Schumi é o favorito para 2004!

Meu novo herói (parte 2)
15/05/2003
“FESTA DO INTERIOR”
22/05/2003

Caro Panda

Nota dez é pouco para a corrida de Michael Schumacher, hoje na Áustria.

Com os carros em condições iguais, ele deu um baile em Montoya, Raikonenn e Rubinho nas primeiras voltas, manteve o sangue frio – e bota frio nisso – durante aquele catastrófico pitstop e depois recuperou os doze ou treze segundos perdidos, retomando a posição de Raikonenn. Alguém teria dúvidas de que ele alcançaria também Montoya, caso o motor BMW não tivesse deixado de novo o colombiano na mão?

E vou deixar barato a pole obtida pelo alemão uma vez que os pilotos líderes tinham aproximadamente a mesma quantidade de gasolina no carro e a deliciosa brincadeira de gato e rato entre ele e Montoya nos momentos anteriores à saída do safety car da pista. Esquentar a cabeça como o colombiano esquentou é o tipo da coisa que um campeão não faz.

Não sei se o F2003 é tão bom assim, se a Bridgestone neutralizou a vantagem dos Michelin, se as outras equipes andaram para trás, se o gás da McLaren acabou, se Alonso perdeu a mão. Só sei que Schumacher, o velho Schumacher, com as suas quase setenta vitórias, cinco títulos e mais recordes do que somos capazes de imaginar, continua fazendo a diferença.

E digo mais: para mim, Schumacher já é favorito ao título de 2004!

***

Rubinho provavelmente perdeu o 2º lugar na corrida por força dos problemas em seu pitstop inicial mas eu não daria a ele uma boa nota pelo GP da Áustria pelos vários motivos:

– foi mal nos treinos.
– Não soube tirou proveito da superioridade do seu carro na primeira fase da corrida. Enquanto Schumacher abria sete segundos para o 2º colocada nas doze primeiras voltas, Rubinho marcava passo em 4º. Este tempo perdido, como se verá, vai lhe fazer falta.
– Na fase final da corrida, enquanto Schumacher voltava a abrir
vantagem para Raikonenn, Rubinho lutava para se aproximar do
finlandês. Conseguiu chegar mas não passar. Schumacher
conseguiu chegar e passar.

Este tem sido o campeonato de Rubinho. Errou feio na Austrália, fez figuração ou algo parecido na Malásia, San Marino, Espanha e Áustria, sempre sendo superado por pilotos com carros certamente não melhores do que o do brazuca. Verdade que correu bem no Brasil mas, se você me permitir ser chato, Rubinho foi consideravelmente mais lento na fase inicial da corrida em relação a Schumacher com o mesmo carro e o mesmo pneu.

Rubinho dorme sonhando em ser o sucessor de Schumacher já no ano que vem, assumindo o papel de primeiro piloto da equipe e tendo o alemão trabalhando para ele.

Do jeito que a coisa vai, creio que ficará só no sonho mesmo.

***

E quem foi o único piloto a rodar naquele arremedo de chuva que caiu sobre A1-Ring? Ele mesmo, Jarno Trulli, o artista do volante, o ás italiano, em verdade o maior cheque sem fundo da Fórmula 1 atual – não por falta de aviso deste humilde colunista.

E o artista consegue voltar e chegar em 8º lugar, à frente de Pizzonia. Ainda por cima é rabudo.

***

Antonio Pizzonia. O que dizer do nosso amazonense?

Ele foi pouco mostrado pela TV austríaca (que fez uma gracinha de transmissão, por sinal). Sequer a belíssima ultrapassagem na primeira volta quando, creio, ganhou duas posições, pudemos ver em replay.

Não sabemos bem como foi o rendimento do Jaguar. 
Aparentemente não teve problemas graves durante a corrida, talvez só nas últimas voltas. Mas não podemos fugir de fato
capital: Mark Webber largou dos boxes e chegou em 7º.

Por falta de informações mais precisas, repito, não sei dizer se
houve influência externa (atrasos nos pitstops, problemas com o carro etc.) mas, em qualquer caso, tendo havido ou não problemas externos, trata-se de um resultado ruim para Pizzonia porque, de novo, ele dependerá de alguma explicação para justificar seu 9º, coisa que Webber, mesmo tendo todos os motivos do mundo, não vai precisar.

O australiano disse dias destes no grandepremio.com.br que a Fórmula 1 não gosta de desculpas. É o caso de se dizer: falou e disse.

***

Também fica difícil julgar a corrida de Cristiano da Matta. O Toyota tem problemas sérios, intuo, tanto de concepção (é um carro lento e sem potência) quanto de mecânica simples. Onde já se viu um equipe, em 2003, confessar que o seu carro tem problemas com a captação de gasolina no tanque, como aconteceu em San Marino?

Pois mesmo assim, da Matta luta, luta e luta. Ele tem terminado as corridas, coisa que Panis não tem conseguido. Isso vai valer alguma coisa não hora da renovação dos contratos? Quem poderá dizer. Da Matta não tem se desculpado mas também não tem produzido resultados, certamente não por sua culpa.
Mas na hora em que o bicho pegar, pode sobrar para ele e lá se vai mais uma esperança brasileira ladeira abaixo.

***

Por falar em ladeira abaixo, não pude conter uma gargalhada vendo Jacques Villeneuve esmurrar o volante do seu Bar. Será que idioma inglês tem tantos palavrões quanto Villeneuve gostaria de ter proferido naquele momento? Saber mais de um idioma tem as suas vantagens.

Ninguém aposta um centavo na continuidade de Villeneuve na Bar no ano que vem. Será que alguma equipe vai querer este canadense enjoado e birrento enchendo a paciência por perto?

***

Termino estas mal traçadas desejando excelente sorte para Hélio Castroneves em Indy, domingo que vem. Se duas vitórias seguidas em Indy já são um feito inesquecível, tentar uma terceira largando da pole é passagem garantida para a lenda.

Boa semana a todos

Eduardo Correa 

Eduardo Correa
Eduardo Correa
Jornalista, autor do livro "Fórmula 1, Pela Glória e Pela Pátria", acompanha a categoria desde 1968

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *