O verdadeiro herdeiro

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O Grande Prêmio do Japão é hoje um evento universalmente popular graças à natureza desafiadora do circuito de Suzuka e ao enorme entusiasmo dos fãs locais.

Após o espetáculo emocionante e dos horários alternativos de Cingapura, a Formula 1 continua a sua viagem oriental com a visita anual ao Japão. Disputado pela primeira vez em 1976, o Grande Prêmio do Japão é hoje um evento universalmente popular graças à natureza desafiadora do circuito de Suzuka e ao enorme entusiasmo dos fãs locais.

Em 1976, o GP foi disputado em Fuji e vencido por Mario Andretti com sua bela Lotus-Ford. Foi a famosa corrida em que Lauda se recusou a percorrer mais que uma volta por conta da chuva. A corrida seguiu em Fuji só por mais um ano. De 1978 a 1986 não houve F1 no Japão e, no retorno ao país, em 1987, aconteceu no circuito de Suzuka. Fuji reapareceu, reformulado, em 2007 e 2008. Suzuka já recebia corridas em 1963, mas de motos e carros de turismo. A primeira corrida no circuito foi vencida por Peter Warr (ele mesmo, o famoso team manager da Lotus) a bordo do Lotus 23.

A corrida voltou para o lendário Circuito de Suzuka há dois anos, e parece ficar lá após a remodelação completa dos boxes e paddock. Antigamente, o GP do Japão fechava o calendário, no máximo era a penúltima prova, a verdadeira hora da decisão para o título. Hoje, essa realidade é um pouco diferente, mas Sebastian Vettel tem tudo para fazer dessa corrida a prova final do campeonato e decidir o caneco pela décima terceira segunda vez em solo japonês.

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httpv://www.youtube.com/watch?v=ihyPe5Syo3Y
Algumas voltas pela molhada Fuji que decidiram o primeiro título mundial no Japão

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Suzuka é composto por uma rica sequencias de curvas velozes e longas retas, o sonho de um piloto de corridas. A reta dos pits tem tamanho médio (este ano designado para DRS), termina em uma sequencia de duas curvas com uma boa freada na segunda perna e abre perseguição de alta velocidade nas curvas sequenciais que parecem intermináveis até a Degner, quase uma chicane que sempre traz muita emoção e algumas batidas. Depois, pelas colinas é hora de contornar o “hairpin”, onde os carros são obrigados a diminuir drasticamente a velocidade, o que cria um local para muitas ultrapassagens. Para ser rápido nesse trecho, os pilotos devem atacar as zebras e manter uma boa linha pelas curvas suaves que levam à reta oposta. Em plena aceleração, os pilotos chegam na temida R130, uma curva plana que exige muita coragem e rivaliza com a Eau Rouge em níveis de desafio. Finalmente, a última chicane, um pouco modificada nos últimos anos mas que ainda agrupa os pilotos para uma derradeira oportunidade de se pegar o vácuo para a reta principal. Uma volta típica leva um pouco mais de 90 segundos, com uma distância de aproximadamente 5,8 km.

As disputas japonesas têm uma rica história de corridas de alto nível. Em 1989, os pilotos da McLaren, Ayrton Senna e Alain Prost, colidiram, resultando numa novela onde, no final, entregaram o campeonato para o francês. Um ano depois, Senna estava com vontade de vingança. Ele conquistou a pole, Prost, na Ferrari, o 2o tempo. Armou-se uma novela sobre a posição de largada de cada um. Senna considerou-se prejudicado e simplesmente atropelou o francês na primeira curva, ganhando um segundo título. Mas não vamos ficar aqui contando essa hitória tão polêmica, certo?

httpv://www.youtube.com/watch?v=BqO04xIPihY
Senna e a ultrapassagem do título em 1988.

Já em 1994, Damon Hill venceu Michael Schumacher, ganhando uma corrida espetacular no molhado e adiar a disputa final para a Austrália. Para o alemão, o Japão reservou o primeiro título da Ferrari em duas décadas, em 2000, e o seu recorde de seis títulos em 2003. Em 2004 vimos os treinos classificatórios em uma manhã de domingo, uma “novidade” que levantou o debate de finais de semana mais curtos para F1. E em 2005 Kimi Raikkonen nos presenteou com um dos seus mais belos espetáculos, ao volante de um Ferrari.

A McLaren tem o maior histórico de sucessos no Japão, com oito vitórias; a Ferrari persegue os prateados, com sete. A melhor do resto são Williams em três vitórias, à frente da Red Bull e Renault, com duas cada. Do grupo atual de pilotos, Schumacher ganhou seis vezes (1995, 1997, 2000, 2001, 2002 e 2004), Alonso (2006, 2008) e Vettel (2009, 2010), duas vezes, Hamilton (2007) e Barrichello (2003) tiveram uma vitória cada.

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O que podemos aprender com isso? Este ano, a situação não poderia ser mais simples. Vettel simplesmente precisa de um “top ten” para selar seu segundo Mundial, sem depender de nenhuma combinação de resultados. Se ele sofrer uma quebra, então Jenson Button deve, obrigatoriamente, levar a vitória para manter viva a disputa pelo título. A Red Bull também tem a chance de selar a vitória nos construtores, embora este seja um pouco menos provável, dado que eles devem bater a McLaren por uma margem de 34 pontos.

Vettel vai para a corrida como o favorito. O trigésimo segundo campeão mundial da história traz na bagagem duas vitórias consecutivas no circuito, nove vitórias na temporada e a motivação de mais um título mundial que está a apenas um ponto de distância. Seu único rival, Button, acaba de assinar um novo contrato com a McLaren e parece estar dirigindo melhor do que nunca, mas ele terá que estar em pose de um carro exemplar para fazer o mínimo de frente aos Bulls. Talvez a verdadeira ameaça venha dos homens que já não estão na corrida pelo título, novamente Hamilton e Alonso – e, portanto, não tendo nada a perder e algo a provar. A Red Bull parte para mais um fim de semana no topo, dada a sua forma fenomenal em circuitos de alta velocidade. Mas com as circunstâncias tão terríveis para os rivais de Vettel, tudo pode acontecer. Um fim de semana de sol em frente a um dos maiores circuitos do mundo. Vettel está prestes a servir o seu segundo match point, e desta vez ele tem uma chance real para selar o caneco.

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O título do pequeno alemão elevará a Alemanha ao posto de segunda maior colecionadora de títulos da F1. Atualmente, Reino Unido lidera com 14 e o Brasil é o segundo, empatado com a Alemanha, com 8 taças cada.

Alguma chance de virada brasileira?

httpv://www.youtube.com/watch?v=4nRnNpdWPGg
Mansell e a batida que lhe tirou a chance de disputar o título.

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As últimas decisões de título no Japão foram para James Hunt (1976), Nelson Piquet (1987), Ayrton Senna (1988, 1990 e 1991), Prost (1989), Damon Hill (1996), Jacques Villeneuve (1997), Mika Häkkinen (1998 e 1999) e Michael Schumacher (2000 e 2003)

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É hora de coroar o verdadeiro herdeiro de Schumacher?

 

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“Assistam” a corrida conosco, nos seguindo em @GPTotal.

 

Abraços,

 

Flaviz Guerra – @Flaviz

 

 

Informações da Pista
Dimensão:
5.807 km
Voltas: 53
Distancia:
307.471 km
Volta mais Rápida*:
1:31.540 – K Raikkonen (2005)
Circuito de Suzuka
*Volta mais rápida em corrida
Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

5 Comments

  1. Felipe Issa disse:

    Na foto que aparece Damon Hill, não é Michael que esta atrás dele, pois em 1996 Michael já estava na Ferrari

  2. Vagner da Silveira disse:

    O Villeneuve foi campeão no GP da Europa, em Jerez, não em Suzuka.

  3. Mario Marolo disse:

    O Kimi ganhou em 2005 com Mclaren, e o Villeneuve não foi campeão no Japão…

  4. Pessoal, corrijam a foto 3 na verdade Hill com Berger proximo em 1996.

  5. Fernando Marques disse:

    Vou torcer para Button vencer esta corrida … ele merece mais uma vitoria neste ano … mas Vettel leva o titulo em Suzuka

    Fernando Marques
    Niterói RJ

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