Maturidade

Carreras…
07/12/2012
O que será de nós?
12/12/2012

Meu último texto de 2012 terá um enfoque diferente: o dedico ao público do GPTotal.

Neste meu último texto do ano, resolvi deixar de lado as tradicionais retrospectivas automobilísticas. Nada de listas de Top Ten ou de justificar vitórias e derrotas de piloto X ou equipe Y, tampouco vou tecer comentários sobre Massa e Senna – ou talvez a Barrichello. Dedico as últimas linhas de 2012 a um assunto diferente. Dedico ao público do GPTotal.

Chamou muito minha atenção a maneira como os leitores amigos comentaram minha coluna anterior, sobre o GP do Brasil, acerca da polêmica envolvendo uma suposta ultrapassagem de Vettel sob bandeira amarela. A maneira ponderada, gentil, baseada em fatos e evidências, excluindo achismos e especulações, é uma prova inconteste da maturidade dos nossos leitores, que entendem a proposta e o espírito do site.

Esse mesmo comportamento se repetiu nos últimos textos de todos os colegas do site. Mesmo nos momentos de discordância, há um discernimento e um respeito muito grande com a opinião alheia. Não é todo veículo que pode se gabar de trabalhar com um público desses. Não é preciso navegar muito para ler boçalidades diversas entre leitores de outros sites ou blogs, de automobilismo ou não, e trocas gratuitas de ofensas pelo simples fato de não concordarem uns com os outros.

Muito antes de ser colunista, tarefa que honradamente desempenho desde o fim de 2008, sou leitor assíduo do GPTotal desde o começo de 2003. Conheci o site em meu primeiro ano de graduação, e logo descobri o que era, de fato, crítica automobilística séria, contextualizada e aprofundada. Tornou-se, rapidamente, meu veículo de referência, status que continua vigente.

O site começou em agosto de 2001 como uma simples “troca de cartas” pública entre Eduardo Correa, a quem carinhosamente trato como Chefe, e Luiz Alberto Pandini. Mudou bastante até chegar ao atual formato, exatamente uma década depois, em agosto de 2011, em obra assinada pelo nosso colega colunista Flaviz Guerra, outro que entra para o rol dos amigos. Nesse período, muita gente boa gentilmente compartilhou seu conhecimento do esporte a motor, com total liberdade editorial.

Por sinal, está aí aquela que considero a principal palavra dentro do GPTotal: compartilhar. Estamos aqui para compartilhar conhecimento. Estudamos, analisamos, procuramos coisas novas, diferentes, desenterramos umas boas histórias antigas, desenferrujamos memórias antigas, fazemos releituras e análises e os leitores também contribuem. Isso é pra lá de saudável. Todos saem ganhando.

A seção Friends surgiu em março de 2002 com um texto do sempre competente Wagner Gonzalez, o famoso Beegola, e vários outros nomes vieram em seguida, como Bob Sharp e nosso projetista favorito, Ricardo Divila, entre outros feras. Entre os friends que, após um tempo de afastamento, voltaram e fazem parte do atual staff, estão Manuel Blanco e Alessandra Alves – sempre um prazer ler os dois.

Os leitores passaram a ter voz na seção Cartas, aberta justamente no famigerado GP da Áustria de 2002. Curiosamente, o primeiro a mandar carta foi um leitor chamado Marcel Taques Pilatti, de Curitiba. Hoje, além de colunista, Marcel é um grande amigo, daquele tipo do qual se troca emails diariamente. Carlos Chiesa também foi leitor de primeira hora que virou colunista, assim como meu querido irmão Márcio Madeira, que também começou nas cartas, para tempos depois escrever no Friends e com quem dividi a incrível experiência de criar o site Última Volta.

Nos anos seguintes do GPTotal, ao mesmo tempo em que tínhamos colunas e colunistas sensacionais, a liberdade editorial dada acirrou o ânimo e as paixões dos leitores. Muita abobrinha foi dita, com direito a réplicas e tréplicas recheadas de parvoíces, especialmente na estéril rivalidade entre piquetistas e sennistas, assunto que foi debatido pelo Márcio – como ele, compartilho a opinião de que a frase “Piquet OU Senna” não faz sentido, e que a frase deve ser “Piquet E Senna”. Os dois eram bons pra cacete. Por que não admirar ambos? Desde quando é lógico precisar “optar” por um ou por outro?

Entre boas tiradas, de leitores com espírito esportivo, havia leitores que insistiam em cavar polêmicas onde não havia nenhuma, ou até mesmo pegar colunistas para cristo, cutucando até o limite da paciência. Alguns leitores, dentro desse clima chato, chegaram até a parar de acompanhar o site. Mas valeu a pena insistir na liberdade aos leitores. Aos poucos, a referida maturidade se fez presente. Ainda há uma ou outra manifestação fora da linha, mas felizmente são raras exceções, e não a regra.

No atual formato do GPTotal, leitores continuam a ter total liberdade, sem moderador, para comentar nossas colunas. E essa importante ferramenta continuará assim. Hoje há total compreensão de que elogiamos quem deve ser elogiado, criticamos quem deve ser criticado, e não gostamos de certos “ismos” perigosos, como “achismos”, “pachequismos”, como também desconfiamos de especulações, generalizações, pseudo-polêmicas e pseudo-notícias – aqueles balões de ensaio que vez ou outra saem na mídia, e são publicados como “verdades incontestes”.

[Quantas vezes lemos durante o ano em noticiários suspeitos que Massa estava fora da Ferrari e Vettel já tinha assinado com a escuderia? E quais desses veículos tiveram a decência de pedir desculpas pela desinformação? Respondo sem errar: nenhum.]

Dentro desse clima gostoso atingido pelo GPTo, quando há alguma correção a ser feita (afinal, só de F1 são quase 900 corridas e 700 pilotos…), tudo é feito de maneira construtiva, não na base do “você está errado e eu sou o bonzão que entende mais do que você”. Não há competição, todos compartilham conhecimento. Compartilhar. Essa realmente é a palavra.

Cada colunista tem uma opinião, e cada um assina o próprio texto, como prova documental que defende, ou propõe, um determinado ponto de vista. Isso é feito com argumentos aprofundados e contextualizados, recheados de fatos e evidências, tal como um cientista propõe uma teoria ou defende uma tese.

Ao mesmo tempo em que lançamos o atual layout do site, começamos a publicar material na nossa página de Facebook. A tão conhecida rede social, com suas ferramentas de curtir, compartilhar e responder, nos trouxe um novo público, ainda mais próximo e interativo. E também nos ofereceu novas maneiras de publicar coisas sobre o esporte a motor, como aniversários de corridas e pilotos, fotos curiosas ou lendárias, youtubes, entre outros materiais.

No referido primeiro mês de funcionamento, agosto de 2011, tínhamos menos de 50 pessoas que curtiam a página. Chegamos a 500 amigos neste último 19 de novembro, ocasião em que publicamos uma arte especial comemorativa. Com anúncios na rede e trabalhando para deixar a página cada vez mais atraente, às vésperas do GP do Brasil, vivenciamos uma explosão de novos amigos. Logo trocamos a arte dos 500 amigos pela de 600. E então pela de 700, 800, 1000 (duplicamos em pouco mais de uma semana!) e chegamos ao atual patamar, acima de 1300. Tudo isso em menos de trinta dias. Vocês não imaginam o quanto todos os envolvidos ficaram contentes.

E o mais legal é que o público novo, que acabou de chegar ao Facebook, já sacou que o clima do GPTotal é de pura cordialidade. Parece que só Bernie Ecclestone não saca a importância da internet para a Fórmula 1 (meu irmão Guilherme Giavoni acaba de e informar que o canal oficial da NBA no youtube atingiu a marca de UM BILHÃO de visualizações). Essa arrogância do velho cartola em querer manter tudo sob rédea curta e ver a internet como ameaça, e não como oportunidade de aproximar e cativar fãs, por sinal, foi o assunto do meu primeiro texto do ano, o “Para quarentões?”. Como se vê, a história é linear, mas os assuntos por vezes são cíclicos.

Tocamos em frente o GPTotal como prova do nosso amor e entusiasmo pelo automobilismo e pelo compromisso com o leitor. Não gosto de usar a palavra “paixão”, porque esta denota emoção acima da razão, cegueira, deslumbramento. Amamos o esporte a motor, e amar é saber de todos os defeitos e poder apontá-los, como maneira de querer ainda melhor e mais bonito aquilo que nos move e nos desperta afeto. Sem dúvida, dá gosto escrever sobre o esporte a motor. Especialmente para um público maduro.

A todos da Família GPTotal um ótimo natal e feliz 2013!

Lucas Giavoni
Lucas Giavoni
Mestre em Comunicação e Cultura, é jornalista e pesquisador acadêmico do esporte a motor. É entusiasta da Era Turbo da F1, da Indy 500 e de Le Mans.

7 Comments

  1. Victor dos Santos Rossi disse:

    Caro Lucas,

    Tenho 33 anos e acompanho a Fórmula 1 desde muito pequeno, quando tinha uns cinco anos. A partir de 1988, passei a assistir as corridas que passam de madrugada e a 1ª foi o GP do Japão de 1988! Meu pai acordava a gente (eu e meu irmão). Com o passar dos anos, passei a acompanhar outras categorias do automobilismo, a motovelocidade.

    Já fiz algumas loucuras (rsrsrs) para assistir treinos e corridas. Quando cursei agronomia, pela UFES, atuava em uma ONG que prestava serviços voluntários a comunidades rurais de agricultores familiares e, geralmente, as atividades eram aos sábados e domingos, pela manhã! Então, quando não tinha jeito, pedia para meus colegas de alojamento gravarem os treinos e as corridas nas fitas VHS e as assistia depois.

    Por acaso, conheci o GP Total e entre 2006/2007. Não me lembro o Última Volta foi na mesma época ou um pouco depois. Deste então, acesso-os praticamente todos os dias.

    Atualmente, moro em Brasília. Neste ano, pela primeira vez, fui ao autódromo Nelson Piquet e assisti a uma corrida oficial: a STOCK CAR. Formidável!!!

    Só tenho a agradecer ao GP Total. Parabéns a você, Marcel, Márcio, Manuel, Eduardo, Carlos, Alessandra, Roberto, Flaviz, Tiago e aos colunistas de outrora. Muito obrigado por terem ampliado, e muito, meus conhecimentos e o meu amor sobre o automobilismo, especialmente a Fórmula 1.

    Vida longa ao GP Total.

    OBS: Acabei de ler sua coluna. Estou lendo aquelas que não pude acompanhar entre o final de 2012 e o 1º semestre deste ano. Meu trabalho estava me sufocando.

    Abraços,

    Victor dos Santos Rossi
    Brasília/DF.

  2. Fernando marques disse:

    Lucas,

    muito legal este seu texto … que define bem o que é o GP Total … compartilhar e acima de tudo interagir …
    Não guardo datas, acho que frequento diariamente o site desde 2003 ou 2004, e por gostar muito de automobilismo num todo achei um espaço super legal para também expor a minha opinião de leigo … o interessante que parei no GP Total por acaso pois nem sabia de sua existencia … e em 2006 (eu acho) ganhei o Anuario da Formula 1 2005 por ter acertado quem chegaria em 6º lugar no GP de Monaco daquele ano … aposttei no Cristiano da Matta e me dei bem … ou seja tenho muitos motivos para me sentir bem aqui …
    Acho muito legal nós como leitores interagir assim como voces que fazem o site tão bom interagir com a gente também … para mim este é o grande segredo do sucesso do GP Total.
    Por isso desejo sempre e todos os anos vida longa ao site.
    Já pedi algumas vezes e vou pedir mais uma vez para ver as fotos do Puma do Roberto Agresti … simplesmente adoro …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  3. Fernando Luchesi disse:

    Sou “amante” da F1 acredito que, desde que nasci.
    Acompanho o GPto desde 2002, quando, sem querer descobri este maravilhoso canal de comunicação e entretenimento (sim, para mim ler as colunas e cartas, é a maior diversão e faz parte do meu dia-a-dia!) exclusivo para os loucos por automobilismo.
    Agradeço a todos por tudo o que postaram e compartilharam nestes 10 anos!
    Obrigado.

  4. Mário Salustiano disse:

    olá Lucas,
    meu amigo esse seu texto sublinha muito bem o ano de 2012, para os leitores e para o site, sim essa relação assumidamente independente e com total liberdade de expressão faz do GP Total um artigo diferenciado no meio onde quase todos estão contaminados pelo formato de arrecadar dinheiro, e para isso as favas com o bom debate e cheios de noticias especulativas. Acompanho o site desde 2002, escrevi muito pouco mas observei e frequentei muito, e sim esse clima de cordialidade e liberdade sempre me deixaram com essa vontade de dar uma passadinha por aqui, para ver o que rolava no meio do automobilismo. O compartilhar conhecimento, opinião, sem interesses também faz daqui um lugar para irmãos não co-sanguineos que a vida nos traz, afinal apenas irmãos e muito bons amigos compartilham algo sem querer nada em troca, de uma certa forma ao longo de 2012 foi perceptível essa maturidade que a familia GP Total chegou, e isso me estimulou a estar mais presente, afinal maturidade é algo que vem aos poucos e não de forma brusca, então esse processo de maturação começou bem antes de 2012 e aos poucos foi tomando corpo. Que em 2013 esse trabalho de voces continue a alimentar essa maturidade e espero poder junto com os amigos leitores continuar por aqui a acompanhar e compartilhar com essa tão estimada familia.
    Um ponto sobre Bernie, sim ele sem dúvida subestima muitas coisas que poderiam tornar a F1 mais próxima do publico,inclusive sendo o espetáculo que ele quer mas sem abrir mão de ser um esporte como nós queremos, mas eu tenho a opinião que ele chegou a um ponto tal na sua arrogância, que provavelmente ele acha que ninguém pode substitui-lo e que nenhuma opinião é melhor que a dele, as vezes acredito que nem é mais apenas o interesse comercial em arrecadar mais dinheiro que move essa forma arrogante dele em administrar, acho que a empafía já dominou a personalidade dele, tal qual uma doença senil domina uma pessoa, temo pelo futuro da categoria, pois nesse meio tempo ele se cercou de abutres que ,esses sim só pensam em dinheiro.
    Um bom final de ano a todos gepetos, que o Natal traga renovações e muita paz e saúde a todos, e vamos torcer para 2013 ser bem melhor para nós e para o esporte.
    abraços!!
    Mário

  5. E meu blog foi claramente inspirado pelas ‘cartas’ que eu escrevia aqui…

  6. Mauro Santana disse:

    Grande Texto amigo Lucas!

    Lembro até hoje da minha primeira pergunta que fiz ao site que foi em 2003.

    Nesta época eu trabalhava na Renault aqui de São José dos Pinhais, e ai rolou uma discussão no meu setor com alguns afirmando que o Piquet estava dirigindo o carro em que Frank Williams sofreu o acidente que lhe deixou numa cadeira de rodas, e eu afirmando que Piquet não estava.

    Aí, vasculhando na Internet descobri o GPTotal, e fiz a pergunta que alguns dias depois foi gentilmente respondida pelo Eduardo Correa, informando que Piquet estava num carro que vinha logo atrás.

    Pronto, de lá para cá, não fecho o meu dia sem dar uma passadinha no Site.

    Parabéns a todos!!!!

    Grande abraço!!!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  7. Renato disse:

    Bonito… Parabéns!

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