Edu,
Você, que tanto gosta do Prost (Não? Não é você? Ah, me enganei… Desculpe, tá?…), deve estar muito triste. Afinal, a equipe dele está sob intervenção governamental, o que na França significa apenas o passo anterior à decretação de falência.
Veja você como são as coisas. O piloto francês de maior sucesso em todos os tempos foi um fiasco total como dono de equipe. Conseguiu brigar com pilotos (Alesi), fornecedores (Peugeot), sócios (Diniz…) e perder todos os bons patrocinadores que teve nos últimos anos. Não aceitou a proposta de Diniz (vender a equipe por US$ 1 – isso mesmo, um dólar – mais o pagamento das dívidas) e agora está em um beco sem saída. Se quiser correr no ano que vem, precisará encontrar não um patrocinador, mas um louco disposto a pagar US$ 30 milhões em dívidas e mais o dinheiro necessário para correr no ano que vem. No momento, a Prost não tem patrocinadores, pilotos nem motores. Em suma, sua sobrevivência será um verdadeiro milagre.
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A bem da verdade, a Prost só teve uma temporada aceitável: a de 1997, quando o carro ainda era o JS-45 – projeto herdado da Ligier, equipe que foi comprada pelo tetracampeão. Depois, começaram os erros: para 1998, Prost, em seu sonho nacionalista, trocou o confiável motor Mugen Honda pelo Peugeot. Os Mugen venceram três corridas nos dois anos seguintes, enquanto os Peugeot…
Além disso, Prost entregou a um projetista estreante em F 1 (nem me lembro mais o nome dele) a tarefa de desenhar o carro de 1998. Não poderia dar certo e realmente não deu: a equipe marcou apenas um ponto, ainda assim naquele tumultuado GP da Bélgica em que uns 15 carros bateram na largada. Em 1999, a única boa recordação da Prost foi o 2º lugar de Jarno Trulli em outra corrida cheia de incidentes: o GP da Europa, onde Johnny Herbert ganhou o único GP da equipe Stewart. E, em 2000, o fundo do poço: nenhum ponto no campeonato e último lugar no Mundial de Construtores.
Esse, na verdade, foi o ponto crucial da história da Prost. Ao ficar em último, a equipe não teve ajuda de transporte da FOM, o que aumentou tremendamente seus gastos. Para piorar, a equipe perdeu, de uma penada, os motores Peugeot (os dirigentes da fábrica se cansaram de ser apontados pelo próprio Prost como culpados pelos maus resultados) e dois patrocinadores fortes. E, para piorar ainda mais, Prost confiou demais em seu taco e resolveu disputar a temporada de 2001 usando motores Ferrari – pelos quais precisaria ter pago cerca de US$ 24 milhões.
Pelo que já ouvi (e os fatos apontam nessa direção), Alain Prost é um dono de equipe intragável, que coloca nos outros a culpa por tudo o que acontece de errado. É o que eu disse em outra carta na qual comentava o caso da Prost: ninguém pode ser bom em tudo…
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A FIA já divulgou a numeração das equipes para 2002. Segue a relação, com os pilotos não confirmados colocados entre parênteses:
Ferrari (motor Ferrari, pneus Bridgestone)
1-Michael Schumacher 2-Rubens Barrichello
McLaren (motor Mercedes-Benz, pneus Michelin)
3-David Coulthard 4-Kimi Raikkonen
Williams (motor BMW, pneus Michelin)
5-Ralf Schumacher 6-Juan Pablo Montoya
Renault (motor Renault, pneus Michelin)
7-Jarno Trulli 8-Jenson Button
BAR (motor Honda, pneus Bridgestone)
9-Olivier Panis 10-Jacques Villeneuve
Jordan (motor Honda, pneus Bridgestone)
11-Giancarlo Fisichella 12-Takuma Sato
Arrows (motor Cosworth, pneus Bridgestone)
14-(Jos Verstappen) 15-(Enrique Bernoldi)
Sauber (motor Petronas, pneus Michelin)
16-Nick Heidfeld 17-Felipe Massa
Jaguar (motor Cosworth, pneus Michelin)
18-Eddie Irvine 19-Pedro de la Rosa
Minardi (motor Asiatech, pneus Michelin)
20-(Alex Yoong) 21-(Heinz-Harald Frentzen, Tarso Marques, Tomas Enge e outros…)
Prost (motor a definir, pneus Michelin)
22-(Frentzen) 23-(Enge)
Toyota (motor Toyota, pneus Michelin)
24-Mika Salo 25-Allan McNish
Duas coisas me causaram estranheza. Uma: foram mantidos os números 16 e 17 para a Sauber. Como quarta colocada do campeonato passado, ela teria direito aos números 7 e 8. Outra: a Jordan, que terminou em 5º lugar no campeonato do ano passado, foi mantida com os números 11 e 12 – ela teria direito ao 9 e ao 10, que permaneceram com a BAR. Suponho que essas equipes tenham pedido à FIA para manter os números do ano passado, a fim de não perder material publicitário. Para quem acha estranho, vale dizer que em 2001 a BAR deixou Olivier Panis com o número mais baixo (9) porque o francês tinha esse mesmo número quando venceu o GP de Mônaco de 1996, pela Ligier… Além disso, até hoje a FIA não atribui a ninguém o número 13. Quem disse que superstição é coisa que não existe na F 1?
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Você esteve em Le Mans, não esteve? Então, por favor, não seja egoísta: divida conosco a emoção de pisar naquele lugar histórico onde, em 1906, foi disputada a primeira corrida do mundo a receber a denominação “Grande Prêmio”.
Abraços,
Panda