Chegamos finalmente à última prova da temporada de 2013. Um ano histórico, mas que não foi eufórico, como tivemos em 2012, por exemplo. Marcas batidas, corridas históricas, declarações, aposentadorias, despedidas, demissões, contratações, uma movimentação incrível em todos os noticiários. Mas, sempre o ‘mas’, não trouxe a euforia das disputas, não trouxe a competição nas pistas, e trouxe para mesa mais uma era de predominância de um conjunto.
De uma grande temporada tem um final grandioso em uma pista clássica do seu calendário. Uma pista que também se despede – mais uma vez – do seu público, da forma que ele se acostumou a vê-la. Na sua despedida não parece que haverá menos emoção, há previsão de chuva para todos os 3 dias de atividades em São Paulo. Na nossa casa, aqui pertinho, a temporada da F1 de 2013 chega ao fim.
O traçado brasileiro vai passar por nova grande reforma. Vamos ter uma nova torre, um novo ‘box’, uma nova posição de largada. Tudo novo e no padrão da FIA (não é só a FIFA que exige certos padrões). Tudo isso na atual reta oposta. Nos despedimos do apertado e improvisado Interlagos.
Ainda não está certo o que será feito com as estruturas atuais. Serão utilizadas integralmente? Alguns andares serão demolidos para o público da reta principal ver a parte baixa da pista? Vão sumir? Ninguém afirma. Também não sabemos se o público vai receber melhorias. Banheiros melhores, telões? Quem sabe? Arquibancadas cobertas? Não sabemos. Ainda não há estudos prontos para mudanças no traçado, apesar de diversos estudos feitos por fãs, jornalistas e engenheiros. Ainda acredito que todo o traçado antigo deveria ser recuperado e o entorno da região ser transformado em uma “cidade do automobilismo”. Tornar a pista um marco de turismo automobilístico na América do sul, onde as montadoras e equipes pudessem testar. Enfim, um autódromo utilizável 7 dias por semana. Só uma ideia, muito mais um desejo.
A única coisa certa é que sairão 160 milhões dos cofres do Ministério do Turismo para a reforma. Não havia verba para fazer a Indy com dinheiro público. Há dinheiro público para fazer F1. É contraditório, nesse momento, ninguém malhar essa decisão como foi feito com o prefeito da gestão passada ao tentar salvar a Indy. Ainda somos uma grande massa de público para F1 (como bem analisou Alessandra Alves na sua coluna, veja aqui) e não podemos perder essa corrida, mas não há meios de fazer isso com investimento privado?
No sentimento dos engenheiros, alívio. Em 2015 terão espaço para trabalhar e lidar com o traçado de Interlagos. É a pista mais curta do calendário com um miolo sinuoso em trocas de direção e mudanças de altitude. Tudo caminha para um setup de alto “downforce” para contornar as curvas com precisão, mas – sempre tem um ‘mas’ – o último trecho do circuito é o mais longo, o mais veloz e, ainda por cima, encara uma bela subida. Refeitas as contas, os carros vêm para Interlagos com um acerto de baixo para médio downforce. Tudo para não comprometer esse trecho muito veloz de subida de montanha e compensar a perda de potência dos motores por conta da altitude paulista.
Nessa prova a Pirelli vem conservadora com seus pneus duros e médios. Previsão de uma corrida sem surpresas de estratégias. A única mudança pode ocorrer por conta do clima. Chuva, garoa, sol, tudo está previsto para o dia da corrida. Não é mais previsão do tempo, é bolão de apostas. O único problema, se chover, é que não teremos os testes de pneus da temporada de 2014. A Pirelli trouxe para São Paulo o composto médio que será usado em 2014. Cada carro foi agraciado com 2 jogos para os treinos livres de sexta. É informação fundamental para as equipes e uma oportunidade que pode ir para o lixo.
Para apimentar a disputa e seguindo as medidas de 2013, duas zonas de DRS. Uma na reta principal e outra na reta oposta.
O segundo adeus do final de semana vai para os V8. Desde 2006 os motores V8 eram o som da F1. Vieram no lugar dos aspirados V10 que estavam levando os carros a quase 370km/h nas retas de Monza. A perda de potência foi de somente 10%, e em 2008 a FIA veio com a regulamentação de limite de giros, só era permitido 19.000 RPM´s, uma no depois, 18.000 RPMs. Ninguém fala abertamente, mas especula-se que as unidades atuais de 2.400 cilindradas geram em torno de 720-750 cavalos e que poderiam chegar a 800 cavalos se o limite de giros fosse liberado.
Nessa era de V8 aspirados e congelados em desenvolvimento, Renault, Ferrari, Mercedes, Honda, Cosworth, Toyota e BMW, desenvolveram motores, com as vitórias concentradas entre Renault, Ferrari e Mercedes, com exceção feita a Button (com Honda em 2006) e Kubica (com BMW em 2008).
Junto com os V8, nossa terceira despedida do dia – a Cosworth também se despede. O legado do nome FORD abandona a F1 depois de seu retorno sem vitórias e de uma temporada sem um único pontinho. Um fim melancólico para quem fez história no esporte.
Separando as estatísticas, falando só da marca Cosworth (separando a FORD e a FORD-Cosworth), a fase atual deixa como legado 198 largadas, 01 volta mais rápida e 01 pole-position.
Nem tudo é despedida nesse fim de semana. Nessa sexta (22/11) comemoramos e parabenizamos Eduardo Correa, chefe-criador-editor do GPTotal, e Guilherme Giavoni, nosso amigo de longa data aqui no GPTotal, por seus aniversários!
Felicidades aos amigos do GPeto!!!
A quarta despedida do fim-de-semana, Mark Webber. Nunca antes da história da F1 se viu um cara tão feliz em sair da categoria. Mark perdeu a vontade, perdeu o encanto e se cansou do ambiente da F1. Tudo isso parece como reflexo na tabela de pontos: somente um quinto lugar.
O australiano de 37 anos despede-se da categoria para ser piloto da Porsche nas pistas de Endurance. A meta é levar a marca alemã à vitória na mítica 24 Horas de Le Mans, se conseguir será o maior feito de sua carreira.
De 2002 a 2013 Mark venceu 9 vezes em 214 largadas que teve. Foram 41 pódios, 13 poles e 18 voltas mais rápidas pelas pistas que andou.
Se Mark se despede da categoria, seu substituto se despede da Toro Rosso. Ricciardo está em sua melhor temporada desde que chegou a F1 e se prepara para o desafio maior de sua carreira de dividir o carro com o tetracampeão do mundo, Vettel.
E claro, Massa se despede da Ferrari e todo mundo está cansado de ouvir isso.
O que é simbólico nisso tudo é que nos despedimos das chances de vitórias brasileiras na F1.
Não, a Williams não vai voltar a vencer em março e a terceira maior nação em número de vitórias da categoria vai continuar se lembrando das distantes vitórias 100 e 101 do país pelas mãos de Rubens Barrichello.
É muito pouco para nosso automobilismo, e não temos previsão de melhora.
As equipes se despedem de seus carros de 2013. Para São Paulo, muitos testes visando peças para os carros de 2014. Ninguém trás novidades visíveis que não tenham função para 2014. As mudanças são grandes e muito técnicas para o próximo ano. Asas menores, inclinação máxima da asa traseira como se estivéssemos em Monza, um só escapamento, novos pneus… Tudo novo e um campeonato de 2013 encerrado, não há necessidade de novas evoluções nos carros que vão para um museu encerrando uma era.
Para as equipes, dois extremos. Ferrari, Mercedes e Lotus brigam pelo vice-campeonato de construtores. A briga está apertada com vantagem para o time prata. Seria um grande resultado para eles e uma bela derrota para o ego e orgulho da Ferrari.
Na outra ponta da tabela a Marussia sonha em manter seu 10º posto. Está suado, e uma corrida com chuva e caótica pode dar a Catherhan o resultado que ela precisa. Seria trágico para o time vermelho.
Sagramos um tetracampeão demolidor de recordes em 2013. Um ano histórico que confirma a abertura de uma era de dominação de um conjunto e que também sela a despedida de grandes peças que fizeram parte desse espetáculo nos últimos anos.
Durante essa corrida, o que você acredita que fará mais falta?
Que venha o Domingo!!!
Abraços,
Flaviz Guerra – @Flaviz
9 Comments
E quando a F-1 num tiver mais pilotos brazucas?
Fim?
Vida longa e felicitações ao Eduardo e ao Guilherme!!!
A F1 em 2013 pode ficar marcada pelas muitas despedidas anunciadas.
Já que Interlagos vai passar por reforma, por que não trazer de volta o traçado original …
Fernando Marques
Niterói – RJ
Mauro,
Os fundos do Paddock ficam sobre a pista e a arquibancada G é montada sobre o asfalto sagrado!
Olá Flaviz!
Grato pelo retorno, porem, estas informações eu conheço, mas se é para construir um paddock novo em um novo local de largada, na dava mesmo pra ajeitar todos estes detalhes?
Abraço!
Aí Mauro, ficariamos sem espaços para áreas de escape. Esse é o ponto fundamental.
Pois é, e neste caso o traçado original de Interlagos só poderia ser reativado sem ser homologado pela FIA, e o que levaria a F1 não por mais os pés ali.
Que situação triste.
Mauro
vale lembrar que mesmo que houvesse esse retorno não teríamos chance alguma de ter uma corrida disputada no traçado original, o encurtamento das pistas tem como propósito aumentar o número de voltas e por consequência a visibilidade das marcas patrocinadoras, Bernie deixou isso claro quando saiu podando mundo afora circuitos tradicionais, de memória acho que apenas Monza escapou dessa degola e Monaco por motivo óbvio, lembro de bate pronto: Nurburgring, SPA, Silverstone, Hockenheim,Paul Ricard , todos esses foram mexidos com a segurança como justificativa ,mas em nem todos os casos isso é verdade, a regra é tem de ser bom para negociar, infelizmente
Em minha última visita a Interlagos estive no autódromo num dia de semana e sem nenhum evento, pude andar durante várias horas por diversas dependências da pista , eu quis conhecê-lo sem movimentação e com calma, pelo que vi andando pela antiga reta principal um outro problema que apareceria numa eventual reforma é que casas do bairro precisariam ser desapropiadas para permitir o alargamento de áreas de escape, e aí pergunto, algum politico no Brasil teria essa coragem? por mais que sejamos fãs havemos de concordar que seria muito ruído na sociedade, é uma pena mas acho que nunca mais teremos o velho Interlagos
abraços
Mário
Pois é Mario, o bairro ao redor do circuito cresceu ao longo dos anos.
Mas ver a F1 no antigo Interlagos é realmente impossível, mas seria o sonho de todo amante do automobilismo ver qualquer categoria andando novamente no Templo original.
Abraço!
Primeiramente, Parabéns aos aniversariantes Edu e Guilherme!
Agora vamos lá:
Primeiro, Interlagos não precisa de DRS para promover ultrapassagens, a pista é fantástica, e nunca precisou de tal absurdo artificial.
Segundo, Por que o traçado antigo de Interlagos nunca foi reformado?
O que impede de ser feito isso?
Abraço e excelente GP a todos!
Mauro Santana
Curitiba-PR