Meio de Campo

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Hungria chega como a corrida do meio do campo de uma temporada ainda completamente aberta.

Chegamos ao meio do certame do mundial de Fórmula 1. Nesse fim de semana olharemos para trás e teremos deixado para trás 9 provas, olharemos para frente e teremos ainda 9 provas para conhecer o campeão de 2013.

O fim de semana também marca o início das férias de verão. São 4 semana sem atividades, até a última semana de Agosto com a corrida na mítica Spa. Esse intervalo garante um “sprint” no campeonato: serão 9 corridas em 14 semanas.

No meio de campo do ano, não temos nada definido. Não temos um campeão para apontar, não temos uma equipe dominante, não sabemos nem os pneus do ano que vem! Rigorosamente, hoje, véspera do GP da Hungria, com os 250 pontos das próximas 10 vitórias em jogo, até Giedo van der Garde pode, matematicamente, ser campeão!

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O circuito da Hungria não promete, em teoria, as corridas mais emocionantes da temporada. É mais ou menos um gigantesco jogo de xadrez. Estratégias de paradas, posição de pista, constância. É uma daquelas corridas onde é bom você acompanhar com o “Live Timming” da Formula 1 aberto, entender o ritmo de cada um e tentar montar a estratégia na cabeça. É uma corrida mais cerebral do que de velocidade pura. As corridas nunca foram geniais, mas sempre apresentaram alguns lances de genialidade.

Quantas vezes vamos ter lembrar Senna x Piquet ou a primeira volta de Alonso em 2006 que ainda terminou com a magnífica vitória da Honda com Button?

httpv://www.youtube.com/watch?v=clMEGmuKoFM

Para melhorar o cenário, está previsto uma calor nunca visto antes na história da F1. Algo perto dos 42º C encontrados no ar de Bahrein em 2005. Não deve matar ninguém, mas tem gente coçando a cabeça quando olha para os pneus.

Não custa lembrar (apesar de todos estarem carecas de saber) que os pneus da Hungria são novinhos. É uma mistura da construção de 2012 com os compostos de 2013. Inéditos em corrida, foram testados na semana passada em Silverstone. Todo mundo conseguiu comparar seus dados da corrida anterior com os dados do teste. Mas ninguém sabe como se comportarão em condições de calor extremo.

A pista não é uma devoradora de pneus. Não tem freadas absurdamente fortes depois de longas retas. Não tem curvas rápidas de raio muito longo. Mas o calor preocupa. A boa notícia é que os novos pneus se mostraram mais constantes em longos “stints” e os pilotos aprovaram a questão de “segurança”. Isso deve trazer mudanças na estratégias e algumas surpresas.

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Pra facilitar a vida da turma, duas zonas de DRS. A reta principal e mais um trechinho entre as curvas 1 e 2.  A zona de detecção é única, antes de entrar na reta principal.

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Na semana passada todas as equipes treinaram em Silverstone, menos a Mercedes. Todo mundo aprovou os novos compostos e a Mercedes recebeu os dados da Pirelli para se entender com os pneus. Claramente a equipe prateada começa o treino de sexta um passinho atrás da turma que treinou. Pra piorar, o emotivo Hamilton terminou o relacionamento com a namorada e já disse que isso atrapalha sua condução. Podem conseguir uma corrida como Mônaco? Largar na frente e segurar todo mundo é possível mas uma pouco mais complicado que em Mônaco.

A turma da RedBull gostou dos novos pneus e liderou os testes com Vettel e o simpático Ricciardo. O carro tem atualizações para essa corrida, nada muito vistoso mas trabalharam muito na melhoria do efeito coanda do escapamento.

Alonso vem pra corrida acreditando que o grande pacote de atualizações da Ferrari vai funcionar. Vale ficar atento no carro vermelho e suas alterações de sexta para sábado. Muita coisa vai ser testada. Em Silverstone teve asa dianteira nova, laterais, bico, assoalho e escapamentos redesenhados. Tudo isso será testado novamente na sexta para colher resultados específicos para a pista da Hungria. É a última cartada dos vermelhos. Eles tem que ir para as férias com algum sinal de melhora do cenário na luta pelo título. Massa continua em mais um ciclo “não-ligo-pro-que-dizem-vou-sair-dessa-como-sempre-to-nem-aí” que fica no limite da sinceridade/honestidade com a arrogância. Até ameaçou deixar a F1 se sair da Ferrari e não achar um carro competitivo. Não fará falta, acredite.

E a Lotus está com sua grande chance na temporada. É a hora de se firmar no pelotão da frente, na briga por vitórias. A chance é grande por conta do calor e da sua adaptabilidade as condições que se apresentam na pista da Hungria. Raikkonen precisa lutar constantemente por vitórias, só regularidade não lhe garante o título.

Na turma do miolão, espera-se um grande duelo entre Toro Rosso e Force India, duas equipes que cresceram muito no desenvolvimento dos carros e que vão lutar constantemente pelo TOP 10. Sim, aqui na turma do “deus-me-livre” tem a super-poderosa McLaren. Cartas na mesa, abandona 2013 e vai pensar em fazer um carro bonitinho para 2014. Seria de bom tom terminar o campeonato em 5º, mas precisa descontar 10 pontos para a Force India que vive um momento melhor. Não é complicado reverter isso, mas não pode vacilar.

Na bacia das almas, Williams, Catherham e Marussia, por favor, só pensem no carro de 2014. Esse ano já está uma vergonha e não faz mas sentido desenvolver os projetos completamente errados. Lembrem: a Williams tentou desenvolver um carro mediano do ano passado, a Catherham partiu para o novo e esmerado e a Marussia para seu primeiro modelo com túnel de vento de verdade. Nenhuma acertou o caminho.

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Deixei a Sauber de fora. Sim. Perdeu o bonde esse ano por uma série de motivos. Seu engenheiro mágico se mudou e não tinha um tostão furado para correr a temporada toda. Quanto mais pra desenvolver o carro. Muito se disse da “venda” repentina e salvadora para os Russos. Muitos veículos da mídia surpresos com os problemas financeiros anunciados repentinamente. Mas a realidade é outra.

Há relatos na mídia estrangeira que esse acordo com os russos vem sendo costurado desde Barcelona. Monisha Kaltenborn já foi indagada diversas vezes de suas viagens constantes para a Rússia e até Peter Sauber já havia dito que faria exatamente o que era necessário para se manter na F1. São 40 anos de atividades no automobilismo, o bom negociante Peter saberia o que fazer.

A Sauber vai honrar todos os seus débitos e vai ter dinheiro para desenvolver o carro de 2014. A parceria com os centros de tecnologia russos podem trazer troca de experiencias proveitosas para o time que já tem o, dito, melhor túnel de vento da categoria. Há um preço, desenvolver um piloto de 17 anos. Mas Peter Sauber sabe como lidar com novatos e sua equipe se vale disso.

O acordo não envolve a venda da Sauber. É parceria e patrocínio. Monisha Kaltenborn era advogada da Sauber e não faria um acordo que não fosse benéfico para equipe. Além de boa advogada ela detêm 33% das ações da equipe. Se ela fechou o acordo, somos nós que vamos duvidar do bem que pode fazer pra equipe?

Preocupações de lado, é muito bom ter a Sauber garantida no grid. Já andou com motores Mercedes, BMW e Ferrari, já promoveu Raikkonen e iniciou a carreira de Massa. Nos trouxe Kubica. Deu uma chance para Vettel. Tem espaço reservado na história da F1!

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Informações da Pista

Circuito: Hungaroring
Voltas: 70
Comprimento: 4.381 km
Distância: 306.630 km
Recorde da Pista:
1:19.071 – M Schumacher (2004)

Programação

Sexta-Feira
5h – 1º treino livre
9h – 2º treino livre

Sábado
6h – 3º treino livre
9h – Classificação

Domingo
9h – Corrida

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Não se perca, a corrida vai ser transmitida pelo SporTV, somente. Temos a visita franciscana do Papa na Globo durante todo o domingo.

Pode não ser o circuito mais emocionante da categoria, mas é uma prova fundamental nos rumos do meio do campo desse campeonato prestes a entrar nas férias de verão!

Bom fim de semana e boa corrida!

Abraços
Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

14 Comments

  1. Lucas disse:

    Eu já acho pouco provável dar algo diferente de um tetracampeonato de Vettel. Antes das mudanças dos pneus, as únicas ameaças à Red Bull eram Alonso e Kimi (nem vale a pena falar “Lotus e Ferrari” porque claramente é muito mais questão de piloto que de carro – se Massa e Grosjean somassem seus pontos ainda assim haveria quatro pilotos à frente deles no campeonato). Além disso, a única vantagem que Ferrari e Lotus pareciam ter era gerenciar bem os pneus mais frágeis – com os novos, acabou-se o que era doce para eles, e pra piorar a situação, nenhuma das duas parece ter feito grandes avanços no desenvolvimento do carro pelo que vimos na Hungria.

    Por outro lado, a Mercedes ganhou muito com a mudança nos pneus, que eram o ponto fraco deles. Tenho minhas dúvidas se há tempo suficiente pro Hamilton disputar o título, já que o carro da Red Bull é no mínimo bom em qualquer pista. Mas se a Mercedes se confirmasse como melhor carro daqui até o fim do ano, seria um bocado interessante, pois veríamos, em posições invertidas, o que aconteceu em 2009, quando após o início avassalador da Brawn, na segunda metade do ano era a Red Bull que tinha o melhor carro do grid e Vettel tentou alcançar Button.

    • Flaviz disse:

      Eu torço mesmo para que Hamilton tenha um carro no mínimo em condições de igualdade com a Red Bull para o resto da temporada. Seria bonito de ver mais algumas ultrapassagens como as que ele fez na Hungria!

  2. Lucas dos Santos disse:

    É interessante como apesar de ainda estarmos no “meio de campo”, como diz o título da coluna, sempre quando a temporada chega nos GPs da Hungria, Spa e Monza eu fico com a sensação de “fim de temporada”. Ainda não me acostumei com a adição de vários GPs após a fase europeia.
    .
    Quanto à possibilidade de não haver nenhum piloto brasileiro no grid de 2014, tenho uma certa curiosidade do que ocorreria com as transmissões da TV aberta: tentariam melhorá-las em algo a fim de manter a audiência? Cancelariam o contrato e se focariam em outras categorias? Deixariam o automobilismo totalmente de lado? Confesso que às vezes acho que isso poderia ser útil de alguma forma e poderia renovar a maneira como o automobilismo e a Fórmula 1 em geral são vistos atualmente por aqui. Algo como “zerar e começar tudo de novo”.

    • Fernando Marques disse:

      Lucas,

      em 1981 a Globo não acreditou em Nelson Piquet e não transmitiu seu primeiro titulo … imagina agora …

      Fernando Marques
      Niterói RJ

      • Mario Salustiano disse:

        Fernando

        a Globo não transmitiu o campeonato de 80,esse campeontato ficou a cargo da Bandeirantes, no ano anterior 79 poucas foram as provas passadas ao vivo e houve uma queda muito acentuada da audiência, ninguém em sã consciência apostaria no inicio de 80 na possibilidade de Piquet disputar o título e com a imposição de Bernie Ecclstone da obrigatoriedade de transmissão de todas as provas ao vivo(o que ocorreu em 80, inclusive passando EUA mesmo com o campeonato já decidido) a Globo não renovou, quem puxar pela memória vai lembrar que a primeira prova de 81 na Africa do Sul foi passada pela Bandeirantes, a partir do Brasil o restante do campeonato de 81 foi transmitido pela Globo
        abrs
        Mário

        • Fernando MArques disse:

          Mario,

          voce está certo … quando toco neste assunto sempre me confundo …

          Fernando Marques

    • Flaviz disse:

      Eu acredito que o caminho seria a TV paga.

      • Mauro Santana disse:

        Pois é, vamos ver o que a Globo vai fazer, pois hoje do jeito que o Massa esta é como se já não tivéssemos uma brasileiro na F1, pois o cara só aparece para dar entrevistas antes da prova e explicar os seus problemas após a prova.

        Também concordo com você Flaviz, e quando o campeonato chega a Suzuka, fica aquela sensação de decisão de título e final de temporada.

        Abraço!

  3. Mauro Santana disse:

    2014 será o primeiro ano desde 1970 que o Brasil não terá nenhum piloto na F1.

    Espero estar errado!

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

  4. Fernando Marques disse:

    Acho que foi dito tudo acima …
    Mantenho a minha torcida pelo Raikkonen.
    Continuo achando que a Ferrari estagnou.
    Que possivelmente Vettel/RBR vão faturar o titulo este ano.
    Que o Massa se não renovar com a Ferrari, se despede da Formula 1 este ano.
    E que a partir de 2014 restará apenas a esperança de quem sabe poder ver o Felipe Nash nos representando na Formula 1.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

    • Lucas dos Santos disse:

      Felipe Nasr na Fórmula 1? Sei não. Acho meio cedo. É melhor ele ficar pelo menos mais uma temporada na GP2 para ganhar mais experiência.
      .
      Do contrário, pode se tornar mais um “Max Chilton” da vida, que em 2012 fez uma temporada consistente na GP2 e até venceu corridas, mas hoje, na F1, é amplamente superado pelo companheiro de equipe.

      • Flaviz disse:

        Lucas, também concordo com você. Não dá pra apressar demais o garoto.

        • Fernando MArques disse:

          O que não da mais é para torcer para o MAssa … assim sendo o Felipe é a nossa unica esperança

          Fernando Marques

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