Fórmula 1 e Copa do Mundo

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Relembre todos os GPs de Fórmula 1 que aconteceram em dias de jogos da Copa do Mundo.

Sempre que chega a época da Copa do Mundo, é normal que todos os outros eventos esportivos fiquem “de molho”: as competições futebolísticas entram em recesso, de fato, ao passo que outras competições já estão em sua reta final (a NBA, por exemplo, irá conhecer seu campeão antes do término da fase de grupos do mundial). A Fórmula 1, no entanto segue normalmente.

É claro que a periodicidade das corridas não pode ser comparada à frenética maratona de futebol da Copa. Até o fim do mês, teremos três partidas por dia! De qualquer forma, esse ano novamente haverá corrida em dia de jogos (ou jogos em dia de corrida?). Vamos, então, relembrar quais foram os GPs de F1 que coincidiram com partidas do mundial.

1950

A primeira temporada da Fórmula 1 aconteceu no ano em que os mundiais de futebol voltavam a acontecer (em 1942 e 1946, em virtude da II Guerra Mundial, a Copa não foi disputada). E lá, como agora, o torneio aconteceu no Brasil.

No dia 2 de julho de 1950, a Suíça (2×1) bateu o México no Estádio dos Eucaliptos, em Porto Alegre; a Espanha (1×0) superou a Inglaterra no Maracanã; o Chile (5×2) massacrou os EUA na Ilha do Retiro, em Recife; a Itália (2×0) bateu o Paraguai no Pacaembu, e o Uruguai (8×0) humilhou a Bolívia no Independência, em Belo Horizonte.

httpv://youtu.be/BbNh5xL2PmM

Naquele mesmo dia, no histórico circuito de Reims, Juan Manuel Fangio vencia brilhantemente o GP da França, e retomava a ponta do mundial. Com 4 pontos à frente de Farina, somente um desastre lhe tiraria o título.

Tal qual o Maracanazzo, foi o que aconteceu com Fangio no GP da Itália.

1954

A Copa de 1954 aconteceu na Suíça e, assim como o mundial anterior, teve uma das grandes “injustiças” do futebol.

No dia 20 de junho, na Basileia, a Hungria enfrentou o time – reserva – da Alemanha Ocidental e enfiou uma goleada histórica (8×3). A Turquia também não tomou conhecimento (7×0) da Coreia do Sul, em Genebra. Na cidade de Lugano, a Itália (4×1) bateu a Bélgica e em Berna a Inglaterra (2×0) superou o time da casa.

Não muito longe dali, Juan Manuel Fangio, pela Maserati, vencia o GP da Bélgica.

Duas semanas depois, porém, aconteceriam viradas históricas: Juan Manuel Fangio agora era piloto da Mercedes e iria disputar o GP da França (e o restante daquela temporada e da seguinte) pela poderosa marca, enquanto seleção da Alemanha conquistava sua vaga na final e iria enfrentar novamente a poderosa Hungria de Puskas, em Berna.

Vitória dos alemães, nas pistas e nos campos.

1958

A Copa do Mundo de 1958 é muito lembrada por ter representado alguns momentos emblemáticos na história do futebol: foi o primeiro dos cinco títulos brasileiros, e o francês Just Fontaine estabeleceu uma marca que dificilmente será superada: 13 gols num mesmo torneio.

1958 também representa para a F1 um momento importante, com diversas mudanças de regulamento e com a despedida de um dos maiores pilotos de todos os tempos.

No dia 15 de junho aconteceram 6 partidas do Mundial: Alemanha Ocidental e Irlanda do Norte empataram (2×2) em Malmo, a Tchecoslováquia massacrou a Argentina (6×1) em Helsinborg, a França superou a Escócia (2×1) em Örebro, Paraguai e Iugoslávia ficaram no empate (3×3), em Eskilstuna, assim como Suécia e País de Gales (0x0) em Solna, enquanto que a Hungria bateu o México (4×0) em Sansiken.

httpv://youtu.be/ArU1D_ZI-hQ

Naquele mesmo dia aconteceu o GP da Bélgica, com pole-position de Mike Hawthorn e vitória de Tony Brooks. Fangio daria adeus às pistas três semanas depois, na França.

1962

Em 1962, a seleção brasileira ia ao Chile com a missão de confirmar o primeiro mundial. “Pelé, jogai por nós”, dizia uma faixa. O rei foi bem na primeira partida, mas se lesionaria já no confronto seguinte e não poderia mais jogar durante aquela edição do torneio. Brilhou, então, a estrela de Garrincha.

No dia 3 de junho, em Arica, Colômbia e União Soviética fizeram jogo eletrizante (4×4); na capital Santiago, a Alemanha Ocidental (2×1) bateu a Suíça; a Espanha (1×0) superou o México em Viña del Mar; e a Hungria (6×1) destroçou a Bulgária em Rancagua.

No mesmo dia, acontecia o GP de Mônaco, prova que marcou a primeira pole de Jim Clark e que teve nova vitória de Bruce McLaren.

Duas semanas depois, a grandiosa final do torneio (Brasil x Tchecoslováquia) acontecia quase junto do GP da Bélgica: os brasileiros superaram os tchecos (3×1) e Graham Hill venceu em Spa. Eram os dois campeões mundiais de 1962.

1966

O ano de 1966 entrou para a história tanto da F1 como da Copa do Mundo por ter dois campeões que dificilmente irão se repetir: os criadores do futebol venceram sua única Copa, e Jack Brabham foi campeão com o carro que ele mesmo construiu.

Outro fato inédito aconteceu porque foi a primeira vez em que um país sediou o mundial de futebol e o GP da F1 no mesmo dia! Mais: um dos jogos foi da seleção local: em Londres, a Inglaterra (2×0) bateu o México; em Birmingham, Argentina e Alemanha Ocidental empataram (0x0); em Manchester, grande vitória de Portugal (3×0) sobre a Bulgária; e em Sunderland, a União Soviética (1×0) superou a Itália.

Enquanto isso, em Brands Hatch, Jack Brabham vencia o GP britânico e ampliava sua liderança no mundial. Algum dia veremos um piloto repetir o feito de Brabham e ser campeão com o “carro próprio”? Mais fácil a Inglaterra ser campeã novamente.

1970

O ano de 1970 é o paradigma esportivo do Brasil: na Copa do Mundo, aquela que talvez tenha sido a melhor seleção de todos os tempos; na Fórmula 1, a primeira vitória de Emerson Fittipaldi.

Se 70 é “o ano” para os brasileiros, o dia 7 de junho é a data mais emblemática do desporto mexicano: na Cidade do México, o selecionado do México (4×0) venceu El Salvador. Pela manhã, Pedro Rodríguez triunfou brilhantemente no GP da Bélgica, em Spa.

Outros jogos aconteceram naquele dia: em Toluca, Suécia e Israel empataram (1×1); em Guadalajara, talvez a mais difícil partida brasileira: vitória (1×0) contra a Inglaterra; e em León, a Alemanha Ocidental (5×2) massacrou a Bulgária.

Duas semanas depois, a seleção brasileira dava “o maior espetáculo da terra” ao vencer os italianos e se tornar o primeiro time tricampeão mundial. Do outro lado do oceano, Jochen Rindt vencia o GP da Holanda e colava em Jackie Stewart na disputa pelo título.

httpv://youtu.be/QMe3uoUbhkA

Depois, a seleção iniciaria seu maior jejum (24 anos) sem Copas e Rindt se tornaria o único campeão póstumo da história da F1.

1974

A maravilhosa temporada de 1974 coincidiu com uma das mais emblemáticas Copas da história: foi no mundial da Alemanha que o mundo conheceu a “laranja mecânica” de Rinus Michells e Johan Cruyff.

Em 23 de junho a referida seleção emplacou um ótimo 4×1 sobre a Bulgária, em Dortmund; na mesma data, a Suécia venceu o Uruguai por 3×0, em Düsseldorf, a Argentina bateu o Haiti por 4×1, em Munique, e a Polônia superou a Itália por 2×1, em Stuttgart.

Naquele mesmo dia acontecia o GP da… Holanda, com grande vitória de Lauda em dobradinha da Ferrari.

Passadas duas semanas, acontecia a mítica final entre Holanda e Alemanha Ocidental, com vitória dos alemães. Não muito longe dali, rolava o GP da França, que pelo segundo ano seguido tinha abandono de Emerson e vitória de Ronnie Peterson.

1978 e 1982

Em 1978, pela única vez até hoje, não houve coincidência de datas entre a F1 e a Copa do Mundo. A anfitriã e campeã daquele mundial foi a Argentina, e foi com um jogo dos Hermanos que o mundial de 1982 começou.

No dia 13 de junho de 82 a Argentina foi derrotada (1×0) pela Bélgica na abertura da Copa. Naquela data, aconteceu o GP do Canadá de F1, tristemente marcado pela morte de Ricardo Paletti.

1982 já tivera a morte de Gilles Villeneuve e ainda veria o fim de Didier Pironi. De fato, um ano trágico – e a Copa de 1982 é muito lembrada por aqui como “A tragédia de Sarriá”.

Na sexta-feira, falo dos GPs que coincidiram com partidas de Copa a partir de 1986.

Abraços e boa Copa a todos!

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

7 Comments

  1. David Honorio disse:

    Em 1978 a Argentina foi campeã em casa sob suspeita por causa da goleada aplicada em cima do Peru por 6X0 e na final derrotou a Holanda por 3×1 Em 1978 na F1 tinha o argentino Carlos Reutemann que era o primeiro piloto da Ferrari e tinha como companheiro o ”Garrincha” da F1 Gilles Villeneuve Em 1978 Carlos Reutemann terminou em 3 lugar no mundial da F1 com 48 pts e venceu 4 vezes no ano Brasil,Inglaterra e duas nos Estados Unidos em Long Beach e Watkins Glen

  2. David Honorio disse:

    Em 1970 no dia da Final da Copa do México no mesmo dia se realizou o Gp da Holanda de 1970 para nos Brasileiros foi um dia de festa porque fomos tricampeões Mundiais e conquistávamos a Taça Jules Rimet Porém na F1 o dia foi de tristeza e choro porque o jovem e promissor Piloto Inglês Piers Courage Morria num grave acidente durante este Gp da Holanda de 1970

  3. admin disse:

    Exato, Marcus.
    GP do Canadá de 1990 (Senna 1, Piquet 2), foi a última dobradinha, e coincidiu com Copa: Suécia 1 x 2 Brasil.
    Abraço!

  4. Fernando Marques disse:

    Só uma comentário em relação ao Massa no GP do Canadá … não teve culpa no acidente mas na hora de ter que atacar alguém está muito fraco … vide como o Vettel foi pra cima do Perez … o mexicano deixou o lado sujo da pista e o Vettel foi contudo assim mesmo … levantou até poeira … já o Massa atrás do Vettel tentava por fora, tentava por fora e não conseguia nada … muito fraquinho …


    Formula 1 e Copa do Mundo em 2014 tem tudo a ver e estarei ligado na telinha

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  5. Mauro Santana disse:

    Belo texto, e vamos aguardar o seu desfecho.

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  6. Sandro disse:

    Para 99,999…% dos brasileiros o Mundial de 70 foi em preto e branco. A imagem chegava colorida na Embratel do Rio de Janeiro mas somente nos monitores era possivel ver em cores. Um aparelho de televisão “a” cores era algo surreal no Brasil de 1970! Um seleto grupo de torcedores teve a oportunidade de ver na Embratel a Copa em cores (entre eles o General Medici!). Num sei se é lenda urbana mas.. no Rio teve em alguns pontos televisores em cores para que os torcedores pudessem ter a chance de ver a Copa em cores!

    Oficialmente “TV colorida” apareceu em 72. A Tupi fez testes experimentais em 64 – creio eu.

    Em 74 o objeto de consumo era ter uma TV em cores para ver a Copa do Mundo – vencida pela Alemanha com uniforme em preto e branco!

    Da corrida de Montreal’82 tenho uma vaga lembrança de Piquet estar liderando a prova e a Rede Globo encerrar a transmissão para apresentar o programa Fantástico – o Show da Vida! Piquet com propulsor BMW turbo L4 (!!!) e Patrese com Ford aspirado V8 no pódio ter ser sido inusitado para a Brabham! :p

    P.S.: E eu me lembro de Detroit’86 e gol de la mano de Dios de Maradona! Senna sendo “sacaneado” pelos franceses da Renault e da Elf no dia anterior! Por causa da TV (leia-se Europa) os jogos eram disputados num horário insano. Maradona xingou a FIFA!
    E ao vencer a corrida ele simplesmente deu a volta da vitória com uma bandeira do Brasil!

    • Me lembro que uma partida do Brasil na copa de 90 (Itália) coincidiu com o dia da penúltima dobradinha brasileira da história da F1: Senna com a McLaren em 1.º e Piquet com a Benneton em 2.º. Se não me engano o jogo foi contra a Escócia, 1 a 0 para o Brasil (jogo horrível, diga-se de passagem). Depois me corrijam aí.
      Curiosamente, a última dobradinha brasileira da F1 foi também naquele mesmo ano, no GP de Suzuka. Prost e Senna se pegaram na curva 1 da primeira volta e entregaram a vitória de bandeja a Mansell. Mas o inglês teve um problema no câmbio na saída dos boxes, quando liderava com folga (nunca me esqueço dele bravejando e atirando o volante eheh!) Resultado: Piquet em primeiro e Pupo Moreno em segundo.

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