S65E19 – Season Finale

A escolha de Hamilton
19/11/2014
A jornada do herói
24/11/2014

No final dessa temporada cheia de drama e emoção, quem leva o caneca e sua torcida?

Desde de 2009 a Fórmula 1 se reúne no majestoso shopping-center de Abu Dhabi, quer dizer, autódromo de Abu Dhabi, para uma etapa do mundial. Nesse ano da sétima visita ao traçado, cabe aos Árabes Unidos a honra de ver a decisão do campeonato mundial.

Não é uma situação nova para eles. Somente nova para os dois postulantes ao título. Nico Rosberg e Lewis Hamilton são os dois únicos candidatos e são as grandes estrelas desse encerramento que garante pontuação dupla para equipes e pilotos. Suas fichas e seu suado dinheirinho estão depositadas em quem?

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Um campeonato marcante chega ao fim. Para o bem ou para o mal: novos motores, novas regras, nova aerodinâmica e novos domínios. Uma nova batalha polarizada entre dois pilotos de uma mesma equipe. Disputas políticas, falências, brigas, duelo de assessorias de imprensa, danças das cadeiras. Esse ano teve de tudo e tudo com contornos históricos.

Rosberg e Hamilton não poderiam ser melhores personagens para exemplificar a assimetrias da temporada. Na mesma equipe, com o mesmo carro, dois personagens que despertam sentimentos tão diferentes entre os fãs da F1. Um agressivo em seu estilo de pilotagem, herdeiro de parte dos fãs de Senna. Impetuoso. Acrobático. Outro cerebral, sutil. Impávido, calmo como um discípulo de Buda.

Nas máquinas, uma flecha prateada na acepção pura da palavra rasgou a concorrência. Não houve adversários além da sua própria confiabilidade, dos seus próprios erros. Na outra metade assimétrica desse campeonato épico equipes se rastejando, sofrendo com míseras dezenas de quilômetros em testes, contando assinaturas para mudar as regras e tentar melhorar seus motores. Em vão. A flecha dividiu o mundo da F1 em duas metades (des)iguais: eles, representando tudo que a F1 sempre foi (velocidade, técnica apurada, desfio tecnológico) e o resto.

O alemão liderou o campeonato até o GP de Cingapura. Lá, seu volante acusou uma rebelião dos cabos e circuitos elétricos da sua Mercedes e presenteou Hamilton com a segunda vitória de uma série avassaladora de triunfos do inglês só interrompida no Brasil. A curva de Rosberg é ascendente e pode ser um fator favorável na Arábia?

No outro lado temos um Hamilton mais maduro, menos afoito e completamente adaptado as demandas desse novo regulamento. As notícias que são geradas a partir de conversas com mecânicos/engenheiros da Mercedes apontam um fator determinante para Hamilton na temporada: ele se adaptou muito bem a freadas com o balanço de freio mais concentrado nas rodas traseiras, o que significa menos desgaste dos pneus traseiros, melhor tração e, principalmente, maior acúmulo de energia. Um monge Hamilton? Não, nem tanto. Alguém lembra do GP Brasil deste ano e a besteira hércula que o britânico fez na caçada ao alemão líder da prova? Eduardo Correa explicou em dois parágrafos magistrais o que seria esse momento marcante na carreira de Lewis, confere lá.

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Essa coluna será interrompida para um fato extraordinário.

Lucas Giavoni foi lá e perguntou com a coragem e inteligência que a mídia não tem. Emerson explicou.

Você leitor do GPTotal já sabia dessa história antes de aparecer na TV e em alguns blogs espalhados pela internet. Depois, em seu Instagram, Emerson confirmou.

Emerson Fittipaldi estará em Interlagos nas 06 Horas de São Paulo pilotando uma Ferrari F458 Italia.

Nós do GPTotal já convocávamos todos os fãs da rede a participar do evento em São Paulo. É um evento de primeira classe em um palco de primeira classe. Somos partidários de que não adianta movimentos no Facebook ou abaixo-assinados pedindo a manutenção de um evento ou de um espaço aberto se você não vai nos eventos quando eles estão disponíveis. A matemática é simples: se você é fã de automobilismo e reclama da falta de espaço na mídia, falta de provas relevantes, falta de cobertura da TV, apareça!

Agora é obrigatório. Emerson. Em São Paulo. Em Interlagos. Pilotando uma Ferrari. Em uma competição nível A da FIA. Só aceitaremos falta dos leitores daqui com atestado. De óbito.

Alguns dos nossos colunistas estarão lá. Procurem camisetas do Schalke 04 na arquibancada A. Essa é a senha.

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Voltamos a programação normal.

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O circuito de Yas Marina não desperta maiores paixões. Da receita clássica de Tilke saiu um dos autódromos mais impossíveis de se ultrapassar do planeta. Realmente não é o melhor ambiente para um final de temporada eletrizante. São 21 curvas, duas retas, uma delas gigantesca, e possibilidade de ultrapassagens somente com o DRS aberto.

As equipes tem como maior desafio encontrar a janela de funcionamento ideal do setup do carro em diferentes condições de temperatura. Temos sessões com sol, ao entardecer e de noite, no meio do deserto isso gera uma amplitude térmica muito grande que pode bagunçar o setup. Junte a isso o fato que o carro tem que ter boa velocidade de reta (para não virar presa fácil dos adversários) e não pode perder tempo no terceiro setor do circuito, onde a sequencia de curvas exige um bom equilibrio do conjunto.

Como o circuito é uma mesa de bilhar e não gasta nadinha de pneu, a Pirelli nos presenteia com uma apresentação dos pneus macios e super macios. Aposta de estratégias sortidas para a proveitar a pontuação dupla.

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A grande noticia oficial que gahou vida é a confirmação de Vettel na Ferrari para ocupar o lugar do Alonso.

O menino tetracampeão agora tem um novo desafio e achance de provar que 2014 foi um ano de ressaca depois do seu amplo dominio de 4 anos. Vettel tem todas as chances e muito tempo de vida útil na F1 para alcançar seu maior ídolo. Vettel, sinceramente, não precisa provar nada para ninguém, mas pode correr atrás do seu sonho de criança. Um garoto que viveu automobilismo desde da infância como ele, assistindo aquele compatriota pilotar um carro vermelho, tem todo direito de, após tantas glórias, perseguir aquela imagem. Vettel e Raikkonen certamente já garantem o título de dupla mais divertida de 2015. E o tetracampeão vai ter que chegar dando as cartas.

Alonso, por sua vez, só se despediu do time vermelho. Sem dizer pra onde vai. Algumas pessoas dizem “todo mundo sabe que ele vai pra McLaren, é um absurdo os veiculos de comunicação não divulgarem.” Calma. Se a Ferrari já anunciou o desligamento do piloto e a contratação de um novo, Alonso não pode anunciar seu destino certamente por conta de um emaranhando judicial. Além de acordos de patrocinios, marketing, ações e etc. Todo mundo quer o mérito de “cravar” Alonso na McLaren, mas ninguém quer pensar 5 minutinhos com o que vai acontecer com o Santander que o acompanha na Ferrari. Teremos uma McLaren vermelha? Teremos Alonso vestindo Hugo Boss ao invés de Pepe Jeans? Tantas opções!

E ainda assim, será que não esperaram algum sinal de que os 3 carros por time seriam utilizados em 2015?

Alonso pode ter sim assinado uma carta de intenções, um contrato, qualquer coisa com a McLaren. Mas ele não vai divulgar só porque os blogs “cravaram” a noticia. Há muito em jogo.

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httpv://youtu.be/9QAi9XDQq5g

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Na outra ponta da tabela. As decepções.

As duas nanicas ausentes viveram uma semana conturbada.

A Marussia empacotou suas coisas e despachou para Abu Dhabi. Por que? Simples, um risco enorme de Bernie Ecclestone estar de mau humor no final da temporada e desclassificar o time. Assim o time perderia seu décimo lugar e seus milhões de doláres. Mostraram esforço, mostraram paixão pelo esporte e mostraram que não devem ser desclassificados. Assim tem algum dinheiro para mostrar ao novo investidor que não começarão do zero .

Com essa boataria toda sobre a Marussia, os ingleses da Caterham mandaram suas coisas para Abu Dhabi. Tiveram uma ajudinha do tio Bernie e de fãs pelo mundo que contribuiram com uma vaquinha virtual. Deu certo, principalmente pelo risco que a Marussia corria de ser desclassificada. Melhor estar na pista e, saindo a Marussia, receber no colo a premiação pelo décimo lugar.

No fim das contas, Kobayashi e Will Stevens vão pilotar os carros verdes nas arábias unidas.

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Will Stevens. Não caia na pegadinha depriciativa da mídia que diz desconhecer o rapaz. O jovem inglês de 23 anos é membro da Academia da Caterham para novos pilotos desde 2013. Esse ano disputa a F-Renault e teve duas vitórias como ponto alto do curriculo. Além disso, já testou pela Caterham por duas oportunidades.

Desconhecido não é. Bom? Não sabemos, mas nada indica que tem um genio adormecido esperando ser acordado pelo carro verde.

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O único caso que gera preocupações é a indefinição do Caso Button. Da mesma forma que aconteceu com Barrichello, o inglês pdoe ficar sem uma despedida apropriada e com toda a festa que lhe seria justa.

A McLaren não decide (ou divulga) quais serão seus dois pilots de 2014? Button não mereceia ao menos uma chance de ter sua situação esclarecida e liberação para buscar outras vagas na F1?

Será uma grande perda para o circo mais uma saída melancólica de um grande piloto. As equipes poderiam tratar melhor essa figuras únicas que as conectam com o público. Button é especial dentro do carro e na relação com os fãs, não poderia ser colocado em escanteio.

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Circuito: Yas Marina
Voltas: 55
Comprimento: 5.554 km
Distância: 305.355 km
Recorde da Pista: 1:40.279 – S Vettel (2009)

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Programação
Sexta-Feira: 07h – 1º treino livre e 11h – 2º treino livre
Sábado: 08h – 3º treino livre e 11h – Classificação
Domingo: 11h – Corrida

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Estamos no final da temporada de número 65 do Mundial de Formula 1. São 19 corridas até o climax da decisão dessa temporada. Sem erro, sem dúvidas, Rosberg ou Hamilton! No final dessa temporada cheia de drama e emoção, quem leva o caneca e sua torcida?

E nesse mês, Jules Bianchi saiu do coma e viaja para França, ainda em cuidados especias. A família de Michael só agradece o carinho. O campeonato acaba e esses será dedicado a vocês.

Tous Avec Jules! Keep Fighting Michael!

Abraços, Flaviz Guerra – @flaviz

Flaviz Guerra
Flaviz Guerra
Apaixonado por automobilismo de todos os tipos, colabora com o GPTotal desde 2004 com sua visão sobre a temporada da F1.

6 Comments

  1. Mauro Santana disse:

    Bela coluna Flaviz!!

    Ahh como eu gostaria de estar presente no Templo para poder acompanhar o Emerson desfilando em alto nível.

    Mas, infelizmente para mim, não será dessa vez.

    Com relação ao campeonato, como eu já falei aqui e repeti hoje no almoço com minha esposa, Hamilton só perde o título se for atingido pelo mesmo raio que atingiu Mansell na Austrália em 86.

    Vamos aguardar.

    Com relação ao número que o Will Stevens vai utilizar, me fez pensar o seguinte, que com a grande rotatividade de pilotos na F1, e com a numeração fixa para cada piloto, daqui uns anos teremos pilotos utilizando números com três dígitos.

    E a situação do Button é triste, mas, não é novidade, pois a F1 é assim mesmo, os pilotos que não podem mais, acabam ficando no chororo e no esquecimento, no passado foi assim, e o futuro não será diferente.

    Com o Piquet infelizmente foi a mesma coisa.

    Excelente GP a todos!

    Abraço!

    Mauro Santana
    Curitiba-PR

    • Lucas dos Santos disse:

      Mauro,

      Quanto aos números, creio que isso – números de três dígitos – não deve ocorrer. O atual sistema de numeração dá a entender que o número escolhido só acompanha um piloto enquanto ele estiver na Fórmula 1. Creio que quando um piloto deixa a categoria, seu número fica disponível para quem quiser usá-lo futuramente.

      Quanto ao número que o Will Stevens deve usar, creio que, ao menos nessa corrida, não deverá ser da escolha do piloto. Deverá ser o mesmo #45 utilizado pelo André Lotterer e pelos pilotos-reserva que correm pela Caterham na primeira sessão de treinos livres.

      • Lucas dos Santos disse:

        Acabei de assistir a reprise da primeira sessão de treinos livres. O número atribuído ao Stevens foi o #46. Teria sido #45 apenas se ele estivesse no lugar do Kobayashi.

  2. Fernando Marques disse:

    !) Aposto no Hamilton campeão de 2014

    2) Infelizmente fica complicado para mim sair daqui de Niterói para ver o Emerson correr em Interlagos … vou ter quer torcer pela TV …

    3) Vettel vai faturar R$ 200 milhões por ano na Ferrari. São 3 anos de contrato. É muita grana … Nunca ninguém foi assim tão bem pago na Formula 1.

    4) Banco Santader???… Sei lá mas acho que ele fica na Ferrari … apenas um chute

    5) Concordo em parte com o Ronaldo e o Lucas … pode ser que a Mclaren esteja esperando a definição de 3 carros em 2015 … mas é bom lembrar que Button se diz feliz inclusive para correr no Mundial de Endurance junto com M. Webber … assim sendo ainda acho que neste fim de semana saberemos o que vai ser da mclaren …

    Fernando Marques
    Niterói RJ

  3. Ronaldo disse:

    Não tinha pensado no caso, mas talvez a espera da McLaren para o início de dezembro seja justamente em função do terceiro carro. A possibilidade de alojar o espanhol sem se desfazer do veterano querido ou da promessa dinamarquesa.
    Outra coisa, sobre o terceiro carro: se foi difícil esse ano para Sauber e Lotus pontuarem, imagina se houver mais cinco carros vencedores na pista? Outra, alguém correira na condição de “wild card” no campeonato de construtores, para gerar equilíbrio na disputa? Ou pontuam os dois melhores de cada equipe em cada prova?

    Sobre Bianchi,é triste dizer, mas acredito que estejam levando o piloto para terminar a vida em casa. É comum vermos em países maduros a cessação do suporte à vida quando nenhum resultado positivo possa ser extraído do tratamento. Pela gravidade e tipo das lesões, Jules não deve acordar novamente nessa vida. O desligamento de aparelhos apenas vai permitir um fim tranquilo a ele.

    • Lucas dos Santos disse:

      Também acho que a McLaren e Alonso estão esperando a definição sobre o terceiro carro para tomarem suas decisões.

      Quanto à pontuação das equipes de três carros, se for como no regulamento do WRC, somariam pontos para o campeonato de construtores os dois melhores de cada equipe em cada prova.

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