PIQUET VERSUS MANSELL

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Edu,

Intervalos de temporadas são bons porque há tempo para rever algumas coisas que aconteceram no passado. Outro dia assisti a uma fita com o resumo da temporada de 1986. Para mim, foi uma das melhores de todos os tempos – e só não foi a melhor porque o título ficou com Alain Prost e não com Nelson Piquet. Também poderia ter sido pior, se Nigel Mansell tivesse sido campeão…

Essas “sessões de retrospectiva” são boas para darmos a alguns fatos a importância que eles não aparentam ter no momento em que acontecem. Meu amigo Michel Toni Rost, talvez o fã mais autorizado do mundo para falar de Piquet, mostrou-me certa vez que duas corridas poderiam ter mudado a história daquele campeonato. Uma: o GP da Inglaterra, que Mansell venceu com o carro reserva – que, nas mãos de Piquet, havia se mostrado inguiável no treino de aquecimento da corrida. Os dois travaram uma disputa acirrada pela vitória – e, se ela tivesse ficado com Piquet, o brasileiro teria sido o campeão da temporada.

A outra foi o GP de Portugal. Mansell venceu de ponta a ponta e Piquet andou quase toda a corrida em 3º, tentando sem sucesso ultrapassar Senna, até rodar e cair para 4º. Senna completou a última volta se arrastando (por falta de combustível) e Piquet acabou em 3º, atrás de Mansell e Prost. Pois bem: se Piquet tivesse terminado essa corrida em 2º, conquistaria o título no final da temporada, mesmo sem a vitória na Inglaterra.

Piquet conquistou o tri em 1987, mas a história teria sido diferente se não fosse o famoso episódio da porca de roda que Mansell perdeu no GP da Hungria, quando liderava tranqüilamente. É só fazer as contas: a diferença final entre os dois, em pontos válidos, foi de 12 pontos (73 a 61). Se Mansell vencesse em Hungaroring, marcaria 9 pontos a mais e deixaria Piquet com três a menos. Terminaria o ano empatado com o brasileiro e ganharia o título por ter maior número de vitórias – sete contra duas, neste caso hipotético.

Seja como for, o fato é que o terceiro título de Piquet não teve o brilho das conquistas anteriores, em parte por causa do acidente que ele sofreu em Imola. Depois disso, o brasileiro foi para o lugar de Senna na Lotus e acabou iniciando sua fase de declínio. Mas este é assunto (instigante, por sinal) para a semana que vem.

Abraços,

Panda

PS – Se você tiver uma gravação do GP da Hungria de 1987, vale a pena revê-la. A imagem da TV mostra nitidamente o momento em que a porca da roda traseira direita do carro de Mansell sai pulando pela pista. Dizem que depois da corrida essa porca foi devolvida à equipe Williams, que a banhou em ouro, emoldurou e entregou a Mansell.

PS 2 – Esta última história é muito parecida com uma ocorrida com o Moco na Brabham, em 1974. Ele estava em 2º lugar no GP da Áustria quando o motor parou de funcionar – um anel de fixação qualquer havia se soltado. Esse anel foi banhado em ouro e depois colado no volante do carro do brasileiro.

PS 3 – Li neste minuto no www.warmup.com.br: Luciano Burti será o piloto de testes da Ferrari em 2002. Na minha opinião, uma escolha bastante acertada do piloto (afinal, sua melhor perspectiva seria continuar na Prost!) e da equipe (Burti fez esse trabalho com muita competência na Jaguar). Que ele tenha sucesso na nova empreitada.

 

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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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