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Olá, amigos!

Estamos chegamos àquele momento triste, a hora que nós, fãs de automobilismo, começamos a sentir os efeitos da abstinência: o fim dos campeonatos de automobilismo. A cada ano sofremos com o silêncio dos motores, a falta de movimentos ousados de ultrapassagem, estratégias surpreendentes, disputas acirradas, o som e a velocidade. É inevitável, mas nesse ano pode ser mais difícil. 2020 não vai deixar saudades para a grande maioria das pessoas. O ano foi duro com todos nós nos privando de estar com as pessoas queridas, encontrar os amigos, estar presente nos autódromos para ouvir os sons, sentir os cheiros, viver as emoções, enfim, um ano difícil.

Ainda que, em retrospectiva, possa ter sido um péssimo ano, a Nascar conseguiu reorganizar o calendário, tomar as devidas precauções e realizar um campeonato. Tudo bem que passamos por chuva em boa parte das corridas, fazendo com que os fãs tivessem que esperar até três dias para ver uma prova, não tenhamos sentido a emoção que os fãs na pista podem proporcionar, fomos privados de ver a expressão de pilotos e chefes de equipes, sempre protegidos com a máscara. O clima não era ideal, mas ainda piorou.

Tivemos um caso bastante sério de racismo na categoria, com o piloto Kyle Larson sendo banido por usar uma palavra inadequada em uma transmissão online. Em um ano onde muitos casos de racismo foram expostos na mídia, fazendo com que o mundo parasse para colocar uma lupa nesse tema tão importante, tivemos o protagonismo de Bubba Wallace, o único piloto negro da categoria, levantando a bandeira pela igualdade, expondo as dores que sua história carrega e conseguindo vitórias importantes no caminho da conscientização das pessoas.

A Nascar é uma categoria que possui programas de incentivo para minorias, fazendo um bom trabalho de inclusão, mas ela também viu que sempre é possível melhorar. Esse ano, a categoria vestiu a bandeira da diversidade e promoveu eventos marcantes com o intuito de chamar a atenção das pessoas, mostrando que sua comunidade é unida e está engajada com a causa. Foi um momento importante para a categoria.

Michael Jordan e Nascar passam a trilhar os mesmos caminhos a partir do próximo ano, já que o astro da NBA anunciou que vai alinhar uma equipe sua e do piloto Denny Hamlin, carregando o lendário número 23, que o acompanhou em sua brilhante carreira no basquete. O piloto? Bubba Wallace, que deixa a equipe de Richard Petty para dar lugar à Erik Jones, saindo da Gibbs.

Outra novidade em 2020 foi a estreia dos pneus de chuva na categoria principal da Nascar, a Cup Series. Navegando no Roval de Charlotte, a categoria colocou os carros na pista para desafiar as habilidades dos pilotos, além dos chefes de equipe, que tiveram que adaptar a estratégia enquanto a pista secava. E não houve treino ou classificação. Os pilotos partiram para a prova “na raça” e foi um show. A torcida é para que tenhamos mais provas com essas condições no futuro, mas dessa vez com fãs nas arquibancadas.

2020 também foi uma temporada de despedidas. Clint Bowyer tomou a decisão de se retirar da categoria para assumir uma posição de comentarista na Fox. Clint foi um piloto razoável dentro da pista, tendo conseguido dez vitórias em sua carreira e o vice campeonato no ano de 2012. Em compensação, sua personalidade e bom humor marcaram presença na categoria de forma marcante, o que significa que não perderemos o que ele tem de melhor.

A despedida que vai marcar o ano realmente é a de Jimmie Johnson. O sete vezes campeão, dono de oitenta e três vitórias, além de recordista com cinco títulos consecutivos, decidiu encerrar sua carreira após dezenove anos competindo na categoria principal da Nascar. Tido como um dos pilotos mais subestimados mesmo com seus incríveis feitos, Jimmie é exaltado como grande campeão, dentro e fora das pistas, por aqueles que conviveram e competiram com ele. Infelizmente os fãs não puderam estar próximos de Jimmie em seu momento de despedida, mas pelo menos puderam acompanhar pela TV. Em momentos como esse, sentimos aquele gosto doce e amargo ao mesmo tempo. Doce, por termos tido a oportunidade de assistir um dos maiores que já passaram pela categoria, mas amargo por ver sua carreira terminando, nos privando de mais resultados históricos. Seu último resultado foi um quinto lugar, atrás apenas dos quatro postulantes ao título. Um fim digno para uma grande carreira. Ciclos se encerram, é a vida.

Quem assume o número 48 em 2021 é Alex Bowman, que hoje pilota o carro número 88 da Hendrick. Além dessa mudança, a equipe vai ressuscitar o carro número 5, que trouxe o campeonato de Terry Labonte e foi guiado também por outras lendas, para ser pilotado por Kyle Larson. É isso mesmo. Estamos falando do mesmo piloto que havia sido punido no início do ano por usar uma palavra racista. Larson, passou por uma espécie de programa de reabilitação, tendo conversado com lideranças negras, conhecendo a comunidade afro-americana e se comprometendo a trabalhar em prol da igualdade racial. Depois de tudo isso, o piloto foi readmitido pela categoria e conseguiu uma bela vaga em uma equipe de ponta.

Mas e o campeão?

Depois de muitas disputas, muita emoção e algumas surpresas, no último domingo foi coroado um novo campeão. Dono de um sobrenome lendário e com muita história na categoria, Chase Elliott, piloto do carro 9 da Hendrick, bateu os experientes Brad Kaselowski, Joey Logano e Denny Hamlin em uma performance dominante. Largando na última posição, após seu carro não ter passado na inspeção pré-corrida, Elliott passou todos até tomar a ponta, vencendo de forma dominante, marcando seu nome na história da categoria. Com o título de Chase, essa foi apenas a terceira vez em que pai e filho foram campeões da categoria, já que Bill Elliott levou o troféu no ano de 1988. A sensação ao fim da prova é de que Jimmie Johnson passou o bastão de campeão para seu pupilo na Hendrick. Um final muito legal de ver.

2020 não está sendo o melhor dos anos para nós, talvez apenas Chase Elliott não concorde muito com isso, mas ao mesmo tempo que sentiremos falta das corridas, esperamos que o novo ano traga um pouco mais de alegria e esperança para nós.

Esse é meu desejo para todos.

Grande abraço

Rafael Mansano

 

Rafael Mansano
Rafael Mansano
Viciado em F1 desde pequeno, piloto de kart amador e torcedor de pilotos excepcionais.

4 Comments

  1. Mansano, meu amigo

    Apesar de todos os problemas e imprevistos, a temporada de 2020 da NASCAR foi muito marcante.

    Confesso que estava torcendo pelo Denny Hamlin (ele ainda vai ser campeão, pode apostar), mas o desempenho de Chase Elliott na fase decisiva do playoff foi realmente surpreedente, conquistando duas vitórias magistrais em Martinsville e Phoenix e um título mais que merecido.

    Um forte abraço!

    Marcelo C.Souza
    Dias D’ávila-BA

    • Rafael Mansano disse:

      Olha Marcelo, eu estava apostando em uma batalha ferrenha entre Hamlin e Harvick na final, não deu nem um, nem outro. Fiquei surpreso com o desempenho do Hamlin na final, esperava mais. De qualquer forma, concordo com você, as vitórias de Elliott foram matadoras!

      Grande abraço!

  2. Mauro Santana disse:

    Amigo Mansano

    Esse ano pela primeira vez eu acompanhei todas as etapas da Nascar pela TV, e gostei demais, pois uma coisa é você ver uma ou outra corrida, e a outra é você acompanhar todas as etapas, e tendo alguns pilotos para torcer e também para criticar.

    E na minha estreia na categoria, escolhi para torcer logo para o carro #9, comecei bem rsrs.

    Que chegue logo 2021 e a vacina da covid.

    Grande abraço!

    • Rafael Mansano disse:

      Isso ai, meu amigo Mauro! Fico feliz por ter gostado de acompanhar a categoria e por sempre nos prestigiar aqui no GPTOTAL.

      Bela escolha de torcida, hein! Pé quente.

      Grande abraço.

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