso amigo Edu, que logo partilhou e conseguiu reunir um time de colunistas ases e que nos brindam quase que diariamente com tantas e tantas histórias super bacanas nesses 12 anos em que o site está no ar, com o complemento do face temos doses diárias e recomendadas pelos maiores especialistas em saúde….rsrs, do melhor que o automobilismo pode nos proporcionar, uma das coisas que destaco nesse trabalho é a doação de tempo que os Gpteanos dispõem para passar por aqui e nos enriquecer com tão estimado convívio.
    Hoje vou deixar o meu fraterno abraço a todos que fazem do GP Total um local singular, sejam os amigos colunistas e amigos leitores

    Mário

  5. Matou a charada, Edu.

    Muito da feiúra e do artificialismo de tempos recentes reside nas limitações encontradas à evolução natural, não apenas sob os aspectos da segurança e da resistência física, mas também no que se refere a custos (ou, colocando melhor, à disposição de gastar).

    Mais uma das boas reflexões propostas nesse espaço querido.

  6. Mauro Santana disse:

    Vida Longa ao Gepeto e amigos!

    Abraço!!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  7. J.Bellissimo disse:

    Caro Edú, e amigos do GPTotal..
    Os carros dos anos 70, para mim foram os mais belos já criados na formula 1. Não sei se devido a falta do apelo máximo da tecnologia aerodinâmica usadas atualmente, ou se os projetistas criavam mais carros de corridas, do que bólidos aerodinâmicos de hoje Eu não deixaria de fora os Tyrrell 006, os Brabham’s BT44 e 44B, BT45 e 45B do saudoso Moco.

  8. Rodrigo Felix disse:

    Deixo aqui um abraço especial a vc Eduardo, ao Lucas, ao Marcio, Marcel e, mui pretensiosamente à Alessandra 🙂 e todos da equipe , pelo sucesso do gpto, que para mim é empreitada virtual obrigatória visitá-los desde 2004, com grandes colunas e textos muito ricos sobre esta droga que nós todos gostamos.

    Que pena que, realmente pro ano que vem ficarei, talvez assim como todos vcs, muito nostálgico assim que o primeiro motor turbo (?) for ligado na Austrália ano que vem.

    Abraços!

  9. Fernando Marques disse:

    Eduardo,

    eu sou amante e fã do automobilismo … e o GP Total me permite a fazer tantas coisas, que antes só lendo a 4 Rodas e Auto Esporte não me permitiam, que não tenho como considerar este espaço tão especial e ter por ele todo o carinho que ele merece … adoro estar todos os dias aqui … e por isso não existe melhor site no mundo de automobilismo que o GP Total …

    – A Penske de 96 do J. Watson era simplesmente linda.
    – Quem não deve ficar de fora da lista dos mais bonitos da historia é a Brabham/Alfa Romeu de Lauda e a Ferrari de J. Ickx de 1972.

    Vida longa ao GP Total

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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