Edú e Panda
vocês se lembram da fórmula 3? E da fórmula 2? Se lembram de Jody Schekter nas F3 e F2? Ele era apelidado de troglodita nesta época.
Você se lembram de um tal Dave Walker, que aporrinhou muito o Emerson nestas categorias? E do Pace na F2, lembram-se? Ronnie Peterson, Riccardo Patrese passearam de F2, lembram? François Cevert veio de lá;
O maravilhoso Gilles andou de F2. Regazzoni também arrepiava na F2.
E Jim Clark? Lembram-se dele? Correu e (até morreu) na F2.
E os “paus” entre Coulthard e Barrichello nas categorias inferiores?
E o Piquet? Vocês não esqueceram como ele chegou na Inglaterra, pra começar lá de baixo né? Tinha brasileirinho, que começava com carrinho de rolemã, kart, fusca, formula V, super V, formula Ford, Fórmula 3… Alguns eram bons e ganhavam o direito de receber uma tal de superlicença. Vocês se lembram da superlicença? Lembram quando tinham alguns critérios e regras pra se obter a superlicença?
Pois é. Isso tudo acabou. Não tem mais. Pra que, né? A Fórmula 1 moderninha não precisa mais dessas coisas complicadas. Aperta um botãozinho aqui, outro botãozinho ali…
A F1 é literalmente um aborto. Está matando os pilotos antes mesmos deles nascerem. Ela também já assassinou os circuitos, e as outras categorias do automobilismo.
É responsável também pelo desaparecimento das equipes ditas intermediarias. Só restam agora 2 ou 3 grandes e poderosas, e o resto miseráveis. Essas gastam boa parte do seu tempo mendigando patrocínios decentes. Esses patrocinadores quando chegam trazem sempre em seus “pacotes” um piloto de “ponta”.
Esta semana a Minardi anunciou seu novo patrocinador: A Gazprom, uma empresa de gás russa. E seu novo piloto: o “famoso” e também russo Sergey Zlobin, 32 anos e com participações na formula Renault e nas 24 horas de Daytona. Legal né? Pra quem tinha o malaio Yoong…É uma bela troca. Acho que pelos menos o cheiro muda um pouco.
Tá bom, tá bom! O chato aqui vai parar de “pentelhar”. Afinal vocês não tem culpa de um fígado que acabou de completar 54 anos, de vez em quando acordar meio azedo.
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E por falar em azedume, também estive neste domingo, 25, em Interlagos para os 500 Km.
Entra ano sai ano, e a gente chega lá e ainda se comove com aquela movimentação, aqueles carros, aquele barulho, aquele cheiro e esquece o resto do mundo. Mas quando se começa a prestar a atenção, no estado de abandono do nosso autódromo, na sujeira, no desleixo, no crônico problema dos banheiros entupidos (fazem parte da tradição do autódromo), a coisa fica desanimadora.
Uma prova tão tradicional como essa, com tantos atrativos, com novidades nas categorias, com carros raramente vistos em nossas pistas, com corridas de clássicos e antigos, exposição de “veteranos”, e organizada com muito sacrifício por meia dúzia de teimosos e abnegados, mas com público tão pequeno. A ausência de público me chateia muito, quando lembro desta mesma corrida no passado.
O que será que falta? Divulgação? Mas antigamente os meios de comunicação eram mais precários, não tínhamos o que temos hoje, muitas revistas, jornais e jornalistas especializados, televisão, internet, GPTotal e etc. Não tínhamos nem arquibancadas, mas tínhamos público e não era pouco, tudo espalhado pelos barrancos do autódromo inteiro. Estrutura? Nenhuma.
Em dias de corridas, congestionávamos as Avenidas Sto. Amaro, Washington Luiz, e Interlagos, caminhos dos tempos sem Av. Marginal.
Será que só temos o público da televisão e de Formula 1? O que aconteceu com a nossa juventude? Será que se desinteressou pelo automobilismo? Onde foram parar os fanáticos? Onde estão os “rachadores” de semáforo? Teria sido a morte do Senna? O que acontece com as nossas corridas “caseiras”? Falta organização? Falta um calendário decente? Temos bons pilotos e ótimos carros.
Tive a oportunidade de dar duas voltas no circuito, no desfile de carros antigos e pude ver de perto aquela imensa arquibancada vazia, com umas 200 ou 300 pessoas espalhadas. (Na área do boxes tinha de 1000 a 1500). É deprimente.
Só que nós que gostamos demais da “coisa”, acabamos relevando tudo, em troca de ver por exemplo, um Lister e um Porsche GT3, descendo pelo retão fazendo ecoar aquele ronco que arrepia, ver outros Porsches, BMWs, protótipos diversos como Espron, Aldee, AS Vectra, misturados a Palios, Unos Voyages, Omegas, dividindo curvas e freiadas. Ou vibrando com a prova de “clássicos”, onde até um Fiat Topolino com uma mecânica de fusca bravo, se sobressaiu e venceu. Tudo isso com muita saudade do nosso assassinado velho circuito de 8 Km e de quando essa mesma prova, com seus “charutinhos”, era realizada pelo anel externo do nosso autódromo, tão perfeito que nem tinha o famigerado formato oval tão apreciado pelos nossos “friends” lá da outra América.
É isso aí. Logo teremos outra “corridinha” e estaremos lá de novo, torcendo, participando, apoiando mais uma vez, e ao mesmo tempo constatando e lamentando as coisas que nos aborrecem. Desanimar nunca!
Abraços
Romeu Nardini