Testes servem para testar – e enganar…

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Panda

Você foi muito modesto ao mencionar a boa acolhida dos especiais de fim de ano, Frases, Frases, Frases e Os Mais Belos Fórmula 1: nós mais do que dobramos nossa audiência.

Estamos indo depressa, mesmo sem portal e publicidade. Tudo apenas with a little help from our friends. A eles, os nossos melhores agradecimentos.

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Concordo com você que os testes de inverno devem ser visto com toda a desconfiança do mundo. Basta dizer que os carros da Prost foram os mais rápidos no inverno europeu 2000-2001. Mas olhando com atenção os tempos obtidos pelas equipes nos testes de Barcelona (de 7 a 11 e 22 de janeiro), alguma coisa dá para concluir.

1) Os tempos assinalados até agora são semelhantes aos de 2001. Nesta terça, dia 22, Alexander Wurz baixou em alguns centésimos o tempo da pole do ano passado, de Michael Schumacher. Foi a primeira vez que alguém conseguiu isso, depois de seis dias de teste. Certamente hoje e nos próximos dias este tempo vai cair mais. Não deixa de ser um bom sinal para a McLaren, que vem de motor e pneu novos (o chassi usado por Wurz é o do ano passado). O tempo de David Coulthard, usando o novo modelo do McLaren, porém, não foi particularmente interessante.

2) Muito bom, excepcional mesmo, o trabalho de Antonio Pizzonia no primeiro dia de treinos, quando foi o mais rápido. Creio que foi a terceira ou quarta vez que o brasileiro dirigiu o Williams e deixou para trás, além de duas McLaren, seus colegas de equipe Ralf Schumacher e Marc Gené, com meio segundo e um segundo de vantagem, respectivamente. Na segunda vez que pilotou o Williams, Pizzonia não foi tão bem, rodando apenas 15 voltas.

3) Não se pode dizer que Felipe Massa tenha tido um bom desempenho em seus testes com a Sauber. Em três dias, tomou tempo de Nick Heidfeld em dois, sendo que a volta mais rápida do brasileiro foi 1,7 segundo pior do que a do companheiro de equipe.

4) Luciano Burti, estreando na Ferrari, foi bem mais lento do que Luca Badoer. Neste caso específico, porém, é preciso cuidado para julgar o desempenho do brasileiro. Ele não foi contratado necessariamente para ser rápido mas sim para desenvolver sistemas específicos para a equipe.

5) Vai se confirmando a impressão que os Toyota disputarão os últimos lugares do grid com Minardi e Prost. Alan McNish fez o pior tempo de todos os treinos e Mika Salo, em sua melhor passagem, ficou quase quatro segundos distante do melhor tempo do dia. No lançamento do carro, a equipe anunciou planos incrivelmente modestos. É bom que tenha sido assim.

6) Os novos Bar e Jaguar (que nem chegou a treinar em Barcelona) não só mostraram pouca força com, principalmente no caso da Jaguar, já revelaram ter problemas sérios a resolver.

7) Mas os testes em Barcelona também deixam claro que tem gente roubando no tempo. Está na cara, por exemplo, que os Jordans de Fisichella e do estreante Sato andaram mais do que deviam no dia 11. E eu também não poria muito fé no tempos de Irvine e Raikkonen no dia 10…

8) A briga de verdade ainda está por vir. A McLaren apenas começa a mostrar os dentes enquanto os novos Williams e Ferrari estão nas garagens. Olho vivo, portanto, nos próximos testes.

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Eu e você ficamos em dúvidas ao mencionar o peso dos carros na década de 50 (na abertura da década no especial Os mais belos Fórmula 1) e acabamos optando por uma frase genérica.

Pois com a ajuda do leitor e amigo Paschoal Tanzillo, consegui identificar o peso do Mercedes W196, que levou Fangio ao título de 55: 650 kg, sem óleo e combustível, apenas 50 kg mais do que um Fórmula 1 atual.

Grande abraço

EC

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

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