Match Point

É o dinheiro, estúpido II
17/09/2013
Sobre Hegemonias
22/09/2013

Ou Alonso salva o Match-point ou Vettel sai para o abraço. Qual sua aposta?

Corrida noturna do outro lado do planeta é certeza de boa audiência no tradicional horário matinal. Vamos estar todos acordados e despertos para acompanhar a consolidação do título de Vettel? Lembrando a nossa matemática de corridas, sente na cadeira, são 7 corridas nos próximos 10 finais-de-semana. São muitos pontos em jogo, mas se a matemática mostra que ainda é possível ter um campeão diferente de Vettel, a Ferrari – e Alonso – nos dizem que esse é o “match-point” que precisa ser salvo.

Da pista mais rápida do calendário com sua prova de uma hora e meia para uma corrida noturna que quase sempre beira o limite de 2 horas. De um circuito de mínimo arrasto aerodinâmico para um travado circuito de rua. Há chance de uma sacudida no balanço de forças do campeonato. Essa sacudida é a esperança de Alonso e dos espectadores. Para o resto da turma, é hora de pensar em 2014, Felipe Massa que o diga.

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Cingapura teve duas alterações na pista, nada que mude o ritmo da procissão. Só deixará a pista um pouco mais lenta. Mais? É, mas é pouca coisa. A chicane da curva 10 foi substituída por uma curva tradicional.

O traçado é travado, ondulado, cheio de faixa pintadas que prejudicam a tração dos carros e os bólidos ainda levam a maior quantidade de combustível da temporada. Sempre tem safety car, nenhuma corrida da era moderna terminou sem safety car e ainda temos a maior duração de parada de todo o calendário. São 23 curvas sobre uma volta de aproximadamente 5 quilômetros. A corrida é composta de 61 giros intermináveis. Prato cheio para acabar com os pneus e estratégias. Quebras são constantes. Os motores sofrem demais com a alta humidade. Pelo menos, ao nível do mar, os motores ganham uma dose extra de oxigênio.

Sorte da Pirelli que a corrida é de noite com temperaturas mais estáveis que as tarde ensolaradas de domingo. E para evitar surpresas, vem aí uma dupla de pneus mais dura que a usada no ano passado. Só pra garantir.

Nesses 5 anos de era moderna de Cingapura na F1, 2 vitória de Alonso (uma delas patrocínio de Nelson Piquet Jr), 2 de Vettel e 1 de Lewis Hamilton. Não é por nada não, mas tem algum braço duro na lista? O circuito pode ser travado. Pode ser estreito. Mas é aqui que o piloto também pode fazer alguma diferença e justificar seu salário.

httpv://www.youtube.com/watch?v=q_6agtMX6Hs

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Cingapura é o prova de minerva dentro da Ferrari. Ou mostra ritmo para andar na frente de Vettel sem as magias de Alonso ou todo mundo volta para Maranello pensando em 2014 e no peru de Natal. O carro não correspondeu como esperado em Monza (apesar da evolução) e nessa corrida teremos a real noção do que o novo pacote ferrarista trouxe de performance pro carro.

A Red Bull quer liquidar logo a fatura. Ainda não abandonou o desenvolvimento do carro desse ano, mas já quer sair pro abraço. O título de Vettel é questão de dias. Não é exagero. Até poucas corridas atrás, falei aqui mesmo no GPTotal, até Max Chilton poderia ser matematicamente campeão. Hoje só 9 pilotos estão matematicamente na disputa. Button, o último dessa lista precisa vencer todas as corridas e torcer para Vettel não marcar nenhum pontinho, preferencialmente em toques de corrida que levem junto Alonso, Hamilton, Raikkonen e Webber. Vai negar que o título é de Vettel? Alonso tem que tirar mais de 7 pontos por prova pra ser campeão. Webber já até se aposentou sabendo que isso não vai mudar.

Na Lotus o clima é de incerteza. Sua estrela vai se mudar. Não porque ele ama a Ferrari. Mas porque o time de Enstone não tem certeza de um futuro competitivo. Até que ponto isso compromete 2014? O carro do ano que vem pode ter ido pro vinagre, o desse ano ainda tem desenvolvimentos, mas não parece ser suficiente para tentar a luta do título. Tem toda a pinta de manter um ritmo elevado para garantir o dinheiro da classificação do campeonato de construtores. Essa incerteza pode ser mortal para o próximo ano da equipe e de seus futuros pilotos. Todo mundo cravou que Raikkonen queria um time confiável para 2014, ele veio na entrevista e soltou “Não me pagam, vou embora”. Como disse Alessandra Alves aqui no GPTotal, É o dinheiro, estúpido.

Ross Brawn mandou avisar na Mercedes que o investimento de tempo está aumentando no carro de 2014. Toto Wolff mandou avisar na Mercedes que o objetivo é o segundo lugar no campeonato de construtores desse ano e encomendou peças novas. Vai sobrar pra quem? Nico e Hamilton que se virem na pista! A Mercedes não sofre de falta de recursos financeiros e técnicos, mas é muito chefe pra ter só dois carros na pista. Poderia comprar uma outra equipe para canalizar as energias, não?

A Sauber, quem diria, vem de um quase milagre na pista italiana. Só não foi milagre porque é justificavel, nas palavras do time, o desempenho em Monza. O pacote de atualizações previsto e a pista favorecia o carro com pouca pressão aerodinamica do time suiço. Lembram da aposta em radiadores minúsculos e laterais reduzidas? O motor é bom e encaixou com um bom piloto. Resultado feito. A equipe reservou algumas poucas peças novas para as características de Cingapura e Suzuka e espera manter a melhoria do carro para livrar os pontos que os separam da Toro Rosso. Parece vingança, né? A Sauber perdeu seu engenheiro para o time 2 da Red Bull, que vem crescendo na temporada.

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O mais importante do GP da Itália ninguém fala: A Toro Rosso mudou a pintura dos seus carros.

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Nesse bolo todo Force India e Williams seguem ali na sua toada. Nenhum brilho. A Force India ainda tenta brigar com a McLaren por uma posição no campeonato.

As duas nanicas. Bom. Estão lá né? Não tem nem o que falar. Preparem-se nas poltronas, Chilton venceu aqui na GP2 e não vê a hora de correr com um F1! A Caterhan sonha desesperadamente por um 13º lugar para igualar a melhor posição dos oponentes (Bianchi na Malásia) e ganhar a posição na tabela.

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Não entendo a marcha de diversos blogs, colunas e jornais dizendo que Massa merecia futuro melhor por ser um “bom caráter”. Na sequencia vem o ponto de não favorecer jornalistas como “endosso” desse bom caráter. Rubens, Tony, Gil de Ferran, são pessoas de caráter duvidoso? Helio Castro Neves, Farfus, João Paulo, Nasr, também? Como não falaram nada de Nelson Piquet Jr, é um picareta, aposto! Por isso não entendo essa marcha de citar “bom caráter” como a maior qualidade de Massa nesse momento de saída da Ferrari. Não estou dizendo que não é. Mas que é engraçado, isso é!

Falando do piloto Felipe Massa, o previsto e inevitável aconteceu. O único interessado em tê-lo no time era Alonso. Para Massa, as portas são reduzidas. Uma Lotus-Renault parece a única opção viável. Só que mesmo assim tem uma série de fatores fora do controle de Felipe. Basicamente, fala-se em dinheiro. Tem gente cravando que só falta cheque, o contrato já existe. Parece ser necessária uma maior participação da Renault e tem ainda um grupo de investidores que não tem nenhuma paixão pelo esporte, só por números. Em uma mão, essa turma tem Felipe Massa e na outra Nico Hukelberg. Quem você escolhe?

Aqui cabe um raciocínio paralelo envolvendo outro Felipe, o Nasr, que explica também um pouco da situação de Massa no mercado. Helmut Marko já disse que na Toro Rosso vai ser difícil ele entrar, precisa vencer pra correr na Red Bull, não adianta só somar pontos, ser regular. Massa não vence uma corrida desde 2009 – a honra da ultima vitória brasileira ainda é de Rubens Barrichello – e seu último título foi antes de entrar na F1 em 2001, aos 20 anos. Não me parece a aposta nem para resultados imediatos nem a longo prazo. Mesmo assim, não seria “feio” para Massa fazer uma ou duas temporadas em uma Sauber ou em uma Force India. Ainda mais em um ano de tantas mudanças técnicas. Barrichello se aproveitou bem disso, mas perdeu o timming da proposta e foi parar na Williams ao invés de ir pra McLaren. Massa diz que não aceita. É esperar pra ver.

Pode ser uma boa para Felipe. Para os dois, aliás.

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Sentiu falta da McLaren? Também. Na tabela de tempos, na classificação do campeonato. Em 2013 sentimos falta da McLaren. Um piloto em 9º e outro em 18º.

Também sentimos falta da confirmação dos pilotos para 2014. Pelo menos confirmaram Button nessa quinta-feira. Por mais um ano somente.

Tudo estranho. Muito estranho.

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O campeonato é de Vettel. Eduardo Correa sempre nos disse isso: “2013 vai dar Vettel”. Era de bom tom a gente não discordar do chefe e agora ele já pode levantar a plaquinha “Eu Já Sabia!”

Alguém discorda?

Abraços,
Flaviz Guerra – @Flaviz

Informações da Pista
Dimensão:
5.073 km
Voltas: 61
Distancia:
309.316 km
Volta mais Rápida*:
1:45.599 – K Raikkonen (2008)
Circuito de Cingapura
*Volta mais rápida em corrida
Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

9 Comments

  1. Lucas dos Santos disse:

    Olá Flaviz.

    Como assim a extinção da chicane deixará a pista “um pouco mais lenta”? Não seria o contrário?!

    Mas, de qualquer forma, não deixa de ser verdade que “não alterará nada no ritmo da procissão”. Teoricamente a alteração deixará a pista 1s mais rápida por volta. Como são 61 voltas, a corrida ficará cerca de 1min mais rápida no total. Porém o novo limite de velocidade dos boxes tornará as paradas mais demoradas, eliminando o suposto ganho de tempo que a alteração no traçado proporcionaria.

    • admin disse:

      Pois é Lucas, os previews dos engenheiros indicavam o tempo de volta mais alto. Pneus e a curva eram a causa dessa avaliação. Isso até quinta-feira. Na sexta a realidade já foi diferente.
      Ano passado Vettel terminou o TL3 em 1’47.947 e esse ano em 1’44.173. Diferença assombrosa.

  2. Mário Salustiano disse:

    Flaviz e amigos

    Vejo no campeonato desse ano um Vettel cada vez mais maduro e sereno, as provas desse ano inclusive as onde ele não teve carro para ganhar mostraram um piloto que tirou o melhor que a circunstância permitiu, caso ele mantenha essa postura a fatura está liquidada, e tem um fato curioso caso ele confirme esse tetra, dei uma olhada na tabela dos campeões desde 1950, foram 32 até agora contando o próprio Vettel, pois bem, dessa lista 27 pilotos conquistaram seu primeiro título (para quem ganhou mais de um mundial) após os 26 anos e 6 meses, que será a idade de Vettel caso ele conquiste o tetra na ultima prova desse ano, fico só imaginando com a idade chegando e ele ficando mais maduro na condução o que pode vir para os próximos anos, evidente que tem de ter um carro competitivo
    Ao contrário dele vejo um Alonso se mostrando meio irascível com a possibilidade de passar mais um ano sem conquistar o mundial, sou de opinião que a Ferrari contratou Raikkonen por ter pesado a possibilidade do asturiano deixar o time de forma intempestiva, ano que vem essa dupla terá convívio difícil, Raikkonen voltou melhor depois do sabático no Rally.
    O caso de Massa nessa altura é de pegar uma equipe sem chance de vencer, talvez possa ganhar uma prova ou outra mas o mundial não, o cenário que você levanta dele ficar uns dois anos num time médio e voltar por um time mais forte eu acho pouco provável que no caso dele isso funcione, a Fórmula 1 tem baixado a idade média dos últimos campeões ou pilotos que vão para os times fortes e no caso, Massa tem a idade de Alonso e Ralkkonen que podem ter certeza na hora que pararem vão ser substituídos por pilotos mais novos, e não me parece que para os próximos dois anos tanto Sauber quanto Lotus façam carros campeões.
    Vamos torcer para termos boas corridas nessa reta final, e esperar ter esperança que 2014 seja mais competitivo para ao menos nós torcedores termos maiores disputas
    abraços e bom GP para todos
    Mário

    • flaviz disse:

      Salustiano,
      Concordo contigo na relação de Massa com a possibilidade de conquista de títulos.
      Outro fator importante, ninguém sabe o que será do carro da Lotus em 2014. Ela pode ser a nova Williams, vencedora de corridas em um ano e rabeira do pelotão no outro. O dinheiro acabou e os bons engenheiros já estão acertados com outros times.

      Abraços

  3. Fernando MArques disse:

    Flavis,

    tem uma coisa que eu não entendo … e de repente pode ser até influencia do dinheiro estupido … como pode o Felipe Massa ter ficado amigo do Fernando Alonso e sabe o por que? … Em 2008, em Cingapura, por causa daquele “acidente do Nelsinho” para beneficiar o Fernando Alonso (que venceu a corrida), o Felipe Massa perdeu o campeonato por causa daquela lambança da equipe Ferrrari no seu pit stop que não teria ocorrido caso não tivesse tido tal acidente … o Nelsinho saiu da Formula 1 como vilão da historia e nada aconteceu com o Alonso … tudo aquilo aconteceu para beneficiar o Alonso … e o Massa vira amiguinho do cara … e até hoje não deve nem falar com o Nelsinho, pelo visto o mal carater da historia … interessante né? …

    GP de Cingapura – a partir daqui vou torcer pelo Felipe Massa ao menos conseguir uma vitoria neste seu fim de Ferrari para ver se salva a temporada de Formula 1 para os brasileiros em 2014 …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

    • Mauro Santana disse:

      Concordo contigo Fernando, e por algumas vezes me fiz essa pergunta.

      Só pode ser dinheiro estupido.

      Abraço!

      Mauro Santana
      Curitiba-PR

      • Fernando Marques disse:

        Veja bem Mauro depender do Alonso para ser campeão mundial não foi um bom negocio para o Massa …

        Fernando Marques

    • flaviz disse:

      Marques,
      Daquele acidente/incidente eu não entendo absolutamente nada dos desdobramentos.
      Inclusive não entendo que coloca Nelsinho no papel de vítima e vibra com o reencontro dele no esporte motorizado americano. Eu adoro a NASCAR (podem jogar pedras, rs) mas nunca torci por ele, ele escolheu um caminho na F1 que não combina com o esporte.

    • Lucas dos Santos disse:

      Hoje a TV britânica Sky Sports reprisou o GP de Cingapura de 2008 e eu fiz questão de assistir. Impressionante como deu certinho a estratégia da Renault em cima da manobra do Piquet Jr. O mais irônico foi que essa estratégia só funcionou por conta daquela regra que existia na época – não sei com qual propósito – em que os boxes fechavam com a entrada do Safety Car. Mesmo tendo sido ilegal, eu fiquei impressionado com a capacidade do pessoal que bolou esse plano com toda essa perfeição. Os caras pensaram em tudo!

      Vale notar que esse plano prejudicou a corrida de outros pilotos além do Massa. Kubica, por exemplo, estava com pouca gasolina no tanque exatamente quando o Safety Car entrou e o Pit lane estava fechado. Como resultado, teve de fazer a parada para reabastecimento assim mesmo para não ficar a pé e tomou um Stop & Go de 10 segundos como punição. O mesmo ocorreu com Rosberg, que também precisou parar antes do pit lane abrir. Por fim, deu uma bela “embaralhada” nas posições.

      Já Fernando Alonso, por parar antes da entrada do Safety Car, ganhou nada menos que 14(!) posições e venceu a corrida. Coulthard e Webber também conseguiram parar antes da entrada do carro de segurança, mas não conseguiram acompanhar Alonso. Para piorar, Webber abandonou com problemas no câmbio e Coulthard terminou a corrida com problemas de superaquecimento nos freios – e ainda teve problemas em uma das paradas durante o reabastecimento, perdendo muito tempo e posições.

      Legal mesmo foi a explicação de Nelsinho para a repórter da iTV: “Havia muitas ondulações na pista e a traseira do carro pulou mais do que eu esperava”!

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