Panda
Vamos à China em 2004? E a Bahrain? Seu eu fosse você não iria não. é longe, quente e as pistas são parecidas às de Barcelona e Malásia. Aliás acho até que foram desenhadas pelo mesmo arquiteto, um alemão que caiu nas graças de Bernie Ecclestone. Foi ele também quem reformou Hockenheim.
O que quero dizer é que veremos nos novos autódromos o plástico de sempre: um retão e uma sucessão de curvas de média e baixa velocidade. Nenhuma subida e descida, nenhuma curva cega, nada de surpreendente. Villeneuve disse que adora Spa porque se sente correndo numa estrada que poderia levar até a sua casa – porque é, de fato, uma estrada, construída em meio aos contornos de um terreno qualquer e não numa área terraplanada. Em comparação, correr nos autódromos modernos é como dirigir numa pista de autorama.
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O prefeito de Moscou, Yuri Luzhkoy, descascou Bernie Ecclestone e disse com todas as letras que só não assinou contrato para um GP na cidade porque considera as condições impostas pelo inglês leoninas demais. “Nós queremos fazer a corrida”, disse o prefeito, “mas Ecclestone quer ficar com todos os direitos para ele, bilheteria, TV, publicidade. Para nós fica apenas a fumaça dos motores”.
Então você já sabe: se vai haver corrida na China e em Bahrain é porque os organizadores locais deixaram as calças com Bernie…
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Bernie informa que está negociando também novas corridas na costa lesta americana – uma idéia muito tentada e que sempre acabou mal – Egito, Líbano, Turquia, Rússia (em outra cidade que não Moscou) e Índia.
Não vou dizer que algumas destas corridas não possam de fato entrar no Campeonato mas é coisa demorada. As negociações com a China se arrastam desde o final dos anos 90, Bahrain idem. A primeira condição para ter uma corrida é aceitar as condições para lá de leoninas de Bernie e isso não é fácil porque o homem sempre quer mais. A segunda é ter condições de bancar os custos. O autódromo de Bahrain está orçado em uns US$ 70 milhões.
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Se entra China e Bahrain, quem sai? Os candidatos são San Marino, Áustria, Hungria e Bélgica – esta já em suspense para 2003. Mas quer saber: o que Bernie quer mesmo é aumentar o número de corridas no ano, talvez para mais de vinte. É que o dinheiro que ele podia ganhar em cada corrida está no seu limite máximo (no Brasil, por exemplo, Bernie tem participação até no cachorro quente que você come). Mais corridas = mais dinheiro. Entendeu?
Em tempo: Austrália, Brasil, Indy, Canadá, Inglaterra, Europa, Alemanha, França, Mônaco, Espanha e Monza são dadas como tranqüilas.
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Lembra que eu disse na coluna passada achar que havia um dedo ou dois de Tony George, dono de Indianápolis e uma espécie de George Bush do automobilismo, no pacote-palhaçada de Max Mosley?
Pois é. Vi uma reprodução do jornal The Indianapolis Star e eles consideraram o resultado da corrida como um insulto ao “autódromo mais famoso do mundo”. Já um jornalista da ESPM disse que o que Schumacher fez foi como queimar a bandeira americana.
Os esforços da Fórmula 1 para se fortalecer no mercado americano passam pelas mãos de Tony George. O homem pode muito e Bernie e Max não podem desconsiderar as suas opiniões e pontos de vista. E George sempre pode alegar que a Fórmula 1 é um negócio pequeno para ele, que atrai 400 mil pessoas para as 500 Milhas e 300 mil para a corrida de Nascar. Com a Fórmula 1, ele “só” consegue 150 mil…
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Peço licença a você e aos leitores para elogiar, modestamente, minha própria perspicácia. Em fevereiro, antes de o campeonato começar, elegi as perguntas-chave da temporada. Pois acertei todas ou quase…
A primeira pergunta era se a crise iria afetar outras equipes. Estaeu não respondi pão-pão-queijo-queijo mas as demais (Michael Schumacher vai confirmar seu favoritismo? Quem termina em 2o entre os construtores? Quem fica em 4o e em último? Qual será o futuro de Rubinho e Coulthard? Para onde iria a briga entre as montadoras e Leo Kirch? E quem se daria melhor: Montoya ou Ralf?) acertei todas menos quem iria ficar em 4o – apostei na Sauber mas, bem feito, se ferraram.
Parabéns para mim mas, aqui entre nós, não descobri nenhuma pólvora. Vamos ver se repito o feito no ano que vem. Aproveitando: Schumacher é favorito para 2003…
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O que não sei se acertei ou não foi minha previsão, feita depois do GP da Áustria ou de Nurburgring, de que Rubinho havia quebrado a barreira da vitória.
Não gostei das últimas corridas dele na temporada, nas quais não foi páreo para Schumacher – mesmo em Monza. Como sou otimista de nascença, mantenho minhas boas perspectivas para nosso garoto no ano que vem. Ele que não vá me decepcionar.
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É dura a crise: a Williams está ultimando planos para construir um novo túnel de vento em sua fábrica, que vai custar perto de US$ 50 milhões e permiti ensaiar com um carro em tamanho real (você deve saber que na absoluta maioria dos túneis de vento, ensaia-se com modelos em escala, o que sempre comporta um certo grau de imprecisão. Nem a Ferrari tem um túnel como o que a Williams planeja construir.