TUDO COMO ANTES

JOGO POLÍTICO
02/05/2003
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07/05/2003

Edu,

E o novo regulamento, heim? Não era ele que ia fazer com que tivéssemos corridas emocionantes, cheias de novidades nas primeiras posições, para finalmente encerrar o domínio da Ferrari?

Pelo bem dos que realmente apreciam o automobilismo (e a Fórmula 1 em particular) como esporte e não como gincana colegial na qual todos os participantes levam uma medalhinha, as coisas estão voltando ao normal. Aliás, minto: na verdade, nunca saíram do normal. As corridas “emocionantes” da Austrália, Malásia e Brasil pouco ou nada tiveram a ver com o novo regulamento. Aconteceram por causa de chuva, erros (de Michael Schumacher, principalmente) e outras circunstâncias. Sem esses fatores, Schumacher voltou a seus verdadeiros lugares: a pole position e o alto do pódio. Simples assim.

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GPs em Barcelona caracterizam-se pela monotonia. Desta vez, foi um pouco diferente. Não tivemos uma corrida exatamente emocionante, mas durante algumas voltas ficou no ar a expectativa de que Fernando Alonso poderia se aproximar de Schumacher e proporcionar uma boa briga. Em algumas voltas, virou 0s3 mais rápido que o alemão. Depois, a distância se manteve e o espanhol terminou em 2º lugar, à frente de Rubens Barrichello. Como escrevo ainda sem ter todas as informações na mão (nossos amigos do www.grandepremio.com.br estão colocando no ar as notícias quentes do GP da Espanha), evito fazer um julgamento sobre a corrida do brasileiro. Mas, certamente, não se pode dizer que o 3º lugar foi um mau resultado, ainda mais na estréia da Ferrari F2003-GA (GA de Gianni Agnelli, presidente da Fiat, falecido no ano passado).

Aliás, a transmissão dos treinos de sábado proporcionou um ótimo exemplo da “importância” que a Rede Globo dá à boa informação. Ao explicar a razão do “GA” na sigla da nova Ferrari, Galvão Bueno definiu Agnelli como principal executivo “da grande montadora que é dona da Ferrari”. Ignoro se a iniciativa de não citar a Fiat partiu do próprio Galvão ou de algum diretor de transmissão. Mas sua razão é cristalina: as transmissões da F 1 na Globo são patrocinadas por outra “grande montadora”, chamada General Motors.

Entre uma “explicação” dada desse jeito e o nada, fico com o nada.

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Sobre Alonso, é obrigatório dizer: o cara é brilhante, rapidíssimo e já figura ao lado de Räikkönen e Montoya como promessa de ser um dos grandes da F 1 em pouco tempo. Comecei a prestar atenção nele em 2000, na Fórmula 3000. Alonso mostrou-se muito rápido desde as primeiras corridas, mas invariavelmente acabava batendo. Só colocou a cabeça no lugar no final da temporada, e aí mostrou sua estirpe: 2º lugar na penúltima corrida (Hungaroring) e vitória no encerramento da temporada, na difícil Spa-Francorchamps. Foram suas únicas colocações entre os seis primeiros na temporada.

Poucos prestaram atenção a ele quando estreou na F 1 em 2001, pela Minardi. Sem pressões, aprendeu muito e manteve a forma no ano passado, como piloto de testes da Renault. E agora está fazendo o que todos nós estamos vendo.

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Cristiano da Matta e Antônio Pizzonia tiveram destinos bem diferentes neste GP da Espanha. O mineiro fez uma corrida sensacional, ficou sempre entre os oito primeiros e marcou seus primeiros pontos na F 1 ao terminar em 6º lugar, depois de uma bela disputa com Ralf Schumacher nas últimas voltas. O amazonense não teve chance de mostrar nada: o controle de largada do Jaguar falhou, Pizzonia ficou parado na largada e foi acertado em cheio por Räikkönen, que só acertou o brasileiro porque não conseguiu espaço à esquerda para ultrapassar as Minardi.

Há quem defenda que Pizzonia é que deveria “demitir” a Jaguar por entregar-lhe um carro tão ruim e cheio de falhas. É uma utopia mas seria interessante, especialmente se ele fizesse isso para assumir um cockpit melhor…

Ao que parece, na noite de sábado aconteceu uma reunião na Jaguar e Pizzonia teve sua presença confirmada até o final da temporada. Será que dá para confiar? Respostas nos próximos capítulos…

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Engraçado: com Schumacher voltando a fazer poles e vencer corridas, praticamente desapareceram os defensores ardorosos deste novo regulamento que, na minha opinião, é uma merda. É uma merda porque impede o piloto de melhorar seu desempenho nos treinos ao ponto de atingir a perfeição e conseguir a melhor colocação de largada possível. É uma merda porque faz um piloto como Räikkönen, líder do campeonato, largar na última posição porque cometeu o “pecado” de errar em sua única oportunidade de marcar tempo. É uma merda porque, por mérito e por condições mecânicas, Räikkönen não precisaria ficar sujeito ao tipo de circunstância que fez com que sua corrida durasse menos de 100 metros.

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Parece que andaram dizendo na TV que o 2º lugar de Fernando Alonso era uma conquista inédita para pilotos espanhóis na F 1. Não acompanhei o áudio da TV mas, se esse comentário realmente existiu, devo dizer o seguinte em nome da veracidade histórica e da correção dos fatos: seu autor errou. Esqueceu-se que Don Alfonso Cabeza de Vacade y Leighton, Carvajal y Are, 13º Conde de la Majorada, 17º Marquês de Portago, mais conhecido como Alfonso de Portago ou Marquês de Portago, terminou em 2º lugar no GP da Inglaterra de 1956. Na ocasião, de Portago dividiu a condução de uma Ferrari com o inglês Peter Collins.

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A semana que passou foi uma das mais importantes da história do GPtotal. Primeiro, porque conseguimos um novo recorde mensal de acessos – quase 40.000, superando em muito a marca anterior (cerca de 32.000 acessos) estabelecida em março. Segundo, pelo acordo de divulgação e troca de banners firmando entre o GPtotal e o provedor Tutopia. Terceiro, porque meia hora antes da corrida as rádios Globo e CBN levaram ao ar um boletim do GPtotal, comentando o GP da Espanha de 1975 (leiam mais a partir de amanhã). Trabalhos parecidos deverão ser feitos em parcerias com a Globo e a CBN nos próximos GPs.

Abraços e bom domingo a todos,

L.A.Pandini

GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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