Abraços
Eduardo Correa
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Edu,
A Fórmula 1 está sendo engolida pelo próprio gigantismo.
O campeonato de 2002 deveria começar com 12 equipes, mas a Prost faliu. Times como Arrows, Minardi e Jordan estão em sérias dificuldades financeiras. A BAR não tem perspectiva de fechar mas, pelos boatos, começa a perceber que o dinheiro que tem precisa ser mais bem usado.
Só NÃO estão reclamando de falta de grana as equipes que possuem fortes apoios das fábricas. Ou seja: Ferrari, Williams, Mercedes, Renault, Toyota. Para não dizer que não existem exceções, há uma fábrica (Ford, dona da Jaguar) cujos executivos começam a questionar a validade de despejar algumas dezenas de milhões de dólares por ano na F 1. E há também uma equipe “média” (a Sauber) cujo proprietário mantém-se calado a respeito dos custos da categoria.
Os custos da F 1 estão realmente muito altos (o orçamento da Ferrari para 2002 passa de US$ 300 milhões). Mas há 15 anos também era assim. O orçamento das equipes de ponta chegava a no máximo US$ 20 a 25 milhões – um escândalo, para a época.
A diferença é que agora as fontes de dinheiro estão secando. No final dos anos 80, boa parte do dinheiro da F 1 era proveniente do Japão, cuja economia vivia momentos de esplendor. Só que tal esplendor acabou no começo dos anos 90. Depois, a economia global deu uma melhorada e a F 1 pôde continuar esbanjando dinheiro, mostrando sua opulência e seu gigantismo. Só que agora o momento é de retração e não há mais oásis.
Baixar os custos da F 1 é um desafio inglório. Sempre que se tentou fazer isso, eles aumentaram. Mudanças radicais levam a mais pesquisas, mais desenvolvimento, mais dinheiro gasto… E, como sempre, as equipes mais ricas terão meios mais rápidos de explorar a nova realidade.
O que fazer, então?
A primeira providência seria deixar o regulamento técnico exatamente do jeito que está. Mudanças, só as que representassem ganhos em segurança. Já seria um caminho: os trabalhos de desenvolvimento não seriam perdidos com as mudanças de regulamento.
Outra providência seria facilitar o acesso de novas equipes à F 1. Hoje, quem quiser entrar na brincadeira terá que adiantar nada menos que US$ 48 milhões, a serem devolvidos de maneira escalonada ao longo de alguns anos. Não é para menos que, desde 1998 (quando essa regra foi baixada), apenas uma equipe totalmente nova entrou na categoria: a Toyota, terceiro maior fabricante de automóveis do mundo.
Até Bernie Ecclestone, que tanto fez para elitizar a F 1, começa a perceber que é o momento de fazer um movimento contrário. Já andou sugerindo que as equipes precisam usar melhor seu dinheiro e fez críticas abertas a algumas delas. De quebra, deu suasugestão: as equipes maiores poderiam vender seus chassis para os concorrentes. Assim, a Arrows poderia correr com um chassi Williams, a Minardi poderia comprar uma Ferrari e assim por diante. Até os anos 70, havia várias equipes particulares que em um GP ou outro apareciam com chassis Brabham, McLaren, Lotus. Pouquíssimas fizeram algo de bom.
Como se vê, os dirigentes da F 1 têm um desafioS gigantesco pela frente: conciliar o caráter “exclusivo” da F 1 com uma necessidade concreta de baixar (e bem) os custos. O que será que vai sair disso?
Abraços,
Panda