A TRÍPLICE COROA

O PRIMEIRO PATROCÍNIO
07/06/2004
REVELAÇÕES DE SENNA EM MONTREAL (e que ninguém captou…)
11/06/2004

A temporada das grandes corridas do automobilismo mundial se encerra neste fim-de-semana com mais uma edição das 24 Horas de Le Mans. Ao lado do Grande Prêmio de Mônaco e das 500 Milhas de Indianápolis, o evento forma uma espécie de tríplice coroa do esporte a motor. Um triunfo em Monte Carlo, no Brickyard ou em Le Sarthe é o suficiente para imortalizar qualquer piloto.

Olhando os vencedores mais recentes, porém, dá a impressão que o mundo das corridas perdeu o fio da meada. Falando sério: é possível comparar Jarno Trulli a Ayrton Senna? Seria Buddy Rice tão grande quanto Rick Mears? Tom Kristensen é uma lenda maior que Phil Hill? Obviamente que não.

Antes que me chamem de saudosista irremediável (o que, provavelmente, é o caso), não acho que o automobilismo mundial está num processo de decadência, mas sim de entressafra. No meio dos anos 90, a Fórmula 1 oferecia corridas com diversas ultrapassagens, as provas em Indianápolis reuniam grandes pilotos de grandes equipes e a disputa em Le Mans era protagonizada por diversas equipes de fábricas.

Talvez seja um problema cósmico, um alinhamento errado das estrelas da velocidade. Provavelmente é apenas uma conjunção infeliz de pequenos fatores: a prancheta de Hermann Tilke, a ganância de Tony George e Bernie Ecclestone, a recessão econômica mundial.

Seja qual for o motivo, o importante é não perder a fé. Eu, por exemplo, acendo todo os dias uma vela para São Gilles e rogo por corridas mais divertidas, com manobras espetaculares e onde o piloto tenha uma parcela importante no resultado. E acredito que, lá pelo final desta década, minha orações serão atendidas. É o passado que me faz acreditar nisto.

Vejamos: nos anos 50, a Fórmula 1 passou por um perído de transição no qual os carros e o formato das corridas da primeira metade do século foi deixada para trás. Neste período, um só piloto dominou a cena. Uma situação parecida ocorria em Indianápolis, que ainda admitia carros do tipo “Midget” e nem de longe se aproximava do “boom” que viveu na década seguinte. Em Le Mans o exemplo é bem mais recente: do meio dos anos 70 ao final dos 80, a Porsche reinou praticamente sozinha por lá, como a Audi faz hoje em dia. A seguir veio um dos períodos mais disputados da longa história desta corrida, com diversas marcas dividindo os louros da vitória após exibições emocionantes.

Os dirigentes já perceberam os sinais desta entressafra e trabalham para encerrá-la. Já faz tempo que debatemos aqui as propostas do “Pacotão do Max” e as opiniões de Bernie Ecclestone sobre o futuro da Fórmula 1. A queda de interesse e o aumento de custos da IRL também preocupam Tony George e mais alguns anos a categoria deve se reunir com a também cambaleante CART (ou OWRS, nem sei mais o nome oficial deles). E é só voltar a chover dinheiro na economia mundial para que as grandes fábricas voltem a investir pesado em Le Mans em busca de promoção para suas marcas.

Até lá, só nos resta ter paciência e continuar rezando…

+++

Há um quarto evento que junto com os três citados acima formam o verdadeiroGrand Slam do automobilismo: o Rali do Safari. Mas ele sempre é esquecido pela mídia dita especializada quando se fala das grandes corridas. Não acho que seja por um preconceito com o rali. No passado, pilotos de Fórmula 1 corriam em Indianápolis e Le Mans. Graham Hill, aliás, é o único a vencer os três eventos. Mas para se aventurar nas estradas cheias de buracos do Quênia era preciso ser um especialista.

Mas as diferenças acabam aí. Dez entre dez pilotos de rali apontariam o “Safari” como a prova mais desafiadora, charmosa e a que mais desejam ganhar. Pena que os vis dirigentes da FIA retiraram a prova do calendário do WRC há dois anos, alegando problemas de organização. Aqui também, minhas orações continuam firmes e aposto que o evento vai voltar a ter o status que merece por volta de 2010. Com a benção de São Gilles!

Abraço e até a próxima semana!

Luis Fernando Ramos
GPTotal
GPTotal
A nossa versão automobílistica do famoso "Carta ao Leitor"

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *