Panda
Não. Não vou babar pela corrida de Michael Schumacher, dizer que ele fez a diferença, que segurou os Williams no braço e na inteligência etc. e tal. Claro que ele correu muito bem – como sempre faz – e que dificilmente outro piloto sobre a face da terra teria conseguido vencer o GP do Canadá com aquele carro, diante daquela oposição toda.
Prefiro dizer que, apesar de Michael sair do Canadá com a liderança do campeonato, este, vencida a sua primeira metade, me parece mais aberto do que nunca e com desfecho difícil de ser antecipado pelos seguintes motivos:
– o novo Ferrari não parece ser tão superior assim aos seus adversários como a equipe quis fazer crer depois das vitórias na Espanha e Áustria. O resultado de hoje sugere mais uma loja com todo o seus estoque na vitrine.
– A guerra dos pneus está brava, sendo decidida pista a pista, ficando nas costas de Michael Schumacher compensar as aparentes deficiências dos Bridgestone diante dos Michelin. Sabemos que o repertório do alemão é amplo mas certamente não é infinito. e se ele tiver azar ou dar uma ou outra bobeira?
– Raikonenn é um piloto danado de bom e se a McLaren acertar bem seu novo carro será um osso duríssimo de roer.
– Os GPs de Mônaco e Canadá demonstraram que a Williams volta a ter café no bule e se seus pilotos errarem menos (refiro-me a Montoya), tiverem menos sentimento de inferioridade em relação a Michael (refiro-me a Ralf) e forem um pouco mais ousados (refiro-me a ambos), teremos um importante tertius a arbitrar a disputa entre Michael e Raikonenn, já que a droga da nova pontuação dificilmente permitirá à dupla da Williams descontar a diferença para os líderes.
Resumo da ópera: Michael Schumacher continua favorito mas o campeonato de 2003 tem tudo para ser o seu título mais difícil.
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Não costumamos poupar os erros de Rubinho e ele sempre está nos dando motivo para falar mas veja o caso de Juan Pablo Montoya.
Ele desperdiçou sua chance de repetir a vitória de Mônaco ao rodar sozinho, provavelmente por ter freado tarde demais para a chicane pré-largada. Depois fez uma belíssima corrida mas errou – e feio.
Montoya está inegavelmente decepcionando. Ele parou de evoluir já no começo da temporada passada, fato que acabou sendo pouco comentado pela sucessão de pole positions. Mas treino é treino, corrida é corrida e Montoya não tem mostrado evolução.
Deste jeito, vamos acabar pregando nele alguma etiqueta do tipo “rápido mas azarado” como já pregamos antes em pilotos como Ronnie Peterson, por exemplo, e Montoya ficará o resto da carreira alternando momentos brilhantes e erros crassos.
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Em compensação Fernando Alonso e Mark Webber não cansam de nos surpreender pela consistência e em superar as deficiências dos seus carros.
E creio que a Renault começa a pagar o preço de ter limitado seu horizonte de testes às manhãs de sexta-feira.
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O que aconteceu com os comissários de corrida em Montreal? Como é que não deram uma bandeira preta para os dois Williams, com aqueles espelhos balouçantes que poderiam, com um pouco de azar, ter provocado uma tragédia?
Estranho também que ninguém tenha aventado a hipótese de punir Montoya logo no começo da corrida, quando ele fez a ultrapassagem sobre Alonso enquanto o cheque sem fundo, digo Jarno Trulli, rodava à frente deles, provocando uma bandeira amarela. Mas, neste caso, estou só provocando: a bandeira amarela só começou a agitada depois que Montoya já havia tomado a frente de Alonso.
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Será que Rubinho bateu mesmo na traseira de Alonso na largada?
Pela TV não deu para ter certeza. O fato é que Rubinho passou pelo hairpin com o bico no lugar. Mas aí a câmara da TV cravou no pobre Pizzonia e quando voltou a mostrar Rubinho, já depois de iniciada a 2ª volta , o bico estava derrubado. Será que nosso garoto aprontou alguma longe dos olhos das câmaras?
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E peço licença para não esticar muito os comentários sobre as corridas de Rubinho, Pizzonia e Da Matta.
Sobre os dois primeiros, o melhor é dizer que foi uma jornada infeliz e partir para outra. Quanto a Da Matta, é claro que foi uma corrida valente, melhor do que a do seu companheiro Panis, dentro das possibilidades da equipe que, francamente, não são muitas. Temo que, quando a casa cair e alguém vier cobrar o desempenho da Toyota, Da Matta tenha pouco a mostrar e acabe sobrando para ele.
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E aqueles pneus Michelin dechapando inteiros? Será que eram recauchutados pelo mesmo camarada que soldou a barra de direção do Williams de Senna? Onde está a tecnologia da Fórmula 1?
A gente fica aqui pensando que aquilo é um laboratório espacial quando, na verdade, é pouca coisa melhor do que os mecânicos de esquina…
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A Bentley ficou com o 1º e 2º lugares nas 24 de Le Mans encerrada há pouco.
O carro vencedor foi pilotado por Tom Kristessen (o primeiro piloto a vencer a prova quatro vezes seguidas), Rinaldo Capello e Guy Smith (quem???). O outro Bentley carregou ao volante estrelinhas fugazes da velha Fórmula 1: Johnny Herbert, Mark Blundell e um dos filhos de Jack Brabham. Em 3º ficou um Audi pilotado por Pirro, Lehto e Johansson, eles também ex pilotos de Fórmula 1.
A Bentley voltou a vencer a prova francesa depois de 73 anos! Em 1923, foi a única equipe não francesa a participar da corrida, tendo-a vencido cinco vezes até 1930.
Para quem não sabe, Audi e Bentley são empresas do grupo VW, aquele que está ameaçando entrar na Fórmula 1 nos próximos anos.
Veja algumas fotos sobre a corrida deste ano clicando aqui.
Boa semana a todos
Eduardo Correa