Em duas ou três semanas sai, finalmente, a biografia de Senna escrita por Ernesto Rodrigues e batizada “Senna, o herói revelado”. São 626 páginas arduamente peneiradas em meio a umas 1200 originalmente escritas pelo Ernesto. Ele entrevistou, com raríssimas exceções, todas as pessoas que mantiveram contato relevante com Senna. Ernesto promete numerosas histórias inéditas e belíssimas, algumas capazes de emocionar até mesmo fãs de Nelson Piquet. Mais de Ernesto: ele está de volta à Rede Globo, tendo sido o responsável por aquela série de reportagens no Jornal Nacional. Agora, está editando matérias sobre Senna para o Esporte Espetacular (irão ao ar dias 11, 18 e 25 de abril) e um Globo Repórter, com exibição prevista para dia 30, véspera do aniversário de dez anos da morte de Senna. /// Esperei o final dos treinos desta sexta, em Bahrein, para terminar a coluna esperando fazer algumas previsões para domingo mas, sinceramente, nem eu estou animado para dar a cara a tapa. Tirar maiores conclusões dos treinos de hoje, só mesmo aquelas óbvias:
Mais informações direto do Bahrein, vocês acompanham hoje, amanhã e domingo com a turma do grandepremio. E agora, passemos ao nosso momento romântico. /// Vejo, sem emoção, as primeiras fotos da pista de Bahrein. Bonita? Sim, como um viaduto ou um edifício de Niemeyer podem ser bonitos. Todo aquele cimento, todo aquele asfalto, aquelas áreas inóspitas, cheias de ângulos agudos, o Sol abrasador achatando tudo. Mas cadê as subidas e descidas? Cadê a natureza em torno da pista? Cadê as curvas cegas, daquelas que, para serem percorridas em velocidade, exigem um considerável volume dentro da calça dos pilotos? Até mesmo o asfalto liso como uma mesa de bilhar desperta-me antipatia. Alguma estrada no mundo é tão perfeitamente lisa e homogênea quanto esta pista? Certamente não. E isso lembra apenas ao meu espírito aziago como o automobilismo E verdade que este ano teremos de volta Spa (por um milagre, certamente) mas cadê Nurburgring, cadê Clermont-Ferrand, cadê o Interlagão velho de guerra? Em lugar deles, ganhamos cenários insípidos ainda que cada vez mais ousados e caros que este incrivelmente esperto Bernie Ecclestone consegue arrancar de governantes sem juízo mas que, em sua essência, não revelam nada (e lá vamos nós de novo…). Apenas um cenário oco que, tocado com os dedos, transmite uma sensação desagradável. ///
O leitor Pedro Jr, de Votorantim, enviou-me uma dica para download de uma extensa reportagem sobre a corrida de F1 em Nurburgring 73. Baixei o vídeo e revi aquelas máquinas todas da minha juventude mas a corrida em si foi como a da Austrália deste ano: na primeira curva, as primeiras posições já estavam definidas e, a partir daí, foi um desfile pela pista alemã. O que vocês, meus caros leitores, chamam de corrida chata, sempre existiu na Fórmula 1. Para quem se animar a baixar o vídeo, por favor, me envie um e-mail que eu repasso o link. Mas não se animem muito: são 97 MB. /// Não contem para ninguém que fui eu quem falou, mas David Coulthard pinta o cabelo. /// Quem conhece Eugène Martin que levante a mão. Ninguém levantou? Eu também não teria levantado se não tivesse tropeçado na entrevista deste simpático velhinho francês à revista inglesa F1 Racing de maio passado. Até onde sei, ele é o único sobrevivente do primeiro GP de Fórmula 1, disputado em Silverstone, em 13 de maio de 1950. Ele contava 34 anos de idade à época e correu com Lago-Talbot T26C-DA. Como a designação do modelo, era um não-acabar de carro, motor de seis cilindros, 4,5 litros, uns 250 cavalos de potência e uma caixa de câmbio no volante que você podia acionar à vontade sendo a marcha engatada automaticamente apenas no momento em que você pisasse na embreagem. “Era um sistema interessante”, lembra Martin, “mas também bastante lento e pesado e que consumia uma boa quantidade de potência do motor”. Que lembranças ele tinha do carro? “Ele era um tanto temperamental. Frear, especialmente, era bem difícil. Você precisava dirigir aquele carro com o seu traseiro mais do que outra coisa”. Os freios eram, claro, a tambor e o carro pesava 1 300 kg, mais que duas vezes um Fórmula 1 atual, incluindo o piloto. Martin estima a velocidade final daquele bichão em respeitáveis 270 km/h. Depois de dizer que não vai com a cara de Michael Schumacher, ele calculou que, enquanto esteve nas pistas, 52 pilotos perderam a vida. E isso me lembra que se perdemos Nurburgring etc., também não vimos mais tamanha mortandade nas pistas. Tudo na vida tem seu lado bom. /// Mais um mês, mais um recorde: 80 mil visitas, mais de 40 mil leitores únicos em março. Obrigado, leitores! /// Estarei na Globo-CBN domingo, a partir das 8h da manhã, contando histórias da Fórmula 1. Panda entra com o comentário da corrida ainda na manhã do domingo. | |
Eduardo Correa |