Os números de cada piloto – parte 2

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A segunda parte do texto que vai relembrar a história por trás dos números escolhidos por cada piloto em 2014.

Em minha coluna passada, resolvi explorar a história de cada número que os pilotos escolheram para si como seus até o fim da carreira. Hora de revelar a segunda metade da turma da F1 2014.

#17 Jules Bianchi (Marussia): Ele até queria o #6, mas Rosberg chegou primeiro. Jules então fez uso da 2ª escolha, o #17. O número teve 5 vitórias na F1, sendo 3  em pista molhada! Clark em Spa 65, Beltoise em Mônaco 72 e Herbert em Nürburgring 99. E ainda teve o azarão Jones vencendo Zeltweg 77 pela Shadow. A gente torce pra ele ser azarão, e não azarado. Jean-Pierre Jarier usou o #17 por 44 GPs e nunca conseguiu vencer…

#19 Felipe Massa (Williams): Assim como seu ex-companheiro Alonso, Felipe pegou o #19 de seus tempos de kart. O número por muito tempo esteve associado à Benetton, e foi pela equipe que ocorreram as duas vitórias. A 1ª foi Suzuka 89 justamente com quem mais usou (46 GPs), Alessandro Nannini – após a controversa desclassificação de Ayrton Senna, que usou #19 em sua 1ª temporada na F1 pela Toleman. A outra foi a 1ª das 91 vitórias de Schumacher na F1, Spa 92.

#20 Kevin Magnussen (McLaren): Campeão da F-Renault 3.5 com #20, o filho de Jan resolveu manter o número na F1. Desde 1973 e a numeração fixa, Jody Scheckter obteve três vitórias em sua excelente temporada de estréia da equipe Wolf, em 1977. E outras três foram as últimas da carreira Nelson Piquet em seus anos com Benetton. Entretanto, quem mais usou o número na F1 foi Adrian Sutil, 52 GPs entre 2007 e 2009 pela Spyker e Force India.

#21 Esteban Gutiérrez (Sauber): considerado pelo próprio mexicano seu número da sorte, o 21 teve apenas uma vitória na F1: foi de Jackie Stewart no GP da Argentina de 1972, presenciado pelo chefe Edu Correa. Eram ainda tempos de numeração aleatória… Também foi o número de Gilles Villeneuve em sua estreia na Ferrari. Giancarlo Fisichella foi seu maior defensor: 1996 pela Minardi, e 2008-9 pela Force Indian, num total de 38 GPs.

#22 Jenson Button (McLaren): Número de seu título pela BrawnGP, Jenson nem deve saber que Juan Manuel Fangio conquistou seu 1º título com o #22 em sua Alfa Romeo, na decisão contra Ascari no GP da Espanha. E nem que esse era o número da Brabham de Dan Gurney, que venceu o GP do México de 1964 que consagrou o título de Big John Surtees, assunto da última coluna do meu irmão Marcel Pilatti.  Mas Jenson certamente lembra que herdou o número após o título de Lewis Hamilton em 2008 pela McLaren. A equipe havia ficado em último nos construtores por causa do escândalo de espionagem contra a Ferrari… Outra coisa que Jenson precisa saber é que quem mais usou #22 na F1 foi… Andrea de Cesaris! Espero que ele não tenha uma carreira destrutiva pela frente!

#25 Jean-Éric Vergne (Toro Rosso): Número associado à Ligier, esteve na última vitória de Patrick Depailler em 1979 e a primeira de Didier Pironi em 1980. De resto, resultados magros pelo próprio time francês. O pé-de-chumbo René Arnoux usou o número em seus quatro últimos anos na F1, por 63 GPs seguidos.

#26 Daniil Kvyat (Toro Rosso): O ainda misterioso Kvyat escolheu o #26, segundo ele próprio, por não ter nenhuma conexão com ele, e com o desejo de fazer sucesso. Os livros de história mostram que este é um número ainda mais ligado à Ligier (que usou de 1976 a 1995!), e, principalmente, a Jacques Laffite. O francês teve todas as suas 6 vitórias na carreira com o número, que defendeu por incríveis 132 GPs – mais extensa relação piloto-número até hoje.

#27 Nico Hülkenberg (Force India): O #27 se tornou uma instituição à parte na F1. Começou com o título de Jones em 1980 pela Williams, e foi cair no colo de Gilles Villeneuve e de uma Ferrari que passaria toda a década de 80 e começo de 90 com ele. Durante esse tempo, botas como Michele Alboreto (80 GPs!), Nigel Mansell, Jean Alesi e Alain Prost (que quebrou a série levando o #1 pra lá em 1990) foram defensores. Mas um novo título só veio quando o #27 foi parar no bico da McLaren de Senna, em seu bicampeonato. Cuide bem desse número, Hulk!

#44 Lewis Hamilton (Mercedes): 2 + 22 + 1 + 2 + 3 + 4 + 10 = 44! O número de Lewis é a somatória de todos os números que já usou na F1, além de ter sido usado por ele nos tempos de kart. É um número pouco usado (51 vezes), mas tem uma vitória no currículo: Maurice Trintignant, pela Ferrari, no GP de Mônaco de 1955, derrotando… as Flechas de Prata que hoje Lewis defende.

#77 Valtteri Bottas (Williams): Se 44 é raro, o #77 de BO77AS (outro a atrelar nome e número…) é ainda mais. Só 10 participações na F1, número que baixa pra 2 se não considerarmos a Indy 500, que de 1950 a 1960 contou pontos pra F1. Felice Boneto (aquele italiano maluco que fumava cachimbo enquanto dirigia) usou em Nürburgring 51 pela Alfa Romeo, e Rolf Stommelen pegou um 3º carro da Brabham pra fazer 1 pontinho pelo 6º lugar no mesmo circuito, em 1976 – sim, no fim de semana do pavoroso acidente de Lauda.

#99 Adrian Sutil (Sauber): O #99 de Sutil nem foi usado na F1. Só por pilotos da Indy naquele período de 1950 a 1960 – com a vitória de Lee Wallard nas 500 Milhas de 1951. E é justamente das corridas na América que lembramos mais do #99, que era usado pelo saudoso Greg Moore.

Sobraram muitos números, e quando perguntamos no facebook qual número os leitores escolheriam, tivemos um post pra lá de divertido e animado. A maioria escolheria o #12, muito associado a Ayrton Senna, mas que também foi de gigantes como Lauda e Villeneuve. Houve também quem escolhesse o #2, que surpreendentemente ficou de fora. Esse é um número que Alain Prost certamente gosta, pois 3 dos seus 4 títulos foram com ele.

Eu escolheria o #16. Seria uma dupla homenagem. A 1ª é para Jean Rondeau e a vitória em Le Mans 1980 a bordo de seu próprio carro. E a outra é que 16 é a somatória das letras que compõem o nome de Juan Manuel Fangio. A exceção seria por um contrato com a Ferrari. Se eu fosse para Maranello, cravaria logo um #28. Só porque eu sou saudosista…

Números, números. Agora apenas um nos aflige: quantos dias, horas, minutos e segundos falta pra Melbourne?

(Ansiosamente) Aquele abraço!

Lucas Giavoni
Lucas Giavoni
Mestre em Comunicação e Cultura, é jornalista e pesquisador acadêmico do esporte a motor. É entusiasta da Era Turbo da F1, da Indy 500 e de Le Mans.

1 Comment

  1. Mauro Santana disse:

    Belo texto Lucas!

    O meu número da sorte é o 21, mas também usaria o 12, 27 e 5, porque também sou saudosista.

    Agora, a Toro Rosso heim, vai cravar em seus dois bólidos os números 25 e 26, e pra lembrar mais ainda da Ligier, só faltava os caras estamparem nas laterais da carenagem o patrocínio da Gitanes.

    Abraço a todos e um excelente carnaval!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

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