Predestinado a vencer

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Na entrevista após o término da corrida da Inglaterra, Toto Wolff soltou o comentário: “Ainda não conseguimos entender como ele fez isso”, ele estava respondendo uma pergunta sobre à volta mais rápida alcançada logo após a bandeira quadriculada ter sido agitada para o vencedor do GP, o piloto inglês Lewis Hamilton.

Essa sem dúvida foi uma demonstração de como a corrida de Lewis Hamilton em Silverstone não foi tão trivial, como foram algumas provas que ele conquistou ao longo dessa temporada. E acima de tudo analisando mais friamente, essa não foi uma vitória que veio apenas devido a uma série de circunstâncias afortunadas pela sorte, embora o Safety Car que aconteceu após as 20 voltas tenha mudado o panorama e destruído as esperanças e possibilidades concretas de Valtteri Bottas em disputar a vitória com seu companheiro de equipe.

Nesse domingo o inglês estava muito motivado a vencer e seria uma questão de tempo ele ultrapassar o finlandês.

A corrida começou de fato, com a largada perfeita de Bottas, que colocou a faca entre os dentes e foi duro nas disputas, ao mesmo tempo ficou nítido que Hamilton não iria deixar de fazer de tudo para ganhar em casa, ele partiu para cima nas quatro voltas iniciais e decidido a ultrapassar na pista.

Eles tiveram uma disputa bem legal e leal nas voltas iniciais, quase que o Hamilton faz a ultrapassagem  na volta 4, mas levou um “X” e Bottas retomou a liderança. O finlandês se defendeu muito bem nas voltas iniciais da corrida, Hamilton declarou: “Tivemos uma luta muito boa no começo e Valtteri pilotou como se fosse a vitória da vida. Então eu preferi desacelerar um pouco e esperar pelos pits stops”.

Quando Bottas fez sua parada, Hamilton começou a imprimir um ritmo de voltas rápidas com as quais queria buscar criar uma lacuna de tempo a seu favor. "Eu estendi meu primeiro stint algumas voltas – ele continua – e nesse momento o Safety Car saiu na frente de Valtteri …”.

Justiça seja feita, Hamilton já estava a caminho do box quando o Safety Car foi a pista, foi um incrível golpe de sorte para ele, e com a mudança de estratégia em colocar pneus duros o que o desobrigaria a voltar a uma nova troca, enquanto Bottas voltou com o composto médio o que o obrigaria a uma nova parada, ali a corrida estava com o vencedor selado.

A História da Fórmula 1 é cheia de exemplos da chamada “sorte dos campeões” e esse é mais um exemplo que vai para essa conta, podemos conversar horas a fio sobre pilotos que estão predestinados a vencer, o inglês está nesse grupo, um grupo seleto na história.

Você, caro leitor, colocaria ou retiraria o inglês desse grupo? E quais seriam seus eleitos além dele?

Voltando à corrida, não podemos de forma alguma deixar de comentar que esse GP foi um dos mais movimentados do ano. As brigas que se sucederam nos pelotões da frente e intermediário foram boas e bem disputadas.

A mais esperada das disputas, sem dúvida seria entre os pilotos Max Verstappen e Charles Leclerc, essa nova rivalidade tem tudo para apimentar não apenas as próximas corridas, arrisco o palpite que os próximos campeonatos serão polarizados entre esses dois A corrida de Charles Leclerc foi espetacular, ele pilotou muito bem e sua luta com Max Verstappen, com ultrapassagens e trocos de ultrapassagens, algumas com saídas para fora da pista e com inúmeros contatos, com lealdade e virilidade, foram o ponto alto da prova.

Max confirma que conseguiu amadurecer e está agora afinando seu talento, sem dúvida com um carro competitivo será um postulante a títulos nos anos vindouros A disputa entre eles no retorno do pit stop na primeira parada, vencida momentaneamente por Max, que saiu na frente, mas escorregou em excesso na segunda curva e tomou uma ultrapassada de Leclerc.

Quando sob o Safety Car a dupla rubro taurina volta a frente do monegasco, que foi vítima mais uma vez do erro de estratégia da Ferrari, que o fez parar com um atraso de volta em relação aos demais pilotos, Max volta do pit atrás de Gasly, que dessa vez fez uma ótima corrida, na sequência Max ultrapassa Gasly e deixa a encrenca para Leclerc, foi preciso para Leclerc fazer uma ultrapassagem por fora em Gasly e herdar a terceira posição quando Vettel e Verstappen se encontraram na pista.

Essa corrida foi mais uma com emoções contrastantes para Sebastian Vettel: tendo feito um treino classificatório abaixo das expectativas e largando na sexta posição, após a largada ele imediatamente ganha uma posição, ele parte com uma estratégia diferente em seu stint inicial diferente dos demais pilotos, quando todos fazem o primeiro pit stop, e ele ainda consegue aproveitar bem o Safety Car para subir para 3º.

Só que quando Verstappen o encontra na trigésima segunda volta e começa a disputa até a trigésima sexta volta, conseguindo superá-lo na curva de Stowe, Vettel avalia que pode responder na curva seguinte, mas “erra na avaliação”, segundo suas palavras após a corrida, e sem espaço atinge Max violentamente.

O episódio analisado mostra claramente o erro de Vettel, ambos voam para fora da pista, sendo que o Red Bull também bate em uma zebra e dá uma leve decolada , inacreditável como aparentemente depois Verstappen retorna a pista e continua com o carro menos danificado que o esperado, nessa manobra ele volta cerca de 8 segundos atrás de Gasly e não tem mais carro para ir além do quinto lugar, já Vettel além de terminar em último lugar após a passagem para os boxes para substituir o bico e pneus, também recebe 10 segundos de penalidade e 2 pontos em sua licença, esse ano tá difícil para o alemão.

Vale pontuar as disputas no pelotão intermediário, lá também o clima foi movimentado e com boas disputas. Quem soube aproveitar bem o Safety Car foram Carlos Sainz (13º no grid) e Daniel Ricciardo, que travam uma boa disputa pela sexta posição final até o final.

Um pouco atrás de Kimi Raikkonen, mantendo sua constância em pontuar chegando no oitavo posto, conseguindo conter os ataques de Daniil Kvyat, que foi muito bem ao sair de 17ª posição no início para terminar na nona colocação O top 10 é completado por Nico Hulkenberg. Lando Norris poderia esperar mais do que a décima primeira posição, mas a equipe errou durante sua parada no Safety Car.

Fica também um fato diferente para essa corrida, esse foi o primeiro GP do ano em que as duas Williams não ficaram com as duas últimas posições, graças à penalidade de Vettel, George Russell e Robert Kubica conseguem se classificar em 14º e 15º respectivamente.

Isto também é devido aos abandonos de Kevin Magnussen e Romain Grosjean, que bateram entre si logo na primeira volta, que fase a da Haas, o que dizer para o patrocinador depois dessa?

Sobre a volta final e o recorde para ficar com a volta mais rápida, quando perguntado Hamilton respondeu: “Foi a volta de qualificação que eu deveria ter feito ontem. Só que geralmente a equipe fica um pouco nervosa com essas coisas, eu estava bem a frente e nem comentei no rádio, porque eles têm medo de você estar errado, fiz minha parte e acelerei”.

Sobre a disputa com Bottas: “Eu me diverti lá: quando chegamos na Brooklands, ele freou por dentro e eu consegui contorná-lo fora. Lá eu deveria ter passado ele, mas eu também freie muito atrasado, então ele conseguiu recuperar a posição“. E na diferenciação de estratégias? “Decidimos não copiar o dele e levamos essa escolha até o fim. Não é minha culpa que o Safety Car tenha acontecido. São corridas, não é uma coisa de simpatia, e da minha parte eu tive uma excelente corrida”, concluiu Hamilton.

Em seguida o inglês foi correu e foi fazer a festa no meio da torcida, foram momentos memoráveis para aqueles torcedores Lewis Hamilton dirigiu proeminentemente para ganhar um sexto GP da Inglaterra.

Teve sorte? Talvez, mas a evidência sugere que ele é predestinado a vencer.

Abraços,
Mário

Mário Salustiano
Mário Salustiano
Entusiasta de automobilismo desde 1972, possui especial interesse pelas histórias pessoais e como os pilotos desenvolvem suas carreiras. Gosta de paralelos entre a F1 e o cotidiano.

3 Comments

  1. Helena Sophia disse:

    Tomara que na próxima corrida, quebre o carro do Verstappen.
    Assim, ganha Leclerc e a Ferrari quem sabe, deixe de mimar Vettel e dê mais importância ao piloto que parece estar mais empenhado a vencer e levantar a equipe.

  2. Fernando Marques disse:

    Mario,

    que o titulo deste ano dificilmente escapa das mãos do Hamilton, todo mundo sabe
    que a Mercedes continua sobrando na pista, todo mundo sabe
    que o esta temporada pode ficar sem graça devido aos dois fatores citados acima, todo mundo sabe
    agora se as próximas corridas forem do nível de disputa dentro da pista como aconteceu na Austria e agora na Inglaterra
    teremos bons motivos para continuar firme e forte em frente a TV assistindo a Formula 1.
    Hamilton sobra na turma com merecimento. Ele faz mais do que parte deste grupo seleto de pilotos que nascem para ser vencedores. Coloco o Vettel neste grupo também. O problema dele é que a Ferrari não consegue fazer um carro no nível da Mercedes. Fica claro que tanto ele quanto a própria Ferrari estão procurado andar acima do limite que o carro permite. Estão correndo riscos e daí tantos erros que são cometidos por ele e a Ferrari em suas estratégias.
    Hamilton merece todo o destaque, como foi bem dito pelo amigo mas a rivalidade entre o Max Verstappen e Charles Leclerc promete muitas emoções ao longo da temporada, e são tão igualmente destaque quanto o ingles.

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  3. Mauro Santana disse:

    Excelente Texto Salu!!!

    Esse GP da Inglaterra foi um corridão, e ao contrário do que o Chato do Galvão Bueno tanto falou na transmissão, o abandono do Giovinazzi foi muito bom para a corrida.

    Tomara que as próximas etapas o pau quebre entre Verstappen x Leclerc.

    Grande abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

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