Novo xerife no Texas

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AUSTIN, TEXAS - OCTOBER 23: Pole position qualifier Max Verstappen of Netherlands and Red Bull Racing celebrates in parc ferme during qualifying ahead of the F1 Grand Prix of USA at Circuit of The Americas on October 23, 2021 in Austin, Texas. (Photo by Mark Thompson/Getty Images) // Getty Images / Red Bull Content Pool // SI202110240073 // Usage for editorial use only //

Olá, amigos!

Neste fim de semana tivemos a décima sétima corrida do campeonato, o GP dos Estados Unidos, no calor do Texas. Historicamente, o favoritismo da Mercedes parecia bem óbvio e até esperado, dado a longas retas e curvas de alta velocidade do traçado norte-americano. Nas últimas seis corridas disputadas nesta pista, a vitória foi do time das flechas prateadas por cinco vezes, perdendo apenas para a Ferrari de Kimi Raikkonen em 2018, a última vitória do finlandês, até o momento. Hamilton venceu cinco vezes no Circuit of the Americas, uma vez com a McLaren e outras quatro com a Mercedes.

O primeiro treino dava a impressão de que seria mais um passeio do time de Toto Wolff. Bottas colocou quase um segundo no terceiro colocado, Max Verstappen. Logo de cara, Christian Horner, dirigente da Red Bull, apontou que a Mercedes estava usando um tipo de dispositivo que fazia com que a traseira do carro de Hamilton e Bottas abaixasse durante as retas, permitindo uma velocidade maior dos carros da equipe rival. Esse movimento foi observado no GP da Turquia, mas com a longa reta da pista do Texas, a vantagem seria maior.

O segundo treino do fim de semana trouxe uma classificação que fez as pessoas coçarem suas cabeças. Perez, que andou bem durante todo o fim de semana, foi o mais rápido, seguido de Lando Norris e Hamilton. Ainda sim a vantagem parecia pender para o time dos carros de Hamilton e Bottas. No terceiro treino livre parecia que Hamilton e Bottas estavam mais preocupados em ajustar seu ritmo de corrida, e novamente Perez ficou com o primeiro posto, para alegria dos torcedores mexicanos que lotavam as arquibancadas. Aproveitando o assunto, é inegável o sucesso de público que se fez presente durante o fim de semana. A transmissão mostrou uma ocupação de quatrocentas mil pessoas nos três dias de evento. Por onde a câmera transitava, se via gente.

Chegamos ao qualify e a surpresa inicial foi a eliminação de Lance Stroll logo no Q1. O piloto foi um dos primeiros a ir para a pista, mas não conseguiu desenvolver uma boa velocidade. No Q2 tivemos basicamente os carros esperados, mas o ponto baixo ficou por conta da Alpine que não conseguiu levar nenhum de seus dois carros para a última fase do treino. Alonso, que trocaria o motor e largaria no fim do grid, fez o papel de escudeiro para Ocon, ajudando o companheiro ao dar o vácuo na reta. Não serviu para nem um, nem outro. Ocon ficou em décimo primeiro. Para mim, a surpresa foi a classificação do contestado Yuki Tsunoda, que é um saco de pancadas para seu companheiro de time, o ótimo Pierre Gasly.

Na última sessão do treino, esperava-se uma pole tranquila de Hamilton ou ainda de Bottas, que também teria uma punição por troca de componentes de seu motor. O que se viu de fato foi uma Red Bull ultra veloz, com Max Verstappen partindo da pole, relegando Hamilton ao segundo lugar. Perez fez um excelente treino e colocou sua Red Bull na terceira posição, muito perto de Hamilton e sua nem tão poderosa Mercedes. Bottas colocou seu carro em quarto, mas não largaria dessa posição, dada a já citada punição. A Ferrari mostrou superioridade em relação a seus competidores diretos, os carros da McLaren, e colocou os dois carros dentro do Top5. Ricciardo foi bastante superior a Norris, que fez um fim de semana bem apagado.
Pierre Gasly e Tsunoda fecharam os dez primeiros.

Após os treinos classificatórios tivemos um momento que vale o registro, especialmente para quem acompanha minhas colunas sobre a NASCAR. Daniel Ricciardo fez algumas voltas, e zerinhos, com o icônico carro número 3 amarelo e azul de Dale Earnhardt Sr. Explicando a história, o carro é do CEO da McLaren, Zak Brown, que fez uma aposta com o piloto quando o contratou. Sabendo que Ricciardo é fã do lendário piloto americano Dale Sr., Zak prometeu que deixaria seu novo piloto dirigir o carro de Earnhardt se ele conseguisse um pódio ainda esse ano. Os amigos devem se lembrar que Ricciardo não só conquistou o pódio como venceu a prova de Monza, na Itália.

O cenário escolhido para pagar a promessa não poderia ser melhor senão o país onde Dale Sr. fez sua fama. Ricciardo parecia um menino que ganhou um doce. O sorriso sempre presente, mesmo acelerando o carro em alta velocidade. A torcida também gostou bastante dessa promessa, pois relembrou as grandes vitórias de Dale com saudosismo.

Chegamos ao momento derradeiro do fim de semana, a corrida. Na largada, Hamilton surpreendentemente largou melhor e pulou na frente de Max, que chegou a ter Perez ao seu lado nas primeiras curvas. A partir daí o piloto holandês colocou pressão em Hamilton, mantendo seu carro muito próximo ao do inglês. Lewis tinha consciência que a Red Bull estava mais rápida e alertava seu engenheiro pelo rádio, “ele está mais rápido que eu”, dizia o hepta campeão. Os dois ponteiros abriram longa distância de Perez, que reportou ao fim da prova que correu toda a distância sem conseguir beber água. No calor do Texas, essa água com certeza fez falta.

A Red Bull sabia que tinha o carro melhor e aplicou o “undercut” trazendo Max para os boxes antes de Hamilton. A partir daí o piloto só precisaria dar boas voltas no retorno a pista e já iria se garantir na frente, quando Hamilton entrasse nos boxes. A Mercedes não se intimidou e manteve Hamilton na pista, apostando que o piloto inglês conseguiria tirar a diferença no braço, contando com pneus mais novos. Isso não aconteceu na primeira parada. Mas na segunda parecia que ia dar certo. Lewis se aproximou muito de Max, mas a verdade é que não tinha carro para ultrapassar.

Em uma pista onde a Mercedes era favorita, conseguiu apenas um segundo lugar com Hamilton. Bottas mal conseguia passar as Ferrari e McLarens, fechando apenas em sexto.

A superioridade da Mercedes dos anos anteriores parece ter sumido. Hoje o melhor carro é da Red Bull e Max simplesmente não comete erros. O jovem piloto é frio e preciso, sem temer Hamilton ou a Mercedes. O campeonato continua muito disputado, mas está começando a ficar óbvio que os erros de Hamilton (Baku) e da Mercedes (Turquia, entre outros) já começam a pesar. Se nas próximas pistas a vantagem da Red Bull se confirmar, Hamilton pode dar adeus às suas chances de conquistar o oitavo título. Temos um novo xerife no Texas e, aparentemente, teremos um novo campeão na F1.

Abraços,

Rafael Mansano

 

Rafael Mansano
Rafael Mansano
Viciado em F1 desde pequeno, piloto de kart amador e torcedor de pilotos excepcionais.

5 Comments

  1. Fernando marques disse:

    Márcio D,

    Dei uma opinião parecida com a sua, publiquei mas sumiu meu comentário.
    A impressão que tive é que a Mercedes parou no tempo. Levou banho da RBR na pista e nós Pit stops .
    A poeira só não foi maior porque Hamilton tirou muita coisa no braço.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  2. Mauro Santana disse:

    Rafael, essa vantagem a favor do Max poderia ser ainda maior, caso Hamilton não tivesse emulado Senna(Japão 90) no GP de Silverstone.

    Mad Max merece muito ser Campeão!

    Abraço!

    Mauro Santana

    • Rafael Mansano disse:

      Grande amigo Mauro, tenho a mesma impressão que você. Hamilton fez muito, dentro de suas possibilidades, mas está cada vez mais claro que só o trabalho dele não vai ser suficiente para bater Max e a Red Bull.

      Abraço!
      Rafael Mansano

  3. MarcioD disse:

    O minimo que a Mercedes deveria ter feito era “marcar” Verstappen, parando Hamilton logo após a parada de Max, assim a diferença não teria se tornado tão grande após a 1ª parada. Idem com relação à 2ª parada. Conta-se neste caso com erros do piloto/equipe adversários ou se tenta tirar a diferença no “braço”

    Ou numa estratégia mais ousada, já que a 1ª parada foi postergada, utilizar compostos médios e partir para o tudo ou nada. Perez estava muito distante e o 2º lugar já estava garantido. Tanto faz perder por pouco mais de 1 s ou por 25 s, o prejuízo é o mesmo, por isso era uma aposta válida.

    E a F1 vai se tornando a cada dia que passa mais um jogo de xadrez, todo baseado em estratégias e opiniões de engenheiros, do que pilotagem pura.

    Num passado mais distante, sem embasamento em estudos, falava-se que o piloto representava 20% e a equipe e carro os restantes 80%.
    Há alguns anos atrás um estudo conduzido por uma Universidade inglesa concluiu que esses números eram na verdade 15% e 85% com tendencia de diminuição do 1º ao longo do tempo. Não me admiraria se nos dias atuais me falassem que seria algo próximo de 12% ou menos.

  4. fer disse:

    Rafael,

    bela coluna … gostei do GP de EUA em Austin … foi a uma boa corrida pra ser ver e e bom o embate Verstappen x Hamilton …
    Mas uma coisa me chamou a atenção nesta corrida e não sei se o que vou falar bate com o mapa da corrida que não tenho.
    Mas foi uma situação que em muito me chamou a atenção.
    Dada a largada, Hamilton pulou na frente … até Vertappen fazer seu 1º pit stop, se não tiver enganado a diferença de Hamilton pra ele não chegou sequer a 1 segundo … Verstappen fez seu pit e voltou a 17 segundos atrás. Uma ou duas voltas depois Hamilton fez o seu e voltou a mais de 5 segundos atrás do Holandês. Diferença essa que foi mantida até que Verstappen fez seu segundo pit, voltando 17 segundo atras do Hamilton de novo. Hamilton retardou ao máximo para fazer seu 2º pit e quando fez voltou, ficou a 8 ou 9 segundos do Vertappen. Depois foi aquele fim de corrida, aquele clímax será que Hamilton chega ou não chega … chegou perto.
    Bem isso me fez entender que:
    – Que a RBR hoje tem o melhor carro da Formula 1. Se havia alguma duvida (eu mesmo tinha achando que a Mercedes tinha gorduras guardadas para queimar), esta duvida não existe mais.
    – Que como equipe na hora de fazer seu pit stop, o conjunto Verstappen/RBR está dando um banho no conjunto Hamilton/Mercedes. O pit stop da Mercedes foi horrivel em todos os sentudos. Antes do 1º pit, Vertappen estava a 1 segundo de Hamilton. Depois de ambos terem parado, Vertapenn estava 5 segundos na frente. Bota under cut nisso. No segundo a mesma coisa. Detalhe apesar de mais rápido, a volta mais rapida da corrida foi de Hamilton.

    Outro detalhe. Hamilton guiou muita coisa. Ele fez a diferença ficar menor em Austin. Verstappen ainda tem que comer muita grama pra chegar no nivel do Hamilton. E olha que o Holandês está dando show.
    A merceedes precisa não só tentar melhorar o carro, mas a equipe toda também, em se tratando de pit stop.

    A Mercedes perdeu o rumo e pelo visto vai comer poeira nestas ultimas etapas.
    Apesar da minha torcida pró 8º titulo de Hamilton, esta temporada vai ser do Vertappen.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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