As histórias de Spa-Francorchamps

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Depois de vários anos lendo as colunas do GPTotal em uma versão do site publicada junto com o amigo e designer Pablo Garcia, chegou a minha vez de estrear uma coluna.

Olá amigos do Gepeto!

Depois de vários anos lendo as colunas do GPTotal em uma versão do site publicada junto com o amigo e designer Pablo Garcia, chegou a minha vez de estrear uma coluna.

As longas férias de verão terminam nesse fim de semana com a chegada da 12º etapa do Mundial. O retorno se dar em local melhor, principalmente em uma época fadada ao insosso mundo dos “Tilkódromos”. A F1 retorna bem na pista que é o maior teste de habilidade dos pilotos que correm nesse planeta: o lendário circuito de Spa-Francorchamps que, orgulhosamente, recebe corridas desde 1925 – lá se vão 86 anos de atividades. Na primeira prova em Spa, Antonio Ascari levantou o caneco depois de mais de seis horas em longas 500 milhas de corrida.

Com não poderia deixar de ser, o clima é de festa, com os fãs comemorando a volta das corridas em um circuito clássico, sempre temperado pelo clima instável da região das Ardennes.

httpv://www.youtube.com/watch?v=Vx-geUqcOCE

O circuito de Spa-Francorchamps foi finalizado em 1921, numa extensão de 15 km, composto em sua maior parte por pequenas estradas. Depois de várias reformulações, restou praticamente metade do percurso (7.004 km) e mesmo assim se mantem como a pista mais longa da temporada. Não é o caso de se discutir qualidade e quantidade, já que a pista ainda reserva uma grande dose de desafios emocionantes. Uma rápida passada pelas curvas de Spa-Francorchamps mostra isso. A primeira curva, La Source, é extremamente apertada e logo na primeira volta é garantia de uma disputa ríspida por posições. Depois da maior reta, no topo da montanha, Les Combes e Malmedy testam a habilidade do piloto para a sequência de curvas em descida iniciada pela Rivage. Antes de fechar a volta, o piloto tem que superar o complexo Blanchimont, uma série de curvas que devem ser feitas de pé em baixo para se garantir o mínimo de competitividade e que não permitem nenhuma margem de erro. Pra fechar a volta a, criminalmente mutilada Bus Stop.

Esqueci-me da Eau Rouge? Não esqueci não. Só essa curva merecia uma coluna inteira. A mais grandiosa curva do mundo é a prova do nível eficiência aerodinâmica da Fórmula-1 atual. Feita de pé em baixo, apresentará esse ano o grande desafio dos pneus Pirelli. Como a nova borracha italiana vai se desgatar com esse nível de esforço?

Apesar de todas as “agressões” ao circuito, a paixão dos fãs não diminui. Motivos não faltam.

Spa sempre trás momentos incríveis, tanto no passado distante quanto mais recentemente. Lembre-se do sétimo título de Schumacher em 2004? A batalha no molhado de Raikkonen e Hamilton em 2008? Primeira pole da Force India em 2009? Há sempre algo para assistir. Isso sem contar os anos de domínio de Schumacher (leia mais na coluna do Marcelo Pilatti). Foram seis vitórias ao longo do caminho. Não admira que o Spa seja chamada pelo alemão de “seu lugar favorito no mundo”.

O recorde da pista atual é de 1.47.2, com Sebastian Vettel que soube como ninguém dominar as 20 curvas dentro do Touro de Adrian Newey.

No grid de 2011, apenas Schumacher (1992, 1995, 1996, 1997, 2001, 2002), Massa (2008) e Hamilton (2010) aparecem como vencedores, com Kimi Raikkonen preenchendo as lacunas e levando quatro das últimas seis vitórias na pista.

A surpresa de última hora para a volta das férias é a presença de Bruno Senna. Muitos irão lembrar a vitória do tio Ayrton em 1985. A grande história da Lotus Preta e o capacete com as cores tupiniquins em uma aventura pelas montanhas belgas.

É grande chance de Bruno pra garantir um lugar em 2012. E só isso que devemos esperar dele.

httpv://www.youtube.com/watch?v=elznJ2DpNE8

Senna, o tio, foi o primeiro brasileiro a vencer em Spa. O GP belga foi vencido antes duas vezes (1972 e 1974) por Emerson Fittipaldi, mas na pista de Nivelles.

E o que mais esperar desse fim de semana? Bem, é interessante notar que a Red Bull nunca conseguiu uma singela vitória nessa pista, nem seus dois pilotos (apesar de Webber ter conquistado a pole no ano passado). Vettel e Webber serão candidatos fortes para mudar tudo isso, mas admitem que o fato de não tenherem vencido nenhuma das três últimas corridas é uma situação desconfortável.

A McLaren, por outro lado, quer e pode voltar a escrever o termo “back-to-back” com uma vitória – Hamilton já provou ser muito competitivo em Spa em 2008 e com a sua vitória no ano passado. Button, não terminou os dois últimos GPs da Bélgica. Mas em 2010 não teve culpa e em 2011 se tornou o a referência do grid para situações adversas na pista.

A Ferrari tem um incrível recorde aqui e poderia muito bem ser forte concorrente se o circuito se adaptar ao seu novo pacote aerodinâmico, como fez em 2009. Alonso nunca ganhou aqui e Massa teve a sorte de herdar a vitória no ano anterior, o que pesa contra a esquadra italiana.

Do meio do grid para trás, veremos a última atualização dos carros de quase todas as equipes. A situação de classificação em Spa deve se repetir até o final do ano. Sem ambições no campeonato atual, Mercedes, Toro Rosso, Force India, Williams, Lotus-Renault, Lotus, Virgin e HRT já trabalham para um campeonato um pouco melhor em 2012.

Com Red Bull, McLaren e Ferrari tendo todos atingido o degrau mais alto nas últimas quatro corridas, o campeonato chega a Spa com algum sinal de um pulso. Alguma dose de emoção reservada para termos corridas empolgantes. O tempero da confusão climática da pista preferida de todos pode embaralhar a classificação e nos reservar alguma disputa no fim do ano, sem um título (muito) antecipado de Vettel.

Sentimos sua falta, F1.

Flaviz Guerra – @Flaviz

P.S.: Nessa nova fase do GPTotal, vamos contar com a ajuda dos bons ingleses Felix e Alex que comandam o brilhante F1Lite. Muito das opiniões deles que aparecerão na minha coluna surgem da minha participação também na edição do site inglês.

Além disso também teremos os comentários do Treino Classificatório e da Corrida, em tempo real, no twitter. “Assistam” a corrida conosco, nos seguindo em @GPTotal.

 

Informações da Pista
 

Dimensão:
7.004 km
Voltas: 44
Distancia:
308.052 km
Volta mais Rápida*:
1:45.108 – K Raikkonen (2004)

Circuito de Spa
*Volta mais rápida em corrida
Previsão do Tempo
SextaNubladoSábadoNubladoDomingoNublado
Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

5 Comments

  1. Rogerio Tofoli Kezerle disse:

    Um dia, um leitor aqui do GP falou que eu era um chato, pois mesmo quando o cara fazia um bom trabalho, eu criticava. No caso, Rubens Barrichello.

    Parei, pensei, refleti e realmente, temos que reconhecer quando o trabalho do piloto foi bem feito. Não é acha-lo genio ou compara-lo com os genios nacionais, Emerson, Pace, Piquet e Ayrton.

    Bruno fez um excelente trabalho no treino. Na corrida errou, mas será que as pessoas pararam para pensar que o Bruno nunca havia participado de uma largada de F1 de verdade?

    Não acho que Bruno chegue às sapatilhas do tio, mas até agora não tenho nenhum embasamento para acha-lo um piloto ruim.

    Btruno nunca teve uma carro de F1. A Lotus Renault é sua verdadeira estreia na F1,Por que tanta má vontade com o cara? Só por conta do nome famoso?
    Todos os nossos pilotos precisam ser geniais? Já escrevi aqui uma vez, que somos sortudos demais, pois sem nenhum apoio tivemos quatro pilotos geniais. Quantos paises podem dizer o mesmo?
    Existe uma grande lista de pilotos que não podem ser considerados genios e que foram campeões do mundo. Damon Hill Jody Scheckter, James Hunt, Keke Keijo Rosberg, Alan Jones, Mario Andretti…. Ótimos pilotos, mas não genios.
    Bruno é ou não um grande piloto? Sei lá. O cara mal saiu das fraldas do automobilismo, como julga-lo?
    Não tenho bola de cristal, não sou a mãe Dinah e nem algum tipo de gênio que assistindo uma corrida de um piloto consigo identificar todo o seu futuro.
    Já quebrei muito a cara achando que alguém era genial e também achando que o cara era um manézão.

    Prefiro esperar para ver…..

  2. Firmo Neto disse:

    Caros amigos;

    É natural dos brasileiros achar que um momento bom significa que o cara é gênio. Nunca esqueço uma frase em uma entrevista do brasileiro tri-campeão do mundo. Ele falou: “ou o cara é, ou o cara não é. O cara não melhora não”.
    Estou com o Piquet nessa afirmação. Lembro-me quando o Nelsinho Piquet foi segundo colocado em uma prova no ano em que ele disputou, já tinham pessoas e até jornais dizendo: “será um novo campeão?” Depois o garoto não mostrou nada e teve que ver seu companheiro Alonso esmagá-lo em quase todos os treinos e corridas.
    Isso tudo é fruto da nossa natual ansiedade e da nossa natural necessidade de vitórias na formula 1. Os colegas um pouco mais antigos como eu, não estão acostumados aos brasileiros ocuparem postos de “segundos pilotos” em suas equipes. Hoje é o que estamos vendo.
    Dessa forma, queria dizer que foi emocionante ver àquele carro preto e dourado, com o capacete amarelo, correndo novamente. Foi mais emocionante ainda vê-lo andar bem nos treinos e conquistar um bom lugar no grid. Mas, em nenhum momento me enganei. Aposto o que quiser que o Bruno não será páreo para o Russo, que por sua vez não é lá grande coisa, já que não era páreo para o Kubica. E assim vai.

    Abraços;

    Firmo Neto

  3. Rogério Kezerle disse:

    Estou escrevendo sabado, após o treino.

    Bruno Senna fez um treino no minimo espetacular.

    Como não tenho bola de cristal, não sei o que fara na corrida.

    Mas pelo treino, já valeu demais, ainda mais que no ultimo treino, a pista estava praticamente seca, ou seja, não foi loteria.

    Parabéns Bruno e parabéns Massa, que também foi muito bem.

    Quanto ao “acidente” do Hamilton e Maldonado, acho que os dois foram culpados…

  4. Manuel Carvalho disse:

    Não tá me confundindo com outro, hein, Carlos Petry? Jamais escreví nenhuma comparação entre o Senna e o tedesco. Seria comparar javalí com jabutí. Entende?
    Vou repetir o que acho do tal Schummy, produto do Ross Brawn: Ele foi um caolho reinando em terra de cegos. O mais protegido no meio de uma geração medíocre, pilotos medíocres mesmo. Rei das ultrapassagens no box. Oh, que emoção este alemão ! Hoje em dia mostra-se o que sempre foi: piloto de pelotão intermediário,
    aqueles que ficam alí no “battle for 10th” .
    Em tempo: minha saúde está ótima, cada vez melhor. Minha memória também, por isso meus bocejos (quando assisto) para a F1 diante da TV domingos de manhã. Tenha a certeza de que não sou viúva do Senna, não! Prefiro Emerson, sempre preferí, porque lutava contra gigantes já consagrados. Ô Petry, vá aos arquivos e veja os nomes que largavam junto com o Rato nos GPs daquela época.
    Um cara que foi duas vezes campeão e duas vezes vice, teve só 14 vitórias… …o que te diz isso, ô Petry? Equilíbrio, meu caro. Equilíbrio. Acabou, não tem mais. Capisce?
    Por último: já que falou em Senna, você, que gosta tanto do alemão mau carater & giga-campeão & mega-recordista, saberia me dizer por que ele foi o único “piloto” do circo que não apareceu no enterro do colega, morto em 1994?

    Um abraço, Petry.

    Manuel Carvalho
    Santos,SP

  5. Como grande admirador de automobilismo e principalmente de F1, não poderia deixar de comentar esse texto, que por sinal está muito bem escrito e embasado. Spa sempre foi uma das minhas pistas favoritas, já andei muito lá, virtualmente, é claro, mas todo aspirante a piloto que se preze tem obrigação de gostar desse circuito, principalmente pelas dificuldades que ele apresenta. Conseguir um bom setup sempre foi o maior desafio, porque a pista tem de tudo, curva de baixa, curvas em alta – e aqui temos a melhor de todos os tempos(Eau Rouge) – longas retas e curvas de média velocidade. O equilibrio é a parte mais difícil.

    Eu ainda não tinha visto esse vídeo do Ayrton, apesar de ter a corrida na íntegra em DVD, mas sem dúvida essa foi uma das grandes edições da prova. Faltou citar apenas a grande ultrapassagem de Mika Hakkinen sobre o Schumacher em 2000, em que o finlândes ultrapassou o alemão na reta oposta aproveitando o então retardatário Ricardo Zonta.

    Mais uma vez, parabéns pelo texto.

    Abs,
    Mansano

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