GP da Bélgica

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30/08/2002
UM ANO DE GPTOTAL
04/09/2002

Panda

Está ficando difícil negar a um número cada vez maior de pessoas que a Ferrari não esteja decidindo antes da largada o resultado das corridas. Culpa do excepcional F2002 e também das dragas construídas pelas demais equipes para a temporada deste ano.

Sim, porque não é apenas o Ferrari que é um grande carro; os outros nasceram fracos e foram piorando ao longo do ano – veja o caso do Williams, por exemplo. Resultado: quatorze corridas, dez vitórias de Schumacher, duas de Rubinho e esta facilidade, esta moleza, esta baba em largar na frente, abrir um, dois, três segundos por volta sobre a oposição e depois apenas passear tranqüilamente pela pista.

E lá vai Schumacher para mais dois ou três recordes, já nem sei quantos ele acumula este ano. E lá vai Rubinho tendo de inventar uma história para ter ficado tão para trás na Bélgica. Segundo disse aowww.grandepremio.com.br, foi porque escolheu pneus dianteiros diferentes dos de Schumacher… Então tá. E lá vai Reginaldo Leme sugerindo que Rubinho ganha em Monza e Indy. E lá vai o resto do mundo – fora a velhinha de Taubaté – acreditando num grande cambalacho.

Ainda me alinho ao lado da velhinha de Taubaté (lembra-se dela? É aquela personagem do Luis Fernando Veríssimo que acreditava em tudo o que o governo dizia) mais por uma questão de princípios do que por outra coisa qualquer. O dia em que não acreditar mais na base esportiva da Fórmula 1 encerro minha colaboração com o GPTotal e vou escrever sob alpinismo.

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E por falar em Reginaldo Leme, ele teria evitado aquela saia justa com a história dos cinco pilotos da Marlboro/BRM – que eram dez em verdade – com uma visitinha ao nosso Pergunte ao GPTotal desta semana.

Não fique você também numa saia justa e conheça a verdadeira história dos cinco – ou dez – pilotos da BRM em 72 clicando aqui.

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Não há como disfarçar a decepção com a temporada de Montoya.

Ele não está indo propriamente mal – mas também nem o mais otimista entre os seus torcedores pode dizer que ele esteja arrebentando, como se esperava.

Verdade que o Williams BMW fracassou redondamente, verdade que Montoya vai catando pontos diligentemente mas nada o distingue de Ralf, de quem se esperava que virasse picadinho nas mãos do colombiano.

Pelo contrário, acho que o virtual empate entre ambos no campeonato (Montoya tem dois pontos a mais do que Ralf) diz melhor da temporada do alemão. Aliás, esta é a grande pergunta a ser resolvida nas próximas três corridas. Ralf ou Montoya: quem termina o campeonato na frente? Eu acho, ao contrário do que pensava no começo do ano, que vai dar Ralf.

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Kimi Raikonenn é o contrário de Montoya. Apesar de não ter conseguido muitos pontos na temporada e estar bem atrás de Coulthard, ele vem mostrando arrojo, determinação, velocidade e uma impressionante frieza – como demonstrando na nona volta, se não estou enganado, quando controlou com perfeição seu McLaren derrapando elegantemente sobre as quatro rodas numa daquelas curvas ultra-rápidas de Spa.

O finlandês vai se credenciando corrida a corrida, a se tornar o grande opositor de Montoya na Fórmula 1 pós-Schumacher.

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Alguém notou que o freio dianteiro direito de Raikonenn estava soltando um pouco de fumaça antes da largada? Talvez aquilo não quisesse dizer nada mas, para mim, a corrida do finlandês terminou ali. De fato, ele foi ficando para trás desde o início até que seu motor abriu o bico.

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Impressão minha ou o Jenson Button passou a quebrar seguidamente depois que anunciou sua saída da Renault? Deve se cisma minha porque o Trulli, apesar de ter andando na frente do Button nas últimas corridas, nada conseguiu. Mas também pode ser que o Trulli seja uma droga de piloto e só eu tenha percebido…

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Luz no final do túnel para a Jaguar, que conseguiu um 6o lugar com Irvine?

Tomara que sim. A Fórmula 1 está precisando de boas notícias.

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Ninguém fora da imprensa inglesa deu-se ao trabalho de acender um vela por Alan McNish, piloto cujo desligamento da Toyota foi anunciado esta semana. Se você olhar bem, verá que ele não fez uma temporada tão pior do que a Salo ou Massa, outros dois demitidos do ano.

A Fórmula 1 é assim: com alguns, tem toda a paciência e compreensão do mundo; com outros, apenas palavras duras. Refletindo sobre a situação do Massa, demitido e virtualmente condenado ao ostracismo aos 21 anos de idade, penso no caso de Nigel Mansell. Com ele, a Fórmula 1 pôde esperar.

Antes que tivesse disparado a ganhar corridas em 1986, o inglês apenas passeou pelo fundo do grid em cinco temporadas completas desde a sua estréia, em 80. Tudo bem que ele tivesse ido bem nas fórmulas de acesso e os chefes de equipe vissem por trás daquela cabeça dura um talento natural para a Fórmula 1. Mas até que o inglês resultasse em alguma coisa palpável, eles tiveram de esperar cinco longos anos. podiam ter esperado pelo menos um ano a mais pelos resultados de Massa. Como no caso de Mansell, poderia valer a pena.

Um abraço a você e a todos os leitores

Eduardo Correa

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

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