O bom filho à casa torna

A volta austríaca!
20/06/2014
Para meninas
25/06/2014

O GP da Áustria de 2014 foi uma boa corrida, digna dos antigos GPs realizados na pista.

11 anos depois, a Áustria volta ao calendário da F1. Uma boa corrida – nada como a etapa do Canadá, é claro, mas uma boa prova.

A primeira notícia que li a respeito do GP, durante a semana, foi um comentário de Felipe Massa sobre o traçado: “Tem poucos caras que guiaram neste circuito, o que é uma pequena vantagem“, disse, referindo-se ao fato de ser um dos poucos pilotos (os outros são a dupla da Ferrari e Jenson Button) que chegou a competir no GP da Áustria – Massa correu lá pela Sauber, em 2002, e testou em 2003, pela Ferrari.

No começo, pareceu-me pura bravata, mas eis que a pole-position ficou com ele.

Verdade seja dita que os dois pilotos da Mercedes (Hamilton, duas vezes) e Valtteri Bottas cometeram erros em suas tentativas finais no Q3, quando podiam superar a marca de Massa. No entanto, os méritos aí são totais de Massa, pois concentração em momentos decisivos sempre foi um dos pré-requisitos de um grande piloto.

Na corrida, porém, tudo mudou, e justamente os três pilotos que falharam ao buscar a pole terminaram por formar o pódio, em posições melhores que a de Massa.

Considero um dos principais pontos negativos de Felipe Massa suas entrevistas pós-GP: sempre com risadas irônicas em meio aos comentários sobre sua performance, e sempre buscando alguma justificativa na equipe ou no equipamento.

Dessa vez, Massa elegeu sua primeira parada nos boxes como a vilã para que ele ficasse fora do pódio.

Não que não faça sentido: Massa voltou à pista logo atrás de Rosberg, e à frente de Hamilton, sendo superado pelo inglês em seguida. Mas o principal problema não foi algum “erro” da Williams, e sim uma melhor eficiência da Mercedes tanto na troca quanto na estratégia (Nico parou na volta 12, Massa na 15).

O pitstop do brasileiro foi um pouco mais lento que o de Bottas, mas creio que a favor do finlandês pesou mais sua decisão em tentativas de ultrapassagem. Além disso, na parte final da corrida Massa ficou próximo ao companheiro, sem conseguir superá-lo.

Outra declaração infeliz de Massa veio ainda antes do GP, comentando a eventual revisão da punição dada a Perez pela colisão no GP do Canadá: “o melhor que ele pode fazer é aceitar. Nós vimos outro piloto que teve muitos problemas no passado e perdeu uma prova por causa do acidente que causou em Spa, mas ele aprendeu“, disse o brasileiro, em referência a Grosjean.

Massa ainda completou a crítica a Perez dizendo que “se cometesse um erro, seria o primeiro a admitir“.

Perez conseguiu o 11º tempo nos treinos, e foi punido com as 5 posições anteriormente impostas. O mexicano fez um grande corrida, terminando na sexta posição.

Por falar em punições, Sebastian Vettel escapou de uma justamente por um “abrandamento” dos comissários: equipes e pilotos reclamaram do rigor excessivo, afirmando que sequer podem ser agressivos na pista, temendo penalidades. Assim, a colisão de Vettel e Gutierrez foi vista com outros olhos.

Caso a punição viesse, seria a famosa pá de cal no fim-de-semana do tetracampeão: sequer passou ao Q3, quase abandonou no início da corrida, ficando na última posição até abandonar de vez.

Seu companheiro Daniel Ricciardo também teve uma corrida difícil (foi apenas o oitavo colocado), mas já está 23 pontos à frente do alemão na tabela.

Em tempo: a Renault confirmou extensão do contrato com a Red Bull até 2016.

Vitória segura de Nico Rosberg, cada vez mais tranquilo na tabela de pontos – já são 29 pontos a mais que Lewis Hamilton – e mais confortável na guerra interna com o companheiro de equipe.

Hamilton tem sido consistentemente melhor nos treinos livres, mas nas classificações Rosberg parece ter uma carta a mais na manga. Seria fruto da famigerada guerra psicológica?

Na sala pré-pódio, Lewis e Nico sequer trocaram olhares.

Em quase todas as colunas da temporada, apontamos semelhanças entre o mundial de 2014 e o de 1988. No momento atual da competição, talvez a comparação mais correta seja ainda com Senna e Prost companheiros de McLaren, mas no ano posterior, 1989.

Foi numa sequência de maus resultados de Ayrton Senna (após vencer 3 GPs consecutivamente, abandonou quatro etapas seguidas, com Prost vencendo três delas) que Prost, sempre eficiente, deu o passo fundamental ao título, preparando cenário de Suzuka.

A desgraça da Ferrari continua: Fernando Alonso consegue andar mais que o carro, e obter resultados (quarto nos treinos, quinto na corrida) acima do esperado, mas longe de ser o suficiente. Kimi Räikkönen foi completamente nulo, e terminou a corrida com um pontinho pela décima posição.

Essa é a pior temporada da Scuderia em muitos anos, talvez só encontrando paralelo com período Alesi-Capelli-Berger, no início dos anos 90.

Já a Force India vai caminhando para se firmar como a quarta força do grid na temporada, brigando com a instabilíssima Red Bull.

Comentário do colega Lucas Carioli, do MotorPasión: “180 mil ingressos vendidos para o Grande Prêmio da Áustria. E tem quem acredite que o futuro da F-1 é fora da Europa“.

Perfeito! Que voltem as belas e tradicionais pistas, ainda que com traçados reduzidos ou modificados. Qualquer coisa parece melhor os kartódromos recentes…

A próxima parada da Fórmula 1 é em Silverstone, dia 06 de julho.

Boa semana a todos.

Marcel Pilatti
Marcel Pilatti
Chegou a cursar jornalismo, mas é formado em Letras. Sua primeira lembrança na F1 é o GP do Japão de 1990.

5 Comments

  1. Mário Salustiano disse:

    amigos

    Vou tomar a liberdade de copiar aqui uma parte de um artigo que acabo de ler sobre carreira e como ser protagonista de sua vida, serve para todos nós, mas no momento acho que o Massa precisaria de alguém para fazer ele refletir sobre a forma como ele se posiciona perante as adversidades.

    segue o texto : “Ao transferir a culpa para os outros ou para as circunstâncias externas, a causa também é transferida junto. Desta forma, você nunca faz uma análise de si próprio para ver em que poderia ter feito, melhorado para alcançar resultados satisfatórios. Nunca corrige a verdadeira causa.
    A declaração “sou 100% responsável por tudo que acontece comigo” leva à mudança de cinco atitudes.
    Primeira: não querer encontrar um culpado.
    Segunda: não culpar uma circunstância externa: empresa, família, chefe, governo, mercado, economia.
    Terceira: examinará a si próprio.
    Quarta: agirá pro ativamente.
    Quinta: se algo sair errado, irá se esforçar muito mais.
    Quando você toma resolutamente a decisão de não mais culpar os outros, assumir que “tudo é de minha responsabilidade, além de mim ninguém mais é responsável” e cumprir esta decisão, irá promover uma grande revolução, uma grande mudança interior. Tudo melhora porque você passa a ser o protagonista da vida, deixa de ser o coitadinho levado por ela.”

    a matéria completa está no link: http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/como-promover-uma-mudanca-interior-e-ser-o-protagonista-da-sua-vida/78135/

    Não quero dar nenhuma lição a Massa pois também sou cheio de defeitos, mas o tempo me ajudou a entender que ao assumir alguns erros eu pude relaxar e compreender melhor como não repeti-los .
    Onde ele erra? provavelmente assumindo a postura que outros erram e ele só é prejudicado, isso o impede de buscar o refinamento que todo piloto de alto padrão precisa.

    Esse GP mostrou que mesmo tendo a Mercedes dominante vamos ter lampejos de competitividade em algumas corridas, provavelmente será nos circuitos europeus, os tilkianos com seus traçados insossos não ajudam nessa questão,e que bom termos a Áustria de volta a F1, país que tendo Rindt, Lauda , Berger não poderia ficar de fora, e essa é uma situação que não foi esquecida por Bernie ao colocar a mensagem de agradecimento a Dietrich Mateschitz, não podemos esquecer que 4 carros do grid pertencem aos austríaco

    Pelo que vi na corrida começo a ver um Rosberg diferente do que eu via no inicio do ano, ele tem sido muito inteligente e sagaz para minar Hamilton, devagar ele está construindo uma sólida diferença e não tem se apavorado nas horas mais complicadas, já começo a apostar que ele leva esse título

    abraços

    Mário

  2. Guilherme disse:

    Não me lembro de Massa ter “ganho” algum tempo nos pits nos últimos 7 anos. Ele sempre perde… Não estaria na hora dele reconhecer isto e treinar mais o periodo freia-diminui velocidade-para e acelera? Nas últimas corridas sempre a perda dele é 2 a 3 segundos maior, independente do trabalho de equipe, que já nem sempre é dos melhores…

  3. Lucas disse:

    Acho que esse fim de semana prova, de forma bem enfática, algo em cuja tecla eu venho martelando há anos. Nunca levei a sério essas teorias de que “Massa não é o piloto que costumava ser” e que ficou ruim “por causa da mola”, “por ter perdido o campeonato de 2008”, “por causa da ultrapassagem que Alonso fez na entrada dos boxes”, “por causa do ‘Alonso is faster than you’ na Alemanha” ou sabe-se lá quantos outros momentos teriam misteriosamente transformado um “grande piloto” em um “piloto ruim”. Massa é, e nunca deixou de ser, aquilo que sempre foi: um piloto relativamente bom em classificações, mas que jamais teve o mínimo daquilo que ainda não sei bem como traduzir para o português: “racecraft”. A falta de resultados de 2009 a 2013 se deve simplesmente ao fato de que nessa época ele nunca teve aquilo de que desfrutou de 2006 a 2008: carros excepcionais que muitas vezes deram a ele a oportunidade de largar na primeira fila, com um carro que era o melhor naquelas condições e ter uma tarde inteiramente livre de quaisquer contratempos – foi apenas com a junção dessas três coisas que Massa ganhou corridas, e elas nunca mais estiveram juntas depois de 2008. E, pra piorar, ele deu azar de ter como companheiro de equipe um sujeito que é provavelmente o maior fora-de-série desde a época de Senna e Prost. Os adeptos das teorias de conspiração diziam que o abismo entre Alonso e Massa era devido ao tal fato de que o brasileiro tinha virado um piloto abaixo de medíocre devido ao episódio-point-of-no-return da semana e que a Ferrari não era assim tão ruim quanto se supunha. Pois bem, acaba de ir pra lá um sujeito que vinha extraindo resultados excelentes na Lotus e ele, também, não está conseguindo fazer grande coisa com essa Ferrari. É uma pena que F1 é um esporte em que números não são proporcionais ao talento. Vettel tem o dobro de títulos de Alonso, Schumacher quase quatro vezes mais, mas nenhum deles sequer chegou perto de fazer algo minimamente próximo a, pra citar só um exemplo, o que Alonso fez em 2012. Já faz uns bons vinte anos que não há um piloto desse nível, mas ele corre o risco de encerrar a carreira com apenas dois títulos. É uma pena.

  4. Fernando Marques disse:

    A pole do Felipe Massa me fez crer que teríamos um GP da Austria bem interessante, já que Bottas fez o 2º tempo dando a Willians a primeira fila e com as Mercedes atrás pensei que veria uma corrida de muitas ultrapassagens e brigas pela liderança.
    Mas não foi o que aconteceu. Hamilton em menos das duas primeiras voltas recuperou todo o tempo perdido pelo seu erro no Q-3 e já se posicionou logo atrás de Rosberg. A partir daí, até os primeiro pit, vimos o Massa liderando uma fila indiana de 4 carros sem ninguém atacar ninguém.
    A Mercedes mostrou que a equipe não tem apenas dois carros de outro planeta nas corridas. A eficiência dela no 1º pit stop demonstrou também que a equipe está muito afiada nos boxes, dando aos seus pilotos a liderança da corrida.
    A Willians precisa melhorar muito neste quesito. Ceder os dois primeiros lugares para a dupla da Mercedes no pit stop foi um duro golpe. Seria algo mais aceitável se perdesse as posições na pista.
    Com relação ao Massa faço algumas considerações. Já faz tempo que nada dá certo para ele nos pit stops que vem fazendo. Sempre perde posições. Não pode ser apenas culpa do azar ou de erro da equipe. Outra consideração é com relação ao Sergio Peres. Quando o mexicano liderou a corrida até ficar com seus pneus desgastados, todo mundo partiu pra cima dele e levantou poeira. Massa não. Parece que ficou com medo de tentar ultrapassar novamente o mexicano. Foi patético ver o Massa atrás dele, com mais carro e esperando ele entrar nos boxes pára fazer seu pit. Se isso for uma verdade, acho melhor ele desistir de correr.
    Com relação a briga pelo campeonato, acho que o Hamilton precisa mostrar que é mais piloto que o Nico (tenho esta opinião). Se ambos possuem carro rigorosamente iguais somente nas pistas ele pode fazer valer esta qualidade.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  5. Mauro Santana disse:

    Massa não consegue mais manter um ritmo de corrida, e por isso foi o último dos 4 carros mais rápidos do GP.

    Espero estar errado, mas acho que esta pole do Massa foi seu último suspiro na F1.

    E o Hamilton é um CHORÃO!!!

    Lembram do GP da Turquia de 2010!?

    Depois que o Vettel e o Webber se tocaram, a liderança caiu para o Hamilton com o Button colado nele em segundo.

    Então eis que Button foi pra cima dele, e os dois duelaram lado a lado por algumas curvas, mas o Hamilton conseguiu se manter na frente e venceu o GP.

    Aí, já no pódio, Hamilton ficou com a maior cara de garotinho mimado por ter sido atacado por seu companheiro de equipe, como quem diz -Isso não Valeeee!!!-

    O que você quer Hamilton!?

    Que a Mercedes alinhe somente com o seu carro nos próximos GPs!?

    Você é um CHORÃO e um Piazinho mimado Hamilton!!

    FORÇA NICO ROSBERG!!!!!!!!!!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

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