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Com o final do ano se aproximando e da mesma forma alguns contratos na F1, os pilotos começam a se preparar para algumas despedidas. Nas últimas semanas, Carlos Sainz falou algumas vezes que queria uma vitória nessas últimas provas que está fazendo com a Ferrari. O objetivo era sair em alta do time de Maranello. Além do mais, o espanhol sabe que sua ida à Williams em 2025 significará o fim do seu período como piloto de uma equipe de ponta, tornando uma vitória em condições normais algo bastante improvável.
No Circuito Hermanos Rodríguez, Carlos Sainz cumpriu sua promessa. O espanhol da Ferrari executou um final de semana de almanaque, ficando sempre entre os mais rápidos nos treinos livres, marcando uma pole com sobras e vencendo com autoridade o Grande Prêmio da Cidade do México, ajudando a Ferrari no Mundial de Construtores, numa corrida marcada por outra disputa polêmica entre Verstappen e Norris.
Os dias entre as corridas nos Estados Unidos e do México ficaram marcadas pelas discussões sobre o estilo de pilotagem extremamente agressivo de Max Verstappen, além da falta de critério da FIA em aplicar punições. Ambos precisavam de respostas e de certa forma, elas foram dadas na corrida mexicana.
Havia alguma perspectiva de chuva para a hora da corrida e em alguns momentos o céu ficou bem escuro, mas não caiu nenhuma gota do céu no bairro de Granjas México, fazendo com que a corrida fosse inteiramente com piso seco. A altitude da Cidade do México traz alguns malefícios aos carros de F1 e um deles é que pela menor pressão atmosférica, a aerodinâmica dos carros fica comprometida, diminuindo o efeito do downforce. Como consequência, a aderência dos carros diminui, principalmente nas curvas, fazendo com que os carros escorreguem bastante e com um traçado muito fluído, isso causou bastante erros dos pilotos, com acidentes de George Russell e Alexander Albon nos treinos livres. Apesar disso, a maioria das equipes optou por parar apenas uma vez, com um ou outro piloto parando mais de uma vez devido às circunstâncias.
Com a primeira curva do Circuito Hermanos Rodríguez bem distante do lugar da largada, combinado com uma reta bem larga, o aproche da primeira curva no México sempre foi dos momentos mais tensos das corridas chicanas. Sainz teria ao seu lado Verstappen e mesmo largando do lado limpo da pista, o pole Carlos Sainz não saiu muito bem e Verstappens e colocou ao lado do espanhol na aproximação da primeira curva. Norris também largou bem, mas se posicionou mal para a freada, ficando logo atrás de Verstappen, bem por dentro da primeira curva. Sainz já havia demonstrado sua força em todo o final de semana mexicano e queria manter seu bom posicionamento. Mesmo por fora, Sainz freou forte, mas Verstappen alargou a primeira curva e jogou Sainz para fora da pista, que foi pela grama para evitar o toque. O espanhol da Ferrari passou reto na primeira chicane e teve que devolver a posição para Verstappen. Era mais um episódio do que foi bastante falado na semana entre Austin e Cidade do México: a pilotagem de Max Verstappen.
O piloto da Red Bull nunca foi ‘dócil’ nas disputas de posição, mas inferiorizado tecnicamente no momento, Verstappen passou a jogar duro nas disputas por posição, principalmente nas disputas com Lando Norris, seu mais próximo perseguidor pelo título de 2024. O incidente entre Tsunoda e Albon na primeira curva trouxe o único safety-car do dia, mas na relargada ficou claro que Sainz tinha bem mais ritmo do que Max. E querendo dar o troco na disputa na primeira volta, Sainz efetuou uma manobra audaciosa na mesma curva em que foi trancado por Verstappen. Com o DRS liberado e ainda longe de Max, Sainz jogou seu carro por dentro, não dando maiores chances de defesa à Max, que pareceu surpreso. Ou ardiloso.
O terceiro colocado era Lando Norris e Max teria outra oportunidade de se impor sobre seu rival. Rapidamente Lando encostou em Verstappen e na curva 3, Max espremeu de forma descarada Norris a ponto do piloto da McLaren sair da pista e voltar na frente do primeiro colocado Sainz. Devolvida à posição ao ferrarista rapidamente, Norris pretendia fazer o mesmo com Max, mas o piloto da Red Bull jogou seu carro num local de dificílima ultrapassagem, resultando nos dois saindo da pista e Leclerc completando a dobradinha da Ferrari. Norris ficou uma arara com a defesa de posição tresloucada de Verstappen, mas a FIA precisava de respostas depois das críticas pela não-punição de Verstappen na primeira curva de Austin. E não se pode acusar a FIA de ter aliviado para Max no México. Pelas duas situações onde Lando foi parar fora da pista pelas manobras de Verstappen, o piloto da Red Bull tomou 20s de punição, terminando qualquer chance para Max de almejar algo a mais na corrida, em condições normais.
Verstappen terminou a corrida num longínquo sexto lugar, um minuto atrás do vencedor Sainz e, mais preocupante ainda, apenas 4s na frente da Haas de Magnussen. As manobras fortes de Verstappen serão mais um motivo de discussão na F1, mas será que Max já está indo longe demais em suas disputas com Lando?
Com todo esse melê entre Max e Lando, Carlos Sainz e Charles Leclerc se isolaram ainda mais na ponta. Norris ficou todo o primeiro stint atrás de Verstappen, provavelmente não querendo arriscar outra situação perigosa contra Max, mas isso finalizou qualquer chance de Norris vencer. Lando precisa entender de uma vez por todas que é um piloto de ponta e precisa se impor às ‘carteiradas’ que está recebendo de Verstappen desde que a McLaren superou a Red Bull tecnicamente. Seu jeito de ‘bom moço’ pode agradar aos patrocinadores e obter mais fãs, porém Lando Norris precisa de bem mais para ser campeão mundial.
Quando os pilotos do primeiro pelotão pararam e Max ficou parado quase eternamente para cumprir sua penalização, Norris se tornou o piloto mais rápido do grid e paulatinamente foi recortando sua desvantagem para o segundo colocado Leclerc. Sainz estava tão tranquilo na frente que chegou a estranhar o ritmo forte imposto por Charles, em sua tentativa de escapar de Norris. Nas últimas voltas, Lando encostou de vez em Charles, mas nem precisou brigar pela posição, pois Leclerc fez o serviço sozinho ao quase bater na última curva e ceder de graça a segunda posição, fazendo com que Norris ganhasse mais alguns pontos para Verstappen no campeonato, diminuindo a desvantagem para menos de cinquenta pontos. Menos de duas corridas, mas talvez ainda insuficiente, faltando tão poucas corridas. Além da atitude por vezes passiva de Lando.
Leclerc ainda salvou a lavoura com a melhor volta da corrida ao fazer um pit-stop para colocar pneus macios, mas o monegasco perdeu uma boa chance de ser manter, mesmo que por aparelhos, na luta pelo título. Leclerc parece incapaz de manter por muito tempo um ritmo no limite, após vencer de forma categórica em Austin e ser um opaco terceiro colocado no México. Sainz dominou a corrida com autoridade, mesmo que levantando a hipótese de o motivo do espanhol não ter mais corridas como a desse domingo. Apesar de perder a dobradinha no final da corrida, a Ferrari não tem do que reclamar desse final de semana, pois os italianos não apenas tiraram a Red Bull do segundo lugar do Mundial de Construtores, como encostaram na McLaren. E como o ritmo que a Ferrari está impondo nas últimas corridas, não seria surpresa os tifosi comemorando pelo menos um título no final do ano.
Lando tirou alguns pontos no campeonato, mas ver a Ferrari tão forte nesse momento pode lhe atrapalhar em sua caçada em cima de um cada vez mais agressivo Max Verstappen. Com a queda de Piastri no Q1 na classificação, Lando não pôde contar com os préstimos do australiano, que finalizou a corrida apenas em oitavo, depois de uma discreta corrida de recuperação, também não ajudando muito a McLaren em sua luta, agora, com a Ferrari no certame de Construtores.
Pelo menos Andrea Stella pode olhar para Christian Horner e dizer nesse final de semana que eles estavam juntos, pois Sergio Pérez executou outra corrida pífia. Checo teve outra classificação horrorosa, caindo ainda no Q1 e largando nas últimas posições. Pérez largou fora do colchete, lhe garantindo logo de cara 5s de punição. Depois Checo se envolveu num incidente de corrida com Lawson que se fosse em outros países lhe garantiria mais uma punição, além de outro toque com Stroll em situação parecidíssima com Liam. Mesmo com todas essas passadas de mão na cabeça, Checo não teve ritmo para sequer pontuar e sendo o único a fazer três paradas, terminou na última posição em sua corrida caseira. Um claro revés em sua tentativa de se manter na Red Bull. Sua luta contra Lawson, com direito a dedo do meio e tudo, parece mostrar um Pérez já desesperado, tentando provar que pode derrotar, nem que seja na marra, seu principal rival por um assento na Red Bull em 2025. Mesmo com contrato renovado com a Red Bull, está cada vez mais complicado para Pérez se manter na equipe no próximo ano.
A Mercedes teve uma corrida solitária entre seus dois pilotos, onde Hamilton largou melhor do que Russell, mas foi ultrapassado pelo compatriota nas primeiras voltas. Depois da parada dos dois, a asa dianteira de George sofreu um dano, permitindo a aproximação de Lewis, que demorou várias voltas para efetuar a ultrapassagem que lhe garantiu o quarto lugar, bem longe do pódio.
Desde a chegada da Toyota a Haas vai consolidando uma melhora considerável e assim como em Austin, os americanos foram os melhores do resto. Até ano passado a Haas conseguia boas posições no grid, mas seus pilotos perdiam ritmo na corrida, significando poucos pontos no final do domingo. Nas últimas corridas a Haas continua indo ao Q3, mas Magnussen e Hulkenberg se mantém entre os dez primeiros na corrida. No primeiro stint, a dupla da Haas acompanhou de perto a dupla da Mercedes e Magnussen chegou relativamente próximo de Verstappen na bandeirada, não permitindo qualquer ataque de Piastri nas voltas finais. Um ótimo avanço para a Haas para ser sexta colocada no Mundial de Construtores, ainda mais com a Racing Bulls não marcando pontos no México.
Desde que ficou sabendo que irá testar com a Red Bull no final do ano, Tsunoda começou a bater, primeiro no sábado, estragando sua classificação e do próprio Lawson. Na largada da corrida, o japonês chegou a tocar-se com Albon duas vezes, antes de Yuki tentar frear muito forte no lado de fora e sem muito espaço. Um terceiro toque, dessa vez bem forte, foi inevitável e Tsunoda bater forte na curva um, além de quebrar a suspensão dianteira de Albon, terminando a corrida de ambos naquele momento.
Lawson tentou emular a tática de Austin, mas não contou com o toque recebido pela Williams de Colapinto nas voltas finais, que lhe rendeu uma troca de asa dianteira. O argentino foi um dos últimos a fazer o pit-stop, mas não teve fôlego para buscar pontos. Dessa vez Gasly se manteve entre os dez primeiros depois de largar no top-10, marcando o último ponto do dia e terminando um longo jejum da Alpine, que não marcava ponto a mais de três meses. Fernando Alonso comemorou seu 400º GP de forma nada gloriosa, abandonando ainda no começo da corrida com problemas em seu Aston Martin.
Sainz venceu pela segunda vez em 2024 e pela primeira vez consegue mais de uma vitória num ano. Pela primeira vez desde 2008 a Ferrari consegue duas vitórias consecutivas com dois pilotos diferentes, demonstrando a força do carro italiano nessa reta final de temporada e agora tem a faca e o queijo na mão para conquistar o Mundial de Construtores, mesmo com seus dois pilotos oscilando tanto.
Novamente Verstappen mostrou-se um piloto acuado e para se manter por cima no campeonato, se vale de manobras agressivas em cima dos rivais, principalmente Norris, que chega num momento crucial da carreira, onde precisa de impor em algum momento sobre Max, sem arriscar um abandono que pode ser crucial em sua luta pelo título. Esse final de campeonato será bem interessante.
Abraços!
João Carlos Viana
2 Comments
Qual foi o campeão bonzinho destes últimos 73 anos, não lembro de nenhum.
J. C. Viana,
perfeita a sua analise sobre o que foi o GP do Mexico.
Perfeito a sua análise sobre Lando Norris. Penso que caso fosse o Piastri brigando pelo titulo teríamos outros enredos.
Versttapen vai ser campeão de novo … não tem adversários na pista, mesmo com melhores carros, capazes de mudar a realidade de sua liderança.
Com isso a disputa pelo Mundial de Construtores se torna muito mais atrativa e interessante.
Fernando marques
Niterói RJ