Todos cravam o favoritismo da Mercedes mas a F1 2015 pode ser ao menos um pouco diferente...
As ciclovias que vão pontilhando as ruas de São Paulo são um experimento social. Darão certo? Creio que não, dadas as dimensões e altimetria da cidade e também pelo fato de darmos tanto valor ao transporte individual. Mas nem eu, Fernando Haddad ou qualquer outra pessoa pode ter certeza do que significará este experimento para a cidade.
O mesmo vale, nas premissas e consequências, para a regulamentação dos motores na Fórmula 1. Os motores híbridos são a resposta às angustias – verdadeiras ou falsas – da categoria? Também neste caso, creio que não. O grau de insegurança quanto aos resultados, minha, de Bernie Ecclestone e do resto do mundo, justifica a continuação do debate em torno da validade das regras.
Elas me sugerem uma enorme extravagância, um sorvedouro gigante a consumir dinheiro das equipes em prol de um futuro talvez aproveitamento pela indústria automobilística em geral. Afinal, pela lógica, qualquer oportunidade para melhor aproveitar as energias geradas pelo motor a explosão é bem-vinda. Mas quem se importa com a lógica?
Os mais velhos vão se lembrar que, no começo dos anos 80, o regulamento estimulou os turbocompressores sob a alegação de que eles seriam o futuro da indústria automobilística, na medida em que potencializavam o rendimento dos motores. Não rolou. Custos elevados e avanços na tecnologia de injeção de combustível mataram no berço a popularização dos turbos. Os sacrifícios da Fórmula 1 foram em vão.
A conservadores de esquerda como eu, experimentos deste tipo são sempre um risco excessivo de não se chegar a lugar algum se gastando muito dinheiro. Acharia preferível preservar as regras e tentar melhorá-las sem rupturas. Sim, sei que sou démodé…
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Mas tudo pode ter sido não um experimento e sim puro e simples jogo político, Ferrari, Mercedes e McLaren tentando e conseguindo derrubar as bases da hegemonia RBR/Vettel, vigente até 2013.
Já aconteceu antes na Fórmula 1 – vide o banimento da eletrônica em 94. Como nas vezes anteriores, alguém se deu bem, alguém se deu mal.
Deixo aos leitores analisar se esta interpretação serve também para as ciclovias paulistanas.
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Todos os especialistas do universo observável cravam o favoritismo da Mercedes depois dos testes recém-encerrados em Jerez, mesmo a equipe neocampeão do mundo terminando a bateria de testes apenas com o 4º melhor tempo.
Quem sou eu pra descrer dos especialistas mas creio que a Fórmula 1 pode ser ao menos um pouco diferente em 2015.
O primeiro motivo é que os motores terão de durar mais nesta temporada: junto com câmbio e transmissão, eles terão de aguentar seis GPs inteiros e não mais cinco, como em 2014. A força da Mercedes pode ser um pouco contida.
Outro motivo importante: os motores Ferrari e Renault foram bastante revistos e podem evoluir mais ao longo da temporada, graças ao sistema de aperfeiçoamentos previsto no regulamento. Limitados a um certo número, estes aperfeiçoamentos já foram quase todos usados pela Renault, em percentagem menor pela Ferrari (que poderá implementá-los ao longo do ano) e de forma ainda indefinida pela Mercedes, que vai tomar uma decisão só depois dos testes em Barcelona. Tendo uma larga superioridade sobre a oposição – da ordem de 70 a 80 cavalos no ano passado –, a Mercedes pode se dar a este luxo.
O bom desempenho da Ferrari em Jerez não me cheirou a blefe. A equipe parece ter feito um bom diagnóstico dos seus muitos problemas em 2014 e atacado-os um a um. O motor sofreu mudanças principalmente em sua câmara de combustão, escapes, turbina e aparato de refrigeração, de forma a proporcionar um melhor desempenho na geração de energia elétrica pelo kers ligado ao turbo. Bicos injetores operando a uma pressão da ordem de 500 bars, como os dos motores Mercedes, substituíram os bicos do ano passado, que operavam a metade desta pressão.
James Allison, chefe de projeto da Ferrari, informa que o carro deste ano gera mais aderência, principalmente em função de uma traseira toda redesenhada.
No entanto, a equipe é cautelosa em despertar expectativas. Mattia Binotto, responsável pelos motores da Ferrari, disse que só espera equiparar-se aos rivais alemães no final do ano.
A cautela geral dos italianos justifica-se também pelo fato de toda a sua liderança ter mudado, do presidente aos engenheiros de pista. Quanto tempo esta nova equipe demorará a conseguir entrosamento suficiente para fazer frente a times de feras, como os da Mercedes e RBR?
Outra dúvida atroz: Sebastian Vettel conseguirá superar sua incapacidade de adaptação aos freios eletrônicos, apontados como causa principal do seu embaraço desempenho em 2014?
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Em tempo: Adrian Newey também declarou considerar certo o favoritismo da Mercedes para 2015.
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A previsão de Paul Hembery, diretor da Pirelli, felizmente se confirmou: teremos carros sensivelmente mais velozes nesta temporada. Em 2014, o melhor tempo assinalado em Jerez foi de Kevin Magnussen, com McLaren: 1m23s276; neste ano, a honra coube a Kimi Räikkönnen, com Ferrari, com 1m20s841.
Segundo Hembery, o ganho de desempenho é devido a motores até 40 cavalos mais potentes, graças a aperfeiçoamentos principalmente na gestão do combustível, um fantasma devidamente exorcizado. Às vésperas do GP da Austrália de 2014, vale lembrar, muitos previam que nenhum carro chegaria ao final da prova.
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Um breve comentário sobre o cancelamento da prova da Fórmula Indy em Brasília: há coisas de que só o Brasil é capaz…
Abraços
Eduardo Correa
8 Comments
” Mas nem eu, Fernando Haddad ou qualquer outra pessoa pode ter certeza do que significará este experimento para a cidade. ”
Caro Edu, pode ter certeza de que o experimento representará um bom beneficio para algum politico e empresa afin !
Grande Edu
Bem que iniciaram as vendas para os ingressos para a Indy 300 em Brasília já acessei a pagina da empresa e os adquiri com uma posição privilegiada, bem em frente aos boxes. Preços promocionais, boa localização, era só aguardar.
Não moro em Brasília e sim na distante Cuiabá, então logo comprei as passagens, reservei lugar para me hospedar, organizei tudo para neste final de semana só pensar em velocidade.
Dai o que acontece. Cancelam o evento!!! Suspeitas de superfaturamento, obras atrasadas, má administração. Será possível que algum outro país no mundo está mais atrasado ao nosso quando o assunto é trabalho sério e honestidade?
Será muito difícil a mim agora acreditar e investir em qualquer outro evento deste porte com esta expectativa, já cheguei a ver a luz ao fim do túnel e me acordaram para a cruel realidade!!!!
Que ao menos tenhamos muitas emoções este ano nos campeonatos a motor (em especial a F1), ao menos é o que nos resta!!!
Um bom final de semana aos amigos do GPto.
Caso de polícia é pouco! Podemos ficar, numa tacada, sem um autódromo, um kartódromo e um cine drive-in, o único que sobrou no Brasil. Isso não acontece nem na Argentina, aquele arremedo de país.
amigo Ronaldo
Nesse quesito a Argentina sempre deu banho em nós ,estive lá duas vezes e dentre as coisas que me chamaram a atenção naquele país a preservação da memória ao automobilismo é emblemática. Os argentinos são reconhecidamente leitores ávidos, voce praticamente encontra uma livraria em cada esquina de Buenos Aires e a quantidade de livros sobre o automobilismo argentino impressiona, contei sem exagero nas muitas visitas que fiz mais de 30 títulos sobre o automobilismo deles, o segundo encontrei uma galeria com várias lojas especializadas em miniaturas de carros de corridas, para todo o tipo e gosto, numa dela estava disponível para a venda miniaturas de carros escala 1/43 de todos os argentinos que passaram pela F1, imagina que de Fangio, Gonzalez e Reutemann haviam miniaturas de todos os carros que esses pilotos correram, pena que eu estava sem “plata”…rsrs
O museu Fangio em Balcarce é super bacana, tive a oportunidade de comprar um livro comemorativo sobre a carreira do argentino que mostra todo o acervo do museu mais a sua história desde criança e em Buenos Aires encontrei uma loja da Mercedes com uma estatua do argentino com a W196 na frente da loja.
Enquanto isso acompanhamos os carros de Senna sendo vendidos em leiloes e o único local que seria um arremedo de museu foi fechado ano passado, as poucas iniciativas que existem aqui são de cunho particular e sem acesso ao publico.
somos um povo sem memória
abraços
Mário
Mario,
um povo tão sem memoria que daqui a pouco nem se lembrará mais do rombo que o Governo Dilma/Lula fizeram na Petrobras e votarão neles de novo … rsrsrsrs
Fernando Marques
Falou tudo Mário, e assino em baixo.
Os hermanos são feras mesmo, os caras são fanáticos, e a diferença deles pra nós , neste quesito, é gritante.
Vou dar um exemplo.
Quando o Templo foi reformado para receber a F1 em 90, o traçado original e o anel externo foram sacrificados pra sempre.
A história, nós sabemos, que foi tramoia da velha Raposa de rabo mais peludo de todas, que tinha medo que a Indy chegasse as pistas do Brasil.
Já os hermanos, quando a F1 voltou a Buenos Aires em 95, também aconteceram reformas, mas, o traçado original com o famoso Curvon Salotto foi preservado.
Isso sem falar em Jacarepaguá.
Realmente, somos um povo sem memória.
Abraço!
Mauro Santana
Curitiba-PR
Grande Edu!
Vamos lá:
Eu sou um apaixonado pelo ciclismo, curto muito participar de provas de mountain bike marathon, mas sou sincero, não me arrisco a andar de bike sem que exista ciclovias seguras, de preferência longe dos carros, e aqui em Curitiba o incentivo em andar de bike é muito grande, porem, a cidade não tem uma estrutura em seu eixo que permita os ciclistas pedalar com segurança.
A respeito da F1, prefiro aguardar a temporada começar, pois como todos sabemos, estes testes de pré temporada já foram testes de verdade no passado, e com tanta tecnologia, acredito que a temporada será dividida na seguinte parte:
1º Bloco: Mercedes, Ferrari, Williams e RBR
2º Bloco: Mclaren
3º: Bloco: STR, Sauber, Force India e só, visto que Catheram e Marussia muito provavelmente não tenham condiçõe$$$$$$ de alinhar carros neste grid.
Aliás, não sei quem é o louco que queima $$$$$ em equipes pequenas numa F1 que cada vez menos abre chances aos que sonham em crescer.
E o que aconteceu com o Autódromo de Brasília é uma VERGONHA, e que realmente, só acontece no Brasil.
Abraço!
Mauro Santana
Curitiba-PR
Grande Eduardo,
vamos que vamos de um leigo:
1) Com relação a ciclovias dou um exemplo do que acontece aqui em Niterói … estão sendo criadas varias ciclovias só que não vejo lugares apropriados para se guardar as bicicletas (principalmente considerando-se a ida de casa pára o trabalho e vice e versa) e o pouco ou quase nada de incentivo no uso das ciclovias criadas e instaladas. Niterói que não foi projetada para ter o transito que tem hoje, ficou com o transito ainda mais complicado pois as ciclovias estreitam ainda mais as vias principais da cidade. Resumindo: até agora é uma obra para ingles ver.
2) Com relação a Formula 1, apesar da evolução, estes chamados testes de pré temporada continuam o mesmo … muita camuflagem e questionamentos que serão confirmados ou nãoquando os carros forem para a pista a valer de verdade. Mas de um eu tenho certeza: os propulsores vão aguentar as 6 corridas numa boa …
3) Quanto ao Vettel, estão subestimando demais a sua pilotagem. Ninguém é campeão a toa e muito menos tetra campeão. Não estão levando fé no taco dele … eu penso um pouco diferente …
4) Quanto ao cancelamento da Formula Indy em Brasilia, acho uma vergonha tudo o que aconteceu … é caso de policia …
Fernando Marques
Niterói RJ