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O tédio não está mais presente em 2016. Será que temos um campeonato?

A terceira etapa do Campeonato Mundial de Fórmula 1 do maravilhoso ano de 2016 chega ao mercado Chinês pela décima terceira vez seguida na história. Não fazia sentido na história moderna do veículos automotores não ter uma corrida em tão grandioso cenário consumidor. O campeonato vem cheio de novidades péssimas, brigas de bastidores, um Rosberg multivencedor e a Ferrari com motores de fogos de artifício. São tantas variáveis extra pista que nem lembramos que a a pista chinesa não é lá essas coisas.

Sente-se no sofá. Ajuste as horas de sono. A corrida na madrugada merece alguma atenção!

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A pista da China não é aquele primor! Podemos combinar isso? Assim mantenho a promessa de 2016 de não falar mal de todos os autódromos modernos. Combinado. As retas maravilhosas parecem pistas de dragster. O nosso saudoso camarada-companheiro-revolucionário Pastor Maldonado, na sua Lotus de numeral 13, foi o menino sobre rodas mais rápido a passar por uma delas em deliciosos 344.1 km/h. Mágico. Velocidade pura empurrada por um tal de motor Mercedes no ano da glória de 2015. Passou pela super-reta? Preparo total para freada, onde seu carro tem que chegar bem equilibrado para não matar os freios e o destruir os pneus.

A maior curiosidade dessa pista é que apesar das 3 retas e mesmo uma delas sendo gigantesca, o piloto passa 80% da volta fazendo curva. Sucessivas curvas. Curvas a vontade. Pois bem, com esse tipo de trabalho de curvas, os simpáticos pneus Pirelli sofrerão todas as consequências. Para melhorar, são os mesmos compostos das duas ultimas etapas. Mesmos compostos e uma característica de pista completamente diferente.

Isso pode levar a várias táticas diferentes para prova, mesmo sem levar em conta as maluquices climáticas. China não costuma ser uma corrida quente, até um pouco mais fria que as duas anteriores e adora ter pancadas de chuvas esporádicas no decorrer do período de treinos e prova.

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Logo após o GP do Bahrain, saiu a simpática lista de premiação por equipes da F1. Ano base 2015. É uma salada. Tem bônus da Ferrari, bônus de equipe histórica, bônus lealdade pra RedBull.

É triste. Mas é esclarecedor.

Na coluna 1, pagamentos pela média de classificação no campeonato em dois anos dentro de um período de 3 anos. Na Coluna 2, uma graninha pela classificação no último campeonato. Aí você chega na coluna CCB, um premio adicional por campeonatos de construtores (vai entender). Depois, LST. Isso, LST, uma grana pra Ferrari por estar desde sempre na F1 e tem também a coluna “Other”, para distribuir uma grana para quem reclamou.

Vale notar que o dinheirinho extra da Ferrari, só aquele da coluninha LST, é maior que a premiação individual de 5 outros times.

É desanimador.

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Sobre as regras. Finalmente uma decisão e o formato de classificação de 2015 volta. Nada de eliminação por tempo. Tudo resolvido para 2016, mas dá um frio na barriga danado para 2017. O que vão inventar!????

Mas a regra dos pneus ficou divertida. É legal de ver a corrida cheia de variáveis. É legal ver o computador errando os pneus dos carros. É divertidíssimo ver narradores e comentaristas em teorias infindáveis sobre pneus. Acabou o tédio.

Para essa corrida, mais diversão. O único a trazer um singelo pneu médio é Grosjean. Na corrida passada foi a Mercedes a usar essa tática. Na pior das hipóteses, temos um clima de suspense, certo?

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Nas doze últimas passagens da F1 pela China, 8 pilotos venceram. Só dois não correm esse final de semana: Rubens Barrichello e Michael Schumacher. Na pista teremos Lewis Hamilton (4 vitórias), Fernando Alonso (2), Kimi Räikkönen (1), Sebastian Vettel (1), Jenson Button (1) e Nico Rosberg (1).

Mas o que não pode passar em branco. A primeira volta mais rápida da Sauber foi na China, com o mágico Kamui Kobayashi em 2012.

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Momento tristeza.

A corrida mais rápida da era Híbrida da F1 de carros lentos e silenciosos foi completada em uma média horária de 188,82 km/h. Com um V10, em 2004, Barrichello fez conduziu sua Ferrari F2004 em uma média de 205,18 km/h para ganhar a prova.

Em 12 anos 16,36 km/h de média. Sem contar o barulho dos motores.

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Momento tristeza II.

A relação de marchas é fixa por carro do começo ao fim do ano. Significa que a mesma relação de marchas deve ser utilizada em Mônaco e na super-reta da China. Os computadores e simuladores entregam a relação ideal que atenda todas as provas, mas tira da F1 o seu charme essencial: ser a categoria mais rápida possível.

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Para essa prova a Mercedes vem sobrando. O único porem é o câmbio de Hamilton que foi trocado e ele perde 5 posições no Grid. A Mercedes vai ganhar. Ela anda sobrando, anda com o motor em regime de treino, passeia. Alguém pode indagar que se o carro sobra tanto assim, eles poderiam largar em último e vencer. Não, não podiam. Porque tem uma regra estúpida que limita o consumo de combustível por hora ( a regra de fluxo de 100kg/h ) que impede do meliante que pilota o carro andar ao máximo com sua viatura. Se Rosberg ganhar será o fim-do-campeonato? Não. Vai virar o campeonato chato? Não.

Na Ferrari a expectativa é para terminar a corrida com dois carros. Um abandono e um motor novo para cada um dos pilotos. Sim, é motivo pra preocupação em um campeonato gigantesco de 21 corridas. Ninguém na Ferrari sabe se o motor poderá ser usado em todo o seu potencial sem quebrar.

Fechando esse grupinho que luta pelo pódio, vem Daniel Ricciardo e sua RedBull surpreendente. O motorzinho está no nível “honesto” e aí o chassi veio redondinho para 2016. Um primor. Riccardão tem que justificar seu salário para garantir a vaga em 2017, nessas condições o australiano brilha e não nega serviço, tanto que é 3º no campeonato só 9 pontos atrás de Hamilton.

A linda e maravilhosa Haas, a nova queridinha da F1 também pode surpreender. Vem com a carreta cheia de pneus supermacios e promete mais uma corrida forçando o ritmo com a borracha mais macia disponível. Mais pontos? É possível! Nada muito grandioso, mas pode fechar a tabela.

Aí, depois de tanta notícia legal, tem a Williams. A ex-equipe grande. Pessoal, acompanhem. O carro de 2016 foi para os testes sem o bico desenhando para ele, usaram o de 2015. Na primeira prova de 2016, ainda não havia o bico do carro. Tudo certo. No Bahrain, um só disponível, só para classificação e corrida, no carro de Massa. Chegamos à China. Continuamos com só UM disponível, como Massa usou no Bahrain, agora vai no carro de Bottas. Fãs da Williams, o time vive uma várzea sem limites. Não vamos falar de estratégia de corrida, ok? Vai ficar chato.

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A Haas, ano 01 na F1, fez estratégia melhor em 2016 que a Williams (651 largadas, 114 vitórias, 9 campeonatos). Entende?

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No pelotão intermediário, diversão garantida. A Haas faz um trabalho incrível e entrega Grosjean no 5º lugar do campeonato. Mas não tem vida fácil.

Toro Rosso, McLaren, Force India e até a Renault se misturam e trocaram tintas em diversos momentos das provas anteriores. Nesse grupo a Toro Rosso é a equipe de maior destaque, a Force India a decepção e a Renault não faz mais do que todos esperavam.

E a McLaren? McLaren vem com sua dupla titular. Alonso corre. O problema é que só agora a Honda está desenvolvendo o motor. 2015 foi só para fazer funcionar. Se as regras não mudarem para 2017, há chances de terem uma equipe competitiva no grid.

No fim do pelotão, começa o embate Sauber x Manor. É triste a situação da equipe de Peter Sauber, falida, sem dinheiro algum além do capital do Banco do Brasil e uma ajuda de custos Sueca. Não haverá desenvolvimento do carro durante o ano e a Manor deve passar o simpático time em breve.

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Circuito: Shanghai International Circuit
Voltas: 56
Comprimento: 5.451 km
Distância: 305.066 km
Recorde da Pista: 1:32.238 – M Schumacher (2004)

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Programação
Quinta-Feira: 23h00 – 1º treino livre
Sexta-Feira: 3h00 – 2º treino livre
Sábado: 0h – 3º treino livre e 4h – Classificação
Domingo: 3h – Corrida

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O campeonato sofre da interferência externa e de um domínio alucinante de um carro, mas nem por isso as corridas tem sido um completo tédio. Nas madrugadas desse fim-de-semana, podemos ter mais uma corrida com um jogo interessante de estratégias.

Façam suas apostas e boa corrida para todos nós!

Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

2 Comments

  1. Mauro Santana disse:

    Flaviz

    Se eu conseguir acordar, assisto o GP, pois do contrário, farei igual o Fernando.

    Excelente GP a todos!

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  2. Fernando Marques disse:

    Flavis,

    vou assistir o VT ao vivo da corrida no domingo pela manha …
    Acordar as 3 da matina não vai dar pra mim …
    mas torço para que aconteça ao menos uma boa corrida, independente de quem seja o vencedor ( a minha torcida é para o ainda desligado Hamilton) e de qual será o rendimento dos Felipes e seus tragicomortos carros …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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