“SOBRE PILOTOS INTELIGENTES E CORRIDAS DE MARICAS”

Indy on my mind
01/10/2003
WITH A LITTLE HELP FROM OUR FRIENDS
06/10/2003

Geraldo Tite Simões

Oi Edu
Acabo de ler seu comentário sobre o GP dos EUA. Em primeiro lugar, aposente esse vídeocassete por tempo de serviço! Ele já gravou as vitórias de Emerson Fittipaldi!!!

Segundamente, eu tenho uma teoria sobre o lado pessoal dos pilotos e sua forma nem sempre educada de ser.

Acompanhei bem de perto toda a carreira do Rubens Barrichello porque fui seu assessor na época da F-Opel. Da mesma forma que acompanhei também de perto a carreira do Alexandre Barros. Eles não são grosseiros por acaso, mas por força da formação educacional (a formal, leia-se escola) e daquilo que os alemães definem muito bem como “idiotas num assunto”. Você já percebeu que as novas gerações embarcam cada vez mais cedo para a Europa e poucos (acho que nenhum) completam os estudos? Acabam encerrando antes mesmo de terminarem o segundo grau. Você consegue imaginar um adolescente, livre dos pais, livre da escola, morando com um bando de adolescentes numa cidadezinha no interior da Inglaterra? Tornam-se exímios jogadores de vídeogame (sobretudo de corrida) e “idiotas num assunto”, porque vivem em função do automobilismo.

Compare com Gil de Ferran e Cristiano da Matta, que continuaram estudando e foram para o exterior mais velhos. O Gil é engenheiro, o Cristiano não sei a formação, mas toca blues na guitarra, o que já traz um novo “pacote” de interesse na vida.

Uma vez perguntei ao Alex Barros se ele viajava muito. Ele foi pragmático: “Sim, nos GPs”. Dificilmente você vê estes pilotos viajando para conhecer algo além do hotel, meia dúzia de ruas, o caminho do autódromo e os hotéis. Duvido que um piloto da nova geração tenha pisado num museu em Paris, ou no Cairo, ou subido a serra de Cuzco para conhecer Macchu Pichu. Eles não se interessam por mais nada que não seja essencialmente competição.

Já os europeus não precisam interromper os estudos porque moram na cidade natal (se bem que a maioria interrompe). São acostumados a viajar pelo mundo desde que nascem e têm formação educacional (formal) que destaca as atividades artísticas.

Os brasileiros perdem uma enorme chance de desenvolver um conhecimento eclético ao viver na Europa e viajar por todo o mundo, mas preferem voltar para suas cidades, se enfiar numa academia ou ficar jogando games. É uma questão puramente cultural. Conheci dois pilotos de moto italianos que freqüentavam óperas, discutiram política de desenvolvimento social no Brasil e conhecem o lado sociológico dos países que passavam.

Falando em corrida, aquela batida do Montoya no Rubens me pareceu uma série de erros de ambas as partes: primeiro o Rubens “alargou” a trajetória porque não conseguiu reduzir uma marcha; segundo, Montoya foi colocar por dentro, mas naquele trecho o asfalto já estava escorregadio e o carro saiu de frente, empurrando o Rubens. Os juízes da FIA querem fazer da F1 uma corrida de “não me toques” e exageraram na punição. Hoje (2/10) fiz um teste de um Mitsubishi Evolution junto com o Ingo Hoffmann e o Alemão comentou a punição que ele sofreu na corrida de Stock Cars no Rio de Janeiro. Foi ridículo, porque o David Muffato também errou a trajetória. Eu me pergunto: que direito tem um cara de julgar o que se passa na cabeça dos pilotos no momento do acidente? Não seria mais justo esperar a corrida acabar, chamar os caras, fazer uma acareação e depois escolher a punição?

Estão transformando o automobilismo numa modalidade de maricas! Como diz o Panda, isso é uma m….!

Geraldo Tite Simões (São Paulo-SP)

GPTotal
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A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

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