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OS NÚMEROS NÃO MENTEM?

Marcos, nosso leitor de Francisco Beltrão, Paraná, envio ao GPTotal já há alguns meses não um texto mas duas estatísticas bastante interessantes, provocadas por coisas que ele leu aqui: o duelo de vitórias entre brasileiros e ingleses na Fórmula 1 e uma comparação dos tempos no grid de largada entre Michael Schumacher e Rubens Barrichello.

A primeira estatística enviada pelo Marcos comprova minha impressão de que o Brasil é o país com maior número de vitórias na Fórmula 1 a partir de 1970, quando entramos no jogo para valer. Até então, as poucas participações brasileiras na categoria nunca haviam rendido nada melhor do que o 4º lugar de Chico Landi, em 1954.

Esta proeminência nada desprezível do Brasil na Fórmula 1 dos últimos 34 anos nunca é destaca pelo simples fato de os ingleses, que são, digamos assim, os acionistas majoritários da Fórmula 1, somarem as vitórias dos seus pilotos às de escocês e irlandeses, considerando-os todos como britânicos. Não vou discutir aqui as razões históricas para tanto mas lembro que, na Copa do Mundo de Futebol, esquece-se da britaniedade (se me permitem o neologismo) e cada país manda a sua seleção.

A tabela do Marcos põe o pingo nos is. Brasil 85 x Inglaterra 72! E sempre lideramos o placar desde a vitória de Emerson nos Estados Unidos/70. Em seu melhor momento, em 1993, o marcador chegou a 78 x 49 para o Brasil (e 78 x 65 frente aos britânicos) mas Mansell e Damon Hill reduziram consideravelmente a diferença, que voltou a subir depois que Rubinho foi para a Ferrari.

Se o nosso garoto acerta a mão (a esperança é a última que morre) e o Button não apronta nenhuma gracinha nas próximas corridas, se segurem, britânicos, pois vamos buscar vocês de novo.

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O outro levantamento enviado pelo Marcos tabula a diferença nos tempos dos treinos entre Michael Schumacher e Rubens Barrichello desde o GP da Austrália de 2000, a primeira corrida que fizeram junto. Até o final da temporada passada, foram 67 corridas e, nelas, Schumacher largou na frente de Rubinho 54 vezes.

Em 2000, a soma de todos os grids deu uma vantagem ao alemão de 8s2, vantagem ampliada em 2001 para 10s2. Em 2003, porém, Rubinho reagiu e conseguiu derrubar radicalmente a vantagem de Schumacher para “apenas” 3s8. E no ano passado, Rubinho terminou o ano sendo 2s1 mais rápido do que o companheiro de equipe, graças ao seu desempenho na corrida final, o GP do Japão.

É que nesta corrida, o treino de Schumacher foi atrapalhado pela chuva, que não atrapalhou Rubinho. Foi exatamente nesta corrida que se registrou a maior diferença entre ambos num grid de largada: quase 2s6, só comparável aos 2s5 que o alemão botou no companheiro na Alemanha 2000. Ironia das ironias, esta acabou sendo a primeira vitória do brasileiro na Fórmula 1.

O que aconteceria se fosse descontado da estatística enviada pelo Marcos o GP do Japão de 2003? Schumacher na cabeça, com uma vantagem no ano de pouco mais de quatro décimos de segundo.

Conclusão inarredável: 2003, nos treinos, foi o melhor ano de Rubinho, largando seis vezes na frente do alemão e conseguindo tempos que, na pior das hipóteses, foram muito próximos dos do companheiro. Já em corrida, apesar das duas vitórias, não se pode dizer exatamente o mesmo. Neste particular, 2002 ainda é o ano melhor.

A análise acurada de Marcos anima pouco, contudo, diante do desempenho de Rubinho neste início de temporada. Mas, como já disse, a esperança é a última que morre. (EC)