Ação e reação

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Olá, amigos! Nas últimas provas da categoria principal da NASCAR observei alguns comportamentos bastante distintos entre pilotos em momentos de disputas, reações após sucessos e falhas, frustrações fora das pistas e retorno ao victory lane. As reações, assim como as ações, dizem muito sobre a pessoa por trás de cada piloto. Isso ficou bastante evidente ao observar os casos sequenciais onde o piloto Ross Chastain se envolveu em acidentes, por exemplo. Talvez seja o recorde para acidentes seguidos em uma temporada, chegando ao ponto de termos um novo verbo foi criado por Kyle Busch, vítima em um dos acidentes. Em uma entrevista ao fim da corrida onde foi vítima de Ross, Buschinho disse que foi “Chastained”, querendo dizer que foi abalroado pelo piloto do carro número 1. O ponto aqui é que apesar de possuir duas vitórias na temporada, até o momento, Ross Chastain parece não tomar nenhuma ação para evitar os toques com outros competidores. Em uma entrevista o piloto chegou a dizer que precisa melhorar e evitar esses acidentes, num sinal de que poderia rever suas reações em disputas, mas as batidas continuam acontecendo. Parece exagero, mas a lista de pilotos rodados por Chastain é a seguinte: Denny Hamlin, Kyle Busch, Austin Dillon, Christopher Bell, Erik Jones, Martin Truex Jr., A. J. Allmendinger e outros que foram coletados no caminho.

O que se espera de um piloto depois de tantos acidentes? Que tome cuidado? Denny Hamlin já recorreu ao payback para tirar Chastain do caminho. Respeito na pista precisa ser uma via de duas mãos e, até o momento, isso não aconteceu com Chastain.

Por falar em respeito, os dois últimos campeões da equipe Hendrick, Kyle Larson (2021) e Chase Elliott (2020) tiveram que mostrar suas cartas em uma disputa pela vitória na etapa de Watkins Glen. Elliott estava muito bem, rodando tranquilo para vencer com uma boa vantagem. Larson vinha escalando o pelotão e se viu no segundo lugar faltando doze voltas para o fim. Veio a bandeira amarela e na relargada o piloto respeitou seu companheiro de equipe, permitindo que fizesse a primeira curva na frente. Novamente Elliott seguia tranquilo para a vitória, mas outra bandeira amarela surgiu. Com três voltas para o final veio a bandeira verde. Elliott escolheu a pista de fora e dessa vez Larson forçou a ultrapassagem. No fim das contas, Elliott caiu para o quarto lugar e Larson rumou tranquilo para a vitória. Ao fim da prova Larson mal sorria. O piloto tinha acabado de vencer a prova, mas não comemorou. Na entrevista passou aquele pano, dizendo que fez o que deveria fazer para vencer, mas que não se sentia orgulhoso por ter apoiado o carro em seu companheiro de equipe.

Elliott, por outro lado, parecia bastante incomodado, mas também passou o pano dizendo que só iria dar os parabéns para seu companheiro. O que se espera de dois competidores na última relargada da prova? Respeito ou o máximo para vencer? Talvez Elliott achou que, por Larson ser seu companheiro de equipe, teria a vida facilitada para continuar seu domínio. Larson é um piloto que dirige tranquilo, mas que sempre busca a vitória. Em se tratando de corridas eu fico com a postura do Larson: luta firme pela vitória e se acerta depois, dentro de casa.

As reações na entrevista deixam bem claro a frustração de um e a tranquilidade do outro:

Chase Elliott & Kyle Larson

 

Kevin Harvick é um veterano com mais de setecentas corridas realizadas só na Cup Series, além é claro do título em 2014. Até três corridas atrás ele amargava um jejum de mais de sessenta provas sem vitória. Em poucas provas seu carro estava perto de ser competitivo, mas o piloto e seu time continuaram trabalhando. Depois de um jejum desses, rumores de aposentadoria, deve se esperar que um veterano não tenha mais energias para dar aquele gás extra? Não é o caso aqui. O piloto seguiu firme, melhorando seu carro a cada etapa e “de repente” conseguiu duas vitórias seguidas. Aqui está um exemplo de um piloto que não se acomoda, ou se conforma. A recompensa sempre vem para aqueles que trabalham pesado e seguem na luta. O veterano e sua equipe mostraram que se manter focado no objetivo é fundamental para atingir o sucesso, e assim aconteceu.

 

O último caso que gostaria de analisar é o do piloto Bubba Wallace, do carro número vinte e três, na equipe de Michael Jordan e Denny Hamlin. Recentemente o piloto lançou uma série no Netflix chamada “Race” (em português, “Na raça”). Assisti os episódios num misto de surpresa e desapontamento. Esperava que fosse mostrado um piloto que passou por diversas adversidades por conta de preconceito racial, mas que seguiu firme, lutando para chegar aonde chegou, e que faria de tudo para conseguir o sucesso na principal categoria da NASCAR. O que vi foi a história de um piloto que realmente passou por vários problemas, incluindo depressão, mas que depois que chegou na Cup Series não passou de um coadjuvante. A postura derrotista, a falta de interessa nas reuniões de debriefing após as provas, a falta de entusiasmo, de dedicação e até vontade, me passara a impressão de um piloto que está ali apenas para ganhar seu dinheiro e voltar para casa.

Outro ponto que me incomoda bastante na postura do Bubba é o fato dele fazer algumas boas corridas, como em Michigan, aonde chegou em segundo depois de largar na pole, e mesmo antes de cruzar a linha de chegada pedir desculpas para sua equipe, dizendo que é falhou com todos e seu spotter o incentivando a continuar. Após a corrida o piloto deu uma entrevista derramando lágrimas e dizendo novamente que falhou com todo mundo. Claro que não é fácil ter um carro bom e não vencer, mas quantas vences isso acontece, ainda mais na NASCAR onde tudo muda tão rapidamente? O que se espera de um piloto lutando por vitórias, mas que ainda não chegou lá? A contínua vontade de se superar e fazer melhor. Não um choro e desapontamento. Isso só tira a confiança de sua equipe. Comparando com a postura de Larson, e até de Elliott ao final da etapa de Watkins Glen, dá para notar a diferença.

Bubba Wallace

Seja em uma ação ou reação, o piloto precisa sempre mostrar que se esforça, que luta e que está sempre buscando a vitória. Larson, Harvick e Elliott estão entre eles.

Grande abraço,

Rafael Mansano

Rafael Mansano
Rafael Mansano
Viciado em F1 desde pequeno, piloto de kart amador e torcedor de pilotos excepcionais.

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